Revista Plano B Brasília n.º 13

Page 1

Ano 2 - Edição 13 - R$ 14,90

6 Quadradinho florido: veja as espécies que colorem o DF durante o ano

8 Eduardo Penna, músico radicado em Brasília, lança primeiro álbum solo

10 A imagem como ferramenta de comunicação

14 Singapore Airlines

16 Veneno de aranha brasileira vira esperança de tratamento contra câncer

20 Reforma Administrativa, o grande tema do Congresso Nacional em 2024.

22 Monitor do PIB aponta crescimento de 3% da economia em 2023

24 Cerca de 8 milhões de empresas poderão usar o Desenrola, diz ministro

29 Rede de saúde do DF entra em colapso por dengue, diz governador

44

30 Sobre a morte

32 Monderman na Bahia

34 O ‘Encontro’ com o Papa Francisco

36 Outros Bichos

37 Ex-passista Maria Lata D’Água morre no interior paulista, aos 90 anos

38 Concurso Nacional Unificado tem 2,1 milhões de inscritos confirmados

40 No que você acredita?

42 Defesa do Estado palestino motivou ataque a Lula, diz embaixador

43 Em janeiro, inflação pesou mais para a baixa renda, diz Ipea

44 A Dengue e o Circo

48 Penitenciárias federais: por que foram criadas e como funcionam?

10
6 29
37 22
SUMÁRIO

EXPEDIENTE EDITORIAL

Diretor Executivo

Paulo Henrique Paiva

Diretor Administrativo

Chefe de Redação: Paulo Henrique Paiva

Colaboradores: Adriana Vasconcelos, Ana Beatriz Barreto, José Gurgel, Melillo Dinis, Humberto Alencar, Itamar Ramos, Luciana Campos, Renata Dourado, Paulo César e Wilson Coelho

Design Grafico: Alissom Lázaro

Redação: Adriana Vasconcelos

Fotografia: Ronaldo Barroso

Tiragem: 10.000 exemplares

Redação: Comentários sobre o conteúdo editorial, sugestões e criticas às matérias: revistaplanobbrasilia@gmail.com

Aviso ao leitor: acesse o site da Revista Plano B e tenha acesso a todo o conteúdo na íntegra, inclusive a Revista Digital.

www.revistaplanob.com.br

Fevereiro/2024

Ano 02 – Edição 13 – R$ 14,90

Não é permitida a reprodução parcial ou total das matérias sem prévia autorização dos editores.

A Revista Plano B não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Diz o velho ditado popular que uma imagem fala por mil palavras. Na política, então, essa ferramenta estratégica de comunicação pode decretar o sucesso ou fracasso em eleições cada vez mais polarizadas, sem limites para a exploração de qualquer tropeço de um candidato ou candidata.

Diante dos desafios dos novos tempos, um novo mercado se abriu na área de comunicação, por onde vem navegando a professora, palestrante, jornalista e estrategista de imagem Deniza Gurgel, sócia-fundadora a Quartzo Comunicação Estratégica, ao lado da também jornalista Vanessa Marques.

Com a aproximação das eleições municipais, que acontecerão no segundo semestre do ano, muitos candidatos já saíram em campo atrás de especialistas como Deniza, na expectativa de melhorar sua performance eleitoral através de sua imagem. Na entrevista concedida à revista Plano B, Deniza aponta os mais recentes acertos de estratégia: como o ‘nevou’ do prefeito de Recife, João Campos, no Carnaval deste ano.

E também tropeços de personalidades experientes do mundo político Entre eles, o relógio Piaget usado pelo presidente Lula nos 100 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), em pleno ano eleitoral, que deu o que falar e obrigou sua equipe de comunicação ir para a defensiva. Vale conferir e tirar proveito da matéria de capa.

Por Adriana Vasconcelos

5

Quadradinho florido: veja as espécies que colorem o DF durante o ano

Dos ipês, queridinhos da população, a outras espécies típicas do Cerrado menos conhecidas, mais de 5,5 milhões de árvores transformam a capital do país em um jardim monumental

Por Catarina Loiola, da Agência Brasília

Adaptação Rócio Barreto

A lista é extensa e variada: mais de 5,5 milhões de árvores ornamentam o Distrito Federal. Cada espécie segue um ritmo próprio de floração e, combinadas, garantem que as regiões administrativas fiquem adornadas o ano inteiro. O calendário é diverso: dos famosos ipês, queridinhos da população, a espécies menos conhecidas, as principais florações

trazem cor e uma paleta diversa para a capital. Mais de 200 espécies de árvores são desenvolvidas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), das quais cerca de 60% são nativas do Cerrado. É o caso do ingá-mirim e do ingá-colar, que despontam logo em janeiro, bem como dos ipês, do jatobá-da-mata e do jatobá-do-cerrado, que florescem em junho

A lista é extensa e variada: mais de 5,5 milhões de árvores ornamentam o Distrito Federal. Cada espécie segue um rit-

FLORIDO 6
QUADRADINHO

mo próprio de floração e, combinadas, garantem que as regiões administrativas fiquem adornadas o ano inteiro. O calendário é diverso: dos famosos ipês, queridinhos da população, a espécies menos conhecidas, as principais florações trazem cor e uma paleta diversa para a capital.

Mais de 200 espécies de árvores são desenvolvidas pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), das quais cerca de 60% são nativas do Cerrado. É o caso do ingá-mirim e do ingá-colar, que despontam logo em janeiro, bem como dos ipês, do jatobá-da-mata e do jatobá-do-cerrado, que florescem em junho.

Já entre as mudas de outras vegetações adaptadas ao Quadradinho, há o pau-brasil e o oiti, espécies da Mata Atlântica. As árvores do pau-brasil caracterizam-se por flores amarelas que abrem em meados de setembro. Também em tons amarelados, sendo algumas brancas, as flores do oiti dão o ar da graça em novembro.

A chefe da Divisão de Agronomia da Novacap, Janaina González, explica que o calendário não é fixo, mas uma previsão dos ciclos das árvores. “Indicamos um período em que as espécies costumam florescer mais. Porém, não são datas fixas. O cambuí, por exemplo, costuma florir em janeiro, mas no final de dezembro passado já estava no auge da floração”, esclarece. As alterações ocorrem devido a fatores climáticos, como aumento ou atraso do período chuvoso.

A fixação dos meses é uma forma de organizar a coleta de sementes. “Todas as plantas que são plantadas no DF nasceram de sementes daqui mesmo. Nós monitoramos a floração para saber quando poderemos fazer a coleta e, em seguida, o beneficiamento, que é o tratamento para a multiplicação das

plantas”, afirma González. O beneficiamento ocorre no Viveiro 1, localizado no Park Way, enquanto o desenvolvimento das mudas é realizado no Viveiro 2, no Setor de Oficinas Norte (SOF Norte).

Os cuidados

A Novacap é responsável pelo plantio e manutenção das árvores, coordenando desde a coleta de sementes a implantação das mudas nas cidades e ações posteriores, como podas preventivas. O plantio feito pela população deve ser orientado por equipes técnicas do órgão para evitar prejuízos estruturais e até acidentes. O serviço pode ser solicitado pela Ouvidoria-Geral do Distrito Federal, por meio do telefone 162 ou pelo site. .

FLORIDO 7
QUADRADINHO

Eduardo Penna, músico radicado em Brasília, lança primeiro álbum solo

Cantor, guitarrista, produtor e compositor baiano, Eduardo Penna, radicado em Brasília desde 2014, passou por diversas bandas e participou ativamente da cena de rock independente de Salvador (BA) no início dos anos 2000. Como compositor, teve a faixa “Nada Sem Você” gravada por Erika Martins (Penélope/ Autoramas). Nos últimos anos continuou produzindo, mas só em 2023 entendeu que era hora de gravar seu primeiro álbum solo, “ok baiano”, que já está nas principais plataformas de streaming.

Conversamos com o músico para saber mais sobre o novo trabalho e a carreira na capital federal.

Você se descreve, tal como o disco lançado, como “um pouco baiano, um pouco brasiliense”. Como foi essa mudança na sua vida e como ela impactou na sua música?

Eduardo: Brasília foi o primeiro lugar em que verdadeiramente morei fora da Bahia. Quando cheguei, em 2014, imaginava que me sentiria deslocado, mas a verdade é que Brasília é uma cidade incrivelmente acolhedora e simples de se adaptar. Poucos anos depois de ter me estabelecido aqui, me vi respondendo que era de Brasília, quando me perguntavam de onde eu era. Logica-

mente, minha adaptação à Brasília não mudou ou apagou minha baianidade. Então acho que esses dez anos serviram para ampliar meus horizontes pessoais e musicais. Musicalmente encontrei em Brasília um rock muito aberto a se misturar com sonoridades, que não são tão diretamente identificadas como roqueiras. A utilização de instrumentos de sopro, por exemplo, foi algo que incorporei à minha música e sinto ser bem brasiliense.

8
ENTREVISTA
Arte: Eduardo Penna

ENTREVISTA

“ok baiano” contou com a colaboração de amigos músicos tanto da Bahia, quanto de Brasília. Quem são as pessoas que participaram deste processo e como você enxerga o resultado deste trabalho em conjunto?

Eduardo: A base do disco são os amigos e alguns músicos que eu admiro muito. Fabrício Paçoca (Bateria), Pedro Tavares (Baixo), Haniel Tenório (Trompete), André Miranda (Violoncelo), Isadora Pina (Sax e bakings), Morotó Slim (Lap Steel e Guitarra baiana), Dudare e Mariana Pacheco (Coros). Alguns deles são de Brasília e outros de Salvador. Apesar de ser meu primeiro álbum solo, esse talvez tenha sido o projeto mais colaborativo que já me envolvi. Falo isso no sentido de que tentei aproveitar ao máximo o talento dessas pessoas, deixando que elas imprimissem a visão musical delas em cada uma das canções. Assim, o resultado final é a multiplicação desses talentos.

O álbum marca a sua estreia numa carreira solo, mas não o seu primeiro trabalho com música. Quando se deu o início das suas produções?

Eduardo: Assim que aprendi a tocar alguma coisa na guitarra eu já montei minhas primeiras bandas em Salvador. Lá se vão mais de 20 anos. Uma dessas bandas, a Los Canos, chegou a fazer muitos shows fora da Bahia, tocamos em festivais, Tvs, rádios e, nessa mesma época, eu comecei a trabalhar num dos grandes estúdios da Bahia, o Estúdio Base. Lá tive a oportunidade de trabalhar com grandes artistas e descobri minha paixão pelo mundo da gravação e da produção musical. Desde então, principalmente com minha vinda para o DF, fiz poucos shows, mas não diminuí o ritmo de composições e produções. Montei um home studio chamado Quarto de Hóspedes, que é onde consigo fazer grande parte do meu processo de produção.

“Antiviral”, faixa escolhida como single do álbum, versa sobre o sentimento de desconexão de quem cresceu em um mundo analógico e passou a viver no mundo digital. Mas mais do que isso, sentimos na canção, uma certa angústia. Você sente dificuldade em adaptar-se ao mundo de superexposição das redes sociais? Como é ser músico, buscar a visibilidade, mas não se sentir confortável neste espaço?

