Monografia TFG: CAAUP - Centro de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana de Campinas

C.A.A.U.P

CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

CENTRO UNIVERSITÁRIO NOSSA SENHORA DO PATROCÍNIO - CEUNSP Faculdade de Engenharia, Arquitetura e Urbanismo Curso de Arquitetura e Urbanismo

PAULO HENRIQUE SOUSA DA ROSA

CAAUP - CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

SALTO / SP 2019

PAULO HENRIQUE SOUSA DA ROSA

CAAUP - CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Trabalho de Final de Graduação apresentado ao Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio, como requisito para obtenção do título de graduação em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadores: Profª. Arq. Me. Renata Segalla, Profº. Arq. Esp. Fernando Guedes e Prof.º Arq. Esp. Mateus Lucca Arruda SALTO / SP 2019

DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a meus avós Oswaldo Baltazar de Souza e Maria Aparecida de Souza Baltazar, que

indiretamente

durante

todo

meu

crescimento

influenciaram em minha visão de mundo, especialmente em relação ao cuidado e atenção com tudo que me cerca, possibilitando que eu compreendesse a conexão intrínseca entre ser humano e natureza. Agradeço pelos momentos de reflexão à beira da represa ou enquanto colhíamos frutas no pomar. A simplicidade da vida vocês trouxeram do campo e espero poder continuar levando estes ensinamentos a mais e mais pessoas através da Arquitetura.

AGRADECIMENTOS Aos meus pais, pela paciência, compreensão e carinho durante este longo caminho rumo à graduação.

Sem o suporte e incentivo de vocês, nada disso seria possível. À equipe mais animada e dedicada que eu poderia fazer parte, Augusto, Daniel, Debora, Igor, Laiza e Pamela, pelo companheirismo, amizade e ótimo trabalho. À Bruna, por todo o suporte, atenção e amor diários para comigo nestes últimos cinco anos de caminhada. Tenho muita sorte por ter encontrado cada um de vocês.

Agradeço a todos meus amigos, amigas e familiares que souberam me esperar. Com vocês ao meu lado, sigo forte e sem medo de errar.

Créditos: Emma Santos

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIA - Área de Influência Aeroportuária APP - Área de Preservação Permanente APTA - Agência Paulistana de Tecnologia dos Agronegócios CA - Coeficiente de Aproveitamento CAAUP - Centro de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana de Campinas CATI - Coodenadoria de Assistência Técnica Integral DER - Departamento de Estradas e Rodagem EMEI - Escola Municipal de Ensino Infantil EMPLASA - Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano ETEC - Escola Técnica Estadual FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INFRAERO - Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária ONG - Organização Não Governamental ONU - Organização das Nações Unidas RMC - Região Metropolitana de Campinas USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos SIDRA - Sistema IBGE de Recuperação Automática VDM - Volume Diário Médio por rodovia

Créditos: Williams Sonoma

RESUMO O tema objeto deste trabalho aborda a Agricultura Urbana como um sistema sustentável de produção, processamento e distribuição de alimentos, sendo inicialmente discutido o histórico do cultivo dos alimentos, bem como os incitadores por trás de seu desenvolvimento ao longo da história. O trabalho trata das problemáticas que envolvem a Agricultura tradicional no mundo contemporâneo, quanto à gestão de resíduos, desmatamento e efeitos diretos ao ecossistema. Diante disso, serão apresentadas as dinâmicas do sistema agropecuário brasileiro, que opera em alta desde 2006, bem como as políticas de desenvolvimento sustentável nacionais, que buscam um novo olhar a respeito dos métodos alternativos de produção de alimentos no meio urbano e peri-urbano. Serão abordados também, índices e legislações vigentes do município de Campinas – SP que têm contribuído para a formulação de cadeias de ensino e conscientização da população. Pode-se assim, aproximar a discussão a respeito do tema “Cidades Resilientes” como método de intervenção e prevenção no ecossistema urbano. Deste modo, poderão ser vistos os preceitos da Agricultura Urbana Agroecológica, que busca o desenvolvimento sustentável por meio da ocupação de vazios improdutivos e marginalizados, gerando renda, saúde e maior dignidade para a população carente da cidade.

