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8 de janeiro de 2023: o dia que não acabou
Estava no primeiro dia das minhas tão esperadas férias.
Havia decidido que não iria viajar. Depois de muitos anos, finalmente, tiraria esses dias para ficar com meus pais, que passam por problemas sérios de saúde, e descansar bastante.... Brincava com meus amigos que estava tão cansada que corria o risco de dormir e “ entrar em coma”.
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No sábado, passei a madrugada maratonando séries, com meu filho. Acordei por volta das três e meia da tarde do fatídico domingo. Dei uma sondada no Whatsapp, sem entrar em nenhuma conversa. Um grupo, em particular, chamou-me a atenção: um do trabalho. Estranhei a grande quantidade de mensagens. O espírito de jornalista curiosa não resistiu. Abri as mensagens, começando pelas primeiras do dia. Fui entendendo aos poucos o que estava acontecendo. Liguei a TV. Não acreditei no que via. Parecia um cenário de guerra. Alias, era um cenário de guerra. Minha cidade estava sendo destruída e eu não conseguia entender o motivo de tanto ódio. Meu filho acordou. Atônito, também ficou olhando as cenas de terror ao vivo na televisão. E me perguntou: “ - Pelo amor de Deus, o que está acontecendo?” e mostravam suas caras, como se estivessem em um surto coletivo.
Tive vontade de sair correndo e ajudar meus colegas a noticiar o que estava acontecendo, ainda que em cima dos prédios, para não serem agredidos, mais uma vez.

Mas, não podia, por fatores burocráticos( estava em férias) e fatores psicológicos.
Estava cansada. Os últimos anos, foram difíceis para todos os habitantes do planeta e, em especial, para alguns profissionais, entre eles, os jornalistas.
Tivemos equipamentos quebrados, fomos desrespeitados, impedidos de trabalhar, agredidos verbalmente, moralmente, fisicamente... Colegas foram assassinados.
Palácio do Planalto.
Tivemos uma cobertura eleitoral difícil e quando tudo parecia finalmente se acalmar, surge um dia que parece não ter fim. E para o bem da democracia é importante que o fim só venha quando todos, absolutamente todos os responsáveis sejam punidos. Já para a história, o 8 de Janeiro de 2023, fica marcado, como uma mancha impregnada, que nem o tempo é capaz de apagar.
Eu não sabia explicar. Não conseguia entender como as autoridades competentes deixaram aquelas pessoas chegarem até aqueles santuários sagrados para a democracia: o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e por fim o Palácio do Planalto. Locais onde tantas vezes estive fazendo reportagens e me orgulhava pelas suas belezas imponentes. Símbolos reais dos três poderes de uma nação. Agora, em cacos. Nem nos meus piores pesadelos poderia imaginar tamanha brutalidade. E mais, as criminosas e os criminosos riam
Atualmente, apresenta o Band Cidade Segunda Edição, jornal local, que vai ao ar, ao vivo, de Segunda à Sexta, às 18h50. Também apresenta o Band Entrevista, que vai ao ar, aos sábados, às 18h50.
Formada em Psicanálise e Mestranda Especial da UNB em psicologia clínica.