Eduardo: Realmente, tenho estranhado bastante essa sensação de que, para algumas pessoas, os momentos só valem a pena se forem registrados e compartilhados. Como músico é um dilema. Já que quero que as pessoas escutem

minhas músicas e é difícil conseguir isso sem algum nível de exposição. Mas essa não é necessariamente uma realidade com a qual eu lute contra. Eu tento me adaptar. Não vou me forçar a fazer nada que não esteja à vontade, mas não sou avesso ao avanço do tempo. Nesse sentido, não sei se angústia é o sentimento que melhor define o que sinto. Na letra da música uso um certo exagero irônico. Sinto mais algo como: não estou entendendo exatamente isso aqui, mas faz parte.

O disco foi lançado totalmente de forma independente. Como você percebe a cena musical em Brasília e de que maneira ela favorece, ou não, os artistas independentes como você?

Eduardo: Cheguei em Brasília sem banda. Então até hoje minha relação com a cena local é muito mais como público do que como músico. Falando do mercado de música alternativa, sinto um ambiente extremamente rico e livre, sem que um estilo específico prevaleça. Sou muito fã de artistas como Oxy, Os Gatunos, Brasília Ska Jazz Club, Isadora Pina, Sozinho no sótão... Para os artistas independentes sinto que existe um ambiente de produção muito preparado, com algumas boas casas de shows, bons produtores, bons estúdios... Mas o mercado independente e alternativo é sempre movido mais pelo amor à música do que por resultados, sinto que aqui a coisa funciona da mesma forma. Nesse sentido, existe uma similaridade com a cena em que comecei lá na Bahia, no início dos anos 2000. Música pela música.

9
Foto: Nathalia Guerra

A imagem como ferramenta de comunicação

Os políticos já perceberam a eficiência dessa estratégia. Daí a demanda cada vez maior por especialistas sobre o tema

Sócia-fundadora da Quartzo Comunicação Estratégica, a professora, palestrante, jornalista e estrategista de imagem Deniza Gurgel se consolidou no mercado ao mostrar que imagem é ferramenta de comunicação, revelando como ela impacta na política fortalecendo o branding, storytelling e comunicação não verbal. Coautora do livro “Encontre sua marca” escrevendo sobre “Imagem de Poder – Como grandes líderes usaram a imagem no jogo político”, Deniza já coordenou a comunicação de órgãos do Executivo e Legislativo, além de já ter feito campanhas desde 2009 para candidatos ao governo do DF, à Câmara dos Deputados e à Câmara Legislativa do Distrito Federal. Confira a entrevista concedida por essa profissional à Revista Plano B!

Qual a importância da imagem na comunicação política?

Não dá para falar de comunicação política hoje sem falar de imagem. Na era da velocidade de informação, saber comunicar várias mensagens em uma única imagem é estratégico. Isso pode ser feito com cores, roupas, acessórios. Tudo isso comunica.

Entender que essa imagem pode e deve ser trabalhada de forma intencional muda o jogo da comunicação.

Veja o caso do Lula no debate presidencial de 2022. Com um único broche do movimento Faça Bonito, ele pautou

as redes sociais e a imprensa para falarem sobre a diferença de posicionamento entre ele e seu principal adversário. O assunto sequer foi tema do debate, mas foi a notícia do debate.

Podemos concluir que a mensagem não se resume a palavras, que os gestos, cores e vestuário complementam a comunicação?

Existem estudos que comprovam isso. A postura, os gestos, o tom de voz, as expressões faciais, a roupa, o ambiente. Tudo comunica. Estamos o tempo inteiro, de forma subconsciente, “lendo” as mensagens que cada um desses elementos transmitem.

Dependendo da situação, até 90% do impacto de uma mensagem pode ser transmitido pela comunicação não-verbal.

CAPA 10

No caso do vestuário, por exemplo, quando olhamos a história da humanidade, percebemos que, em vários contextos e civilizações, roupas e acessórios eram usados como forma de posicionamento e distinções sociais. Podemos dizer a época em que uma pessoa viveu, o papel social, só pela roupa que ela usa na imagem que olhamos.

Até que ponto a imagem ou roupa podem comprometer sua comunicação?

Hoje existe uma facilidade muito grande das pessoas saberem o que você veste. Principalmente se você é uma figura pública. Quando circula uma imagem em que existem elementos que não estão alinhados com seu posicionamento e as pautas que você defende, rapidamente se constrói uma narrativa sobre a pessoa ser uma fraude. Isso gera uma crise de comunicação.

O que pode ajudar ou não na comunicação política?

Você teria um manual do que pode ou não ser feito?

Infelizmente não existe um manual do que pode ou não ser feito. Vivemos em um mundo plural com possibilidades diversas de utilização da imagem para se comunicar. Para ajudar um processo de construção de estratégia de imagem po-

lítica é fundamental que seja feito um mapeamento do público alvo, da personalidade do político e dos elementos sociais e culturais que podem ser usados no vestir para gerar algum tipo de conexão entre eles. O ‘all star’ da Kamala Harris na eleição norte-americana de 2022 é um exemplo de como isso funciona. Com um tênis, ela conseguiu virar notícia e mostrar proximidade com um eleitorado estratégico para chapa do partido Democrata. Na consultoria são feitas várias entrevistas com o candidato para entender cada um desses pontos e traçar a melhor estratégia.

Até que ponto as cores podem contribuir para sua comunicação e imagem?

Cor tem poder. Elas têm um efeito imediato no subconsciente humano. Desperta emoções, sentimentos. Revela posicionamentos. É do ser humano construir símbolos coloridos porque vivemos em um mundo cheio de cor e é fácil de construir uma correlação.

Outubro rosa, setembro amarelo, economia verde. Cada um deles usa uma cor que reforça uma ideia do que eles representam. Se você tem clareza de suas pautas, pode reforça-las usando cores referentes a elas.

11
CAPA

CAPA

Essa coisa de paleta de cores realmente funciona?

E como! Cor também é um fenômeno físico. As cores que vemos são resultados da forma como nossos olhos absorvem a luz refletida pelos objetos. Se vemos cor nas nossas peles, cabelos, olhos é porque nós também refletimos luz. A paleta de cores ajuda a identificar quais características da cor estão mais presentes na pessoa. Dessa forma é possível valorizar a beleza natural, reduzir manchas e aparência de cansaço. Esse último ponto vale ouro na política. Afinal, um candidato precisa ser incansável.

Até que ponto sua imagem pode ajudar em uma campanha eleitoral?

Estamos o tempo inteiro sendo bombardeados por prints, memes, gifs e figurinhas de atores políticos. Em todos eles são usadas imagens dos políticos.

Em uma campanha, fazer a sua imagem circular espontaneamente e de forma estratégica, levando elementos que reforçam suas causas pode ser um grande trunfo. Veja o caso do Bolsonaro com a cola na mão durante a sabatina. Ele sabia que a imagem dele iria circular na internet com pessoas curio-

sas para saber o que tinha ali. 4 palavras escritas com uma simples canet a esferográfica levaram para todo país pautas polêmicas para seus opositores.

Exemplos de erros e acertos na comunicação política do ponto de vista da imagem?

Temos um grande acerto recente: o nevou do João Campos. Ele passou quase um ano construindo uma narrativa que envolvia descolorir os próprios cabelos. Chegou o carnaval e todo mundo só falou das madeixas platinadas do prefeito de Recife. Gerou conexão, proximidade, sensação de igualdade com eleitores mais jovens e, de quebra, fez todo mundo falar da gestão dele.

Um erro, na minha opinião, foi o caso do relógio da marca Piaget do presidente Lula, usado no aniversário de 100 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Em pleno ano eleitoral era de se imaginar que a oposição iria usar qualquer fato para desconstruir a narrativa da esquerda. Um relógio de R$ 80 mil foi um prato cheio. Gastar energia para justificar o uso de um acessório e ter que responder acusações em um momento tão polarizado, me parece um erro que poderia ter sido evitado.

12

CONTOS EM CONTA-GOTAS

Singapore Airlines

Mel constatou que toda a fortuna amealhada por sua família estava em estado terminal, e sendo assim, não havia UTI que pudesse salvar aquele tesouro.

Ela nunca soube o que é trabalhar para pagar seus mimos e luxos, e atualmente, face à iminência de ficar na mais completa penúria, resolveu curtir seus últimos dias de milionária em grande estilo.

Aliás, cá para nós, um dos principais motivos de Mel conseguir dilapidar tamanha fortuna foi seu entusiasmo desde criancinha pelas melhores coisas que o dinheiro pode proporcionar.

Mel decidiu seu itinerário baseada na euforia que lhe causou todo o luxo e requinte da Singapore Airlines.

Vejam bem, ela não vive para ostentar uma vida luxuosa perante os conhecidos, tanto isso é verdade, que a Singapore nem é considerada a primeira no ranking das dez primeiras cabines de primeira classe da aviação. A citada companhia é a segunda colocada nesse rol.

Mas Melzinha, menina de gosto refinadíssimo, preferiu muito mais o bom gosto da Singapore.

Não foi somente o voo que entusiasmou a moça a viajar para Singapura, pois além de toda a beleza da qual ela ia poder desfrutar por aquelas bandas, ela queria saber como um país caro daqueles estava se tornando também um país inteligente.

Singapura é um dos quatro dos tigres asiáticos. Sua economia depende fortemente das indústrias e serviços, é um país insular, e muito, muito rico.

Os Jardins Botânicos e os Gardens by the Bay oferecem uma fatia do paraíso horticultural da cidade de Singapura, e a rampa de Sands SkyPark dá a você a impressão de estar acima das nuvens.

As margens e calçadas ao longo do Rio Singapura fervilham com as atividades locais.

Depois de muitas dúvidas na hora de escolher um hotel, entre tantas opções maravilhosas, Mel resolveu se hospedar no The Forest by Wangz, e ela não se atrependeu de maneira alguma pela opção feita, nem por um segundo sequer.

Finalmente chegou o momento de ficar informada sobre as localidades que seria uma heresia ela não conhecer.

Dentre as várias línguas faladas lá, como na maioria do resto do mundo, o inglês é uma delas.

Sendo assim, ele se dirigiu à recepção do hotel para obter as informações das quais necessitava com urgência.

Quis montar um itinerário que possibilitasse a ela abranger o maior número de locais imperdíveis.

Começou a lista com os parques e jardins, pontos turísticos de interesse, compras, museus e vida noturna.

Por Ângela Beatriz Sabbag
14

O primeiro lugar visitado foi o Gardens by the Bay, o parque une o que há de mais fascinante criado pela natureza com a arquitetura.

Ela ficou extasiada, e como é apaixonada por orquídeas não pôde deixar de conhecer o National Orchid Garden, onde você contempla orquídeas por onde você caminhe no jardim.

Em Marina Bay pode-se conseguir uma excursão noturna panorâmica por Singapura, com cruzeiro por rio homônimo, o que é um espetáculo indescritível.