PALAVRAS-CHAVE: Campinas, Agricultura Urbana, Agroecologia, Paisagem, Cooperativas

Sustentabilidade,

LISTA DE FIGURAS Figura 01: Gráfico de áreas dos estabelecimentos agropecuários em Hectares x1000 .......................................................................................................... 20 Figura 02: Infográfico Comparativo do desmatamento no Brasil ........... 21 Figura 03: Gráfico de Evolução dos indicadores na população - peso .... ............................................................................................................................................ 22 Figura 04: Guia Como construir cidades mais resilientes ......................... 24 Figura 05: Gráfico de produtividade agrícola por área plantada em Campinas/SP .............................................................................................................. 27 Figura 06: Gráfico da área média plantada por tipo de plantação em Campinas/SP .............................................................................................................. 27 Figura 07: Logotipo do CAAUP .............................................................................31 Figura 08: Mapa da China .....................................................................................34 Figura 09: Imagem de satélite - Nanshan ........................................................34 Figura 10: Visão aérea do lote ...............................................................................34 Figura 11: Aula prática de plantio ..........................................................................34 Figura 12: Evento no local ........................................................................................35 Figura 13: Canteiros Variados ...............................................................................35 Figura 14: Preparação dos canteiros .................................................................35 Figura 15: Implantação e corte - diferenciais técnicos ................................36 Figura 16: Lago de irrigação ..................................................................................37 Figura 17: Sistema de Sprinklers .........................................................................37 Figura 18: sessão fotográfica de casamento ..................................................37 Figura 19: Mapa da Áustria ....................................................................................38 Figura 20: Imagem de satélite ...............................................................................38 Figura 21: Fachada Lateral .....................................................................................38 Figura 22: Telhado verde .........................................................................................39 Figura 23: Entrada principal ....................................................................................39 Figura 24: Visão panorâmica da cobertura ....................................................39 Figura 25: Detalhe das vigas do picadeiro .....................................................40 Figura 26: construção da estrutura ....................................................................40 Figura 27: Detalhe pilares em V ...........................................................................40 Figura 28: Detalhe estrutural ...................................................................................41 Figura 29: Implantação e corte - diagrama estrutural e diferenciais técnicos..................................................................................................................................... 41

Figura 30: Implantação - Setorização e acessos ..........................................42 Figura 31: Pátio interno .............................................................................................42 Figura 32: Pátio interno - visão aérea ...............................................................42 Figura 33: Picadeiro visto do pátio .....................................................................42 Figura 34: Mapa do Vietnã ....................................................................................44 Figura 35: Imagem de satélite ...............................................................................44 Figura 36: Cobertura verde e passeio ...............................................................44 Figura 37: Aula de cultivo de hortaliças .............................................................44 Figura 38: Alunos brincando em um dos pátios ............................................45 Figura 39: Foto aérea ...............................................................................................45 Figura 40: Arquibancada .........................................................................................45 Figura 41: Planta baixa térreo e corte - diferenciais técnicos ..........................46 Figura 42: Plantas baixas térreo e segundo pavimento - implantação e acessos ..........................................................................................................................47 Figura 43: Imagem de satélite da área ..............................................................52 Figura 44: mapa de limite da aglomeração urbana de Jundiaí ................52 Figura 45: Plantação de hortaliças .....................................................................52 Figura 46: Laboratório de Informática ...............................................................53 Figura 47: Alunos em aula ......................................................................................53 Figura 48: Área externa salas ..............................................................................53 Figura 49: Refeitório principal .................................................................................53 Figura 50: Viveiro ........................................................................................................54 Figura 51: Estufas de Hidroponia ..........................................................................54 Figura 52: Sistema de hidroponia ........................................................................54 Figura 53: Silo para armazenamento dos grãos ..........................................55 Figura 54: Bezerros no pasto ...............................................................................55 Figura 55: Espaço para ordenha ........................................................................55 Figura 56: Implantação - Setorização esquemática ....................................56 Figura 57: Mapa da Aglomeração Urbana de Piracicaba ...........................58 Figura 58: Imagem de satélite da área ..............................................................58 Figura 59: Canteiros de hortaliças .......................................................................58 Figura 60: Cantina ......................................................................................................59 Figura 61: Bloco de salas de aula ........................................................................59 Figura 62: Panorâmica dos alojamentos ..........................................................59

