Revista Plano B Brasília n.º 14

Page 1

Ano 2 - Edição 14 - R$14,90

6 20 10 32

6 Ack retoma atividades após 20 anos com EP “Aurora”

8 Bolsonaro na embaixada da Hungria: quais são os vínculos do ex-presidente com Viktor Orbán

12 Está tudo bem e você nem está percebendo

14

15

16

É notória a paixão das mulheres por sapatos

Dupla brasileira de bocha carimba vaga na Paralimpíada de Paris 2024

Por unanimidade, STF mantém prisão de suspeitos por morte de Marielle

18 Bitcoin e as criptomoedas, será que tem volta?

20 Robinho é preso por estupro: entenda por que Justiça decidiu que ex-jogador cumprirá no Brasil sentença da Itália

22 Humanizar o Eixão

24 O que investigação da PF fala a respeito dos motivos para execução de Marielle

26

Será melhor ter alguma coisa e perdê-la ou nunca a ter tido?

50

28 Violência não letal contra mulheres aumenta 19% em 5 anos no Brasil

29 Gabigol leva 2 anos de suspensão por tentar fraudar exame antidopping

30 Você é mesmo quem acha que é?

32 De pai para filho: homens e herdeiros políticos são maioria no Senado

36 Pesquisa aponta redução de ataques a jornalistas em 2023

38 Brasil tem quase dois casos por dia de exercício ilegal da medicina

40 Cientistas desenvolvem armadilha para combater o mosquito da dengue

42 Cacique Raoni recebe honraria de Macron e pede demarcações a Lula

44 Omissão Vergonhosa

50 STF derruba carência para autônoma receber salário-maternidade do INSS

16
SUMÁRIO

EXPEDIENTE EDITORIAL

Diretor Executivo

Paulo Henrique Paiva

Diretor Administrativo

Chefe de Redação: Paulo Henrique Paiva

Colaboradores: Adriana Vasconcelos, Ana Beatriz Barreto, José Gurgel, Melillo Dinis, Humberto Alencar, Itamar Ramos, Luciana Campos, Renata Dourado, Paulo César e Wilson Coelho

Design Grafico: Alissom Lázaro

Redação: Adriana Vasconcelos

Fotografia: Ronaldo Barroso

Tiragem: 10.000 exemplares

Redação: Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e criticas às matérias: revistaplanobbrasilia@gmail.com

Aviso ao leitor: acesse o site da Revista Plano B e tenha acesso a todo o conteúdo na íntegra, inclusive a Revista Digital.

www.revistaplanob.com.br

Março/2024

Ano 02 – Edição 14 – R$ 14,90

Publicada em 28 de março de 2.024

Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem prévia autorização dos editores.

A Revista Plano B não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Diplomacia em tempos de justiça

A relação de proximidade que o ex-presidente Jair Bolsonaro cultiva há anos com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, tem vindo à tona recentemente e sido vista como providencial pela imprensa nacional e internacional. Vídeos publicados pelo The New York Times no último dia 25/3 mostram que Bolsonaro passou dois dias na embaixada da Hungria em Brasília em fevereiro deste ano. Segundo o jornal americano afirmou que o ex-presidente teria a intenção de pedir asilo político ao governo húngaro.

A hospedagem na embaixada amiga aconteceu logo após o ex-presidente ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Mas por que Bolsonaro, que possui residência em Brasília, se hospedaria por dois dias na embaixada de um país com o qual o Brasil não possui grandes fluxos migratórios ou parceria econômica? Isso sem tirar o fato de que Bolsonaro não é mais chefe de Estado desde 2023. A justificativa da defesa do ex-presidente foi que Bolsonaro esteve lá para “manter contatos com autoridades do país amigo”.

Especialistas em ciência política vêem a relação entre Jair Bolsonaro e Viktor Orbán como uma amizade lastreada por autoritarismo e religiosidade.

O premiê húngaro foi um dos dois líderes europeus a confirmar presença para posse de Bolsonaro, em janeiro se 2019. Várias trocas públicas de elogios permeiam a relação entre ambos. Detalhes sobre a natureza da relação entre o ex-presidente e o primeiro-ministro húngaro estão na nossa reportagem de capa. Confira na página 08.

5

Ack retoma atividades após 20 anos com EP “Aurora”

Era praticamente impossível não esbarrar com Ack, banda punk rock formada no Rio de Janeiro, nos shows e festivais independentes nos anos 90 e 2000. Porém, em 2004, logo após o lançamento de “Inflamável”, terceiro e último álbum do grupo, seus integrantes se espalharam por diferentes partes do mundo.

Passados 20 anos, e prestes a comemorar 30 de formação, a vontade de voltar a tocar se somou aos avanços da tecnologia, que possibilitou o retorno da banda e a gravação de um novo EP de seis faixas de forma inteiramente remota. Conversamos com Fabio Seidl, baixista e vocalista do Ack, para saber mais sobre o EP “Aurora”.

Fabio, a banda decidiu retomar as atividades mesmo à distância e compuseram todo um EP assim. Quais tem sido os principais desafios deste novo momento do Ack?

FABIO: Temos tido mais momentos excelentes do que desafios. Nós quatro somos amigos desde a adolescência e estar criando e produzindo com esses caras é sempre um dos melhores momentos do dia. Acho que o desafio foi achar tempo na vida adulta pra fazer isso.

Você gravou em Nova Iorque, onde mora atualmente, o Rapha (guitarra) em São Paulo, e o PP (bateria) e Felipe Sad (guitarra) em Curitiba. De que maneira se deram essas gravações?

FABIO: A gente tem a sorte de ter um cara na banda que a gente chama de “professor”, que é o Sad e que tem um talento pra música, produção e uma paciência que é única. No começo do processo, trocamos gravações pelo WhatsApp, muitas vezes eu mandava algo na voz e violão, às vezes o Sad mandava uma demo pronta, com todos os instrumentos gravados por ele. A banda toda criava por cima, trazia ideias. Ajudou o fato de o Sad ter um estúdio, o Laje, em Curitiba. O

Foto: Divulgação ENTREVISTA 6

PP foi pra lá, gravou as bateras com ele, depois cada um foi gravando sua parte de suas respectivas cidades.

A mixagem de “Aurora” foi feita pelo produtor americano Don Zientara, nome por trás de álbuns clássicos do Fugazi, Bad Brains, Minor Threat e Dag Nasty. Como foi trabalhar com alguém que tem no currículo bandas importantes na cena hardcore internacional?

FABIO: Foi um aprendizado. O Don é um oráculo. Acho que uma das coisas que ele mais ensinou, foi como deixar nossas músicas menos complexas, mais diretas e com mais impacto. Outra coisa, é que ele é um cara extremamente criativo, trouxe várias ideias na hora de organizar tudo que a gente tinha em mente.

Antes do EP, a banda lançou um single em homenagem ao skatista e líder da banda Cabeça, Kalunga, morto em 2017. Com o nome de “Cabeça”, a faixa tem a participação do NoBru Pederneiras, atual guitarrista do Planet Hemp. Conta para a gente um pouco dessa história.

FABIO: O Ack não existiria sem o Cabeça. Foi o Kalunga que apresentou a formação original da banda, sendo que dois dos integrantes tinham acabado de decidir sair do Cabeça. Ele ensinou como distribuir nossa música, me deu todos os contatos que ele tinha no Brasil inteiro, falava da gente na mídia, chamava pra show. Mais do que isso, ele influenciou e inspirou boa parte das bandas do Rio. Não tinha ninguém como ele. A morte do Kalunga marcou muito a gente. O NoBru era o guitarrista do Cabeça e foi a primeira pessoa que a gente pensou quando compôs

essa música. E essa música foi a primeira que a gente pensou em lançar nesse retorno. É uma volta às origens. Ah, também é a música preferida do Don, apesar de ele não entender a letra.

No momento, a banda trabalha o single “Som e Fúria sob o Sol”, que também tem uma participação especial, desta vez do vocalista do Dead Fish, Rodrigo Lima. Como inserir o Rodrigo neste trabalho remoto?

FABIO: O Dead Fish surgiu mais ou menos na mesma época do Ack. E desde o começo trocamos figurinhas, fizemos alguns shows juntos. Nós temos uma admiração gigante por eles terem continuado, pela banda incrível que eles se tornaram e pelas mensagens que eles passam. “Som e Fúria Sob O Sol” é uma música que tem a ver com isso também. É sobre resistir. Sobre sair do Rio, de Vitória, de onde for, e querer fazer punk rock no Brasil. Ainda mais nesse momento louco e dividido que estamos vivendo.

A banda deve se juntar para alguns shows no Brasil ainda neste ano para divulgar “Aurora”. Existe alguma chance de Brasília aparecer nesse circuito?

FABIO: Convidem e estaremos aí! Seria sensacional.

7
Arte: Fabio Seidl
ENTREVISTA

Bolsonaro na embaixada da Hungria: quais são os vínculos do ex-presidente com Viktor Orbán

Após ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou dois dias na embaixada da Hungria, em Brasília, segundo informações do jornal americano The New York Times (NYT).

Vídeos publicados na segunda-feira (25/03) pelo NYT mostram momentos da estada do ex-presidente na embaixada entre 12 e 14 de fevereiro. Segundo o jornal, Bolsonaro parecia ter a intenção de pedir asilo político ao governo húngaro. A defesa do ex-presidente divulgou uma nota confirmando a estada e afirmando que a presença de Bolsonaro na embaixada foi para “manter contatos com autoridades do país amigo”.

CAPA 8

Bolsonaro e Viktor Orbán, o primeiro-ministro da Hungria, mantêm uma relação de proximidade há anos.

Os dois se encontraram pessoalmente em pelo menos três ocasiões e trocaram elogios e sinais de camaradagem pelas redes sociais em diversos outros momentos.

Embora o Brasil não tenha grandes fluxos migratórios ou parceria econômica com a Hungria, Bolsonaro cultivou durante seu governo uma relação próxima com o primeiro-ministro húngaro de direita, Viktor Orbán, explica o cientista político Dawisson Belém Lopes, professor de política internacional e comparativa na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

“Essa relação estava baseada no compartilhamento de uma visão de mundo lastreada por autoritarismo e religiosidade”, diz Belém Lopes.

‘Irmão’ e ‘herói’

O premiê húngaro foi um dos dois líderes europeus a confirmar presença para posse de Bolsonaro, em janeiro de 2019.

Em abril daquele ano, Orbán recebeu Eduardo Bolsonaro,

deputado federal pelo PL e filho de Jair Bolsonaro, em Budapeste.

O próprio ex-presidente planejava uma visita à Hungria em 2020, mas por conta da pandemia de covid-19 a viagem só seria concretizada em 2022.

Na ocasião, os dois líderes assinaram memorandos de entendimento nas áreas de defesa, cooperação humanitária e gestão de recursos hídricos, e trocaram elogios.

“Acredito na Hungria, acredito no prezado Orbán, que eu trato praticamente como um irmão, dadas as afinidades que nós temos na defesa dos nossos povos e na integração dos mesmos”, disse Bolsonaro após uma reunião com o aliado.

O ex-presidente também saudou o que disse ser uma consonância de valores representados pelas duas nações, resumidos, segundo ele, em “Deus, pátria, família e liberdade”.

“Comungamos também da defesa da família com muita ênfase. Uma família bem estruturada ela faz com que a sua respectiva sociedade seja sadia. Não devemos perder esse foco”, disse Bolsonaro.

Durante as eleições presidenciais de 2022, Orbán retribuiu os elogios ao apoiar a campanha de Bolsonaro.