Mel, assim como eu, ama praias, e apesar de não ter colocado nenhuma no seu roteiro turístico, ela deu uma passada rápida por East Coast Park e Changi Beach, super pitorescas.

Mel não perderia por nada um giro no Singapore Flyer. Ela bendisse essa decisão a todo instante, pois a maior roda gigante do mundo proporciona trinta minutos de puro sonho a cada volta completa. Gira muito lentamente, e cada minuto vale à pena, pois a vista do alto de mais de 160 metros é impressionante. Mel viu a Malásia e uma ilha da Indonésia, uma vez que o dia estava claro e lindo.

O calçadão à beira mar é um espetáculo à parte, maravilhoso de dia e encantador durante a noite, principalmente

com fogos de artifício colorindo o céu.

Há uma enormidade de opções gastronômicas, quase todas em restaurantes com vistas estonteantes.

Mel pensou melhor e decidiu trocar a peregrinação pela vida noturna pela visitação a obras arquitetônicas imperdíveis, e assim ela conheceu Nus Babá House, Parkview Square, Tiong Bahru Estate, City Hall Building e Uob Plaza.

Fazendo tudo o que quis fazer na viagem, Mel ficou muito espantada ao constatar que ainda havia uma grande quantidade de dinheiro de saldo em sua conta bancária.

Empolgada, decidiu naquela hora voltar pelo menos mais uma vez para ir a alguns lugares aos quais não pudera ir por falta de tempo.

Voltou de lá eufórica com a possibilidade de poder regressar para esse paraíso em breve.

* Ângela Beatriz Sabbag é bacharel em Direito por graduação e escritora por paixão.

Bailarina Clássica, Pianista e Decoradora de Interiores

angelabeatrizsabbag

e-mail angelabeatrizsabbag@gmail.com

CONTOS EM CONTA-GOTAS

Veneno de aranha brasileira vira esperança de tratamento contra câncer

Por André Biernath - BBC News Brasil em Londres Adaptação Rócio Barreto

Oveneno produzido por uma aranha brasileira serviu de inspiração para uma pesquisa que busca novas formas de tratar o câncer.

O trabalho, conduzido há cerca de 20 anos por cientistas do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Butantan, em São Paulo, avalia o potencial terapêutico de uma substância obtida a partir da Vitalius wacketi, uma aranha que habita o litoral paulista.

O candidato a remédio oncológico, porém, não é feito diretamente do veneno: as moléculas foram isoladas, purificadas e sintetizadas em laboratório, a partir de técnicas de-

senvolvidas e patenteadas pelos especialistas brasileiros.

Nas pesquisas iniciais, a molécula em teste mostrou-se promissora no combate à leucemia, o tipo de tumor que afeta algumas células sanguíneas.

No entanto, os estudos com a substância ainda estão nos estágios preliminares. É preciso experimentá-la em mais células e cobaias para observar a segurança e a eficácia — para só depois começar os testes clínicos com seres humanos.

Os profissionais dizem que já negociam com empresas farmacêuticas para fazer parcerias e obter os investimentos necessários para seguir adiante.

A BBC News Brasil conversou com os pesquisadores responsáveis por estudar o veneno desta aranha. Conheça a seguir todos os detalhes do projeto.

16
ARANHA VITALIUS

ARANHA VITALIUS

Décadas de investigação

Essa história começa há cerca de três décadas, quando cientistas do Instituto Butantan fizeram uma série de expedições pelo litoral de São Paulo.

“Nós geralmente éramos chamados para regiões em que aconteciam movimentações, como o corte de árvores e desmatamento. Nessas visitas, fazíamos a coleta de aranhas”, lembra o biólogo Pedro Ismael da Silva Junior, do Laboratório de Toxinologia Aplicada do Butantan.

Outro integrante dessas expedições era o aracnólogo Rogério Bertani, também do Butantan, que fez estudos e reclassificações taxonômicas da Vitalius wacketi — e outras aranhas — da década de 1990 em diante.

Alguns anos depois, entrou em cena o bioquímico Thomaz Rocha e Silva, que hoje trabalha no Einstein. Quando ele estava terminando a formação acadêmica, no início dos anos 2000, resolveu investigar as possíveis atividades farmacológicas de algumas substâncias encontradas no veneno dessas espécies.

“Ao estudar aranhas do gênero Vitalius, encontramos no veneno uma atividade neuromuscular. Fomos atrás da toxina responsável por esse efeito, que era uma poliamina grande e instável”, lembra ele. adas pelo pesquisador são moléculas presentes no organismo de plantas, animais e micro-organismos.

Essa investigação foi publicada em periódicos acadêmicos mas, como não havia um interesse comercial imediato na molécula, o projeto acabou engavetado.

“Anos depois, me estabeleci numa faculdade e um aluno me disse que gostaria de estudar o potencial citotóxico desses mesmos venenos”, conta Rocha e Silva.

Os cientistas resolveram fazer um painel de testes e análises para avaliar as toxinas encontradas em várias aranhas do gênero Vitalius.

“E vimos que uma toxina encontrada na Vitalius wacketi possuía uma poliamina pequena e com uma atividade bastante interessante”, aponta o bioquímico.

Essa molécula foi isolada e purificada por Rocha e Silva — depois, Silva Junior conseguiu sintetizá-la, ou seja, criou uma versão química idêntica, sem a necessidade de extraí-la diretamente da aranha.

Na sequência, essa substância passou por testes in vitro. Na bancada do laboratório, ela foi colocada junto de células cancerosas, para ver qual ação teria.

E a atividade da molécula contra as unidades doentes foi considerada “importante” para os especialistas.

Isso porque o candidato a fármaco causou a morte das células cancerosas por meio de um processo chamado apoptose — geralmente, os tratamentos oncológicos mais tradicionais provocam uma necrose.

“Quando ocorre a necrose, a célula sofre um colapso, o que gera uma reação inflamatória com efeitos no organismo”, explica Rocha e Silva.

“Já a apoptose, ou a morte programada das células, é um processo muito mais limpo. É como se as células implodissem de forma controlada”, compara ele.

17

ARANHA VITALIUS

Na apoptose, o sistema imunológico “é avisado” sobre o colapso dessas células — e isso gera uma reação bem mais controlada, sem grandes impactos para outros órgãos e tecidos.

Até existem opções terapêuticas capazes de provocar a tal da apoptose nas células do câncer — é o caso, por exemplo, dos anticorpos monoclonais. Mas esses fármacos são mais difíceis de produzir e costumam ter um preço elevado.

A molécula desenvolvida a partir do veneno de aranha é sintética, o que facilita a fabricação (e reduz os custos).

“Além disso, ela possui algumas características físico-químicas que facilitam a permanência no sangue e depois a excreção com facilidade pelos rins”, acrescenta Rocha e Silva.

A poliamina foi testada inicialmente contra a leucemia, mas há uma expectativa de analisar qual será a atividade dela contra outros tipos de tumores.

Os próximos passos

Após essa análise in vitro que teve resultados promissores, as equipes de inovação das instituições correram para fazer as patentes e garantir a propriedade intelectual da novidade.

A farmacêutica Denise Rahal, gerente de parcerias e operações do Health Innovation Techcenter do Einstein, explica que a patente tem a ver com o processo de purificação e sintetização que foi desenvolvido pelos pesquisadores — e não com a molécula em si.

“Eu não posso patentear algo que já existe na natureza, como é o caso do veneno da aranha ou das toxinas presentes nele. Mas a síntese, o processo de obtenção dessa molécula, é um produto que foi desenvolvido a partir dessas pesquisas”, contextualiza ela.

Cristiano Gonçalves, gerente de Inovação do Butantan, acrescenta que as instituições estão em contato com parceiros para licenciar a tecnologia e seguir com as pesquisas.

“Nem o Einstein, nem o Butantan, têm capacidade de produção da molécula, mesmo que seja para gerar o material necessário para os testes clínicos de fase 1”, diz ele.

“Estamos em contato com parceiros para desenvolvermos juntos essa tecnologia”, complementa Gonçalves.

Rahal destaca que esse estudo em específico traz ainda mais um atrativo: ele tem como base e inspiração a biodiversidade brasileira.

“Nosso trabalho é justamente tirar essas pesquisas do papel e trazê-las para o benefício da sociedade”, pontua ela.

Do ponto de vista científico, os especialistas desejam começar análises que vão desvendar o mecanismo de ação da poliamina. Eles querem entender a forma exata que ela age,

de modo a matar as células com câncer.

A substância também precisará ser avaliada em cobaias, para avaliar a eficácia e a segurança dela em organismos mais complexos do que um conjunto de células.

Se esses testes forem bem-sucedidos, o projeto evolui para a chamada fase clínica, dividida em três etapas diferentes. O objetivo aqui é estudar como a substância age em seres humanos — e se realmente pode funcionar como um tratamento contra o câncer.

Caso os resultados sejam de fato positivos, a droga poderá finalmente ser submetida à aprovação nas agências regulatórias, como a Anvisa, para ser usada em clínicas e hospitais.

Questionado sobre o significado de fazer investigações do tipo com a biodiversidade brasileira, Silva Junior destaca a “experiência” longeva de algumas espécies.

“Alguns dos aracnídeos surgiram há 300 ou 350 milhões de anos, e os trabalhos mostram que eles mudaram muito pouco desde então”, estima ele.

“Para sobreviver a esses milhões de anos, eles certamente desenvolveram estratégias para protegê-los das ameaças de ambientes inóspitos.”

“E nós podemos hoje em dia estudar como essas características e habilidades aparecem na biodiversidade brasileira, que é a maior do mundo, para encontrar essas moléculas que podem nos ajudar futuramente contra uma série de doenças”, conclui ele.

18

ECONOMIA

Reforma Administrativa, o grande tema do Congresso Nacional em 2024.

Adiscussão de uma nova Reforma Administrativa no Brasil tem sido um tema amplamente discutido e controverso, com debates intensos sobre a necessidade de reestruturação do setor público no país, algo que se relaciona diretamente com os servidores públicos. Para uma Reforma ampla, é preciso alterar a Constituição FederalCF/88, o que exige amplo apoio no Congresso Nacional.

Para quem é favorável, o objetivo é modernizar as estruturas e processos governamentais, melhorar a eficiência, a transparência e a entrega de serviços à população. A questão é: Como fazer isso? O governo Bolsonaro enviou a PEC 32/2020 que apesar de tramitar no Congresso, não chegou a ser aprovada. O governo Lula não concorda com a proposta do governo Bolsonaro e deve enviar para o Congresso outro texto.

Os sindicatos dos servidores apontam para possíveis impactos negativos, como a precarização das condições de trabalho e a redução de direitos adquiridos. Há também preocupações sobre a desvalorização do serviço público e o risco de um possível aparelhamento político, onde indicações partidárias possam influenciar nas nomeações e demissões de servidores. No entanto, o excesso de corporativismo dos sindicatos atua mais para interditar as discussões, do que para propor avanços para o setor público.

