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Estante Domesticação no campo dos media

As novas tecnologias da comunicação, nomeadamente, as digitais, provocaram alterações ao nível da mobilidade e da fruição individuais, colocando o receptor no papel de um interveniente activo em situações de escolha e mesmo de produção de conteúdos: sons, imagens e textos. Esta é uma das vertentes problematizadas por Anabela de Sousa Lopes, no livro Tecnologias da Comunicação: Novas Domesticações, lançado pelo Instituto Politécnico de Lisboa, na coleção Caminhos do Conhecimento.

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A OBRA é a transcrição da tese de doutoramento em Ciências da Comunicação, de Anabela de Sousa Lopes, diretora do curso de Jornalismo, da Escola Superior de Comunicação Social. A moldura teórica da investigação é a corrente da domesticação, lançada por volta de 1990, por Roger Silverstone. Inicialmente centrada nas práticas quotidianas de consumo dos media, em lares britânicos, revelou-se uma abordagem mais abrangente para diferentes investigadores. Disso nos dá conta a autora, ao defender que assistimos a um novo cenário que veio acentuar a tónica da metáfora domesticação no seu sentido mais lato, na acepção de capacidade de adaptação a novas situações e novos contextos, quer pelas tecnologias, quer pelos utilizadores, em detrimento do significado que se liga ao uso das tecnologias no espaço doméstico. Domesticar – tornar familiar o que é estranho – é um processo de negociação e adaptação que se desenvolve, reciprocamente, entre tecnologias e indivíduos, em espaços públicos e em espaços privados. A in- do século XX, na edição de 2009, a obra "Edição e Editores. O mundo do livro em Portugal. 1940-1970", da autoria de Nuno Medeiros, professor da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa, procura analisar os modos plurais em que se sustentou a edição de livros em Portugal num período marcado por uma matriz autoritária na relação do poder com a sociedade, o Estado Novo. No estudo empreendido, o autor pretende chegar às múltiplas formas de tersecção entre eles é especialmente visível pelo uso das tecnologias móveis, como o telemóvel. como a edição e o editor se foram construindo num cenário à partida adverso, tendo assumido como objectivo essencial a interpretação da vitalidade e complexidade demonstradas pela personagem do editor português e pelo sector de actividade em que este se posiciona.

Mais do que nunca, vive-se com tecnologias da comunicação que permitem transportar o lar com os seus utilizadores; o seu uso produz, com frequência, um efeito de ‘bolha’ confortável. Para a autora, é revelada, assim, uma forma de protecção em relação ao Outro – não necessariamente uma forma de isolamento –, que nos resguarda de não O vermos, num tempo em que nunca estamos incontactáveis e nos encontramos demasiado próximos para vermos e sermos vistos.

Fazendo uso das próprias características das tecnologias que instalam as ligações ininterruptas, é legítimo e necessário o exercício de domesticação que envolve a acção do indivíduo e as suas tecnologias na prossecução desse objetivo.

Na obra demonstra-se como o período analisado foi fundamental para a consolidação e, em boa medida, edificação das bases da moderna cultura tipográfica portuguesa, muito caraterizada pela existência de aspectos tensionais e contraditórios. A pesquisa efectuada é pioneira ao abordar uma época e um tema que, estão muito escassamente explorados em Portugal. Nuno Medeiros é mestre em Sociologia Histórica pela Universidade Nova de Lisboa e licenciado em Sociologia pela mesma instituição. A sociologia histórica da edição, livraria, livro e da leitura, são alguns dos domínios de pesquisa em que tem vindo a especializar-se.

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