Figura 63: Horta orgânica .......................................................................................60 Figura 64: Sistema de hidroponia ........................................................................60 Figura 65: Plantação de bananeiras ..................................................................60 Figura 66: Galinheiro ..................................................................................................61 Figura 67: Silo para estoque de sementes ......................................................61 Figura 68: Espaço para suínos ..............................................................................61 Figura 69: Implantação - Setorização esquemática ....................................62 Figura 70: Imagem de satélite da área ..............................................................64 Figura 71: Horta orgânica e aquaponia .............................................................64 Figura 72: Venda de mudas ..................................................................................64 Figura 73: Entrada do Caféla ................................................................................65 Figura 74: Rampa de entrada acessível ...........................................................65 Figura 75: Aula de yoga ..........................................................................................65 Figura 76: Pranchas base de isopor ..................................................................66 Figura 77: Sistema de Aquaponia .......................................................................66 Figura 78: Sementeiras de Isopor e mudas ...................................................66 Figura 79: Canteiro da horta orgânica ...............................................................66 Figura 80: Hortaliças no sistema de aquaponia ............................................67 Figura 81: Tanque de peixes ..................................................................................67 Figura 82: Caixa d’água como tanque ..............................................................67 Figura 83: Tonel de assoreamento .....................................................................67 Figura 84: Caixa de filtragem em argila expandida ......................................67 Figura 85: Implantação - Setorização esquemática ....................................65 Figura 86: Mapa da Região Metropolitanda de Campinas ..........................72 Figura 87: Mapa de Zoneamentos e Acessos Macrozona 7 .......................73 Figura 88: Rua do Jardim Itaguaçu I ...................................................................74 Figura 89: APP Invadida no Jardim Itaguaçu I ................................................74 Figura 90: Rotas de transporte público na área de estudo .........................75 Figura 91: Mapa de gabaritos Próximos à Rod. Miguel de Campos Melhado ................................................................................................................................76 Figura 92: Comércio típico nos bairros próximos .........................................77 Figura 93: Mapa de Uso e Ocupação do Solo - Economia ...........................77 Figura 94: Mapa de Uso e Ocupação do Solo - Sociedade ..........................78 Figura 95: CEI Nave Mãe - Jardim Marisa .......................................................78

Figura 96: Imagem de satélite do Terren o e arredores, Nascentes e Curva de Ruído ............................................................................................................79 Figura 97: Comércio em ruas locais ...................................................................80 Figura 98: Pedestre na Rodovia Miguel Melhado .........................................80 Figura 99: Comércio Irregular na borda da Rodovia ...................................80 Figura 100: Assentamento Irregular e terreno ao fundo ............................80 Figura 101: Esquina do terreno - Rod. Lix da Cunha e Rod. Miguel Melhado ................................................................................................................................80 Figura 102: Moradias Irregulares no Jardim Itaguaçu I e terreno ao fundo ..............................................................................................................................................81 Figura 103: Moradia Irregular no Jardim Itaguaçu ........................................81 Figura 104: Frente do Terreno vista de rua coletora paralela à Rod. Miguel Melhado .................................................................................................................81 Figura 105: Ruas coletoras paralelas à Rod. Miguel Melhado ........................81 Figura 106: Conceito de Sistema Cíclico de Produção ...............................82 Figura 107: Organização Viária na Rodovia Eng. Miguel Melhado de Campos ........................................................................................................................ 88 Figura 108: Proposta de Regularização Fundiária no Terreno ............... 89 Figura 109: Diagrama Conceitual .........................................................................90 Figura 110: Plano de Massas ..................................................................................91 Figura 111: Tabela 01 - Programa de necessidades ....................................92 Figura 112: Tabela 02 - Programa de necessidades ................................. 93 Figura 113: Fluxos ........................................................................................................94 Figura 114: Setorização ............................................................................................95 Figura 115: Bacia de Evapotranspiração ..........................................................96 Figura 116: Bacia de Evapotranspiração ..........................................................97 Figura 117: Jardim Filtrante ......................................................................................98 Figura 118: Bacia de Evapotranspiração ..........................................................99 Figura 119: Tabela de gerção de energia - Painéis Solares ..................100 Figura 120: Diagrama Isométrico - Painéis Solares ....................................100 Figura 121: Alvenarias Padrão ..............................................................................101 Figura 122: Isométrico explodido - Estrutura padrão dos blocos ........102 Figura 123: Pilares da Cobertura ......................................................................103