2) Fim de progressão automática na carreira dos servidores por tempo de serviço - todos deveriam passar por avaliações objetivas antes de alguma promoção;

3) Aumentar a diferença entre o salário inicial e o salário final - com salários próximos, e progressão automática por tempo de serviço, há pouco incentivo para o servidor público ser mais eficiente.

4) Redução do número de carreiras no âmbito do setor público - atualmente o excesso de carreiras dificulta a gestão e mobilidade dos servidores entre diversos órgãos;

“A questão é: Como fazer isso? O governo Bolsonaro enviou a PEC 32/2020 que apesar de tramitar no Congresso, não chegou a ser aprovada. O governo Lula não concorda com a proposta do governo Bolsonaro e deve enviar para o Congresso outro texto”

Algumas questões deveriam ser consensuais em qualquer Reforma:

1) Fim das férias de mais de 30 dias para algumas carreiras - o que é um privilégio em relação ao demais brasileiros;

5) Fim da aposentadoria compulsória como modalidade de punição - um caso típico é quando um juiz é demitido, por alguma questão irregular, e tem como punição a aposentadoria remunerada. Ou seja, o Judiciário também precisa entrar na Reforma.

Principal ponto que não deveria estar em discussão na Reforma: - Estabilidade do servidor público - fora as questões que já estão previstas na legislação, que permitem a demissão do servidor, em regra a estabilidade é necessária. Isso porque os serviços públicos precisam ter continuidade, e os quadros não podem ficar dependentes de escolhas políticas e partidárias

Quanto à possibilidade de demissão dos servidores ineficientes, não é necessário alterar a CF/88 , mas sim aprovar uma Lei Complementar regulando os casos. Ou seja, desde a Reforma Administrativa de 1998 já existe na CF/88 essa possibilidade. O que falta é o Congresso Nacional se movimentar.

20 Humberto Alencar*

O mercado financeiro tinha como expectativa uma Reforma focada na redução dos gastos públicos. Como no Brasil, boa parte das despesas do governo federal são obrigatórias, uma redução nas despesas de pessoal parece sinalizar para um setor público mais eficiente, que ajude a reduzir a necessidade de uma carga tributária alta, e que sinalize para um maior controle da dívida pública.

No entanto, um dos maiores erros para justificar uma Reforma Administrativa, é usar os gastos totais com servidores públicos, sem excluir os gastos com inativos. Nessa comparação, o Brasil é o oitavo país com mais gastos com servidores, mas por conta de quem aposentou cedo demais. Ou seja, a conta não tem nenhuma relação com eficiência do setor público. O problema do gasto com inativos deve ser tratado por outro instrumento, que são necessárias reformas da Previdência ao longo do tempo.

No caso da Reforma Administrativa, é um erro partir do viés do mercado financeiro, que é meramente o de reduzir os gastos públicos. Por meio dessa lógica, saem soluções que tendem a não funcionar para o setor público, como propos-

tas de terceirização inadequadas, possibilidade de demissão de servidor, onde é necessário estabilidade para combater a corrupção e a captura do setor público pelos interesses privados etc.

O ponto de partida da Reforma Administrativa deve ser melhorar os serviços públicos para a população, sem o aumento dos gastos públicos. Ou seja, foco nos servidores ativos e não dos aposentados. Como, ao mesmo custo, melhorar a segurança pública? Como, ao mesmo custo, melhorar a educação para a população? Como, ao mesmo custo, melhorar a saúde da população? Esses são os pressupostos para se buscar algo que realmente impacte a vida do brasileiro.

* Humberto Nunes Alencar, Analista de Orçamento do Ministério do Planejamento. Mestre em economia pelo IDP e doutorando em direito pela mesma instituição. Dá aulas online para pessoas que querem aprender mais sobre economia e finanças pessoais. Contatos: 061 - 994054114 e Instagram: @humbertoalencar.bsb

ECONOMIA

Monitor do PIB aponta crescimento de 3% da economia em 2023

Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Adaptação Rócio Barreto

Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que a economia brasileira teve um crescimento de 3% em 2023. O dado faz parte do Monitor do PIB, estudo que funciona como uma prévia do comportamento do PIB (conjunto de

todos os bens e serviços produzidos no país). A agropecuária foi o destaque positivo do ano passado.

De acordo com o Ibre, a economia teve desempenho positivo de 0,6% em dezembro ante o mês anterior e de 2,1% em relação a dezembro de 2022. Em janela de tempo trimestral, a atividade econômica no quarto trimestre apresentou alta de 0,1% na comparação com o terceiro trimestre e de 2,3% diante do quarto trimestre de 2022.

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Juliana Tre-

22
ECONOMIA

ce, o último trimestre do ano passado ficou marcado por uma “clara tendência de desaceleração”, porém, segundo ela, o resultado mostra resiliência da economia apesar das fragilidades de um crescimento anual concentrado e bastante influenciado por commodities (matérias primas com preços ditados pelo mercado internacional).

Força do agro

O principal motor de crescimento de 2023 foi a agropecuária, com alta de 15,8%, com destaque para o desempenho da soja na região Centro-Sul do país. Segundo Juliana Trece, a força do setor agro se nota ao perceber que, sendo apenas 6% do PIB, respondeu por 30% do crescimento da economia.

“Esse contexto mostra forte concentração setorial e regional e evidencia que o crescimento econômico não foi sentido de modo uniforme no país”, pondera.

Ainda segundo a pesquisadora, “o efeito do excelente desempenho agropecuário no ano se estendeu para outras atividades econômicas, o que potencializou sua influência na economia”.

Setores

O setor de serviços apresentou alta de 2,5% em 2023, em um desempenho considerado “crescimento generalizado”. Já a indústria brasileira terminou o ano com alta de 1,4%.

O Monitor do PIB estima que o consumo das famílias cresceu 3,2% no ano passado. Dentro desse segmento, se destacam positivamente os setores de serviços e de produtos não duráveis (itens de consumo imediato ou com pouco tempo de duração). Em valores monetários, o consumo das famílias ficou em R$ 6,9 trilhões, o maior já registrado.

Queda no investimento

A chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que reflete o nível de investimento, como compras de máquinas e equipamentos, caiu 3,4% em 2023. Segundo a FGV, o desempenho de máquinas e equipamentos “preocupa”, pois vem acumulando quedas ao longo dos meses e fe-

chou com retração de 8,5% no ano. A construção também contribuiu negativamente para esse resultado, com queda de 0,5%.

A taxa de investimento da economia foi de 18,1% em 2023. Além de representar o segundo ano seguido de queda, a taxa segue abaixo da média histórica desde 2000 (19,2%).

Comércio exterior

Outro fator que contribuiu para o crescimento do PIB foram as exportações, com alta de 9,5% no ano passado. O principal destaque foram as vendas para outros países de produtos agropecuários, que cresceram 25,3% no ano. Produtos da indústria extrativa mineral, como minério de ferro e petróleo, também tiveram desempenho expressivo no ano, com alta de 16,7%.

A importação de bens e serviços caiu 1,1% em 2023. Importante notar que, diferentemente das exportações, as importações não são contabilizadas no PIB, porque o indicador só inclui os bens e serviços finais produzidos dentro da economia do país.

PIB per capita

De acordo com a FGV, o PIB brasileira alcançou R$ 10,740 trilhões, marcando uma trajetória de três anos seguidos de alta e atingindo o recorde da série histórica.

O PIB per capita, que equivale ao total da economia dividido pelo número de habitantes do país fechou 2023 em R$ 52.611. Apesar de estar em ritmo crescente desde 2021, o valor está ainda abaixo dos anos 2023 (R$ 52.682) e 2014 (R$ 52.672).

Prévia do BC

Também foi divulgado nesta segunda-feira (19) o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), outro dado considerado prévia do PIB. De acordo com a pesquisa do Banco Central (BC), a economia brasileira teve crescimento de 2,45% em 2023.

O resultado oficial do PIB do ano passado será divulgado no dia 1o de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). .

23
ECONOMIA

Cerca de 8 milhões de empresas poderão usar o Desenrola, diz ministro

Por Por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo Adaptação Rócio Barreto

Oministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, estima que cerca de oito milhões de empresas podem ser beneficiadas pelo renegociamento de dívidas. O governo prepara um programa semelhante ao Desenrola, que concedeu descontos para pessoas físicas endividadas, para os microempreendedores individuais (MEIs) e pequenas empresas.

Segundo França, existem cerca de seis milhões de MEIs “que têm algum problema com o próprio governo, porque não pagam aqueles valores mensais ou porque devem de alguma outra forma”.

Além dessas, há as pequenas empresas com débitos em aberto, muitas que, de acordo com o ministro, tiveram problemas com o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que oferecia créditos com juros menores que os do mercado.

“A pessoa pegou o recurso a 4%, 5%, mais uma Selic [taxa básica de juros] que era de 2%, 3%. E a Selic aumentou para 13% em oito meses. Então, esse é o principal componente. Tem 7% ou 8% de pessoas que pegaram Pronampe e hoje em dia estão devendo”, detalhou.

O ministro também defende mudanças nas regras atuais do Simples, sistema de tributação simplificada para

empresas de pequeno porte. Para França, poderia se aproveitar as regulamentações que serão necessárias após a aprovação da reforma tributária. “A janela de oportunidade que está dada a partir da reforma tributária, o governo tem que regulamentar vários assuntos a partir da reforma tributária aprovada”, ressaltou.

A principal alteração proposta pelo ministro é o fim do desenquadramento automático quando o faturamento da empresa ultrapassa os limites do Simples. Atualmente, caso fature mais do que o previsto na lei, R$ 81 mil anuais para MEI e 4,8 milhões por ano para pequenas empresas, ela deixa de ser tributada pelo sistema simplificado e tem que pagar impostos pelo mesmo sistema do restante das empresas.

Para França, faria mais sentido se a tributação diferenciada fosse somente sobre a parte que excedesse o limite, mantendo a empresa no sistema simplificado para o restante do faturamento, de forma semelhante ao imposto de renda de pessoas físicas, composto de várias faixas de tributação.

24
ECONOMIA
Rede de saúde do DF entra em colapso por dengue, diz governador

– Repórter da Agência Brasil - Brasília Adaptação Rócio Barreto

Ogovernador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou que as redes de saúde da capital, tanto pública quanto privada, entraram em colapso no atendimento em meio à explosão de casos de dengue. Desde o dia 25 de janeiro, o DF está em estado de emergência no âmbito da saúde pública em razão da doença, assim como outros estados do país. A declaração foi feita nesta quinta-feira (22) em almoço com empresários, em Brasília, e noticiada por veículos de imprensa. A assessoria do governador confirmou a fala à reportagem da Empresa Brasil de Comunicação.

Os casos de dengue no DF em 2024 - registrados até 17 de fevereiro - aumentaram 1.351,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Houve 84.151 ocorrências suspeitas da doença, das quais 81.408 são classificados como casos prováveis pela própria Secretaria de Saúde. Em 2023, foram 5.484 casos prováveis da doença.

A capital federal contabiliza 38 mortes por dengue, o maior número do país, e há mais 72 casos em investigação. Como afirmou o governador Ibaneis, a situação ainda pode piorar já que, historicamente, o pico de casos da doença ocorre nos meses de março, abril e maio.

