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Estante Histórias do Conservatório

Eugénia Vasques, professora e investigadora da Escola Superior de Teatro e Cinema, do IPL, acaba de publicar o livro “A escola de teatro do Conservatório (1839-1901). Contributo para uma história do Conservatório de Lisboa”. Com a chancela da editora Gradiva trata-se do primeiro livro sobre a Escola de Teatro do Conservatório de Lisboa.

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Texto de Eugénia Vasques

NA SEQUÊNCIA da minha investigação sobre a escrita para teatro de autoria feminina, Mulheres que Escreveram Teatro no Século XX em Portugal, considerei apropriado realizar, no âmbito do Projecto "História da Escola de Teatro do Conservatório" (Centro de Investigação em Artes e Comunicação / CIA C / Universidade do Algarve / Escola Superior de Teatro e Cinema), uma espécie de continuação à rebours daquele estudo para tentar procurar o lugar deixado às mulheres na evolução do ensino formal e no campo profissional do teatro no século XIX em Portugal.

Foi durante o processo inicial de pesquisa que me fui dando conta que a investigação que realizava era, na verdade, um primeiro movimento em direção a um projeto mais amplo e muito mais urgente. Aquilo que eu procurava estudar convergia, afinal, na própria

Peça infanto-juvenil

história do ensino do teatro no Conservatório, ou seja, numa história do ensino formal do teatro no nosso país no decurso do século da fundação daquela instituição.(. . .). Assim sendo (. . .), propõe-se neste trabalho, de respiga,

DEZ ANOS após a primeira aparição cénica, de excelente memória, “Lianor e

Tóli” embarcam numa nova aventura planetária. “Lianor e a boneca chinesa”, é uma peça infanto-juvenil, publicada em livro, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, nas sebentas e colecção de dramaturgos portugueses contemporâneos. “Lianor no país sem pilhas”, peça distinguida com o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte, estreou em 2000 no CCB, encenada por João Mota. O espetáculo continuou no Teatro da Comuna despedindo-se de cena em 2001, no Tea- tro Rivoli, no Porto, cidade onde a peça teve a primeira edição em livro pelo Campo das Letras. Seguiu-se uma derradeira sessão da peça, como espectáculo inaugural do Auditório do Centro Cultural de Arronches, terra-natal de Isabel Abreu, a actriz protagonista.

Cinco anos depois, uma segunda produção da peça teve lugar no Funchal, com encenação de Élvio Camacho, que também integrou o elenco, com o TEF (Companhia de Teatro do Funchal). O espectáculo teve perto de noventa representações e foi visto por quase dez mil espectadores. Na impossibilidade de festejar em cena a primeira década de vida teatral, com esta nova peça, “Lianor e a boneca chinesa” – que retoma as personagens centrais da obra que a antecedeu – assinala-se o aniversário com a publicação do presente opúsculo, para cuja edição dirijo um agradecimento especial a Luísa Marques, bibliotecária da Escola Superior de Teatro e Cinema.

Armando Nascimento Rosa uma linha metodológica cujas flexíveis baias, apostas aos pequenos acontecimentos, às "pequenas histórias" ou aos seus traços memorialísticos, não impeçam o objectivo central perseguido: dar visibilidade, (. . .), a mais um terreno abandonado, o do ensino do teatro português do século XIX, habitado por mulheres e homens cuja glória, quando a houve, foi arrumada nos rodapés dos jornais, da História da Literatura ou nos de uma História do Teatro em Portugal cujos contornos e cânones urge reconfigurar. Parafraseando longinquamente Giorgio Agamben, que por sua vez recorda Michel Foucault, pretendemos observar factos de um passado caído na obscuridade a fim

Günter Grass

de que esse passado e esses factos (ou a sombra, o traço, as marcas deles) nos permitam continuar a abordar – ou pelo menos a indagar melhor – as realidades com que nos debatemos no presente, no caso específico, as dificuldades do ensino profissional do teatro e, simultaneamente, as perplexidades suscitadas pelas "profissões", ainda sem reconhecimento institucional ou laboral, de criador ou de artista de teatro.

O presente estudo sobre a Escola de Teatro constrói, em termos exploratórios (visando apelar a uma futura e urgente história conjunta das escolas do antigo Conservatório de Lisboa), uma panorâmica da vida editada pela Escola Superior de Teatro e Cinema, nas Sebentas, da Colecção Tradução e Dramaturgia. daquela escola que, neste primeiro volume, se baliza, metodologicamente, (entre) 1834 (. . .) e 1901. No volume a publicar a seguir, também no âmbito do Projecto "História da Escola de Teatro do Conservatório" do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIA C/Universidade do Algarve/Escola Superior de Teatro e Cinema), será estudado o período seguinte, que estabelecemos entre 1901 e 1971, ano este marcado pelo fim do consulado de Ivo Cruz e pela emergência do Plano de Reforma do Ensino, coordenado por Maria Madalena Perdigão, a pedido do então Ministro da Educação, José da Veiga Simão (pp. 11-14)

COM TRADUÇÃO de Eugénia Vasques, “A Dez minutos de Buffalo”, é mais uma obra

O dramaturgo e escritor alemão Günther Grass nasceu, como dizem os dicionários, em 1927, na Polónia e fez estudos de pintura, escultura e literatura (o que é relevante para o estudo da sua dramaturgia). Em 1999 recebeu o Prémio Nobel da Literatura. Animador de um importante movimento de escritores, o Grupo 47, tem escrito peças e romances.

De ideais políticos de esquerda, Günter Grass participou de forma ativa na vida pública de seu país e provocou polémica em torno de sua produção, renovou a literatura alemã do pós-guerra com textos irónicos satirizando a atmosfera do milagre económico da reconstrução pós-nazista.

As suas peças iniciais, breves, ostentam títulos, traduzidos pela professora Eugénia Vasques: Inundação (1956), A Dez Minutos de Buffalo (1959), A Crua

(1960), Os Maus Cozinheiros (1961), Tio, Tio (1965), entre outras. Nestas peças, Grass delineia uma das características maiores da sua primeira dramaturgia, ou seja, a máscara da falsa “inocência” (naiveté) que visa acentuar a monstruosidade do período nazi e os seus efeitos perversos na sociedade alemã contemporânea.

A peça curta Noch zehn Minuten bis Buffalo/A Dez Minutos de Buffalo é classificada, significativamente, pelo seu autor, como “Jogo Cénico em Um Acto”.

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