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

01 ABORDAGEM SOBRE O TEMA

INTRODUÇÃO AO TEMA .......................................14 OBJETIVO .........................................................................15 OBJETIVOS GERAIS .....................................................15 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................15

ORIGEM & EVOLUÇÃO DO CULTIVO DE ALIMENTOS ...................................................................18 AGRICULTURA & INDÚSTRIA ..........................................................................................................................19 O TERRITÓRIO BRASILEIRO & A EXPLORAÇÃO AGRÁRIA .............................................................20

02

SAÚDE & SEGURANÇA ALIMENTAR .......................................................................................................22 A AGRICULTURA URBANA ...............................................................................................................................23 CIDADES RESILIENTES .....................................................................................................................................24 CAMPINAS, METRÓPOLE VERDE ...............................................................................................................25 A AGROECOLOGIA ..............................................................................................................................................28 A INFRAESTRUTURA VERDE & O ESPAÇO NÃO-URBANO ......................................................29 AS COOPERATIVAS DE TRABALHO ...................................................................................................31

ESTUDOS DE CASO

03

VALOR AGRÍCOLA ....................................................................................34 ESCOLA DE AGRICULTURA DE GÜSSING ...................................38 JARDIM DE INFÂNCIA DE CULTIVO ..........................................44 CONSIDERAÇÕES .......................................................................................48

VISITAS TÉCNICAS ETEC BENEDITO STORANI ...................................................................................................................................52

04

ETEC DR. JOSÉ COURY ........................................................................................................................................58 HORTA CRESCIMENTO LIMPO .........................................................................................................................64 CONSIDERAÇÕES ....................................................................................................................................................69

ESTUDO URBANO

CAMPINAS & REGIÃO ................................................................72 ZONEAMENTO & ACESSOS ..................................................73 TRANSPORTE COLETIVO ..............................................................75 USO & OCUPAÇÃO DO SOLO .........................................76

05

ECONOMIA

...........................................................................................77

SOCIEDADE ...........................................................................................78 TERRENO ................................................................................................79 HIDROGRAFIA .......................................................................................79 CURVA DE RUÍDO .............................................................................79

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

FOTOS DA ÁREA .............................................................................80 A CRIAÇÃO DO PROGRAMA ................................................................................................................. 86 ORGANIZAÇÃO VIÁRIA ....................................................................................................................................... 88 REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DO ENTORNO ...................................................................................... 89

Créditos: Jovana Rikalo

CONCEITO E PARTIDO ............................................................................................................................................. 90

06

PROGRAMA DE NECESSIDADES .......................................................................................................... 92 FLUXOS ............................................................................................................................................................................ 94 SETORIZAÇÃO .............................................................................................................................................................. 95 ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS .................................................................................................................... 96 SISTEMAS ESTRUTURAIS ................................................................................................................................... 101 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................... 104

“ERRADICAR A POBREZA E A FOME E ALCANÇAR SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS PRÓXIMAS DÉCADAS DEPENDAERÁ CRITICAMENTE DA AGRICULTURA FAMILIAR.” [ JOSE GRAZIANO DA SILVA - DIRETOR GERAL DA FAO ]

01

INTRODUÇÃO AO TEMA

INTRODUÇÃO AO TEMA A agricultura no Brasil passou por momentos distintos

Embora os números sejam

ao longo das décadas. Desde o início da exploração da

alarmantes, tem-se notado nas

terra no Brasil Colônia, até o desmatamento desenfreado

últimas décadas, em localidades

de viés excepcionalmente econômico dos dias atuais,

espalhadas pelo Brasil, movimentos

a agricultura tradicional baseada nas monoculturas

agrários que viabilizam técnicas

acarretou diversas problemáticas para o meio ambiente

de produção, processamento e

e para a segurança alimentar da população brasileira.