9
CAPA

CAPA

Em um vídeo compartilhado pelo ex-presidente em suas redes sociais, o premiê húngaro exaltou algumas das políticas de seu então colega governante.

“Tenho servido meu país na Europa por mais de trinta anos, já encontrei muitos líderes, mas vi poucos líderes tão excepcionais como seu presidente, o presidente Bolsonaro. Fico feliz de ter tido a oportunidade de trabalhar com ele. Foi uma grande honra ter visto e aprendido como ele reduziu impostos, estabilizou a economia, reduziu as taxas de crimes”, disse o húngaro na mensagem. “Espero que ele possa continuar seu trabalho.”

Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o governo da Hungria também teria oferecido ajuda para reeleger Bolsonaro.

De acordo com documentos obtidos pela reportagem, em julho de 2022, em plena campanha, o chanceler húngaro, Péter Szijjártó, teria conversado com a então ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, em Londres, e perguntado “se haveria algo que o governo

húngaro poderia fazer para ajudar na reeleição do presidente Bolsonaro”.

Mais recentemente, Bolsonaro e Orbán se encontraram na Argentina, durante a posse do presidente Javier Milei em dezembro de 2023.

Os dois tiveram uma reunião privada e, em uma rápida declaração, o húngaro afirmou que Brasil e Hungria estão mais distantes, mas o futebol e a política ainda unem os dois países.

Orbán ainda chamou Bolsonaro de “herói”.

“Temos muita coisa em comum, mas ele é muito mais bonito do que eu”, brincou o ex-presidente.

No mesmo dia da operação da PF contra Bolsonaro —e dias antes de o ex-presidente passar as duas noites na embaixada da Hungria—, Orbán utilizou as redes sociais para declarar apoio ao aliado.

“Um patriota honesto. Continue lutando, senhor presidente”, escreveu o líder húngaro.

10

Quem é Viktor Orbán?

Orbán está no poder desde 2010 e, segundo o Parlamento Europeu, comanda um “regime híbrido de autocracia eleitoral”.

Ele foi reeleito em 2014, 2018 e 2022 e é o líder há mais tempo no governo entre os países da União Europeia atualmente.

Classificado por muitos como direita radical, Orbán parece não saber como descrever a sua própria posição, investindo tanto no que chama de “democracia iliberal” como na “liberdade cristã”.

Desde que chegou ao poder, ele passou a acumular poderes com uma guinada autoritária que começou no Judiciário e no Legislativo, e avançou para a imprensa.

Em pouco mais de uma década, Orbán trocou centenas de juízes das cortes húngaras por aliados, alterou a lei eleitoral e, como o apoio de grupos econômicos aliados, praticamente acabou com vozes críticas na imprensa húngara.

O presidente brasileiro não é o único a fazer acenos ao polêmico primeiro-ministro. O avanço do autoritarismo na Hungria fez de Orbán uma inspiração para a líderes de direita em outros países, como a Polônia.

Durante anos, a retórica e as políticas anti-imigração foram a marca da política externa de Viktor Orbán. Ele também se apresenta como um protetor dos valores cristãos contra a “ideologia de gênero e LGBT” e o liberalismo ocidental.

Nos últimos 12 anos, o governo húngaro redefiniu o casamento como a união entre homem e mulher na Constituição e limitou a adoção para homossexuais e os direitos dos transexuais.

Por suas ações, entrou em conflito com outros líderes da União Europeia (UE) e foi criticado no Parlamento Europeu.

Mais recentemente, o líder húngaro, que é o aliado mais próximo do russo Vladimir Putin na UE, foi alvo de críticas por bloquear temporariamente uma ajuda europeia à Ucrânia de 50 bilhões de euros (R$ 269 bilhões).

O veto aconteceu depois que governantes da União Europeia ignorarem a sua recusa em iniciar negociações para a adesão de Kiev ao bloco. Por fim, o fundo foi aprovado no início de fevereiro.

CAPA 11

Está tudo bem e você nem está percebendo

Tenho uma notícia para te dar: a vida não está nem aí para o seu planejamento. Você vai se planejar por dias para ter um tempo de levar o carro para lavar, mas assim que você sair do lava-jato vai estar caindo uma chuva torrencial. Você vai planejar por meses uma viagem, mas quando chegar a semana, você vai pegar covid-19. Você vai sair sem guarda-chuva e vai precisar caminhar uma longa distância por um percurso sem cobertura no meio de um temporal. Você vai se preparar para uma corrida, vai treinar todos os dias e vai torcer o pé na véspera.

Eu peguei covid-19 no fim de fevereiro. O pós-carnaval veio agressivo e, como desgraça pouca é bobagem, já emendou com o meu inferno astral, aqueles dias antes de mudar de idade onde as nossas energias parece que ficam prestes a esgotar por completo. A covid me derrubou por três dias, mas o isolamento foi de sete. Angustiante. Mas o pior de tudo foi uma tosse maldita que remanesceu por longos dias, mesmo depois do exame ter negativado. É horrível a sensação da garganta coçando a cada dois minutos. Pior ainda é incomodar os outros. A tosse permaneceu por muitos dias seguidos e ainda persiste um pouco. Nesse tempo, precisei tomar antibiótico, corticóide, codeína, xarope, bombinha de ar, mel, própolis, gengibre. Tentei de tudo. A tosse diminuiu, mas ainda não zerou e lá se foi quase um mês do primeiro dia de covid. Tinham dias em que tudo que eu conseguia pensar era: meu Deus, que saudade de quando eu não estava tossindo, daria qualquer coisa para voltar um mês no tempo e desfrutar da paz de uma garganta desobstruída. Via pessoas que não estavam tossindo e pensava: isso que é ostentação. Eu trocaria qualquer coisa por um aparelho respiratório zerado. Trocaria o meu problema de agora por outros problemas dos quais eu me queixava há um mês.

ra enquanto nada de novo ou extraordinariamente bom está acontecendo. Mas, experimentar o dissabor de alguns dias com a garganta ruim, com cólica, com uma enxaqueca crônica ou coisa que o valha e depois sentir a sensação de estar apenas existindo sem qualquer sensação de dor, desconforto ou mal estar pode ser a coisa mais satisfatória do mundo.

Sei que é difícil ser grato pela vida sem que nada extraordinário esteja acontecendo, mas só de lembrar por um breve instante do quão massacrante pode ser uma crise de enxaqueca, do quão irritante pode ser uma tosse crônica, do quão paralisante pode ser uma cólica menstrual, é possível sentir um tantão de alívio por não estar sentindo qualquer uma dessas sensações desagradáveis.

“Para se tornar uma pessoa interessante, é preciso passar por frustrações, é preciso levar uns tapas da vida. A pessoa que nunca quebrou a cara, nunca se decepcionou, nunca se ferrou em um nível astronômico jamais será alguém que sabe conversar, que sabe ser uma boa companhia, que tem sagacidade para viver.”

Mas uma coisa é certa: perrengue forma caráter. Para se tornar uma pessoa interessante, é preciso passar por frustrações, é preciso levar uns tapas da vida. A pessoa que nunca quebrou a cara, nunca se decepcionou, nunca se ferrou em um nível astronômico jamais será alguém que sabe conversar, que sabe ser uma boa companhia, que tem sagacidade para viver.

Vamos reclamar e xingar muito, porque a vida não nos dá um minuto de paz. Mas vamos aproveitar os momentos de glória, nem que esse momento de glória seja apenas um dia sem dor física e sem problema árido para resolver. E se o que você planejou deu errado, pode ter certeza que não será a última vez. Vai dar errado de novo. Mas esse é o tempero da vida. Se não fossem os atropelos, imprevistos e decepções, os momentos de glória não teriam a menor graça.

Foi quando percebi que, muitas vezes, está tudo bem e a gente sequer se dá conta. Longe de mim pregar uma filosofia gratiluz, eu sei que às vezes pode ser difícil ser grato pelo ago-

*Mila Ferreira, repórter do Correio Braziliense. Formada em Jornalismo pelo IESB e pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUC-RS

Ferreira*
Mila
COMPORTAMENTO 12

CONTOS EM CONTA-GOTAS

É notória a paixão das mulheres por sapatos

Acho que posso dizer, sem receio de queimar a língua, que nos sentimos tão cheias de pés como as centopéias, e portanto temos muitíssimos mais pares de sapatos do que precisaríamos para viver toda uma vida, e vida longeva.

Temos fascínio por diamantes também, mas diamantes são o que são e ponto, e a bem da verdade, quanto mais pontos ele tiver, mais valioso será.

Quem nunca viu uma mulher parecendo estar num transe hipnótico diante de uma vitrine de uma loja de sapatos?

O tempo congela, nada mais importa além do flerte com toda a sapataria.

Quando finalmente entramos na loja, pensamos que já estamos certas de quais daqueles objetos de desejo serão levados para o nosso closet.

Começa então uma nova longa etapa: a fase de experimentar um número incalculável de sapatos.

Cada um que calçamos nos obriga a dar inúmeras passadas pelo espelho como se estivéssemos numa passarela, e calculando minuciosamente o quanto ele nos torna mais belas, longilineas e sobretudo poderosas.

Não podemos calçar o homem, mas podemos sentir de imediato se rola uma química entre nós, se nos agrada seu modo de agir, a sua conversa e tantos outros fatores sem os quais não conseguimos conceber uma parceria estimulante.

Daí a aproximação com ele se torna necessária, pois nem tudo que reluz é ouro (clichê? talvez!).

A convivência faz-se necessária, pois podemos disfarçar as coisas por muito tempo, mas não esconder para sempre.

Com o homem, diferentemente do sapato, há que se mirar nos olhos, observar como ele trata as pessoas no seu entorno, como se comporta diante de temas polêmicos, sentir se o bom humor dele não descamba para a palhaçada, se é gentil, educado e até se foi fiel nos seus relacionamentos anteriores.

“Experimentando o sapato, analisamos se é macio, se não machuca nenhum ponto dos pés ou se é pesado, tornando o caminhar tão elegante quanto a pisada de um elefante.”

Aqui dou uma dica inteiramente gratuita : se um homem “galinha” souber quantos pontos ele perde na avaliação de uma mulher, ele seria fiel, nem que fosse somente para garantir o sucesso de seus relacionamentos posteriores.

A analogia entre sapatos e homens para uma mulher hétero é bem simples, pois nem sempre o que nos agrada aos olhos é o que parece.

Experimentando o sapato, analisamos se é macio, se não machuca nenhum ponto dos pés ou se é pesado, tornando o caminhar tão elegante quanto a pisada de um elefante.

Assim fazemos com o homem que nos desencadeia palpitações, como somente aquelas causadas pelas paixões avassaladoras.

Medimos o macho de alto a baixo, bem a ordem em que o homem é analisado não importa.

O imprescindível é que encontremos nele o maior número de qualidades que vamos elencando ao longo da vida para escolher o nosso par ideal.

A comparação entre homens e sapatos feita pelas mulheres é tão natural, que quando encontramos aquele que preenche todos os requisitos para disparar nosso gatilho amoroso, costumamos dizer que ele, o homem, é o nosso número certinho.

Se sapatos e homens estiverem nos decepcionando além do suportável, sugiro que passemos a nos interessar somente pelos indestrutíveis brilhantes.

* Ângela Beatriz Sabbag é bacharel em Direito por graduação e escritora por paixão.