Na quarta-feira (21), o governo do DF anunciou a contratação de 741 profissionais de saúde para reforçar o atendimento à população, sendo 200 médicos temporários e para o quadro efetivo: 180 técnicos de enfermagem, 156 enfermeiros, 115 agentes comunitários de saúde e 90 médicos especialistas. A Secretaria de Saúde também publicou chamamento para a instalação de mais 11 tendas de hidratação e atendimento a pacientes com dengue, que se somarão às nove já em funcionamento.

De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, 151 pessoas morreram no Brasil este ano por dengue. Outros 501 óbitos estão em investigação. O país soma 740.942 casos prováveis da doença, com incidência de 364,9 casos por 100 mil habitantes.

29
SAÚDE

COMPORTAMENTO

Sobre a morte

Certa vez, notei tatuada no braço de uma pessoa querida a seguinte frase: “Lembre-se da morte”. Quando vi, me assustei e pensei ser algo muito forte pra se ler todo dia estampado na própria pele. Um pouco deprimente e perigoso por ser um ocasional gatilho para a impulsividade se a terapia não estiver em dia. Mas, hoje em dia, eu enxergo de outra forma. Eu amo viver e tenho pavor da morte. Mas, sei que temos que lidar com ela, ou com a ideia dela. É preciso encarar de frente o fato de que todos vamos morrer um dia e que as pessoas que amamos também não vão viver para sempre. A morte e o luto fazem parte da vida. Quando menos esperarmos, precisaremos encará-la. Lembrar-se dela diariamente é um jeito de amenizar o assombro que a finitude da vida nos traz.

É muito estranho pensar que nunca mais vamos encontrar alguém. Mas, às vezes, a morte pode representar descanso para o corpo e redenção para a alma. Já diria Ariano Suassuna: “Cum-

priu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre”.

Eu tenho pouca ou quase nenhuma familiaridade com a morte. Chorei a partida do meu avô em 1999, mas eu ainda tinha 12 anos e não tinha noção direito do quão definitivo era o falecimento de alguém. Guardo com carinho na memória o último momento que vivi com ele. Depois disso, nunca mais a morte chegou tão perto de mim quanto no último sábado de carnaval, quando o câncer levou deste mundo um querido tio, irmão de minha mãe. Impossível não pensar que eu podia ter dado um abraço mais apertado da última vez que o vi, que eu podia ter falado para ele que ele já me fez rir tantas vezes, que podia ter contado para ele o tanto que minha mãe falava dele com amor.

Tão ruim quanto ver alguém partir é ver o sofrimento de quem fica. Dói e a ferida segue aberta por um tempo. Mas a vida é um ciclo e a morte faz parte dele. Precisamos encará-la e não demonizá-la. Então sim, lembremos da morte, não com medo, mas com ternura. Abrace quem você ama, celebre suas conquistas, sorria sem motivo.

João Carrascoza, autor do livro Elegia do irmão, escreveu: a ex-realidade com a pessoa que partiu vai, aos poucos, se transformando em um feixe de recordações, a fim de que doa mais, doa mais para, com o curso dos dias, doer menos.

No fim, tudo vira recordação e aprendizado.

Dedico este texto à memória do meu tio Arnaldo Neiva Filho.

*Mila Ferreira, repórter do Correio Braziliense. Formada em Jornalismo pelo IESB e pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade Social e Cidadania Global pela PUC-RS

30
Foto: Victoria Cavalcante
Mila Ferreira*

MOBILIDADE

Monderman na Bahia

Nascido nos Países Baixos em meados do século passado, Hans Monderman era um engenheiro de tráfego revolucionário. Foi o principal formulador do shared space, abordagem que, contrariando o senso comum, despe espaços de circulação urbana de elementos oriundos do ambiente rodoviário para aproximá-los do ambiente natural da convivência humana. No limite, até mesmo a sinalização é banida das ruas para que as regras no trânsito sejam as mesmas que regem o convívio social.

Contraintuitivamente, Monderman verificou que a eficácia e mesmo a segurança do trânsito aumentam quando os espaços de circulação são concebidos para produzir comportamentos que nascem da negociação direta entre as pessoas, estejam elas a pé ou pilotando seus veículos — quaisquer veículos —, prevalecendo sobre as regras ditadas por um código exógeno, oriundo do universo rodoviário. A quem quiser conhecer algumas das bem sucedidas aplicações práticas, recomendo buscar a série de dez vídeos intitulados “Monderman” no YouTube.

rência em um rito de cortesia e afirmação, de incisividade e esquiva, quase como uma roda de capoeira. E isso funciona mesmo quando os condutores não se olham, condição que o abuso de películas escuras nos vidros dos veículos acentuou em décadas recentes.

Da literatura sabemos que o compartilhamento dos espaços de circulação tem fundamentos na compreensão de que as sociedades contemporâneas formaram-se com forte presença dos veículos motorizados e, portanto, das relações que fomos construindo com eles. Daí a crítica de que shared space é um conceito eurocentrado. Não se pode negar essa característica, mas também não se deve simplesmente abandonar a ideia sem ir à sua essência e construir os instrumentos para sua experimentação em formações sociais diversas.

“A quem quiser conhecer algumas das bem sucedidas aplicações práticas, recomendo buscar a série de dez vídeos intitulados “Monderman” no YouTube”

O legado de Hans Monderman me vem à mente cada vez que venho ver a família em Salvador, como aconteceu neste pós-carnaval, e invariavelmente me hospedo em um trecho de rua entre duas minirrotatórias. Na realidade, todo o percurso entre o aeroporto e o bairro da Pituba acaba se convertendo em um objeto de observação (pouco sistemática, admito) de eventos que parecem não virar colisões por providenciais intervenções de atentas e diligentes divindades.

De todo modo, são as minirrotatórias que mais me atraem a atenção. Não é que a regra de prioridade seja invertida, embora eu arrisque estimar que quem está circulando ceder vez a quem está chegando, exatamente o oposto do que diz a lei, responda por mais de 60% dos eventos. Mas não se trata de uma regra fixa. O que parece mesmo é que a cada encontro os condutores instantaneamente pactuam a prefe-

Não tenho notícia de que Monderman tenha visitado o Brasil. Em 2006 tentei trazê-lo como convidado em um congresso em Brasília, mas sua agenda não permitiu nem mesmo uma participação remota. Infelizmente, morreu pouco mais de um ano depois sem poder nos dar a oportunidade de debater os princípios do shared space com a comunidade técnica-científica brasileira e sua aplicabilidade a nossa realidade. Pessoalmente, gostaria muito de saber como ele interpretaria o comportamento e qual tipo de estudo proporia numa cidade como Salvador.

* Paulo César Marques da Silva é professor da área de Transportes da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília. Possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Bahia (1983), mestrado em Engenharia de Transportes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em Transport Studies pela University of London (University College London) (2001).

32 Paulo César Marques da Silva *

Twittando

/RevistaplanoB2

SAÚDE

O ‘Encontro’ com o Papa Francisco

A expectativa era grande.

Será que ele vai mesmo aparecer?

Pelos noticiários, a saúde dele parece estar bem abalada.

Será que ele está mesmo no Vaticano ou viajou para alguma missão, em outro país?

De qualquer forma, centenas de pessoas se amontoavam na praça de São Pedro, em frente à linda e suntuosa Brasílica, no domingo, perto de meio dia, na esperança de vê-lo e ouvi-lo.

Eu também estava lá.

Não sou católica, mas, amo o Papa Francisco. Ele é diferente.

As almas bondosas são assim: rompem as barreiras construídas pelos homens e alcançam os corações abertos e sedentos de amor.

Outro exemplo bem parecido, para mim, foi Chico Xavier: era amado não só pelos espíritas, mas, por seguidores de várias religiões.

Esses espírito raros são reconhecidos de longe pela sua grandeza e, paradoxalmente, pela humildade.

E lá estava eu, nervosa. Tremendo por dentro.

A pequena janela da Biblioteca do Vaticano, onde ele costuma aparecer, estava aberta e a bandeira vermelha pendurada.

Um sinal positivo de que teríamos a honra da sua presença.

Ao meio dia, em ponto, eis que Sua Santidade, aos 87 anos, surge com um doce e firme “ Buongiorno”.

Quanta emoção!

As lágrimas insistiam em cair copiosamente dos meus olhos.

E, no meio da multidão, respondi chorosa um “ Buongiorno” , gritando, como se ele pudesse me ouvir.

Não consigo descrever o que senti.

Foi um momento de transe espiritual.

Para facilitar a visibilidade, um enorme telão refletia a imagem da Sua Santidade.

34

Ele falava em Italiano, mas, não me pergunte como, eu entendia tudo como se estivesse falando a minha língua.

Talvez, estivesse.

Uma linguagem possível de entender, quando se está aberto para a vivência do amor.

O verdadeiro amor, que transcende qualquer sentimento carnal.

O amor que o Cristo nos ensinou e ainda é tão incompreendido, por todos nós.

E ele falou sobre isso.

Falou sobre o perigo dos “animais selvagens” que ainda carregamos em nossos corações.

São eles: as paixões desenfreadas, capazes de nos dilacerar. Pediu para que, nesse período de quaresma, cada um atravessasse o deserto do próprio coração e com a ajuda do silêncio e da oração, captasse os sentimentos que vem de Deus.

Rogou paz ao mundo. Citou algumas regiões que sofrem com a guerra como o Sudão, Moçambique e Palestina. “ A guerra sempre é uma derrota. Levará somente morte e destruição e nunca vai solucionar os problemas” afirmou ele.

E como sempre, no auge da sua humildade, concluiu: “ Não se esqueçam de orar por mim.”

Como não se emocionar ouvindo, ao vivo, essas palavras da boca do amado Papa Francisco.

O mesmo que abriu as lavanderias do Vaticano para que os moradores de rua tivessem a dignidade de vestir uma roupa limpa.

Foi esse o Papa que mostrou que veio para revolucionar, quando há quase 11 anos, ao ser escolhido para o cargo, apareceu na Varanda da Basilica de São Pedro, com sandálias franciscanas e sem nenhum ornamento litúrgico, todos luxuosos, diga-se de passagem.

E ao longo desses anos demonstrou que realmente compreendeu as palavras do Cristo ao amparar e pedir amparo aos marginalizados de toda ordem, ao reivindicar maior justiça social, proteção à mãe natureza e defender os estrangeiros que fogem das guerras e da miséria.

Foram e são tantas as atitudes e demonstrações do Papa Francisco que não precisa ser católico para compreender a grandiosidade dessa alma.

E eu sou grata pelo “encontro” com esse ser mais que humano, Jorge Mário Bergoglio, que mesmo de longe, me fez querer lutar para ser uma pessoa melhor. Vida longa ao Papa Francisco.

* Renata Dourado é formada em Jornalismo pelo Uniceub e trabalha na TV Bandeirantes há mais de 13 anos.

