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O amor constrói, o ódio destrói
Confira esse projeto de escuta popular lançado em abril que busca levar esperança aos brasilienses falar de rua quando é também esgoto a céu aberto?
As mulheres socialistas do Distrito Federal, em parceria com o Fórum Brasiliense de Ética Eco-Política-Social e o Instituto Josefina Serra realizou no dia 29 de abril, na Cidade Estrutural, o primeiro evento, de uma série de 9 que serão realizados em distintas áreas administrativas do DF no decorrer do ano de 2023, para implantar o projeto de escuta popular denominado: “O amor constrói, o ódio destrói”.
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Qual a discrepância entre o eixo monumental e essas ruas”
O Brasil é um país diverso, reconhecido e admirado mundialmente tanto pelas suas riquezas naturais, bem como pela população alegre, criativa, resiliente e trabalhadora que ocupa os quatro cantos da nação. Mas, é sabido também das condições de desigualdades sociais que permeiam as comunidades em situação de vulnerabilidades que atingem, em grande medida, os mais pobres, os negros, as mulheres e as crianças nos seus territórios periféricos.
Nos últimos 4 anos vimos o avanço vertiginoso das violências e do ódio que afetou diversos setores da população brasileira, tais como a educação, a saúde, a geração de emprego e renda, a moradia, a segurança pública. Diante de tal realidade não podemos deixar de proceder à escuta popular do povo dessas regiões do Distrito Federal, levando a eles a esperança de que possamos assim contribuir para com um Brasil com menos desigualdade social, menos racista, com menos violência e mais afetividade entre os humanos.

A grande lição que nos foi dada na Cidade Estrutural foi a de que o discurso do ódio legitima e perpetua a banalização da segregação na sociedade - e da compartimentalização no pensamento, fomentando o conflito social e a confusão política. O povo não possui os meios ou o tempo para tratar de pensar a política em bons jantares e em caras salas de reunião.
Cumpre, portanto, a nós insistir, peregrinar e inovar em diálogos e reuniões possíveis dentro da realidade social popular. Não permitindo a rendição ao ódio - que destrói e busca transformar a todos em verdadeiros analfabetos políticos. Mas, sim, fomentando o entendimento do potencial do amor, que constrói, por meio da facilitação do entendimento político e suas ramificações no exercício da cidadania ativa na vida cotidiana, pela prática de um pensamento norteado pela ética.
Ao apresentar o Fórum de Ética ao grupo de mulheres catadoras de lixo recicláveis, que moram na Cidade Estrutural



Comportamento
de Brasília _ mulheres na sua grande maioria mães solas_, foi falado sobre a necessidade de voltarmos aos tempos antigos, 2.000 anos atrás, quando as pessoas se reuniam na praça, que se chamava fórum, para conversar sobre todas as questões comuns às pessoas que moravam nas redondezas do fórum, daquela praça. Conversar sobre os problemas comuns era conversar sobre a ética. Assim foi introduzida a atividade e a conversa com aquele grupo de mulheres catadoras de lixo recicláveis, cuja maior preocupação, devemos sinalizar, é a criação de seus e seus/suas filhos/as.
O encontro foi realizado em uma creche, que abriga de dia as crianças, permitindo às suas mães que saiam da Estrutural e entrem no território da capital para ganhar o sustento da família. A estrutura da creche é muito precária, como toda estrutura das habitações do lugar, muitas de lata, quase nenhuma de tijolos, as “ruas” de lama, com o esgoto correndo no meio.

Como falar de rua quando é também esgoto a céu aberto? Qual a discrepância entre o eixo monumental e essas ruas?
Nossa convivência de três horas com as mulheres daquela comunidade terminou com uma ação simbólica:
Plantamos um Ipê!!!
Naquele intricado espaço em que vivem centenas ou milhares de pessoas, não vimos uma só árvore. Mais um sinal de degradação da nossa sociedade. Talvez a nossa Constituição sonhe com uma vida ecológica.
É um sonho ético realizável?
O amor constrói, e fomos testemunhas de que através dele podemos realizar o sonho que se vislumbra nos olhares profundos e encantadores das crianças, filhos e filhas daquelas mulheres, que teimam em viver num espaço físico conquistado na beira daquilo que foi o maior empreendimento imobiliário brasileiro do século XX: Brasília....