Bailarina Clássica, Pianista e Decoradora de Interiores angelabeatrizsabbag e-mail angelabeatrizsabbag@gmail.com

Por Ângela Beatriz Sabbag
14

ESPORTES

Dupla brasileira de bocha carimba vaga na Paralimpíada de Paris 2024

Por Agência Brasil - Rio de Janeiro Adaptação Rócio Barreto

OBrasil carimbou nesta terça-feira (26) a sexta vaga na bocha nos Jogos Paralímpicos de Paris, no torneio qualificatório de pares BC4, em Coimbra (Portugal). Invictos na competição, a paraibana Laissa Vasconcelos, conhecida como Laissa Guerreira, e o maranhense André Martins asseguraram a vaga ao avançarem à final, após vitória de virada sobre a Espanha.

André e Laissa saíram atrás no placar na semifinal esta tarde. Começaram perdendo por 4 a 1, mas retomaram o controle do jogo e, no final, selaram a vitória por 5 a 4. A final será às 11h10 desta quarta (27) contra a Malásia, equipe já batida pela dupla brasileira na primeira fase (grupos).

A classe BC4 é destinada a atletas com quadros severos de origem não cerebral, como lesionados medulares. Os competidores não recebem auxílio durante as disputas.

A campanha brasileira em Coimbra tem 100% de aproveitamento. Andre e Larissa fecharam a primeira fase na lide-

rança da chave, ao somarem quatro vitórias: estrearam com triunfo de 5 a 0 sobre a Malásia; bateram a Hungria por 8 a 2; superaram o Japão por 5 a 4; e ganharam de Portugal por 4 a 2.

O país já garantira outras cinco vagas na bocha – os atletas se classificaram no Parapan de Santiago - e, no geral, já tem 118 atletas confirmados na Paralimpíada de Paris. Além da bocha, haverá representantes brasileiros nas seguintes competições: atletismo, natação, vôlei sentado (masculino e feminino), goalball (masculino), futebol de cegos, ciclismo, hipismo, canoagem, remo, taekwondo, tiro esportivo, tiro com arco e tênis de mesa.

No Parapan de Santiago, no ano passado, o país assegurou outras cinco vagas, com medalhistas de ouro na competição. Os brasileiros disputarão a classe BC1 feminino (com Andreza Oliveira), BC2 masculino (com Maciel Santos), BC3 masculino e feminino (Mateus Carvalho e Evelyn de Oliveira), além da equipe BC1/BC2 (com Andreza Oliveira, Iuri Tauan e Maciel Santos).

15
Por unanimidade, STF mantém prisão de suspeitos por morte de Marielle

Por Felipe Pontes, da Agência Brasília - Brasília Adaptação Rócio Barreto

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta segunda-feira (25) manter a prisão dos três suspeitos de planejarem o crime e mandarem matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Os assassinatos ocorreram em 2018.

Os ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux seguiram o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo e que determinou a prisão preventiva dos três no domingo (24).

A ordem de prisão foi analisada de modo virtual, em sessão de julgamentos de 24h que começou nos primeiros momentos desta segunda-feira (25).

Na decisão, Moraes escreveu haver “fortes indícios de materialidade e autoria” do planejamento do assassinato pelos três presos, além de manobras para encobrir a autoria do crime e atrapalhar as investigações.

Além do relator, o único a apresentar um voto por escrito foi Dino. Ele escreveu que as prisões preventivas se justificam diante de um “ecossistema criminoso” que teria sido montado dentro do Poder Público para encobrir a autoria do crime.

Os ministros seguiram parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), segundo o qual se os três “permaneçam em liberdade, continuarão a obstruir os trabalhos de Polícia Judiciária, valendo-se do poderio econômico de que dispõem e dos contatos com as redes ilícitas existentes no Município do Rio de Janeiro”.

JUSTIÇA 16

Entenda

Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado da Polícia Civil Rivaldo Barbosa foram detidos na manhã de domingo (24) durante a Operação Murder Inc e foram levados pela Polícia Federal para Brasília, onde chegaram por volta das 16h.

No caso de Chiquinho Brazão, que é deputado federal, a Constituição Federal prevê que sua prisão deve ser apreciada pelo plenário da Câmara dos Deputados, que poderá mantê-lo preso ou soltá-lo. A data da sessão ainda não foi anunciada, mas deverá ocorrer nos próximos dias.

A principal motivação do assassinato de Marielle e Anderson, revelada no relatório de investigação da PF, envolve a disputa em torno da regularização de territórios no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que as investigações policiais levaram ao esclarecimento completo sobre quem são os mandantes dos crimes, além dos os executores e os intermediários.

Marielle e Anderson foram assassinados a tiros, em um cruzamento na região central do Rio de Janeiro, em março de 2018, enquanto se deslocavam de carro após uma agenda de trabalho.

Defesa

Em entrevista ao sair da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, o advogado de Domingos Brazão negou que ele tivesse qualquer relação com Marielle ou participação no assassinato da vereadora. “Ele é inocente e não tem nada a ver com isso”, afirmou o advogado Ubiratan Guedes. A Agência Brasil entrou em contato com a defesa de Rivaldo Barbosa e aguarda retorno. A defesa de Chiquinho Brazão ainda não respondeu aos pedidos de comentário. Em 20 de março, depois que a acusação de ser o mandante vazou na imprensa, o deputado Chiquinho Brazão divulgou uma nota em que disse estar “surpreendido pelas especulações” e afirmou que o convívio com Marielle sempre foi “amistoso e cordial”.

JUSTIÇA

ECONOMIA

Bitcoin e as criptomoedas, será que tem volta?

Durante muito tempo eu torci o nariz para as criptomoedas. Sempre achei que cedo ou tarde a “farra” iria acabar. Mas com o tempo a realidade se impõe. Antes de começar este tema, é preciso distinguir bem os conceitos de investir e especular. Existem ativos que podem ser usados tanto para investir como para especular, como imóveis, ações ou fundos imobiliários. E existem outros ativos como ouro, dólar ou criptomoedas que são exclusivamente especulativos. E é preciso tirar a ideia de que toda especulação é ruim. As criptomoedas tem se mostrado ao longo do tempo uma grande oportunidade para toda uma geração.

Quando alguém compra um imóvel na planta, por exemplo, com a intenção de vender quando estiver pronto, essa pessoa está simplesmente especulando no setor imobiliário. Se trata de uma aposta. Se o imóvel depois de pronto valer mais do que na planta, se levando em conta os riscos da construtora etc. Pode ser que a especulação tenha valido a pena. Mas é uma especulação, uma aposta. No entanto, se alguém compra o mesmo imóvel com a intenção de alugar e não de vender, a operação seria teoricamente mais próxima de um investimento do que de uma especulação.

Na mesma lógica anterior, se alguém compra ações de empresas que são lucrativas no mercado financeiro para receber parcela do lucro que são divididas com os acionistas, essa operação está mais ligada a investir. Se quem compra tem apenas a ideia de comprar a ação hoje e vender no futuro por um preço maior, é apenas uma aposta, uma especulação. Pode dar certo ou não. A ação pode estar valendo muito menos no futuro. Ao passo que quem investiu em ações, sem se preocupar com a oscilação da cotação, mas com a ideia de se tornar sócio e ser remunerado por isso, estará de fato realizando um investimento.

E no caso das criptomoedas? Nesse caso será sempre uma especulação. Uma aposta! A única maneira de ganhar dinheiro com ativos que são “reservas de valor” como ouro, dólar ou criptomoedas, é comprando por um valor e vendendo por um valor maior. Ao contrário de imóveis, as crip-

tomoedas não irão gerar para você uma renda de aluguel. Ao contrário das ações que podem pagar bons dividendos aos acionistas, ou seja, uma renda, a criptomoeda não é uma empresa que produz, gera lucro e remunera os acionistas.

Dito isso, especular com criptomoedas é ruim? O mais importante é como fazer isso sem meter o pé pelas mãos. Acredito que hoje todas as pessoas deveriam considerar ter 5% do seu patrimônio em criptomoedas. Mas isso como um plano de longo prazo, definir um percentual do patrimônio em cripto e seguir. E revisar a questão do percentual patrimonial apenas uma vez por ano. Se as criptos subirem muito, esse percentual de 5% vai ser maior. Aí é hora de vender e embolsar o dinheiro. Se cair de 5%, trocar patrimônio por criptos e voltar a ter 5% ou o percentual definido.

Seguindo essa lógica, é possível fazer uma especulação saudável. Bem controlada. Com apenas 5% do patrimônio. Que não necessariamente precisa ser 5%, pode ser 1%, 2% etc. O importante é definir quanto vai ser do patrimônio em criptomoedas e seguir no plano de longo prazo. Tendo em vista o alto potencial de valorização das criptomoedas e o valor subjetivo que cada vez mais as gerações enxergam o mundo digital, acredito que as criptomoedas irão gerar ainda muitos bons frutos para quem estiver disposto a correr algum risco. O importante é que esse risco seja controlado. Voltaremos com esse assunto na próxima edição.

* Humberto Nunes Alencar, Analista de Orçamento do Ministério do Planejamento. Mestre em economia pelo IDP e doutorando em direito pela mesma instituição. Dá aulas online para pessoas que querem aprender mais sobre economia e finanças pessoais. Contatos: 061 - 994054114 e Instagram: @humbertoalencar.bsb

Humberto Alencar*
18

Robinho é preso por estupro: entenda por que Justiça decidiu que ex-jogador cumprirá no Brasil sentença da Itália

Brasil - São Paulo

Adaptação Rócio Barreto

APolícia Federal prendeu o ex-jogador de futebol Robinho no início da noite da quinta-feira (21/3). O ex-atleta foi detido no prédio onde mora, em Santos, no litoral de São Paulo.

O mandado de prisão contra Robinho foi emitido pela Justiça Federal em Santos após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, negar o último recurso da defesa do ex-atleta.

À CNN Brasil, o advogado de Robinho, José Eduardo Alckmin, disse que vai recorrer da decisão monocrática de Fux para que mais ministros do STF julguem o caso.

O advogado afirmou temer pela integridade física do cliente na prisão e pela possibilidade que o ex-atleta sofra maus tratos e extorsão.

Robinho deve cumprir no Brasil a pena de prisão por estupro coletivo, proferida pela justiça italiana em 2017.

Robinho foi condenado na Itália a nove anos de prisão pelo estupro de uma mulher junto com outros homens em uma boate em Milão em 2013.

O ex-jogador estava no Brasil quando todas as possibilidades de recurso se esgotaram na Justiça italiana, no ano passado.

Como a legislação brasileira não permite a extradição de cidadãos brasileiros, o governo italiano pediu que ele cumprisse sua pena por aqui.

Na quarta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou o pedido italiano por nove votos a dois e determinou o início imediato do cumprimento da pena em regime fechado.

A BBC News Brasil procurou a defesa do ex-jogador para comentar o caso na quarta-feira, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.

JUSTIÇA 20

Em um vídeo publicado nas suas redes sociais no domingo (17), Robinho afirmou ser inocente e ter sido condenado injustamente.

“Estou comprometido em provar minha inocência e lutar pela justiça verdadeira”, disse o ex-jogador.

O caso de Robinho foi a julgamento no STJ pouco tempo depois de outro jogador de futebol brasileiro de renome internacional, Daniel Alves, ser condenado à prisão por estupro na Espanha.

No início do julgamento da quarta, o advogado José Eduardo Rangel de Alckmin, responsável pela defesa do ex-jogador, pediu que, em vez do cumprimento da pena determinada pela Justiça italiana, o Brasil julgasse aqui o crime cometido na Europa.