distribuição

de

sustentáveis, Estima-se que até 2050 a população brasileira

que

mais

proporcionam

segurança

alimentar

à

passe de 191 Milhões de habitantes para 233 Milhões

população e surgem como uma

de habitantes (IBGE, 2019) e segundo dados coletados,

ferramenta

cerca de 95% da população do Estado de São Paulo

atrativa para pequenos produtores

vive em áreas urbanas, enquanto apenas cerca de 5%

na esfera municipal. Como atual

se mantêm nas áreas rurais (IBGE, 2010). De acordo com

objeto de estudo, a Agricultura

Altieri (2004), a demanda pela agricultura industrial de

Urbana é uma realidade praticável,

processos acelerados na metade do século XX, elevou

se

o nível de produção a ponto de desqualificar a mão de

que se integra e interage com

obra do trabalhador rural. O constante adensamento nas

o ecossistema urbano, visando

áreas metropolitanas no interior do Estado de São Paulo

amenizar

estimula um sistema que tem se consolidado na era da

encontradas com frequência nas

globalização, onde cada vez mais as cidades dependem

cidades contemporâneas, relativas

de fatores externos para se manterem estruturadas, como

à

as longas cadeias de transporte de alimentos que exigem

saúde

enormes quantidades de insumos químicos e energéticos

(AQUINO, ASSIS, 2007).

para suas operações.

16

maior

alimentos

CAAUP

-

CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

economicamente

tratando

de

as

alimentação, e

um

processo

dificuldades

meio

geração

ambiente, de

renda

OBJETIVOS GERAIS Elaborar um projeto de Centro de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana, destinada a uma parcela da população carente de acesso à informação nutricional e a alimentos de origem vegetal - in natura ou minimamente processados - buscando abordar a educação sustentável na realidade do município de Campinas – SP, de modo a responder às especificidades de uma edificação de caráter públicoprivado (Em parceria com a prefeitura municipal, redes de comércio locais e produtores rurais).

ESPECÍFICOS - Promover de forma sustentável o aumento da qualidade multifuncional do sistema alimentar urbano.

- Estimular dinâmica social e a atividade ocupacional, viabilizadas através de uma comunidade participativa desde o meio de produção, até a venda, consumo e descarte dos alimentos.

- Incentivar os bons hábitos alimentares da população através da educação participativa; - Proporcionar um espaço de convívio saudável, seguro e democrático; - Incentivar a profissionalização, educação ambiental e a utilização de tecnologia limpa na produção de produtos orgânicos; - Incrementar a produção, a oferta e o consumo de alimentos saudáveis e agrobiodiversos.

Créditos: Pinterest.com CAPÍTULO XX

17

“QUANDO A ÚLTIMA ÁRVORE CAIR E TODOS OS RIOS ESTIVEREM ENVENENADOS, VOCÊ NÃO PODERÁ COMER DINHEIRO” [AURORA AKSNES]

02

ABORDAGEM SOBRE O TEMA

ORIGEM & EVOLUÇÃO DO CULTIVO DE ALIMENTOS 1- Agricultura, do Latim AGRICULTÙRA, composta por AGER (campo, território) e CULTÙRA (cultivo), no sentido estrito de cultivo do solo. (REZENDE; BIANCHET, 2014)

De Acordo com Mazoyer e Roudart (2010), entre dez e doze mil anos atrás, alguns indivíduos de povos caçadores-coletores desenvolveram a capacidade de semear, dando início aos primeiros sistemas de cultivo e de criação. Praticados adjuntos às moradias, que se estabeleceram em áreas próximas a rios e lagos, prosperaram a partir das terras naturalmente fertilizadas.

Assim, os grãos e frutos selvagens passaram a ser selecionados, buscando aqueles que possuíam melhores características, tais como tamanho, produtividade e sabor.

