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A nova obra de Iberê Carvalho

Um projeto que contou com R$ 725 mil do Fundo de Apoio à Cultura

Ocineasta Iberê Carvalho prepara-se para estrear em Brasília seu novo filme: “O homem cordial”. A obra teve como inspiração sua indignação com o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef e conta a estória de um roqueiro em um país de meias verdades e traz Paulo Miklos no papel principal. Feliz com a repercussão da nova obra, Ibere conta nesta conversa com a revista Plano B seus planos para o futuro.

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Qual a emoção de estrear o novo filme a Brasília?

Ah, é sempre bom estrear um novo filme, né? Situação que é um pouco mais rara do que eu gostaria, mas é sempre bom mostrar o filme na minha cidade para as pessoas que eu conheço, com meus familiares, sobretudo no cinema onde eu aprendi a ver filme brasileiro, que é o Cine Brasília.

Qual a inspiração da estória de um roqueiro em um país de meias verdade?

Bom, a inspiração do filme nasceu de uma indignação, de uma sensação de impotência. Ali em 2016, vendo o impeachment da presidente Dilma acontecer em um país cada vez mais dividido e com a redes sociais como elemento central. Nessa nova forma de atuação política, nessa nova forma de manipulação das massas. Aí, certo dia eu vi a notícia do Chico Buarque sendo atacado em frente de um restaurante no Leblon, simplesmente pela sua opinião política. As pessoas se acham no direito de cercear opinião do outro. E ali foi a sementinha do roteiro do Homem Cordial.

Como classifica atuação de Paulo Miklos neste filme?

Paulo Miklos é um ator especial, assim, muito inteligente, intuitivo, até por não ter uma formação em artes cênicas. É um ator muito generoso com as pessoas, um workaholic também. O Paulo saía do set e ia fazer show, no outro dia de manhã já estava no set de novo. É um cara que gosta muito de trabalhar, então acho que esse filme não funcionaria com qualquer ator. E o sucesso do filme agora, esse retorno positivo que a gente está tendo do filme é uma consequência do trabalho do Paulo Miklos.

O filme conta com recursos de R$ 725 mil do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Qual a importância do financiamento a cultura brasileira, que se viu abandonada nos últimos anos?

Sim o filme conta com dinheiro do FAC e conta com dinheiro também do fundo setorial do áudio visual. É fundamental que existam linhas de fomento e de apoio a cultura brasileira. A UNESCO defende que pelo menos 2% do PIB do país seja investido em cultura, fala que isso é um investimento, não é um gasto. E o FAC, que é o Fundo de Apoio à Cultura, a lei que rege o FAC, determina que 0,3% do arrecadado pelo GDF seja usado para o financiamento da cultura. Então isso fica muito aquém do que recomenda a UNESCO, a ONU, só que mesmo assim já é um impacto tremendo na produção cultural local e fundamental não só para a sobrevida dos artistas, mas também para que a cidade tem a sua história e a sua riqueza em material ali registrada, guardada para próxima gerações. E que a gente evolua, enquanto cidade, enquanto Estado, enquanto país. E isso vale também para os investimentos nacionais. É um equívoco pensar que isso é uma coisa que só acontece no Brasil, vários países investem pesado no seu cinema, inclusive os Estados Unidos, que é um grande exemplo do neoliberalismo e da iniciativa privada, tem muito dinheiro governamental, dinheiro público investido nas produções de Hollywood inclusive. Então, eu vejo como um acerto os investimentos do governo. Só um governo muito míope e equivocado corta os investimentos na cultura.

Quais são seus projetos futuros?

Bom, eu tenho vários projetos futuros. Estou para dirigir, pois está em fase de quase pré-produção de uma série documental chamada como nasce os heróis, um longa que vai ser produzido pela O2 filmes do Fernando Meireles chamado “O menino que não existia”, que dialoga muito com o “O homem cordial”. Estou também com um próximo filme que é um projeto que vai acontecer em breve, é um filme para crianças, projeto de cinema para o público infantil chamado “Liga das estrelas”, escrito pela Renata Mestra, uma roteirista carioca muito talentosa que acabou que escreveu o Maria esse filme que eu acabei de lançar na Globo, na Globo Brasília e no Globoplay.

O filme em Brasília teve a receptividade imaginada?

Foi maravilhoso ver o cine Brasília lotado para ver a pré-estreia do filme. Um filme que estava sendo muito aguardado, então acho que Brasília deu sim, uma receptividade boa para o filme. E espero esse retorno de público também na sala de cinema enquanto o filme tiver em cartaz. É muito importante para a gente que as pessoas vejam o filme no cinema. E é muito importante que o público de Brasília vá ao cinema para ver o cinema brasiliense, esse é um é um filme brasiliense e filmado em são Paulo, e se o público abraçar o filme, for cinema assistir, com essa característica de um filme de Brasília, ficar ainda mais marcante. Então estou muito curioso para ver como é a resposta nas salas de cinema, o filme está no cine Brasília, No Liberty Mall, no Casapark, mas só ficará mais tempo se as pessoas forem assistir, caso contrário sai de cartaz.

Considerações finais, fique à vontade para falar o que quiser.

Quero dizer que o Homem Cordial é um trailer de suspense, um filme que está sendo classificado por muitos críticos e muita mídia especializada como um filme agoniante, necessário, urgente e que fala sobre o Brasil. Então é muito importante que as pessoas vão assistir nos cinemas para sentir a máxima potência do filme e também para valorizar o cinema nacional.

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