“Isso não representa de forma alguma impunidade. Ele terá direito, como qualquer brasileiro, a responder na Justiça brasileira pelos atos imputados”, defendeu.

A condenação de Robinho por estupro

Robinho, ex-jogador da seleção brasileira, foi condenado na Itália por ter abusado sexualmente de uma jovem albanesa em uma boate de Milão em conjunto com outros cinco homens em 2013.

Na época, ele jogava pelo Milan, um dos principais times da cidade italiana.

A vítima tinha 23 anos na época e não teve o nome divulgado no processo.

O jogador negou as acusações, mas escutas feitas em seu carro, autorizadas e confirmadas pela Justiça italiana, validaram a versão da vítima, segundo disse uma das juízas ao longo do processo.

Em uma das gravações, divulgadas pelo site Globoesporte.com em 2020, o jogador diz: “Estou rindo, porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu”.

A sentença foi confirmada em outras instâncias e deixou de ter possibilidade de recurso em janeiro de 2023, quando foi confirmada definitivamente pela Justiça italiana. No jargão jurídico, a decisão transitou em julgado.

Robinho disse nas redes sociais que a Justiça italiana “cometeu erros gritantes e gravíssimos” no julgamento e negou que tenha havido estupro.

O ex-jogador também disse ser vítima de racismo. “Tenho absoluta certeza que se fosse com um europeu, se fosse

com um branco, com certeza meu julgamento teria sido totalmente diferente.”

Em uma entrevista na TV também no domingo, o ex-jogador disse que seu caso é “totalmente diferente” do caso de Daniel Alves, que foi condenado a quatro anos e meio de prisão por estuprar uma jovem no banheiro de uma boate na Espanha em 2022.

“Pelo pouco que vi, a vítima foi buscar seus direitos logo após. No meu caso, a mulher que me acusou foi depois de quatro meses procurar a Justiça”, disse Robinho à emissora Record.

A Itália chegou a pedir a extradição do jogador para a Europa. Mas a Constituição do Brasil não permite que cidadãos do país sejam extraditados.

Foi emitido então, em fevereiro de 2023, um pedido de prisão internacional do jogador. Isso significa que, caso saia do Brasil, ele pode ser preso e enviado para a Itália.

O governo italiano também solicitou ao Ministério da Justiça brasileiro a homologação da sentença. Ou seja, que a condenação fosse reconhecida pela Justiça brasileira e que a pena fosse cumprida no Brasil.

O pedido foi encaminhado pelo ministério ao STJ, a quem compete analisar casos assim, que acatou a demanda.

Como foi o julgamento no STJ

O relator do caso no Superior Tribunal de Justiça, o ministro Francisco Falcão, fez a leitura de seu voto a favor do cumprimento da pena no Brasil, porque apontou que o processo cumpre todas as medidas recomendadas pela legislação brasileira para isso.

Para que a transferência da execução de uma pena seja aceita, são necessários alguns requisitos previstos na Lei de Imigração:

ser cidadão brasileiro ou residente no Brasil; ser uma decisão final (trânsito em julgado);

. pena maior que 1 ano;

. a atitude também deve ser considerada crime também no Brasil;

. haver tratado ou promessa de reciprocidade (significando que a Itália se compromete a executar uma pena a italiano condenado no Brasil).

JUSTIÇA 21

Humanizar o Eixão

As degradantes condições enfrentadas por quem precisa atravessar a pé o popular Eixão são objeto de Ação Civil Pública ajuizada pela Promotoria de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. A iniciativa da Rede Urbanidade, coordenada pelo promotor Dênio Moura, pede que a Justiça determine ao GDF que em até um ano adote medidas para proporcionar segurança e dignidade a quem usa as passagens subterrâneas e que a velocidade veicular seja reduzida para 60 km/h em até 60 dias.

Numa cidade impregnada do fetiche rodoviarista, não surpreende que, de todas as medidas cobradas pela Rede Urbanidade, apenas a redução da velocidade tenha ganho destaque, não apenas na imprensa, mas também nos gabinetes do Departamento de Estradas de Rodagem, que menos de duas semanas depois do ajuizamento da ação divulgou documento contestando apenas esse ponto. Em sua argumentação, o DER comete erros conceituais grosseiros, mas prefiro me ater aqui à sacralização da velocidade.

Começando com a velocidades que cada vez mais cidades em todo o mundo têm adotado como limite em vias urbanas locais, ser atropelado a 30 km/h equivale a cair do primeiro andar de um prédio. Não deve ser uma sensação nada agradável e poucas pessoas sairiam completamente ilesas desse sinistro. Cair do segundo andar certamente seria bem pior, mas ainda assim não se compara a ser atropelado a 60 km/h, porque isso equivaleria a cair do quinto andar! Aí, convenhamos, são poucas as chances até mesmo de sobreviver...

“Claro que o ganho de tempo seria bem menor na imensa maioria das viagens, que usam apenas um trecho consideravelmente mais curto da via”

A esta altura, o leitor pode estar pensando como o DER, que a redução seria inócua porque um atropelamento a 60 km/h também mata. O que o DER esqueceu é que, diferente da força da gravidade, no comando de um veículo há uma pessoa capaz de reagir. Essa pessoa, tomando consciência do risco, pode frear seu carro e pará-lo antes de atingir o pedestre, se estiver a 60 km/h, ou atingi-lo a 40 km/h (queda do segundo andar) se estiver a 80 km/h.

Como costumo dizer, a percepção de economia de tempo que as altas velocidades proporcionam em viagens urbanas é absolutamente enganosa. Estamos falando de uma diferença de cerca de 4 minutos se percorremos o Eixão livremente de ponta a ponta a 60 e a 80 km/h. Claro que o ganho de tempo seria bem menor na imensa maioria das viagens, que usam apenas um trecho consideravelmente mais curto da via.

Mais relevante do que isso, porém, é o que se perde com a velocidade. Porque se o ganho de tempo varia linearmente, a energia envolvida em uma colisão tem uma relação exponencial com ela. Mais precisamente, essa energia é proporcional ao quadrado da velocidade. Se isso ainda não diz muito, talvez a comparação com quedas seja mais familiar, mesmo que o leitor não as tenha experimentado, como eu espero. Mas vamos lá.

Para terminar, se não conseguimos nos ver na condição de quem, por algum motivo, tenta atravessar o Eixão a pé, lembremo-nos de que as vítimas dos sinistros naquela via não são só os pedestres. São também os ocupantes de veículos que se envolvem em colisões que, assim como os atropelamentos, ou não ocorreriam ou seriam menos graves com um limite de velocidade mais baixo. É a isso que chamamos humanização.

* Paulo César Marques da Silva é professor da área de Transportes da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia (1983), mestrado em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em Transport Studies pela University of London (University College London) (2001).

Paulo César Marques da Silva *
22
MOBILIDADE

O que investigação da PF fala a respeito dos motivos para execução de Marielle

Por BBC News Brasil

Adaptação Rócio Barreto

Oministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes levantou o sigilo de sua decisão que ordena a prisão preventiva de suspeitos de relação com o homicídio em março de 2018 da então vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista Anderson Gomes.

Os três foram presos neste domingo (24/3) e ficarão em uma prisão federal em Brasília ao menos até segunda.

O texto mostra o passo a passo das investigações da Polícia Federal sobre o crime e detalham o papel no caso dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e do ex-chefe de polícia do Estado do Rio Rivaldo Barbosa.

Os Brazão negam qualquer participação no caso. A BBC News Brasil ainda não conseguiu contato com a defesa de Barbosa.

Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do RJ. Pelo cargo, ele só pode ser julgado pelo STF.

É a mesma situação de Chiquinho, deputado federal pelo partido União Brasil, o que dá direito a foro especial.

Os irmãos são apontados pela investigação como responsáveis pela contratação dos executores do crime contra Marielle.

De acordo com a representação da Polícia Federal ao STF, o plano para matar Marielle surgiu após uma “descontrolada reação” do então vereador Chiquinho Brazão à atuação da vereadora do PSOL.

Na época, um projeto de lei municipal — apresentado pelo então vereador Chiquinho — previa a regularização de empreendimentos imobiliários na região da Zona Oeste carioca onde há forte atuação de grupos milicianos, incluindo o comandado pela família Brazão.

De acordo com a investigação, o irmão Domingos era especialmente envolvido com a grilagem de terras na região.

“De maneira geral, grandes extensões de terra eram ocupadas por indivíduos que, depois, buscavam a regularização das áreas, muitas das vezes, mediante o emprego de fraude ou corrupção de agentes públicos.”

“Em seguida, uma vez ‘regularizada’ a área, eles a loteavam para posterior alienação, o que gerou uma vultosa quantidade condomínios de classes média e alta irregulares na região.”

Marielle, também segundo a investigação, teria pedido à população local a não aderir aos loteamentos situados na região.

JUSTIÇA 24

Conhecida como “Lei do Puxadinho”, o projeto foi aprovado na Câmara do Rio e sancionada pelo ex-prefeito Marcelo Crivella. Foi depois considerada inconstitucional pelo Tribunal de Justiça do Estado.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República, “a vereadora não escondia o seu entendimento de que as iniciativas de regularização fundiária pela caracterização de Áreas de Especial Interesse Social (AEIS) seriam adequadas (...). No entanto, tais instrumentos teriam sido empregados de forma distorcida pelos irmãos Brazão, apenas para viabilizar a exploração econômica de espaços territoriais que, não raro, eram dominados por milicianos”.

“Ficou delineada a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa do direito à moradia.”

A investigação diz que essa conclusão sobre as motivações veio de comentários de Domingos em negociações com Ronnie Lessa, suspeito de ser executor do crime e que fechou um acordo de delação premiada após confessar sua participação.

“Dessa forma, as afirmações podem abranger apenas uma parte de um contexto mais intrincado e desconhecido pelo algoz da vereadora”, afirma o texto.

A PF apontou ainda o primeiro miliciano contactado para executar o plano de matar a parlamentar, Edmilson Macalé, era próximo a Chiquinho Brazão.

Ainda de acordo com a PF, foi Macalé quem convidou Ronnie Lessa para a execução do plano.

O papel do delegado Rivaldo

O delegado Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior é apontado pelo inquérito e na decisão do ministro Alexandre de Moraes como uma das peças fundamentais no planejamento do crime.

Barbosa foi nomeado chefe da Polícia Civil durante a intervenção federal da segurança pública do Rio de Janeiro, decretada pelo então presidente Michel Temer em 2018 após uma explosão de crimes durante o Carnaval.

De acordo com a decisão de Moraes, Rivaldo então Diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro, teria atuado como um dos mentores das execuções ao oferecer “garantia prévia da impunidade” aos acusados de cometer os assassinatos.

Segundo a investigação da PF, o caso Marielle foi “calcado na sabotagem dos trabalhos investigativos pelo aparato responsável pela apuração dos homicídios no Rio de Janeiro”.

Rivaldo, posteriormente alçado à condição de chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, teria chegado a instruir os mandantes e os executores, impondo condições e fazendo exigências sobre o andamento do planejamento e da execução do crime.

Pouco tempo após as mortes de Marielle e Anderson, Rivaldo nomeou o delegado Giniton Lages — “pessoa de sua confiança”, segundo a decisão — para o cargo de diretor da divisão de Homicídios da Polícia Civil. A oficialização de Giniton ocorreu 12 horas após a execução.

Assim, as investigações passaram a ficar sob a responsabilidade de Giniton, algo que, segundo a investigação, operacionalizou a “garantia de impunidade dos autores do delito”.