Deste modo, a Agricultura1 se desenvolveu em épocas distintas, em diversos pontos do planeta, por diferentes civilizações, com um objetivo em comum: a subsistência.

Ainda hoje a Agricultura é reconhecida como uma atividade laboral do campo, distante da realidade urbana (AQUINO; ASSIS, 2007). Entretanto, sabe-se que a produção de alimentos, tal qual o armazenamento e a distribuição dos mesmos, foram importantes fontes geradoras das cidades desde o início da civilização. Os produtos e subprodutos originários da Agricultura serviram como moeda de troca direta durante muito tempo, para só então posteriormente seguirem num padrão que passou a se distanciar das cidades – excepcionalmente a produção, com o surgimento da era da industrialização.

20

CAAUP

-

CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Créditos: Tersessenta

A AGRICULTURA NA INDÚSTRIA Mazoyer e Roudart (2010, p.381) explicam que a

discussões a respeito do desenvolvimento sustentável, da

2 - Monocultura, Sistema

revolução agrícola proporcionou imensas transformações

gestão de alimentos e os impactos diretos e indiretos no

no processo de desenvolvimento das cidades a partir

meio ambiente e na sociedade.

de exploração do solo com especialização em um só produto. (DICIO,

do século XVI. Atuando como principal fornecedora de matéria prima, a Agricultura buscou meios de se expandir

A dinâmica da produção, processamento e

para suprir as demandas das indústrias que já se

distribuição dos alimentos no Brasil, carrega uma série

consolidavam no meio urbano. Dadas as circunstâncias

de problemas provenientes da agropecuária, que passou

do crescimento acelerado dos meios de produção, os

por diversos momentos de transformação ao longo

pequenos trabalhadores rurais se viram incapazes de

das décadas. Desde o início da exploração da terra

participar desta nova realidade, por conta da grande

no Brasil Colônia, até o desmatamento desenfreado

demanda, que exigia cada vez mais espaço e tecnologia

de viés excepcionalmente econômico dos dias atuais,

agrária em períodos cada vez mais curtos.

a agricultura tradicional baseada nas monoculturas2

2019). Segundo Weid (2006, p. 6), as monoculturas também favoreceram a mecanização das operações de manejo agrícola, o que resultou na dispensa em massa dos trabalhadores rurais.

acarretou na ampliação extensiva da pecuária, a A realidade atual da agroindústria no mundo se

exploração madeireira, a infiltração de agrotóxicos no

apresenta com um teor excepcionalmente capitalista, que

solo provenientes de campos agrícolas e diversas outras

forjado ao longo do tempo, distribuiu renda e alavancou

adversidades que em resumo, representam grande parte

a economia de muitas nações em desenvolvimento. No

da situação insustentável da indústria atual para o meio

entanto, a intensa utilização de insumos químicos, como

ambiente local e mundial.

pesticidas, fungicidas e agrotóxicos tem conduzido diversas

ABORDAGEM SOBRE O TEMA

21

O TERRITÓRIO BRASILEIRO & A EXPLORAÇÃO AGRÁRIA O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),

Após a coleta de dados no Censo Agropecuário dos anos de 2006 e

desenvolve o mapeamento e o cálculo da taxa de

2017 (IBGE), no que diz respeito às áreas dos estabelecimentos agropecuários

desmatamento no país, e no período entre os anos de

no Brasil e na Grande Região Sudeste, é possível identificar no gráfico abaixo

2014 e 2018, o total acumulado foi de aproximadamente

(Figura ) um crescimento considerável na expansão agrária nos últimos 11 anos

33.959 km²/ano, o equivalente a 9 vezes a dimensão da

(2006 a 2017), onde cerca de 16,57 mil hectares de área foram designados

Região Metropolitana de Campinas ou 13% da área do

para a indústria da Agricultura e pecuária no país.

