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O resgate da cultura da paz
Essa é uma das prioridades do mandato do deputado distrital Ricardo Vale
O deputado distrital Ricardo Vale iniciou uma cruzada que tem como meta implantar na capital federal uma política pela cultura da paz e pelo desarmamento da população. Esse é o objetivo do projeto que apresentou na Câmara Distrital que estimulará o desarmamento dos moradores da cidade e assim tentar reduzir os casos de violência com armas na cidade, que dispararam nos últimos anos com a política do governo federal que estimulou os brasileiros a se armarem.
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Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2022) apontam que o DF contabilizou, desde 2018, 5 vezes mais episódios de violência com armas de fogo do que a média nacional, que viu essas ocorrências triplicarem neste período. Só em janeiro passado, houve um aumento de 79,4% nesse tipo de registros no país, segundo dados da Política Federal. Na capital federal, o número de ocorrências policiais envolvendo os Cacs (Colecionador, Atirador e Caçador) cresceu 754% no ano passado.
Na sua opinião, as armas precisam estar nas mãos de quem tem preparo para usá-las. O deputado alerta ainda que outro fator preocupante é que grande parte das armas compradas após o relaxamento das leis em vigor, acabam caindo nas mãos de bandidos. Assim, defende: “Precisamos de campanhas permanentes de desarmamento, pregar o amor e a paz entre as pessoas”.
Brasília segue com um eleitorado ainda muito alinhado ao bolsonarismo. Quais as chances de sua proposta de desarmamento passar na Câmara Distrital?
As chances são boas, porque queremos trabalhar e há entendimento nessa casa e também do ponto de vista científico de que muito mais armas, mais violência. Tenho acompanhado pesquisas sobre isso, portanto não vejo dificuldades. Não cabe ao projeto que estamos apresentando coibir ou proibir as pessoas de obterem suas armas, só achamos que a coisa está exagerada, o uso e propaganda sobre armas, muita gente dizendo que armas protege, que dá segurança, e estamos vendo que não é por aí. A quantidade de armas que foram adquiridas em consequência do relaxamento das leis nos últimos tempos, fez com que aumentasse a violência, seja em homicídios, feminicídios e outros crimes com armas. O número de ocorrências com CACs também aumentou.
As armas precisam estar nas mãos de quem tem preparo para isso. Outro fato preocupante é o fato de que grande parte das armas compradas com as leis relaxadas, acabam caindo nas mãos de bandidos. Desse modo, o projeto será aprovado e ganhando apoiadores, assim que formos explicando aos deputados daqui e ele for tramitando nas comissões necessárias.

Outro fato importante, é que no DF houve casos de clubes de tiros com participação de crianças, e também exposição dessas crianças com armas e ao lado de adultos com armas. Essa exposição, seja na TV, Redes Sociais ou outros veículos, acabam contaminando as crianças e induzindo elas a pensarem que as armas são a melhor defesa.
A violência nas escolas e o aumento do número de ataques a professores e colegas está assustando o país. Como reagir a isso?
Com medidas concretas para melhorar a segurança nas escolas, impedindo que alunos entrem armados nas escolas, que haja um controle melhor. Policiais nas portas das escolas com rondas ostensivas. Na época em que eu estudava, me sentia muito seguro, policiais fora da escola, a dupla Cosme e Damião, sempre estudei em escolas públicas. Há necessidade de aumentar o efetivo do Batalhão escolar. Fazer campanhas educativas, acabar com essa coisa de que todo mundo armado é seguro. Precisamos mostrar para as crianças e jovens que esse não é o caminho, precisamos criar e difundir uma cultura de paz, menos armas é menos violência, é menos crimes. Precisamos de campanhas permanentes de desarmamento, pregar o amor e a paz entre as pessoas.


Como o senhor avaliar a última pesquisa do Paraná Pesquisas mostra que a aprovação do governador Ibaneis em 67%, mesmo depois de passar os primeiros meses de seu mandato afastado? Enquanto que o presidente Lula é rejeitado por 58% dos entrevistados.
Acho natural. Nós estamos aí aos 4 meses de um novo governo Lula no país e no Distrito Federal do segundo Governo Ibaneis, no DF o Governo Bolsonaro foi muito bem votado. O Ibaneis inclusive é da base do Bolsonaro, Brasília é uma cidade extremamente conservadora, os próprios votos mostraram isso. Ibaneis foi eleito do primeiro turno, o presidente Lula ficou em segundo lugar aqui, Bolsonaro ganhou, e você não muda a conjuntura assim em apenas quatro meses.
O Governo Lula tem buscado retomar políticas públicas importantes para ajudar as pessoas mais pobres, trabalhadores que ao longo desses quatros anos tiveram um retrocesso muito grande no emprego, no salário, e Ibaneis foi tão bem avaliado que inclusive ganhou a eleição no primeiro turno.
Então, eu acho que a gente tem que dar tempo ao tempo, certamente, e eu espero _ que tanto aqui no âmbito do Distrito Federal, como no nacional _ coisas melhores para os trabalhadores, para o povo brasileiro, que tudo possa ir melhorando no decorrer do tempo, e certamente acontecendo isso, eu tenho muita esperança, realmente do governo federal, onde as coisas vão andar bem logo, e a avaliação do presidente Lula será melhor.
O senhor tem acompanhado a CPI da Câmara Distrital que apura os ataques de 8 de janeiro às sedes dos 3 Poderes?
Eu tenho acompanhado assim um pouco mais de longe, devido a uma série de atribuições que eu tenho aqui como vice-presidente. Mas acredito que os deputados que compõem a CPI têm feito um bom trabalho. Na minha avaliação, a Câmara Legislativa tem dado uma resposta para sociedade do Distrito Federal, saiu na frente nessas investigações e só agora o Congresso Nacional está desenhando uma CPI.
A gente já está bem adiantado aqui sobre esses episódios, um trabalho importante que está sendo feito pela Câmara Legislativa, em um trabalho conjunto da base e da oposição. Espero que o resultado final possa mostrar as pessoas que responsáveis pelos tristes atos de 8 de janeiro de 2023 contra a democracia. Enfim, quem tiver que pagar que pague pelas consequências. Avalio como positivo até agora o trabalho da nossa Câmara, quero reforçar e parabenizar todos os deputados que estão ali na linha de frente dessa CPI.

Deputado, o senhor gostaria de falar mais alguma coisa em relação ao projeto?
Gostaria de agradecer a disposição e o trabalho da Revista Plano B Brasília. Estamos aqui sempre à disposição. Estamos muito felizes com o nosso mandato, com esse projeto. Certamente é polêmico, já tem muitas críticas chegando, mas essas críticas são de pessoas que desconhecem o projeto e acham que eu estou querendo impedir as pessoas de terem suas armas, e não se trata disso.
São entrevistas como essa que vão ajudar a gente a desmitificar e divulgar a ideia central desse projeto. A gente quer que a Polícia esteja armada, bem equipada e pronta para combater o crime. Mas também não queremos ver uma sociedade totalmente armada e pessoas despreparadas em posse de armas.



O nome da revista é Plano B, qual o seu plano B?
Existe o plano A e acredito não ser preciso o B. Essa lei vai dar certo. Se precisar de algumas modificações, que possam vir para melhorar. Sugestões dentro das comissões, certamente virão e serão bem-vindas. Na audiência pública as pessoas poderão dar sugestões. Estamos vendo que as pessoas não estão entendo a proposta, e é bom para provocarmos o debate.