“Em relação a Rivaldo Barbosa, Ronnie Lessa declarou que aceitou a empreitada homicida, pois os irmãos Brazão expressamente afirmaram que o então chefe da Divisão de Homicídios da PCERJ teria contribuído para preparação do crime, colaborando ativamente na construção do plano de execução e assegurando que não haveria atuação repressiva por parte da Polícia Civil. Ronnie pontuou que Rivaldo exigiu que o M.F. da S. não fosse executada em trajeto de deslocamento de ou para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pois tal fato destacaria a conotação política do homicídio, levando pressão às forças policiais para uma resposta eficiente.”

JUSTIÇA 25

SAÚDE

Será melhor ter alguma coisa e perdê-la ou nunca a ter tido?

Apergunta provocativa é do escritor inglês Charles Dickens. A lógica da frase, certamente, já deve ter passado algumas vezes por muitas mentes. Quando nos deparamos com a pergunta tão direta, tão intensa, tão precisa, é difícil não se ater a ela e pensar em momentos intensos já vividos.

Quantas vezes, passamos por experiências inesquecíveis, que nos levaram a crer que a vida vale a pena, apesar das dores e decepções constantes que ela, a vida, nos proporciona. O problema é quando essa experiência acaba. Nos resta o vazio de lidar com o vazio. Como lidar com isso? Alguns encontram em fugas, o suporte para suportar a ausência imposta. Seja no consumo excessivo de drogas lícitas ou ilícitas, nos prazeres sexuais fáceis e transitórios ou mesmo em aventuras radiais.

Já outros, procuram no autoconhecimento o motivo da dor da falta. É onde entram a psicanálise, a psicologia e outros tratamentos que podem ajudar nessa conexão conosco.

sido uma ótima mãe, uma amiga, uma parceira de vida tão presente e companheira, será que eu estaria sentindo essa dor tão intensa? ”. A resposta para mim é óbvia: certamente não. Se não tivéssemos tido um encontro de almas tão especial, eu não estaria sentindo essa ausência que me sangra todos os dias.

Mas, então, vem outra pergunta, baseada na lógica do escritor: “ Eu preferia ter tido uma mãe diferente, sem tanta troca, tanta parceria, tanto amor? Porque se fosse assim, não estaria doendo tanto.” O luto é o preço do amor. Quanto maior o amor, maior é o luto. Teria sido melhor amar menos, termos sido menos amiga, menos confidentes, menos tudo?

“A pergunta do escritor nos leva a algumas considerações. Primeiro: tudo o que existe está fadado a acabar. Essa é a lei inexorável da vida. E se quisermos nos aprofundar ainda mais, diria que é exatamente ‘o acabar’ que faz com que as coisas, momentos e objetos tenham valor ou que tenham o valor que damos a eles.”

Na psicanálise, entendemos que desejamos o que nos falta, o que não podemos ter, o que está distante.

O desejo então nos moveria para ter algo ou para perder o que queremos?

A pergunta do escritor nos leva a algumas considerações. Primeiro: tudo o que existe está fadado a acabar. Essa é a lei inexorável da vida. E se quisermos nos aprofundar ainda mais, diria que é exatamente ‘o acabar’ que faz com que as coisas, momentos e objetos tenham valor ou que tenham o valor que damos a eles. E me aprofundaria ainda mais ao dizer que só sabemos ou saberemos o valor exato que algo tem para nós, quando o perdemos.

Ao ler essa frase, lembrei-me do luto incessável pela partida da minha mãe. E cheguei a pensar: “ E se ela não tivesse

E a minha resposta é não. Com minha mãe e com todas as minhas experiências, que depois me fizeram sofre pela falta. Prefiro a dor da perda da intensidade do que foi vivido do que não ter vivido e passar uma vida na superficialidade.

E você, querido leitor, já se fez essa pergunta: “Será melhor ter alguma coisa e perdê-la ou nunca a ter tido?”. E o principal: você já sabe a sua resposta?

* Renata Dourado é formada em Jornalismo pelo Uniceub e trabalha na TV Bandeirantes há mais de 13 anos.

Atualmente, apresenta o Band Cidade Segunda Edição, jornal local, que vai ao ar, ao vivo, de Segunda à Sexta, às 18h50. Também apresenta o Band Entrevista, que vai ao ar, aos sábados, às 18h50.

Formada em Psicanálise e Mestranda Especial da UNB em psicologia clínica.

26

Violência não letal contra mulheres aumenta 19% em 5 anos no Brasil

Adaptação Rócio Barreto

Entre 2018 e 2022, todos os tipos não letais de violência contra mulheres cresceram 19% no Brasil. Essas formas de agressão incluem a patrimonial, a física, a sexual, a psicológica e a moral e, com exceção da última, foram acompanhadas pelo Instituto Igarapé, que realizou levantamento sobre o assunto, em parceria com a Uber.

De acordo com o Instituto Igarapé, na última década, tais ocorrências aumentaram 92%. Para elaborar o relatório que contém esses dados, foram extraídas estatísticas dos sistemas oficiais de saúde e dos órgãos de segurança pública.

No apanhado dos pesquisadores, contabilizam-se ocorrências, o que significa que uma mesma mulher pode ter sido vítima de mais de uma das formas de violência registradas.

Ao longo da apuração dos dados, constatou-se que as mulheres negras são os principais alvos da violência de gênero não letais, independentemente da forma que as agressões assumem. Em 2018, mulheres pretas e pardas apareciam em 52% dos registros. No ano passado, elas eram as vítimas em 56,5% das ocorrências.

Segundo os responsáveis pelo levantamento, somente no ano passado,

em média, quatro mulheres foram vítimas de feminicídio, que é o homicídio motivado por ódio contra o gênero feminino, ou seja, contra mulheres, pelo fato de serem mulheres. Em 2018, os feminicídios representavam cerca de 27% das mortes violentas, porcentagem que subiu para 35% em 2022.

A violência patrimonial, que se configura quando o parceiro da vítima restringe, por exemplo, o acesso a contas bancárias, ou se apropria do dinheiro ganho por ela, foi a que mais aumentou nos últimos cinco anos, 56,4%. Em 2022, seis mulheres a cada 100 sofreram esse tipo de violência, a maior taxa já registrada na série histórica sistematizada pelo levantamento, que se iniciou em 2009.

O segundo maior crescimento foi o da violência sexual: 45,7%. Na última década, os casos que envolveram esse tipo de agressão duplicaram.

A violência psicológica aumentou 23,2%, entre 2018 e 2022. Nesse caso, o que os pesquisadores ressaltam é o fato de que companheiros e ex-companheiros das mulheres são também seus principais agressores, correspondendo a mais da metade dos registros.

Embora seja o tipo mais comum entre os quatro analisados no estudo, a violência física, que representa 53% dos casos registrados, cresceu 8,3% no período. Somente em 2022, foram notificadas mais de 140 mil agressões do tipo, gerando uma média de 16 por hora.

DIREITOS HUMANOS 28

Gabigol leva 2 anos de suspensão por tentar fraudar exame antidopping

Por Agência Brasil - Rio de Janeiro Adaptação Rócio Barreto

O atacante Gabigol, do Flamengo, foi punido com dois anos de suspensão pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJD-AD). O placar do julgamento, concluído nesta segunda-feira (25), foi de cinco votos a quatro pela suspensão de Gabigol, que começa a contar do dia 8 de abril do ano passado, e vai até abril de 2025. O jogador ainda pode recorrer da decisão na Corte Arbitral do Esporte (CAS).

Em nota oficial, o Flamengo disse que “recebeu com surpresa a referida de decisão e que auxiliará o atleta na apresentação de recurso ao CAS, uma vez que entende que não houve qualquer tipo de fraude, nem mesmo tentativa, a justificar a punição aplicada”.

Gabigol foi denunciado pela Procuradoria de Justiça Des-

portiva Antidopagem em 21 de dezembro, quase oito meses após a realização de exames antidoping no Centro de Treinamento (CT) do Flamengo. Gabigol teria infringido o código 122 do Código Brasileiro Antidopagem, que trata de “fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle”, e que prevês pena máxima de quatro anos de suspensão.

Na denúncia assinada pelo procurador João Guilherme Guimarães Gonçalves, o camisa 10 do Flamengo, de acordo com os oficiais responsáveis pela coleta no dia 8 de abril, teria dificultado a realização do exame. O jogador não teria cumprido repouso mínimo de duas horas após a atividade física para poder realizar o exame, e também tentou esconder a genitália, no momento da coleta da urina, que ocorre com a presença do oficial responsável.

ESPORTES 29

Você é mesmo quem acha que é?

Eduardo Galeano nos brindou com diversos livros e célebres frases, destacamos uma delas, em especial, que vem guiar esse artigo: “Vivemos em plena cultura da aparência: o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus.”

Parece que escreveu ontem, não? Em abril se completam nove anos de sua morte. Eduardo Galeano era um jornalista, escritor e pensador uruguaio, autor de As Veias Abertas da América Latina.

Podemos perceber que o mundo vem “envasando” as pessoas há muito tempo. Como se comportar, como se vestir, qual aparência devemos ter e tantas outras “regras” para que possamos, supostamente, ser aceitos socialmente.

Aliado a esse modus operandi da ditadura social, temos a pressa em sermos ou fazermos sucesso, juntamente com a liberdade dada aos pensadores de plantão pela internet e suas redes sociais.

nhecê-la de forma mais profunda, tudo isso na velocidade de um clique, ou em um rolar de página na internet.

Normalmente essa primeira visão está em um post, em uma foto ou em uma fala, produzidos exatamente para causar esse efeito. Uma vez que você se reconhece na imagem que chega até você, fica estabelecido um elo, uma cumplicidade que, sem a mínima chance de errar, só beneficiará o candidato ao sucesso. Raramente o seu seguidor.

Este ano teremos eleições que, pela primeira vez, contarão com o uso da Inteligência Artificial para alavancar as “impressões de momento” sobre os candidatos. Veremos uma enxurrada de postagens onde as bem-sucedidas intervenções da mente dos marqueteiros, especialistas em criar impressões, serão potencializadas pelo poder da tecnologia.

“Não será a utilização de subterfúgios, como o fingido sorriso ou as ardilosas postagens de fotos sempre felizes em nossas redes. Como disse Carlos Drummond de

An-

drade, “Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho””

É preciso que reconheçamos nossos problemas, que enfrentamos dificuldades e que tudo isso tem uma origem. Uma causa que precisamos descobrir e aprender a lidar com ela. Não será a utilização de subterfúgios, como o fingido sorriso ou as ardilosas postagens de fotos sempre felizes em nossas redes. Como disse Carlos Drummond de Andrade, “Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho”.

A força da tecnologia e a pressão da mídia pelo prazer, pelo poder e pelo ter, coloca, quase todos, em um estado de negação onde admitir que suas vidas têm problemas pode tornar a pessoa fraca, incapaz de ser feliz e com enormes chances de ser deixada para trás.

Nos vemos julgando alguém pela embalagem, como falou Galeano, atribuindo um rótulo ou catalogando um ser humano, pela primeira visão dessa pessoa, mesmo sem co-

Paradoxalmente, estamos em um momento de desinformação maciça, em um mundo repleto de informações. Temos acesso à história, tanto do mundo, quanto do país e dos candidatos, mas o tempo “gasto” na leitura dos antecedentes, atrapalha nossos 15 minutos de fama.

Cada vez mais, as propagandas políticas se valem do que disse Maquiavel para a promoção de seus candidatos: “poucos veem o que somos, mas todos veem o que aparentamos”.

