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O que as mulheres podem esperar de 2023?
No último dia 8 de janeiro, a realidade nos bateu à porta sem dó e nem piedade, mostrando a cara mais perversa da radicalização política, que culminou na invasão e no quebra-quebra nas sedes dos três Poderes da República.
Sob os olhares aparentemente apáticos das forças de segurança pública, local e nacional, assim como também de inúmeras autoridades de plantão, os brasileiros foram surpreendidos com cenas que a maioria de nós duvidava que poderiam se concretizar, por mais raivoso e radical que seguisse o debate nas redes sociais e nas portas dos quarteis sobre o resultado eleitoral.
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Neste clima de tensão que terminamos o primeiro mês de 2023. Um sinal de que o desafio feminino, de seguir ampliando seus espaços de Poder, poderá ser ainda mais difícil. Por mais que sigamos batendo recordes seguidos, como na ocupação de postos de comando na Esplanada dos Ministérios. Nada menos do que 11 mulheres foram nomeadas como ministras do 3o Governo Lula, mesmo assim elas não chegam a ocupar 30% dos cargos da Esplanada.
Algumas delas, por pouco não ficaram de fora. Como as importantes aliadas no segundo turno da disputa presidencial do ano passado: Marina Silva e Simone Tebet, confirmadas nas pastas do Meio Ambiente e Planejamento no apagar das luzes do governo de transição.
Mal presságio?
Não creio. Esse tipo de obstáculo para quem habita uma pele feminina é quase sempre a regra. O que leva muitas das mulheres que chegam a postos de comando a incorporar vícios da política tradicional comandada pelos homens. Até entendo quando isso acontece. Muitas cansam de remar contra a correnteza e jogam conforme as regras, contentando-se a papéis, na maioria das vezes, de coadjuvantes na cena política nacional.
Uma pena que, com isso, deixem de tirar proveito dos principais ativos de uma liderança feminina, como a empatia e a facilidade para encontrar soluções alternativas em momentos de crise, como o enfrentado pelo Brasil e o mundo nos últimos anos.
‘Quem sabe faz a hora, não espera acontecer’
Como nos ensina a canção de Geraldo Vandré, a hora é de aproveitar o momento desafiador e fazer do limão uma limonada, mostrando do que somos capazes. Em qualquer que seja o lugar que estejamos: a frente de um ministério, na presidência da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, nas inúmeras secretarias executivas da Esplanada hoje ocupadas por mulheres, no Legislativo ou Judiciário.
Alguns desses postos, aliás, ocupados pela primeira vez por uma mulher. Esse é o caso, por exemplo, da embaixadora Maria Laura Rocha, a primeira diplomata mulher a assumir a Secretaria Geral do Itamaraty.

A preparação para batalhas futuras é sempre importante _ como as eleições municipais de 2024, por mais que pareçam ainda distantes _ para que não haja retrocesso nas conquistas asseguradas no pleito do ano passado, quando 91 mulheres foram eleitas deputadas federais, superando o recorde de 77 conquistado em 2018.
Os segmentos femininos dos partidos precisam estar atentos a isso. Alguns deles já começam a se movimentar, procurando cursos de capacitação de futuras candidatas. O maior desafio deles tem sido assegurar que as eleitas não desistam de inovar na hora de fazer política. Se conseguirem manter a essência feminina em suas atuações políticas.
É hora de aproveitar o momento desafiador que o Brasil enfrenta para mostrarmos nossas qualidades e competências na cena política quem sabe essas futuras lideranças possam colher resultados tão inovadores quanto a de as empresas que decidiram abrir espaço para um número maior de mulheres em cargos de comando. O resultado foi um lucro maior entre 5% e 20% de acordo com levantamentos da OIT e FMI.
Um paralelo disso na política tem boas chances de representar um sopro de esperança para 2023.
*Jornalista e consultora em Comunicação Estrategica