Atualmente, apresenta o Band Cidade Segunda Edição, jornal local, que vai ao ar, ao vivo, de Segunda à Sexta, às 18h50. Também apresenta o Band Entrevista, que vai ao ar, aos sábados, às 18h50.

Formada em Psicanálise e Mestranda Especial da UNB em psicologia clínica.

SAÚDE

POLÍTICA

Outros Bichos

e tem uma área da Agronomia que eu trabalho com prazer, é a Área Ambiental. Lembro que, trabalhando em Sinop, MT, no início da Década de 1980, nós fazíamos vistorias técnicas em áreas de café arábica, plantadas e financiadas, comprovando a inviabilidade técnica dessa cultura, para que as dívidas dos agricultores fossem perdoadas, como foram.

O pessoal me perguntava: - o que plantar?

Na época, eu defendia a implantação de culturas de ciclo longo, já adaptadas na Amazônia, como seringueira, guaraná, intercaladas com outras de ciclo curto, arroz, feijão, milho, banana, para dar sustento às famílias.

Aí, veio a soja...

Nas nossas terras, em momento algum desmatei sem a prévia licença.

Jamais plantei uma área de capim sem a devida análise do solo e uma correção química possível financeiramente.

Construí inúmeros barramentos de terra, pois defendo que toda propriedade rural deva ter água suficiente para o seu uso, e o excedente, que siga seu curso.

Inúmeras foram as áreas onde trabalhei com práticas definitivas de conservação de solo.

Defendo e pratico o uso racional dos Defensivos Agropecuários, sejam eles químicos ou biológicos, além dos transgênicos, hoje comum em várias culturas.

Agora vem uma turma, geralmente citadinos, que nunca sujaram as mãos

na Santa Mãe Terra, e repetem narrativas, no mínimo inconsequentes, causando confusão, apreensão e em alguns casos, fobia do Agro.

Nem vou entrar no aspecto financeiro, nem quero.

Aqui na Garça Branca, Sertão de Irecê, conduzo uma lavoura sequeiro de milho, zero agrotóxicos, zero fertilizantes químicos, com baixa produtividade, primeiro porque ainda não foram necessários, segundo porque alimento a todos nós, humanos, animais e o solo com o que colhemos, com o milho in natura, seus derivados , sua palha e restos da cultura depois incorporados .

Sem precisar gritar histericamente Urbe et Orbi, que são orgânicos .

Por isso, recomendo à esses Outros Bichos a leitura de Artigos Técnicos, e com mais profundidade, do livro Agricultura, Fatos e Mitos, escrito pelos Engenheiros Agrônomos Xico Graziano, Décio Luiz Gazzoni e Maria Thereza Pedroso.

Vai ser muito útil, principalmente para quem quer surfar na onda Ambientalista e fica falando/escrevendo/repetindo, digamos singelamente, tolices.

Lá em cima eu ia escrever Ecochatos e Biodesagradáveis, mas deixa prá lá.

36
Alencar
* Engenheiro Agronômo ( UFGO/ 1979), Produtor rural. Reside na Fazenda Garça Branca, Sertão de Irecê, BA. Avô de Cecília e Helena

Ex-passista Maria Lata D’Água morre no interior paulista, aos 90 anos

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Adaptação Rócio Barreto

Morreu na última sexta-feira (23), aos 90 anos, em Cachoeira Paulista (SP), Maria Mercedes Chaves Roy, mais conhecida como Maria Lata D’Água que, durante algumas décadas, desfilou pelas principais escolas de samba do carnaval carioca, como a Portela, Salgueiro, Beija-Flor, entre outras.

A informação foi divulgada pela comunidade católica Canção Nova, da qual Maria fez parte desde o início dos anos 2000. Segundo as informações, ela teria morrido de causas naturais.

Maria se tornou conhecida por sambar, aos 18 anos, com uma lata de água de 20 litros na cabeça. Sua fama foi tão grande no carnaval que ela inspirou a marchinha Lata D’água na Cabeça, de Luís Antonio e Jota Júnior, em 1952.

Em nota no X (antigo Twitter), a Portela lamentou a morte de Maria Lata D’Água: “É com grande pesar que a Portela lamenta a morte da nossa ex-passista Maria Mercedes Chaves Roy, ou apenas Maria Lata D’Água. Ela estava internada em um hospital em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, e morreu devido a complicações da idade. Maria estava com 90 anos”.

A antiga passista nasceu em Diamantina (MG), em setembro de 1933 e,

desde pequena, ajudava a mãe a pegar água em uma bica perto de sua casa. Perdeu o pai ainda muito pequena e, aos 11 anos, mudou-se para o Rio de Janeiro com a mãe.

Ao desfilar sambando com uma lata de água de 20 litros na cabeça ganhou o apelido que a tornou famosa. A história de sua vida foi contada na autobiografia Lata D’Água Na Cabeça - Da Passarela ao Sacrário, lançada em 2017. Ela casou com um suíço, com quem veio viver no Brasil.

Em entrevista ao Canção Nova Notícias, em 2018, Maria contou que, em 1990, durante o Retiro de Água Viva, na arena do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, “ouviu o chamado de Deus”.

37
GERAL

Concurso Nacional Unificado tem 2,1 milhões de inscritos confirmados

Dos ipês, queridinhos da população, a outras espécies típicas do Cerrado menos conhecidas, mais de 5,5 milhões de árvores transformam a capital do país em um jardim monumental

Por Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil Adaptação Rócio Barreto

O Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) já registra 2,1 milhões de inscrições confirmadas para este que é considerado o maior certame já realizado para o serviço público federal. De acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o número abrange tanto os candidatos

isentos do pagamento de taxas como aqueles que já tiveram o pagamento confirmado

Ao todo, 2,65 milhões de pessoas se inscreveram no concurso. Faltam, portanto, cerca de 550 mil inscrições a serem confirmadas. O prazo para pagamento da taxa, feito por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU), se encerrou na sexta-feira (16).

Segundo o Ministério, os números ainda são parciais por-

38
GERAL

que foram obtidos durante o final de semana, sem contabilizar algumas compensações bancárias que podem durar até dois dias úteis. O total de inscritos que pagaram a taxa até o final de semana estava em 1,5 milhão. Outros 600 mil candidatos tiveram direito à isenção do pagamento da taxa de inscrição.

“Após a compensação bancária final dos pagamentos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos divulgará, entre outros dados, o balanço final de inscrições confirmadas e o número total de inscritos por bloco temático”, informou por meio de nota a pasta.

O chamado Enem dos Concursos vai selecionar 6.640 servidores para 21 órgãos públicos federais. A prova, constituída de questões objetivas específicas e dissertativas, por área de atuação, será aplicada no dia 5 de maio em 220 cidades de todas as unidades federativas.

Os inscritos poderão verificar os dados finais no dia 29 de fevereiro, por meio do site da Cesgranrio, que é banca realizadora do processo seletivo e por onde está sendo realizado o processo de inscrição, com o uso da conta gov.br.

Local de prova e resultado

A consulta sobre o local de prova estará disponível a partir do dia 29 de abril. A previsão é que no dia 3 de junho sejam divulgados os resultados das provas objetivas, e preliminares das provas discursivas e de redação. No dia 30 de julho, deve sair o resultado final, indicando a classificação dos aprovados.

O concurso foi planejado de forma a promover igualdade de oportunidade de acesso a cargos públicos efetivos, ze-

lando pelo princípio da impessoalidade na seleção dos candidatos em todas as fases e etapas do certame.

A elaboração buscou, também, padronizar procedimentos na aplicação das provas, bem como aprimorar os métodos de seleção de servidores públicos, “de modo a priorizar as qualificações necessárias para o desempenho das atividades inerentes ao setor público”.

O Ministério alerta os candidatos sobre a importância de estarem cientes do conteúdo do edital escolhido. Ao todo, são oito documentos que reúnem as regras para concorrer a uma ou mais carreiras divididas por blocos temáticos.

39
GERAL

POLÍTICA

No que você acredita?

Em plena semana do carnaval, a OpenAI lançou uma nova ferramenta que, junto com seu robô ChatGPT, tem tudo para deixar a sociedade ainda mais cética quanto ao bom uso dos recursos de Inteligência Artificial. Pelo menos deveria.

Dessa vez o mundo vai contar com uma ferramenta capaz de gerar vídeos, a partir de instruções textuais dos usuários.

Sora é o nome dado a essa ferramenta que é, na verdade, um modelo capaz de criar vídeos extremamente detalhados, cheios de movimentos de câmera, nuances de luz e sombras que, nada deixam a desejar aos produtores de conteúdo. O realismo é tamanho, que somente os olhares mais atentos serão capazes de perceber que os vídeos são frutos de manipulação tecnológica.

Ainda não são gerados vídeos com áudio, mas nada impede a colocação de uma narração. A ferramenta está em fase testes e não será disponibilizada ao público, até que sejam finalizados os filtros a serem aplicados às orientações dadas pelos usuários para a criação desses vídeos, a fim de evitar conteúdos discriminatórios ou ofensivos.

Voltamos aqui, a focar na educação. A falar do poder que a criação do senso crítico traz aos cidadãos. Não podemos deixar de acreditar no bom-senso da humanidade. Mas precisamos fortalecê-lo ainda na infância dessa juventude.

Estamos a caminho de um mundo em que a verdade não residirá em uma fonte confiável, mas na quantidade de repostagens e likes.

O trabalho até então desenvolvido para combater as deepfakes, surgidas em um longínquo 2017, sofrerá um baque considerável com o lançamento da Sora. Uma nova frente de desinformação se descortina, mesmo com todo o cuidado que o time de desenvolvimento da ferramenta possa ter.

“Uma nova frente de desinformação se descortina, mesmo com todo o cuidado que o time de desenvolvimento da ferramenta possa ter”

Mas não há como fugir do questionamento: essa filtragem será capaz de identificar as nuances subliminares da mente humana? Afinal, a Sora foi criada por essa mesma mente. Será, então, que a criatura conseguirá ser mais esperta que o criador?

O que precisamos entender é que essa ferramenta vem se juntar a um conjunto de outras capacidades já entregues e em uso pela sociedade. E, diga-se de passagem, usadas de formas desvirtuadas, no mínimo, ou muito além daquilo para que foram pensadas. Cada vez mais a pressa por receber e repassar informações, a vontade de encontrar apoio às nossas ideias, ideais e ideologias e a necessidade de pertencimento à maioria, fazem com que a credibilidade da fonte da notícia seja relegada a mero detalhe.

Precisamos alertar nossas crianças, agora mais do que nunca, dos perigos em acreditar no que é visto nas redes sociais. A era de misturar imagens e falas para criar verdades, vai dando espaço a uma nova tecnologia que poderá nos levar a um mundo hiper polarizado, além de fortalecer o pior dos perfis de cidadãos, aqueles que não se importam e seguem adiante, deixando para os outros o enfrentamento.

A regulação é a saída? É um caminho. A liberdade de expressão não pode, nunca, ser superior aos malefícios causados pelas mentiras. Mas a punição precisa existir, ser rápida e exemplar. De nada adianta a morosidade imposta pelos diversos recursos e embargos que nossa boníssima justiça permite.