Por isso, duvide, questione, busque pela verdade. Deixe de lado as “verdades” trazidas pelas fake news e pelos memes. Não deixe que a realidade seja distorcida por notícias tendenciosas. Você verá que elas não resistem a uma pesquisa feita em fontes verdadeiramente confiáveis.

* Wilson Coelho é especialista em Políticas públicas de Saúde pela UNB, e Informática em Saúde pelo IEP-HSL e professor-tutor na Faculdade Unyleya

Wilson Coelho*
30
POLÍTICA

De pai para filho: homens e herdeiros políticos são maioria no Senado

Por Lucas Pordeus León - Agência Brasília - Brasília Adaptação Rócio Barreto

OSenado Federal completa 200 anos nesta segunda-feira (25), com predominância de parlamentares homens e herdeiros políticos. Desde a redemocratização até a última eleição, cerca de dois em cada três senadores eleitos vieram de famílias políticas. Além disso, nove de cada dez eleitos são homens. Apenas quatro mulheres negras foram eleitas para o Senado entre 1986 e 2022.

Dos 407 mandatos disputados nesse período, 274 deles, o equivalente a 67% dos cargos, foram ocupados por pessoas com vínculos familiares com políticos já eleitos. Com isso, os senadores acabam herdando o capital político da família e se elegem apoiados pelo sobrenome. Esse levantamento é par-

te da pesquisa do cientista político Robson Carvalho, doutorando da Universidade de Brasília (UnB).

“O que a gente tem na prática é que, muitas vezes, a condução das instituições públicas é tratada como se fossem capitanias hereditárias, distribuídas e loteadas para quem apoia aqueles grupos político-familiares e também tratam os gabinetes como se fossem a cozinha de suas casas”, destacou o especialista.

Além disso, das 407 vagas disputadas, 363 foram ocupadas por homens, o que representa 89% dos mandatos disputados nas urnas. Apenas 44 vagas foram ocupadas por mulheres. Já as mulheres negras foram apenas quatro: Marina Silva, eleita duas vezes pelo PT do Acre, Benedita da Silva (PT-RJ), Eliziane Gama (PSD-MA) e Fátima Cleide (PT/RO).

POLÍTICA 32

“São resultados indicativos da reprodução das desigualdades políticas e prejuízos ao recrutamento institucional, à igualdade de disputa, à representação de gênero e raça; à edificação de uma democracia plural”, conclui o artigo do especialista, que foi apresentado no 21� Congresso Brasileiro de Sociologia, em julho de 2023.

Para Robson Carvalho, a pesquisa mostra que o Senado é majoritariamente ocupado por famílias poderosas. “Parecem suceder a si mesmas, como numa monarquia, onde o poder é transmitido por hereditariedade e consanguinidade”. Segundo o analista, isso traz prejuízos à representação democrática do povo brasileiro.

“Grupos que lá também poderiam estar representados: mulheres, negros, quilombolas, indígenas, indivíduos de origem popular, de movimentos sociais, dentre outros. Isto ocorre em detrimento do acesso, quase que exclusivo, de homens brancos, empresários, originários de estratos superiores da pirâmide econômico-social e de famílias políticas”, afirma o artigo.

Segundo o cientista político Robson Carvalho, o fenômeno do familismo “está presente nos mais diversos partidos de todos o espectro político, da direita à esquerda”, mas nem por isso deve ser naturalizado.

Entre os políticos que estiveram no Senado entre 1986 e 2022 com ajuda da herança política estão Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro; Lobão Filho (MDB-MA), filho do ex-senador Edison Lobão; Renan Filho (MDB-AL), filho do atual senador Renan Calheiros; Ronaldo Caiado (União-GO), neto de Antônio Totó Ramos Caiado, ex-senador por Goiás na década de 1920; e Rogério Marinho (PL-RN), neto do ex-deputado federal Djalma Marinho.

Outros parlamentares que entraram Senado no período e são de famílias de políticos eleitos são Flávio Dino (PSB-MA), Roberto Requião (MDB-PR), Flávio Arns (PSB-PR), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Romeu Tuma (PL-SP), Espiridião Amim (PP-SC), Jorginho Mello (PL-SC), Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), Otto Alencar (PSD-BA) e Davi Alcolumbre (União-AP).

Todas as regiões

A pesquisa destaca que a herança política é uma realidade de todos os estados e de todas as regiões do país. “Não é uma característica só do Nordeste, como muita gente acha, ligada ao coronelismo lá na região”, destacou o doutorando.

No estado de São Paulo, por exemplo, dos 15 mandatos disputados para o Senado entre 1986 até 2022, nove foram de pessoas identificadas como de famílias-políticas. Mesmo número do Rio de Janeiro, o que representa 60% do total de

mandatos disputados na urna.

No Paraná, 13 dos 15 senadores eleitos no período são de famílias políticas. O Rio Grande do Sul tem o menor percentual de eleitos com ajuda do capital político da família. Apenas 4 dos 15 mandatos foram ocupados com a ajuda da herança política das famílias no estado gaúcho, o que representa 26% do total. Dois estados aparecem com 100% de eleitos com vínculos político-familiares: Paraíba e Piauí.

Robson Carvalho destacou ainda que o fato de nascer em famílias com grande capital político já constitui uma vantagem, “tendo em vista a herança simbólica, o acesso a diversos capitais, que vão sendo construídos desde a infância, no espaço em que o agente se encontra posicionado”.

Mulheres

Outro recorte da pesquisa é o de gênero, que mostra que o Senado foi, e ainda é, dominado por homens, que ocuparam 89% dos cargos disputados entre 1986 e 2022. Os estados do Amapá e Piauí, por exemplo, nunca elegeram uma senadora. Quem mais elegeu mulheres foram Mato Grosso do Sul (MS), com quatro mandatos: Marisa Serrano (PSDB), Simone Tebet (MDB), Tereza Cristina (PP) e Soraya Thronicke (Podemos), sendo que apenas a última não possui vínculos político-familiares, de acordo com a pesquisa.

Os estados de Sergipe (SE) e do Rio Grande do Norte (RN) elegeram mulheres três vezes. No caso de Sergipe, foram três vezes a mesma mulher: Maria do Carmo Alves (DEM), marcada pela presença de capital político-familiar.

O Rio Grande do Norte elegeu três mulheres, duas com capital político-familiar, Rosalba Ciarlini (DEM) e Zenaide Maia (PROS) “respectivamente membro de longevas e entrelaçadas famílias políticas (Rosado e Maia) e Fátima Bezerra do PT, professora, de origem popular e sem conexões com famílias políticas”.

“Considerando os dados por região, o Nordeste elegeu mais mulheres por mandato, chegando a 13, seguido das regiões: Norte, com 12; Centro-Oeste, com 10; Sudeste com 5; e, por último, a região Sul, elegendo apenas quatro mulheres”, acrescenta o estudo.

Robson Carvalho conclui que essa realidade enfraquece a democracia brasileira. “Como é possível pensar em República sem representação de negros e mulheres que são a maioria da população, de índios que são os povos originários da nação e de cidadãos de origem popular que são a grande maioria dos brasileiros?”, questiona.

POLÍTICA 33

Pesquisa aponta redução de ataques a jornalistas em 2023

Por Luiz Claudio Ferreira - Agência Brasil - Brasília Adaptação Rócio Barreto

No dia 8 de janeiro do ano passado, a jornalista Marina Dias, do The Washington Post (EUA), viveu em pesadelo. Na cobertura dos ataques antidemocráticos naquela data, em Brasília, ela foi insultada e agredida. Ela sofreu rasteira, jogada no chão e continuou sofrendo violência até que um militar a ajudasse. “As pessoas me agrediram mesmo depois de ser escoltada por um militar”, recorda.

De ofensas a violências físicas, jornalistas no Brasil foram vítimas de 330 ataques durante o ano de 2023, segundo levantamento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), divulgado nesta terça (26). O número é 40,7% menor do que o ano anterior, quando foram registrados 557 casos.

Segundo avalia a entidade, os principais ataques ocorridos no ano passado tiveram relação aos episódios de 8 de janeiro, como foi o caso de Marina Dias, que, inclusive, participou da divulgação do levantamento. Segundo explicou a pesquisadora Rafaela Sinderski, da Abraji, profissionais da impren-

sa foram atacados durante esses atos e também sofreram agressões físicas. “Tiveram seus equipamentos destruídos, foram perseguidos e intimidados. Isso se refletiu nos nossos dados”, exemplificou.

Agressões graves

Por outro lado, a queda do número de violências em 2023, segundo avaliou a entidade, tem relação com a alteração do cenário político e fim do mandato do então presidente Jair Bolsonaro. Conforme a pesquisadora, o mapeamento contabilizou que 38,2% dos casos registrados foram considerados episódios de violência grave. “São agressões físicas, ameaças de morte, de perseguição, de violência física”, exemplifica a pesquisadora.

Outro tipo de violência, os discursos estigmatizantes, representou 47,2% dos casos. “São ofensas verbais e casos de campanhas de descredibilização de jornalistas, de meios de comunicação e da empresa com questões sociais e questões mais amplas”, apontou.

Segundo a pesquisa 55,7% dos casos registrados em 2023

DIREITOS HUMANOS 36

tiveram como agressores agentes estatais, que são funcionários públicos ou agentes políticos em mandato. “Isso é muito preocupante e grave. Principalmente quando são agentes políticos eleitos”.

Violência de gênero

A pesquisa trouxe também que 52,1% dos ataques tiveram origem ou repercussão na internet. “É muito forte atacar a imprensa e jornalistas, principalmente quando são mulheres. As jornalistas sofrem muita violência online com discursos estigmatizantes nas redes sociais”.

O Distrito Federal foi o lugar que mais houve violência contra jornalistas em 2023. “Foram registrados 82 ataques explícitos de gênero ou agressões contra mulheres jornalistas. E o que a gente entende por ataques explícitos de gênero”, afirmou a pesquisadora. A entidade considera o número preocupante, mesmo havendo uma queda de 43,4% em relação a 2022. Esses ataques usam, por exemplo, questões ligadas à identidade de gênero, à sexualidade e à orientação sexual para atacar jornalistas.

DIREITOS HUMANOS

Outras tendências, segundo a Abraji, se fortaleceram no último período analisado, como o aumento dos processos judiciais civis ou penais com o intuito de silenciar jornalistas, que chegaram a 7,9% do total de agressões, e o crescimento de agressões graves registradas na categoria de “agressões e ataques”.

Recomendações

A partir do que foi coletado, a Abraji recomendou que os os poderes públicos reforcem políticas de proteção a jornalistas e comunicadores vítimas de ataques em razão do exercício da profissão.

A entidade apontou que as plataformas de redes sociais devem desenvolver mecanismos para enfrentar a violência online que afeta jornalistas.

Às empresas jornalísticas, a associação pediu que sejam adotadas medidas de formação, prevenção e proteção para seus profissionais. Aos jornalistas, ficou a recomendação que não deixem de denunciar a agressões sofridas no exercício da profissão.

Brasil tem quase dois casos por dia de exercício ilegal da medicina

Por Rafael Cardoso - Agência Brasil - Rio de Janeiro Adaptação Rócio Barreto

OBrasil registrou quase dois casos por dia de exercício ilegal da medicina nos últimos 12 anos. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (21) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). O levantamento, segundo a instituição, foi motivado pelos casos reiterados de crimes recentes, que resultaram em lesões graves e morte de pacientes.

