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Acordo Ortográfico de 1990: Não se escreve o que
Unificar a grafia da língua portuguesa é o principal objetivo do Acordo Ortográfico de 1990. Em Portugal, desde o início do ano, que o governo e o sistema educativo são obrigados a utilizar as novas regras. Os países da Comunidade de Língua Portuguesa têm, até 2014, para se adaptarem à convenção.
Textos de Nélia Alexandre (Professora Adjunta convidada da ESELx, Investigadora do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa)
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FALAR do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP) de 1990 implica, necessariamente, referir a história (breve) da escrita da nossa língua e, no âmbito dos interesses da ESELx, salientar a relevância de um instrumento legal de normalização linguística, como é uma ‘convenção ortográfica’, para o ensino da língua. Por esta razão, e não sendo este o espaço para se fazer a discussão das vantagens e desvantagens do AOLP, far-se-á somente uma apresentação das mudanças que o AOLP de 1990 introduz na língua portuguesa, variedade de Portugal (pretende-se dizer com isto que não serão discutidos aqui os casos de ‘grafias duplas’ entre Portugal e Brasil, já que se considera que não é pertinente para um falante português ter de saber que receção e recepção são duas grafias possíveis na língua portuguesa, mas que receção é usada só em Portugal, enquanto recepção é empregue apenas no Brasil).
Em janeiro de 2011, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 determina que “a partir de 1 de Janeiro de 2012, o Governo e todos os serviços, organismos e entidades sujeitos aos poderes de direcção, superintendência e tutela do Governo aplicam a grafia do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pela Resolução da Assembleia da Repú- blica n.º 26/91 e ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 43/91, ambos de 23 de Agosto, em todos os actos, de- cisões, normas, orientações, documentos, edições, publicações, bens culturais ou quaisquer textos e comunicações, sejam

SABE-SE que pelo menos desde o fim do reinado de D. Afonso Henriques (1170) se escrevia em português (cf. o primeiro documento conhecido escrito em português, a Notícia de Fiadores, de 1175), mas só no final do século XIII é que o português é adotado como língua da escrita, por decisão de D. Dinis. É a partir desta altura que se justifica pensar nas convenções de representação escrita de uma língua que existia somente no plano oral. No entanto, esse processo não é fácil nem célere e, consequentemente, até ao século XX e em Portugal, a escrita do português caracteriza-se por ser de cariz etimológico (ou seja, a raiz latina ou grega determina em certa medida a forma de escrita das palavras).
D. Dinis (reinado de 1279-1325)
Com a implantação da república portuguesa em 1910, decide-se que a língua portuguesa tem de ser escrita de forma mais