Não dá para ter receio de criar mártires. Temos que trabalhar para não criarmos vítimas.

* Wilson Coelho é especialista em Políticas públicas de Saúde pela UNB, e Informática em Saúde pelo IEP-HSL e professor-tutor na Faculdade Unyleya

40
Wilson Coelho*
41

Defesa do Estado palestino motivou ataque a Lula, diz embaixador

Por Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil - Brasília Adaptação Rócio Barreto

Para o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, as reações contrárias à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lembrou das mortes de judeus na Segunda Guerra Mundial ao falar da ação de Israel em Gaza, são injustas e motivadas pela defesa que o governo brasileiro tem feito da criação imediata de um Estado Palestino.

“Essa campanha [contra Lula] iniciou, indiretamente, porque Lula está defendendo um reconhecimento imediato do Estado da Palestina como membro pleno da ONU [Organização das Nações Unidas]. Isso é o que está por detrás de toda esta campanha, e Netanyahu falou bem categórico que não vai aceitar a existência de um Estado palestino”, afirmou Alzeben, em entrevista à Agência Brasil.

Para o embaixador palestino, como o governo de Israel rejeita essa solução, ele tem atacado o presidente Lula. “Ele [Netanyahu] não vai aceitar nenhuma intervenção de uma influência exterior. Ele não quer negociar com os palestinos. Ele está matando os palestinos e não quer que ninguém intervenha nesse assunto”, concluiu.

Na semana passada, Netanyahu disse que Israel continuará a se opor ao “reconhecimento unilateral de um Estado palestino”. Para o premier, tal reconhecimento representaria uma recompensa ao ataque do Hamas de 7 de outubro.

No plano internacional, o Brasil defende um Estado palestino “economicamente viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas, que incluem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”.

O embaixador Alzeben acrescentou ainda que as reações contra a fala de Lula tem relação com outras bandeiras defendidas pelo atual governo brasileiro. “Ele está sendo atacado não somente por esta posição a favor da Palestina, mas também por todo o conjunto de bandeiras dignas que ele está levantando desde que assumiu o poder”, acrescentou

O diplomata palestino considerou que a reação contrária à fala do presidente é injusta porque Lula condenou o nazismo, Hitler e o holocausto.

“Ele condenou, clara e publicamente, Hitler e o nazismo. Sua posição também se solidariza com os judeus que foram submetidos ao genocídio. Este genocídio que nós condenamos e que todos com consciência viva devem condenar”, completou.

Alzeben disse ainda apreciar a posição do Brasil em relação ao conflito, posição esta que consolida Lula como símbolo internacional.

Em entrevista coletiva durante viagem oficial à Etiópia, o presidente brasileiro classificou as mortes de civis em Gaza como genocídio, criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região e disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”.

“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, disse Lula.

A declaração gerou fortes reações do governo israelense. O primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, disse que a fala “banaliza o Holocausto e tenta prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender”, escreveu o premier em uma rede social. .

42
INTERNACIONAL

Em janeiro, inflação pesou mais para a baixa renda, diz Ipea

Por Por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro Adaptação Rócio Barreto

Em janeiro, a inflação pesou mais no bolso das famílias de baixa renda do que no orçamento das famílias de rendas média e alta. A constatação faz parte do Indicador de Inflação por Faixa de Renda, divulgado nesta segunda-feira (19) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o levantamento, enquanto a inflação oficial do país - Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 0,42% em janeiro, a inflação para famílias de renda muito baixa (renda mensal domiciliar de até R$ 2.105,99) ficou em 0,66%.

Os grupos familiares de renda baixa (entre R$ 2.105,99 e R$ 3.158,99) e média-baixa (de R$ 3.158,99 e R$ 5.264,99) também sentiram no bolso uma inflação maior que a média, 0,59% e 0,49%, respectivamente.

Por outro lado, lares de renda média (de R$ 5.264,98 e R$ 10.529,96), média-alta (de R$ 10.529,96 e R$ 21.059,92) e, especialmente, alta (acima de R$ 21.059,92) sentiram impactos de aumentos de preços abaixo da inflação oficial, 0,37%, 0,38% e 0,04%, respectivamente.

De acordo com o Ipea, o peso maior do custo de vida para os lares mais pobres é explicado pela alta nos preços dos alimentos. Isso acontece porque a parcela do orçamento gasta com a compra de alimentos é bem maior para

as famílias mais pobres, em relação à observada no segmento de renda mais alta.

“Em janeiro, o principal foco inflacionário para as classes de rendas mais baixas veio do grupo alimentos e bebidas, refletindo a alta dos preços dos alimentos no domicílio, especialmente dos cereais (6,8%), dos tubérculos (11,1%), das frutas (5,1%) e dos óleos e gorduras (2,1%)”, explica a pesquisadora do Ipea Maria Andreia Parente Lameiras.

No mês de janeiro, o comportamento no preço dos alimentos representou um peso de 0,44 pontos percentuais (p.p.) na inflação das famílias de renda muito baixa. Já para os grupamentos familiares de renda mais alta, o peso foi de 0,14 p.p.

Os lares mais abastados contaram com outra contribuição para sentirem menos os efeitos da inflação: a queda de 15,2% dos preços das passagens aéreas e de 10,2% das tarifas de transporte por aplicativo.

Inversão em 12 meses

Os resultados de janeiro ficaram na contramão do acumulado nos últimos 12 meses. No período, foram as famílias de rendas média (4,65%), média-alta (4,93%) e alta (5,67%) que sentiram inflação maior que a média nacional (4,51%).

Por outro lado, domicílios de renda muito baixa (3,47%), baixa (3,84%) e média-baixa (4,24%) sentiram um peso menor que o IPCA no orçamento.

O Ipea explica que as maiores pressões inflacionárias nos últimos doze meses foram nos grupos transportes, saúde e cuidados pessoais e habitação, impactados pelos reajustes de 25,5% das passagens aéreas, de 10,8% da gasolina, de 6,2% dos produtos farmacêuticos, de 5,6% dos artigos de higiene, de 11% dos planos de saúde e de 8,6% da energia elétrica. .

43
ECONOMIA

A Dengue e o Circo

Muitas ações desse governo parecem coisa sem pé e sem cabeça, tudo que precisa ser feito aqui no DF alegam falta dinheiro.

Não é de hoje que o DF vem enfrentando problemas com o aumento gradativo da dengue, sem que o GDF tenha tomado a iniciativa de enfrentar, basta ver a eterna falta de estrutura e capacidade para enfrentar um problema tão grave para a população.

Um aspecto que dá uma dimensão desse descaso criminoso é a falta de campanhas de conscientização, informação com a divulgação de medidas preventivas. O mais incrível é que falta dinheiro para o básico, mas quando se trata de coisas inúteis e futilidades, como por milagre, os cofres aparecem abarrotados.

Não tem dinheiro para consertar equipamentos em hospitais, nem para abastecer as farmácias nos diversos postos de saúde.

Os hospitais, postos de saúde e unidades de pronto atendimento ficaram sobrecarregados devido ao grande número de pessoas infectadas pela dengue. Isso resultou em filas e demora no atendimento, comprometendo a eficácia do tratamento e colocando a vida dos pacientes em risco.

Enquanto isso o dinheiro nosso de cada dia vai sendo sugado pelo grande ralo da incompetência administrativa desse governo, que lotou de apadrinhados e comissionados, muitos sem uma capacitação para exercer algumas funções, mas por serem amigos do rei foram devidamente abrigados sob o manto ou tetas do erário.

O que se vê até hoje é um monte de trapalhadas de um governo não sabe como começar a governar,é dose pra elefante.

Enquanto isso não vemos investimento capaz de tirar o DF desse marasmo, pois a única coisa que anima a cidade são as trapalhadas desse governador incompetente,só sabe cavar buraco,por causa disso o Caixa Preta o chama de Tatuzinho , com muita gente acreditando nele as propagandas mentirosas estão no ar, sem mostrar a verdade nos bastidores desse espetáculo de circo mambembe.

Mas logo teremos Carnaval. Pelo jeito a Mangueira vai entrar em grande estilo por aqui no DF, pois até dinheiro vai ser gasto para contratar uma consultoria de carnaval e será dado a população o circo que ela tanto adora, quanto ao pão...bem... Olha a mangueira aí gente!!!

Insanos

Cada dia que passamos parece que uma maldição paira sobre nossas cabeças, começo a sentir que o pouco da sanidade que nos resta está indo pro espaço.

O que mais me irrita hoje é ouvir uma frase muito em voga, essa frase cunhada pelos donos do poder para tentar nos acalmar : A Economia Não Pode Parar ! Como se a nossa vida girasse em torno apenas do vil metal, chega a ser um acinte para qualquer ser humano, depois de uma pandemia que deixou um rastro de morte e miséria em um passado não muito remoto.

Vemos um Estado que não protege seus cidadãos de forma adequada, preocupado apenas com essa politicalha barata que grassa em todo o país.

O que se vê são campanhas políticas estartadas antes do tempo, pois o mais que tudo e interessante é salvar-se politicamente em detrimento do pobre contri-

44
TIJOLADAS DO CAIXA

buinte que os sustenta, numa total falta de sintonia com uma coisa chamada humanidade.

Na verdade o que assistimos é uma verdadeira guerra de egos e desatinos mil, pouco se importando com o número alarmante de desempregados e miseráveis, que não têm onde morar, muito menos o que comer,é preocupante.

Nessa guerra de egos e desatinos mil, pouco se importam com esses detalhes que são jogados na nossa frente todos os dias,é cruel ver tanto descaso.

Muitos podem achar que estou sendo cruel, mas não há outro modo de expressar a atual realidade, que a cada dia passado põe em cheque a nossa sanidade.

O país é pobre, com toda certeza ficará mais pobre ainda, a fome, o desemprego passou a fazer parte do nosso cotidiano por conta da total irresponsabilidade e loucura com que essa catástrofe vem sendo conduzida pelos que comandam a nação, falta bom senso em todas as áreas, sempre nesse clima imbecil de guerra política.

Está na hora de tomar o rumo e lutar pela vida, para depois aproveitar da tão sonhada normalidade.

Toca pra frente!

Sujeira – triste paisagem

Parece que a velha discussão sobre sujeira e lixo espalhados na cidade voltou a mesa de debate, parecia que o assunto estava resolvido.

Eu e o Caixa Preta, sentados lá no Porcão falávamos sobre sujeira aqui no Guará, pois agora com a escalada da dengue é o tema do momento.

Não dá pra entender muito essas coisas, virou assunto do momento nas redes sociais, a coisa soa estranho

TIJOLADAS DO CAIXA

quando ouvimos tantas reclamações sobre sujeira, mas sempre com atitudes diferentes.

A nossa parte não é só reclamar dos nossos gestores, que sempre fazem a manjada cara de paisagem, detesto ter que voltar a certos assuntos, alguns são muito cansativos, desgastantes e muitas vezes não vemos providências serem realmente tomadas, apenas as velhas desculpas esfarrapadas de sempre.