Entre 2012 e 2023, o país registrou 9.875 casos do crime, seja na medicina, na área dentária ou farmacêutica. No Poder Judiciário, foram 6.189 novos processos do tipo. Delegacias de Polícia Civil registraram 3.337 boletins de ocorrência. Os dados foram coletados com o Conselho Nacional de Justiça

(CNJ), o Poder Judiciário nos estados e as polícias civis das 27 unidades da Federação por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

O Rio de Janeiro é o estado com o maior número de registros nas delegacias de Polícia Civil: 937 ocorrências. Desse total, 11 resultaram em morte: cinco na capital fluminense, e 31 ocasionaram lesão corporal grave. O tribunal do estado é o que mais registrou processos novos no ano passado (74).

São Paulo vem em segundo lugar, com 528 ocorrências policiais. A maior parte delas acontece no interior do estado. Minas Gerais aparece na sequência, em terceiro lugar, com 337 ocorrências.

A instituição alerta também para a subnotificação de casos. Cinco estados não encaminharam as informações solicitadas: Espírito Santo, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Sul

SAÚDE 38

e Alagoas. No caso desse último, não há dados na base antes de 2021. Segundo o CFM, o Rio Grande do Sul enviou dados amplos que não possibilitaram recorte específico. Alguns não têm dados atualizados, nem uma base histórica com informações desde 2012.

O exercício ilegal da medicina é crime previsto no artigo 282 do Código Penal, com punição de 6 meses a 2 anos de multa.

“Fuja de promessas milagrosas”

O presidente do CFM, José Hiran Gallo, disse que a sociedade precisa estar constantemente informada dos perigosos de se submeter a procedimentos médicos realizados por profissionais sem a devida capacitação.

No caso de irregularidades, a recomendação é denunciar na polícia e nos conselhos de medicina, para que também seja aberta apuração administrativa e encaminhamento para os demais órgãos.

Casos emblemáticos

O CFM destacou alguns casos recentes de prática ilegal da medicina que tiveram maior repercussão. Em fevereiro deste ano, um dentista foi preso no Recife, por dar cursos proibidos de reposição hormonal. Em agosto do ano passado, a polícia começou uma investigação em Goiânia sobre uma mulher que provocou lesão corporal em pacientes em clínicas de estética. Na mesma cidade, em novembro, foi aberta investigação contra quatro dentistas, que realizavam procedimentos estéticos exclusivos de médicos.

Em Coroados, no interior de São Paulo, uma mulher foi presa por usar registro profissional de outra médica e chegou a atender 30 pacientes em Unidades Básicas de Saúde (UBS). O caso foi registrado em março deste ano. Em Divinópolis, no centro-oeste de Minas Gerais, uma biomédica foi detida em maio de 2023 por provocar a morte de uma paciente durante cirurgia ilegal.

SAÚDE
39

Cientistas desenvolvem armadilha para combater o mosquito da dengue

Por Solimar Luz - Repórter da Rádio Nacional - Rio de Janeiro Adaptação Rócio Barreto

Cientistas brasileiros desenvolveram uma ferramenta simples e de baixo custo que pode fazer toda a diferença no controle de pernilongos e do Aedes aegypti, o mosquito que transmite dengue, zika, chikungunya e febre amarela urbana.

Batizado de MataAedes, o produto desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual do Norte Fluminense não é prejudicial ao meio ambiente, como explica Adriano Rodrigues de Paula, um dos autores da pesquisa. “Não é tóxico para o meio ambiente e para os animais. A armadilha é fácil de usar. Depois aberta, pode ser colocada em cima de um móvel e já estará matando os mosquitos adultos. A armadilha funciona por 30 dias, durante dia e noite, matando os mosquitos. E depois precisa ser trocada, mas é descartável e 100% biodegradável e, então, apresenta vantagens promissoras em relação aos produtos no mercado atualmente.

Desenvolvido à base de um fungo, o mecanismo atrai e mata mosquitos em até 48 horas, de acordo com o pesquisador. “O fungo é um inimigo natural de insetos, encontrado comumente nas florestas. Nossa startup isolou esse fungo, cultivou no laboratório, e fez uma formulação para ser utilizada

nas nossas armadilhas, para controlar mosquitos adultos. A armadilha simula um ambiente perfeito para o mosquito se esconder e descansar. Mas os eles acabam morrendo por causa da contaminação do fungo que está dentro da armadilha.”

Adriano explica que foram mais de 10 anos de testes, análises, monitoramento e controle biológico.

“E os resultados são animadores. Residências que recebem armadilhas com fungo têm redução de mais ou menos 80% da população de mosquitos, comparando com as residências que não recebem armadilhas com fungo. É mais uma ferramenta para o controle dos mosquitos Aedes aegypti e pernilongo, e deve ser utilizada com outras estratégias para o controle desse vetor, como a eliminação de criadouros a colocação de telas em janelas. A diminuição da população de mosquitos, consequentemente, reduzirá os índices de dengue, zika e chikungunya.”

O estudo contou com apoio financeiro da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro ( Faperj).

A armadilha foi aplicada em mais de 200 residências, estabelecimentos comerciais e espaços públicos em Campos dos Goytacazes e Barra de São João, no noroeste fluminense.

SAÚDE 40
41

Cacique Raoni recebe honraria de Macron e pede demarcações a Lula

Por Pedro Rafael Vilela - Agência Brasil - Brasília Adaptação Rócio Barreto

Ocacique Raoni Metuktire, líder do povo kayapó e um dos representantes indígenas mais reconhecidos internacionalmente, foi condecorado, nesta terça-feira (26), em Belém, com a ordem do cavaleiro da Legião de Honra da França. Entregue pelo presidente francês, Emmanuel Macron, a medalha é a maior honraria concedida pela França aos seus cidadãos e a estrangeiros que se destacam por suas atividades no cenário global.

A Legião de Honra foi criada por Napoleão Bonaparte em 1802 para premiar méritos militares e civis reconhecidos pela

República Francesa. O evento, que ocorreu na Ilha do Combu, uma das maiores da capital paraense, marcou o primeiro dia da visita oficial de Macron ao Brasil, que segue até a próxima quinta-feira (28), em uma extensa agenda de compromissos em diferentes cidades brasileiras.

“Caro Raoni, esse momento é dedicado a você. Várias vezes você foi à França e eu me comprometi a vir aqui na sua floresta, estar junto com os seus. Essa floresta, que é tão cobiçada, mas que você sempre lutou para defendê-la durante décadas. O presidente Lula e eu, hoje, fazemos causa comum com um de nossos amigos”, disse Macron em discurso antes de entregar a medalha ao cacique.

Em seu pronunciamento, falado no idioma kayapó e

GERAL 42

traduzido por um parente, Raoni cobrou ações do governo brasileiro para evitar ameaças ao desmatamento, e pediu que o governo bloqueie o projeto de construção da Ferrogrão. Com 933 quilômetros (km) de extensão, o projeto, ao custo de R$ 12 bilhões, prevê uma ferrovia que ligará Sinop, em Mato Grosso, ao porto paraense de Miritituba. A obra cruzaria áreas de preservação permanente e terras indígenas, onde vivem aproximadamente 2,6 mil pessoas.

Projeto de ferrovia

“Presidente Lula, me escuta, eu subi com você na posse, na rampa [do Palácio do Planalto], e eu quero pedir que vocês não aprovem o projeto de construção da ferrovia de Sinop a Miritituba, mais conhecido como Ferrogrão”, afirmou. “Sempre defendi que não pode ter desmatamento, não consigo aceitar garimpo. Então, presidente, quero pedir novamente que você trabalhe para que não haja mais desmatamento e também que você precisa demarcar as terras indígenas”, continuou o cacique, que ainda pediu que o governo amplie o orçamento da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), órgão federal responsável pela demarcação de terras das populações originárias.

Raoni falou sobre os interesses econômicos na extração dos recursos naturais, que pode inviabilizar a vida no planeta. “Eu nunca concordei com desmatamento, com extração de madeira, de minério e de ouro, e fico preocupado que o homem branco continue fazendo esse tipo de atividade. Fico preocupado que se esse trabalho continuar, podemos ter problemas sérios no mundo”.

Já o presidente Lula afirmou, em discurso, que o Brasil é um país em construção e que a luta pelo direito dos povos indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais ainda não foi resolvida. O presidente criticou os setores contrários às demarcações de terras indígenas no país e afirmou que seus governos foram os que mais ampliaram a destinação de terras aos povos originários.

“É importante lembrar que os conservadores brasileiros, os latifundiários brasileiros, aqueles que são contra a participação do povo, costumam dizer que o povo indígena já tem muita terra no Brasil, que tem 14% do território nacional. Todos os dias eles falam isso. O que eles não percebem é que os indígenas têm 14% demarcada hoje, mas quando os portugueses chegaram aqui, em 1500, eles tinham 8,5 milhões de quilômetros quadrados, era tudo deles. Então, o fato de terem 14% legalizados é pouco diante do que eles precisam ter para viver, manter a sua cultura e o seu jeito de viver. Eu tenho certeza absoluta que o nosso governo é o que mais demar-

cou terra indígena e vai continuar demarcando terras indígenas e parques nacionais, para evitarmos o desmatamento”.

Também estiveram presentes na comitiva as ministras dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, e do Meio Ambiente, Marina Silva, além da presidente da Funai, Joênia Wapichana, do governador do Pará, Helder Barbalho, e diversas lideranças indígenas, incluindo Davi Kopenawa, xamã e líder dos yanomamis.

“Todo o trabalho que os povos indígenas fazem não é uma agenda localizada, é uma agenda global, uma agenda climática, em defesa das florestas tropicais e do bem-viver no planeta. É um pacto pelo futuro, um pacto pela vida”, destacou a ministra Sônia Guajajara.

Unidade de conservação binacional

O presidente Emmanuel Macron destacou, em uma fala ao final do encontro, que os dois governos têm planos de construir uma unidade de conservação binacional que se estenderia entre o Brasil e a Guiana Francesa (território ultramarino francês que faz fronteira com o Amapá), tornando-se um centro de referência em pesquisas científicas com vistas ao desenvolvimento sustentável. De acordo com o francês, serão investidos US$ 2 bilhões por ambos os países.

Por meio de uma declaração intitulada “Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além”, os países manifestaram o compromisso conjunto de combate ao desmatamento, proteção da Amazônia, restauração e gestão sustentável de florestas tropicais, e desenvolvimento da bioeconomia, incluindo “mecanismos inovadores de financiamento”.

Na chegada a Belém, Lula e Macron foram, em um barco da Marinha, para a Ilha do Combu, na margem sul do Rio Guamá. O trajeto incluiu a travessia do rio e a navegação por uma área de igarapés, onde os dois líderes puderam ter contato com a Floresta Amazônica preservada.

Antes da reunião com indígenas, eles ainda acompanharam um exemplo de produção artesanal de cacau e chocolate na região. A ideia, segundo o Palácio do Itamaraty, foi mostrar ao presidente francês a complexidade da questão amazônica e as alternativas de desenvolvimento econômico sustentável que existem.

Na próxima etapa da viagem, Lula e Macron inauguram, na manhã desta quarta-feira (27), o novo submarino brasileiro construído no Complexo Naval de Itaguaí, por meio de um acordo de cooperação tecnológica com a França.

GERAL
43

TIJOLADAS DO CAIXA

Omissão Vergonhosa

O Caixa Preta sempre me surpreende com piadas sobre o nosso cotidiano, uma que me fez rir um bocado foi sobre o uso da máscara. Ele disse que está adorando o uso, foi dar uma volta na orla, passou por dois sujeitos a quem devia uma grana e não foi reconhecido. Aproveitei a conversa com o velho Caixa para falar mais uma vez sobre a armação que estão preparando com os espaços públicos, que por direito é da população, para entregar de mão beijada aos amigos do rei, como pano de fundo a desculpa é a falta de dinheiro para administrar o patrimônio publico, mostrando de vez a incapacidade dessa turma de gerir o que é do povo.

