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Ronda das Escolas Histórias de Sucesso

Esta experiência de ensino é algo que Pedro Carneiro considera fascinante, mais para si do que para os alunos. “Há sempre algo de inesperado porque são momentos que não são planeados”, diz.

Fruto da sua visão dinâmica da música, criou um micro site do departamento de percussão da ESML, pelo qual alguns dos seus alunos são responsáveis. Positivo por natureza, o professor quer cuidar “do astral” dos seus alunos, fazendo com que se sintam à vontade e tenham uma opinião válida, mas sempre de mãos dadas com a responsabilidade de “cultivar a excelência”. Atribui à escola de música do Instituto Politécnico de Lisboa a obrigação de ser “a escola de referência nacional no ensino da música”, por isso faz por contribuir.

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Em Portugal o ensino da música está a formar excelentes instrumentistas, afirma o solista. Há uma procura pela percussão que diz ter aumentado, drasticamente, nos últimos 10 anos. Talvez por ter um lado divertido (dá como exemplo bater com as tampas do lixo), a percussão é muito ligada a uma espontaneidade emocional. Paradoxalmente é vista no nosso país como um instrumento pouco nobre. Neste campo, Pedro Carneiro e outros colegas têm tentado levar alguma nobreza à área. Diz ser quase como que “uma evangelização das instituições musicais” mostrar que a percussão pode ser um meio de comunicação tão eficaz como outras formas de expressão artística. “Somos missionários quase tentando converter os céticos”, diz rindo.

Ao contrário do que muitos dizem sobre o seu trabalho, Pedro Carneiro não acredita na genialidade. Na sua opinião tudo tem a ver com a paixão com que enfrenta o trabalho que desenvolve. Amar a música faz com que goste de passar esta paixão às pessoas com quem trabalha. Vê num concerto a celebração de todo este processo de trabalho. Processo esse que é feito de pessoas, sendo para tal essencial que todos sintam estar a usar o seu tempo de forma criativa.

A música é para o percussionista uma forma de estimular a concentração e a audição. Estas são ferramentas essenciais para desenvolver uma sociedade melhor. Considera por isso importante, do ponto de vista prático, a educação musical nas escolas e nos jovens. Num momento em que se fala de crise, a música pode ajudar do ponto de vista da eficácia. “Ajudando a formar um jovem cidadão que ouve melhor, no sentido de compreender melhor a mensagem (…) a própria natureza analítica da música ajuda a ter uma melhor perceção do mundo que nos rodeia”, conclui.

Por outro lado a crise, segundo o solista, não se sente no ensino da música. A procura de jovens pelo ensino da música tem vindo a aumentar, sendo necessário agilizar o mercado musical para a sua empregabilidade, reforça.

O trabalho como marimbista é reconhecido nacional e internacionalmente pelos críticos. Os prémios sucedem-se. Já foi mesmo distinguido pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, em 2004. Dele se diz ser um intérprete de exceção e um “instrumentista de génio”.

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