Quando resolvo dar uma caminhada pela cidade, sempre me deparo com a sujeira, talvez já esteja tão comum que parece fazer parte da paisagem, o que muito desanima.

Mas quando procuramos os responsáveis para saber de alguma explicação plausível, jogam na nossa cara na maior cara de pau, a velha desculpa, estamos analisando, já notificamos, mas nada de solução para o problema.

A bola da vez é a sujeira que toma conta da cidade, muito se reclama da sujeira nas ruas, mas não vemos as pessoas tentando mantê-las em condições de higiene, lembrando sempre como é bom ter uma cidade limpa.

O velho Caixa estava reclamando de uma coisa que recorrente por aqui, todos pedem limpeza, cada vez mais, porém sujam na mesma proporção.

Não dá pra entender muito essas coisas. Soa estranho ouvir tantas reclamações sobre sujeira, mas sempre com atitudes diferentes.

Aqui no Guará não é diferente, é preciso que essa parcela da população entenda que cidade limpa não é a que mais se limpa, mas aquela que depois de limpa, conseguimos que ela permaneça, como deve ser a nossa cidade que tanto amamos.

Acredito que não seja tão difícil assim, mas com boa vontade conseguiremos, por isso, antes de reclamar façamos um exame de consciência: será que estamos fazendo a nossa parte?

45

TIJOLADAS DO CAIXA

Penico de ouro

Com o Caixa Preta não tem conversa, quando não gosta reclama logo, não deixa nada passar em branco. Quando me encontro com ele, sei que vou ouvir casos que costumam acontecer por aqui, sempre me diverte muito, passo para minhas crônicas imediatamente pois são fatos divertidos, desses que acabam com o mau humor de qualquer um.

O Caixa Preta falou que sempre quando se fala em banheiro público, a coisa começa a feder desde a época da inauguração, pois o que existe por trás é de deixar ovo, com cabelo em pé.

A maravilha a qual ele referia é o famoso Penico de Ouro situado no terreno da Administração, leva o pomposo nome de banheiro público.

Mas pensando bem, um verdadeiro acinte ao contribuinte, pois tudo corre por conta da viúva, com nossos impostos.

O trambolho ocupa um espaço nobre, fedendo, sujo com os equipamentos quebrados, pois a porta foi arrombada, sem condições de uso por humanos, só dando de despesa aos cofres públicos, dinheiro do contribuinte sem nenhuma serventia.

Mas o que deixa o velho Caixa revoltado é que o famoso Penico de Ouro, aquele que fica na área da Administração, tendo sido construído para uns chegados na Feira do Guará que já conta com banheiro interno, gastaram na época a modesta quantia de 150 mil reais, o que daria pra construir uma casa com piscina, sauna etc.

Já há um movimento para a reforma do trambolho, onde mais dinheiro público será jogado fora para beneficiar a uns poucos, sempre com aquela cara de pau de sempre.

E para piorar, todas as despesas com manutenção e conservação é por

conta da viúva, em benefício de poucos, pois o lombo da população paga todo esse desperdício de dinheiro público.

O velho Caixa revoltado diz que esta grandiosa obra poderia ser incluída no roteiro turístico do DF, pois se é para virar piada que vire com pompas e circunstâncias, a única coisa que não dará pra evitar é a catinga dessa bandalheira.

46

Aquarela sobre papel 100% algodão Flávia Mota Herenio @motaflaviafm

ARTES PLÁSTICAS

Penitenciárias federais: por que foram criadas e como funcionam?

Por Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Adaptação Rócio Barreto

Desde que foram inauguradas as primeiras penitenciárias federais em 2006, gestores públicos vinculados aos sucessivos governos asseguraram, em diferentes momentos, que tais unidades seriam invioláveis. No entanto, a fuga de dois detentos da penitenciária de Mossoró, no Rio Grande do Norte, na quarta-feira (14), colocou em xeque esses discursos.

Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram os primeiros detentos da história brasileira a escapar de um desses presídios, considerados de segurança máxima. Uma operação para recapturá-los mobiliza cerca de 300 agentes federais. A forma como ambos escaparam está sendo investigada. Um buraco foi encontrado em uma parede, e suspeita-se que eles tenham usado ferramentas destinados a uma obra interna.stituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O episódio fez ressoar críticas de especialistas e pesquisadores, que questionam se esses presídios têm de fato contribuído para desestruturar o crime organizado. Uma das preocupações gira em torno do agrupamento dos líderes de facções criminosas nestas unidades, o que possibilita a ocorrência de novas articulações. O pesquisador Sérgio William Teixeira chegou a apontar os efeitos desse cenário em tese de doutorado defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 2018.

“O modelo penitenciário atual, envolvendo a transferência de presos do sistema estadual para o federal, sem a adoção das cautelas necessárias, a despeito de toda a estrutura de segurança e controle que efetivamente possui o Sistema Penitenciário Federal, tem, de fato, contribuído para a expansão das organizações criminosas, ou ao menos estimulado, ou favorecido a emergência de novos coletivos organizados de presos, levando ao que se pode chamar de federalização ou expansão nacional das gangues prisionais”, afirmou Teixeira.

ECONOMIA 48

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública rapidamente anunciou uma série de medidas após a fuga: afastamento da direção da Penitenciária Federal em Mossoró, investimentos na modernização do sistema de videomonitoramento, mudanças no controle de acesso, incluindo tecnologia para reconhecimento facial, ampliação dos sistemas de alarme, construção de muralhas e nomeação de novos policiais penais aprovados em concurso público. O ministro Ricardo Lewandowski assegurou que o país está preparado e tem “todas as condições de enfrentar o crime organizado”.

Mas o que são exatamente as penitenciárias federais? Por que foram criadas e como funciona? A criação de um complexo de presídios federais começou a ganhar forma em 2006, com a inauguração das unidades de Catanduvas, no Paraná, e Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. No ano seguinte, o Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça (Depen-MJ), por meio do Decreto 6.061, instituiu a Diretoria do Sistema Penitenciário Federal. Posteriormente, foi aprovada a Lei Federal 11.671/08, que trata das regras para transferência e inclusão de presos nas penitenciárias federais de segurança máxima, bem como estabelece procedimentos que devem vigorar nestes estabelecimentos penais.

A criação das unidades federais foi uma resposta do Estado diante do avanço do crime organizado no país. Conforme fixa a legislação, as penitenciárias devem receber indivíduos que tenham atuação destacada em organização criminosa envolvida de forma reiterada em episódios com violência ou grave ameaça. Na prática, foram pensadas para isolar os líderes de facções e detentos de alta periculosidade. Entre os criminosos já encaminhados para estas penitenciárias, estão Fernandinho Beira-Mar, Marcola, Marcinho VP e Nem da Rocinha.

Em 2009, foram inauguradas as unidades de Mossoró e de Porto Velho. Apenas em 2018, foi concluída a quinta e última penitenciária, localizada em Brasília. Atualmente, existem no país cinco presídios federais de segurança máxima. Cada um tem 208 vagas, totalizando 1.040. Segundo os dados públicos mais recentes do sistema penitenciário brasileiro, referentes ao ciclo entre janeiro e junho de 2023, atualmente há 489 detentos, o que indica uma ocupação abaixo da metade da capacidade. Esse número também representa 0,0752% dos 649.592 presos em 649.592 celas físicas ou carceragens em todo o país.

Conforme mostram os dados, nesses presídios não há superlotação. As 208 vagas são divididas em quatro alas, que são subdivididas em quatro vivências que comportam no máximo 13 detentos. Embora compartilhem dependências comuns, cada um deles tem uma cela individual. Com

7 metros quadrados, as celas têm cama, mesa, assento, pia, vaso sanitário e um chuveiro que funciona em horários previamente definidos. Não há tomadas, nem autorização para uso de equipamentos eletrônicos. Os alimentos são servidos em uma bandeja entregue por uma portinhola. Após a devolução, a bandeja é inspecionada.

Os detentos passam por revista minuciosa sempre que saem e entram nas celas. São usados equipamentos de scanner corporal e de detecção de metais. No percurso até os pátios onde tomam banho de sol, eles são conduzidos algemados. As visitas também estão submetidas a regras rígidas. Os visitantes não podem, por exemplo, levar alimentos aos presos.

Todos os ambientes são acompanhados por câmeras, das celas às áreas comuns. O Ministério da Justiça e da Segurança Pública não informou quantas equipamentos registram imagens no interior das unidades. Quando foi inaugurada a Penitenciária Federal de Mossoró, informou-se foi divulgado que cerca de 200 câmeras compunham o sistema de monitoramento em tempo real, 24 horas por dia.

Há pesquisadores de segurança pública, no entanto, que não creem que esse aparato seja suficiente para resolver integralmente os problemas de segurança pública do país e ainda veem violações de direitos associados à criação das penitenciárias federais, como a detenção em locais distantes das famílias. Estudos indicam que o cumprimento da pena próximo dos parentes, facilitando as visitas, reduzem a probabilidade de reincidência no crime.

Outra controvérsia envolve as 14 celas de isolamento em cada unidade federal, destinadas ao cumprimento de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no qual o detento não tem direito a visita íntima, nem acesso a TV, rádio ou jornal, com direito a apenas duas horas de banho de sol por dia. Instituído pela Lei Federal 10.792/2003, a constitucionalidade do RDD chegou a ser alvo de questionamentos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Organizações de defesa dos direitos humanos também criticam o regime.

“O rigor no isolamento causa danos psicológicos irreversíveis, agravando ainda mais os efeitos nocivos dessa medida. Quando se mantêm os presos ainda mais distantes da sociedade e da família, rotulados como grandes inimigos da nação, dificultam-se ainda mais as remotíssimas chances de ressocialização”, escreveu o defensor público federal Gabriel Cesar dos Santos em artigo publicado em 2018. .

ECONOMIA 49
www.kimcartunista.com.br kimcartunista@gmail.com
O bem-estar que você merece e procura está aqui:

Dr. Laser, há 17 anos garantindo o melhor cuidado para a sua pele!

Confira os tratamentos que você encontra no centro de estética avançada mais completo do país:

Depilação a laser

Clareamento de manchas

Combate à flacidez corporal e facial

Controle da oleosidade

Detox facial

Drenagem linfática

Tratamento de gordura localizada e celulite

Limpeza de pele

Peeling corporal e facial

Rejuvenescimento facial

Suavização de cicatrizes e estrias

Vem pra Dr. Laser!

Se interessou e quer uma Dr. Laser para chamar de sua? Seja um franqueado Aponte a câmera para o QR Code e garanta um presente especial:
@drlaseraguasclaras (61) 9 9810-1385 (61) 3257-8606 Rua 7 Norte, Lore 3/5, Número 7, Loja 02, Norte (Águas Claras) @drlasertaguatinga (61) 9 9819-0785 (61) 3967-6050 CNB 3, Lote 5/7, Loja 2, Taguatinga Norte
*A cortesia é referente a 2 sessões de depilação a laser para axilas femininas ou faixa de barba masculina e 1 sessão de revitalização facial. Válida para novos clientes, 1 CPF por pessoa, não cumulativa com outras ofertas.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.