Parece que a única solução imaginada por esses pseudos administradores é entregar para a iniciativa privada sem sequer fazer uma ampla discussão com a população. Não posso imaginar que essa armação esteja

sendo arquitetada com o total conhecimento do governador. Se assim for está mal - intencionado ou sendo omisso, o que configura um crime. O plano contra o contribuinte é macabro sobre todos os aspectos, como se pode observar. A famigerada e natimorta PPP do Cave, como se tornou conhecida, foi convenientemente transformada em uma concessão, porém, de cartas marcadas para atender os abutres de plantão, numa armação tão nojenta que dá vontade de vomitar. Pior é ouvir de algumas figuraças do Guará a defesa acalorada dessa coisa, com uma pergunta pra lá de capciosa: Você utiliza o Cave? Tenha a santa paciência, a população do Guará não é tão idiota quanto vocês imaginam para acreditar nessas desculpas usadas para entregar um bem público nas mãos de empresários gananciosos sem nenhum comprometimento com a cidade, visando apenas o lucro puro e simples.

Mas respondendo a pergunta sobre a utilização por parte da população daquele espaço, a resposta é muito simples. Como utilizá-lo se o Cave hoje está todo fatiado há décadas, assim como os diversos espaços para a prática de esportes distribuídos entre os chegados, com a anuência de quem deveria manter liberado o espaço para livre utilização da população Guará, que adora a prática de esportes, principalmente ao ar livre, mas isso simplesmente lhes é negado na cara de pau. Queremos o Cave de volta para livre utilização de todos.

Meio Ambiente – Um Caso Sério

Quando falam em meio ambiente por aqui, chovem ambientalistas, todas as espécies de defensores da natureza, mas até agora não vi pronunciamento de nenhum a respeito desse assunto, que acredito seja de suma importância para a cida-

44

TIJOLADAS DO CAIXA

de. Os dois parques internos do Guará, o Parque Dener e o Parque dos Eucaliptos, agora passaram a ser de responsabilidade da Administração do Guará que iría cuidar da manutenção e conservação dos mesmos, mas até agora não se vê qualquer movimentação que indique uma ação nesse sentido.

Pois quem conhece os dois parques, sabem que estão bastante degradados e praticamente abandonados, talvez não se encontrem em pior situação, graças a alguns moradores da vizinhança que cuidam para que não sejam extintos.

A pior situação é o Parque dos Eucaliptos, onde tem um salão comunitário e hoje sofre com invasões das mais diversas, o que é lamentável, pois até uma mina onde a água jorrava sem parar que tinha por ali, foi destruída.

Mas estranhamente depara-se com mais um delírio, depois de passado algum tempo lembramos aos moradores que o Parque Ezechias Heringer, o Parque do Guará, que estranhamente foi prometido aos moradores durante a campanha eleitoral como área de lazer para a região do Park Sul.

Cuidado, como hoje em dia não dá pra confiar em nada, temos que começar a nos preocupar com tanto interesse no Parque da Cidade.

Não podemos nos esquecer que aquela área talvez hoje seja uma das mais valorizadas e cobiçadas pelos abutres da construção civil, que vivem sempre às custas da especulação imobiliária, que hoje adensa criminosamente o Guará, prejudicando sobremaneira a infraestrutura da cidade.

Espero que o bom senso volte a nortear os dirigentes do órgão responsável pelo nosso parque, para que abram os olhos com esses delírios que em nada ajudam a natureza, muito ao contrário.

Toda ajuda será sempre muito bem-vinda, mas jamais para alavancar carreiras políticas de quem quer que seja.

Vamos ficar atentos!

Dengue, semana Santa e Páscoa

Lá no Porcão, sentados longe da muvuca eu e o Caixa Preta conversávamos sobre os problemas do Guará, pois problemas temos de montão.

O Caixa resolveu começar pela dengue que não dá trégua, quase todo mundo já teve ou acha que terá.

Estava estranhando o exército ter sido chamado para ajudar no combate ao mosquito da dengue, que não cansa de fazer vítimas no DF.

Pois se o mosquito ainda é larva, está dentro d’água, a responsabilidade pelo combate devia ser da marinha, mas quando começasse a voar teria que ser da aeronáutica, quase morro de rir com a observação.

O calor nos castigava, o cabra continuava nas suas observações, falou da aproximação da Semana Santa, onde a turma enche as igrejas pedindo perdão pelo que aprontou no Carnaval.

Na Semana Santa nem vou falar muito pois estou mais quebrado que arroz de terceira, acho que nem sardinha vai pintar na Sexta Feira da Paixão, a coisa tá complicada.

Com a proximidade da Pascoa, muitas lojas está colocando o mostruário de ovos de chocolate, dei uma conferida nos preços, levei um susto.

Acho que os ovos de Páscoa serão bentos pelo Papa, o chocolate é suíço tenho certeza, a Semana Santa nem vou falar pois estou mais quebrado que arroz de terceira.

Meu grande amigo Caixa Preta já me disse que devido a grande escassez de grana, ele passou a odiar pedinte. Fiquei curioso, pois o velho Caixa apesar de ranzinza é um cabra de bom coração. Ele me explicou que os pedintes estão praticando bullying com ele, pois quando passa perto de um, o cabra faz questão de ficar balançando a latinha cheia de moedas só pra fazer inveja, mostrando que tem mais dinheiro que ele. Dei uma sonora gargalhada, mas quase choro, pois a minha situação não é melhor que a dele, até conversa tá sendo fiada pra não ter que desembolsar algum. Como sempre nos dirigimos até o nosso boteco de responsa o Porcão, pois essa frente fria que está vindo do inferno não alivia, temos então que recorrer a aquela cerveja bem gelada, nos sen-

45

TIJOLADAS DO CAIXA

timos em casa. Por aqui nada mudou, basta dar uma volta na cidade e ver a proliferação criminosa desses prediozinhos marotos que todo dia aparecem em construção por aqui, uma verdadeira zona, nada de respeito ao plano urbanístico ou normas de construção, tudo feito nas coxas como é comum acontecer no Guará.

Ainda pode piorar.

O Rei está nu

Aqui no reino de Tão, Tão Distante tudo parece fazer parte de um tremendo conto de fadas, onde o Príncipe cercado pelo Conselheiro Real, a Bruxa, o Moleque Saci e os bobos da corte, todos dando pitacos para o nobre príncipe, esse sempre sorridente a tirar fotos para enfeitar o álbum do reino, mas sem apresentar efetivos resultados para melhorar o povoado em que vivemos.

Com isso o reino está cada vez mais esburacado, sujo e inseguro, onde os aldeões perplexos não sabem o que fazer, só resta esperar que alguém um dia desperte dessa passividade e diga que o príncipe está nu.

Pois a roupa nova do rei é apenas uma parábola para mostrar que por trás dessa fantasia, existe apenas o fruto da nossa mente acomodada, sempre com ar de conformação para não ferir o “status quo”. A realidade é dolorosa, ou como dizem por aí, o buraco é muito mais embaixo. Esse é o velho Caixa fazendo uma triste comparação com tudo de que acontece aqui no Guará, onde tudo parece um conto de fadas, segundo os nossos gestores. Enquanto isso a proliferação de construções feita nas coxas em todo o Guará, proliferam, dando aquele ar de terra sem dono e nem lei, todo mundo fazendo o que bem entende da manei-

ra que achar melhor, pois leis e normas foram criadas para não serem cumpridas por aqui.

Isso pode ao longo do tempo trazer dissabores para toda a população que parece ou faz de conta que não percebe a lenta deterioração do nosso plano urbanístico apenas para atender aos amigos do rei. A população que se exploda, como dizia Chico Anísio na pele de Justo Veríssimo. O personagem detestava pobre, quando os nossos detestam o Guará, amando acima de tudo ajudar os chegados. Abre o olho Guará!

46
Aquarela sobre papel 100% algodão Flávia Mota Herenio @motaflaviafm ARTES PLÁSTICAS
www.kimcartunista.com.br kimcartunista@gmail.com

STF derruba carência para autônoma receber salário-maternidade do INSS

Por Felipe Pontes, da Agência Brasília - Brasília Adaptação Rócio Barreto

Oplenário do Supremo Tribunal Federal (STF) ampliou - por 6 votos a 5 - o direito de trabalhadoras autônomas, sem carteira assinada, de receber o salário-maternidade do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), caso tenham contribuído ao menos uma vez para a Previdência Social.

Por maioria, os ministros julgaram inconstitucional a exigência de 10 meses de contribuição para que as trabalhadoras que contribuem voluntariamente ao INSS - as chamadas contribuintes individuais - tenham direito a receber o salário-maternidade. A carência de 10 meses era questionada no Supremo há 25 anos. A regra foi criada junto com a inclusão das trabalhadoras autônomas entre as beneficiárias do salário-maternidade, na reforma da Previdência de 1999. O tema foi julgado na mesma sessão que derrubou a chamada revisão da vida toda.

Com a derrubada da carência, basta uma contribuição ao INSS para que a profissional autônoma tenha direito a rece-

ber o salário-maternidade em caso de parto ou adoção. Ou seja, passa a valer a mesma regra que é aplicada para as trabalhadoras formais, cobertas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

A decisão do Supremo abrange também as seguradas especiais, como as trabalhadoras rurais, e as contribuintes facultativas, que não exercem atividade remunerada, mas contribuem ao INSS para ter acesso aos benefícios do Regime Geral da Previdência Social (RGPS).

Prevaleceu, ao final, o entendimento do ministro Edson Fachin, do STF, para quem a exigência de cumprimento de carência apenas para algumas categorias de trabalhadoras violava o princípio constitucional da isonomia. Ele foi acompanhado pelos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia, Flávio Dino, Dias Toffoli e Luís Roberto Barroso.

Ficaram vencidos os ministros Nunes Marques, Alexandre de Moraes, André Mendonça, Cristiano Zanin e Gilmar Mendes, que votaram pela validade da norma anterior.

JUSTIÇA
50
O bem-estar que você merece e procura está aqui:

Dr. Laser, há 17 anos garantindo o melhor cuidado para a sua pele!

Confira os tratamentos que você encontra no centro de estética avançada mais completo do país:

Depilação a laser

Clareamento de manchas

Combate à flacidez corporal e facial

Controle da oleosidade

Detox facial

Drenagem linfática

Tratamento de gordura localizada e celulite

Limpeza de pele

Peeling corporal e facial

Rejuvenescimento facial

Suavização de cicatrizes e estrias

Vem pra Dr. Laser!

Se interessou e quer uma Dr. Laser para chamar de sua? Seja um franqueado Aponte a câmera para o QR Code e garanta um presente especial:
@drlaseraguasclaras (61) 9 9810-1385 (61) 3257-8606 Rua 7 Norte, Lore 3/5, Número 7, Loja 02, Norte (Águas Claras) @drlasertaguatinga (61) 9 9819-0785 (61) 3967-6050 CNB 3, Lote 5/7, Loja 2, Taguatinga Norte
*A cortesia é referente a 2 sessões de depilação a laser para axilas femininas ou faixa de barba masculina e 1 sessão de revitalização facial. Válida para novos clientes, 1 CPF por pessoa, não cumulativa com outras ofertas.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.