Estado de São Paulo (Figura 02). Sendo que no último ano, o resultado final computou uma taxa de estimativa de

Apesar da diminuição das áreas dos estabelecimentos agropecuários

crescimento de até 14% de desmatamento na Amazônia

nas últimas décadas, observou-se um crescimento contraditório a partir do

legal (IMPE, 2019).

ano de 2006. A crescente demanda por mais espaço de produção tem se materializado em grandes fazendas de monocultura e pastagem de gado, e Desde 1950, estima-se que o Brasil tenha sacrificado 700 mil milhas quadradas (1,23 milhão de quilômetros quadrados) de florestas em prol do desenvolvimento. E nós sabemos que a maior parte disso foi destinada à agricultura. Se todas a cidades do mundo, que ocupam apenas 3% do território, fossem capazes de produzir 10% do que consomem, isso representaria 340 mil milhas quadradas (547 mil quilômetros quadrados) de florestas – a metade do que foi devastado no Brasil. Considerando toda a população global, nós precisamos hoje de meia América do Sul apenas para alimentar pessoas que vivem nas cidades. É por esse motivo que a produção em áreas urbanas se torna uma tendência importante para o futuro. (DESPOMMIER, 2014, p. 86 apud AMARAL, 2018, p. 15)

22

CAAUP

-

CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 01: Gráfico de áreas dos estabelecimentos agropecuários em Hectares x1000 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário 200 e 2017

segundo Cunha et al. (2008, p. 294), esta expansão

chegar a cerca e 300% em algumas cidades. Além disso, as externalidades desse

da agropecuária no Brasil tem sido feita com intensivo

tipo de abastecimento são de todo modo danosas, por conta da produção de dióxido

uso de agrotóxicos, fertilizantes e corretivos, irrigação

de carbono proveniente do transporte. Sendo assim, o distanciamento do meio rural e

sem controle, pisoteio excessivo de animais e cultura em

dos meios de produção propicia o desconhecimento e subsequentemente, a falta de

grande escala, gerando a necessidade do emprego de

interesse por parte da sociedade a respeito da importância do maior representante

alta tecnologia química e pesada mecanização, o que

do setor primário da economia do país. Por consequência, hábitos insustentáveis de

pode acarretar na exploração indevida dos recursos

consumo, desperdícios e geração de resíduos tendem a aumentar consideravelmente

naturais disponíveis.

em todas as atividades humanas.

Os recursos hídricos consumidos pela produção agrícola, até 1990, não eram considerados relevantes, uma vez que apenas 2% das terras agrícolas eram servidas por irrigação; no entanto, posteriormente, o consumo aumentou de forma progressiva, chegando a representar 60% da retirada de água doce anual. (USDA e Ministério da Agricultura e Abastecimento, 2010, apud AMARAL,

TOTAL ACUMULADO DA TAXA DE DESMATAMENTO NO BRASIL DURANTE O PERÍODO DE 1 ANO (INPE, 2014 A 2018)

2018, p. 36).

De acordo com Amaral (2018, p. 29), as perdas de aproximadamente 5,6 milhões de toneladas/ano de hortaliças no âmbito nacional, advém de diversos fatores, como o transporte dos produtos, o manuseio indevido e

13%

DA ÁREA DO ESTADO DE SÃO PAULO

a deficiência gerencial e administrativa dos atacadistas.

O EQUIVALENTE A 9 REGIÕES METROPOLITANAS DE CAMPINAS

Essa perda e os custos relativos ao transporte provocam aumentos no valor de determinadas hortaliças que podem

Figura 02: Infográfico Comparativo do desmatamento no Brasil Fonte: O autor

ABORDAGEM SOBRE O TEMA

23

SAÚDE & SEGURANÇA ALIMENTAR povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores, inclusive por meio de acesso seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos, conhecimento, serviços financeiros, mercados e oportunidades de agregação de valor e de emprego não agrícola.

2.4. Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo. (Agenda 2030. ONU, 2016).

Segundo o Ministério da Saúde (2014, p. 5), as principais doenças que atualmente acometem os brasileiros passaram de agudas a crônicas. As deficiências em micronutrientes e a desnutrição crônica ainda são prevalentes

em

grupos

vulneráveis

da

população.

Curiosamente ao mesmo tempo, o sobrepeso e a obesidade aumentam em todas as faixas etárias a cada ano no país de forma significativa (Figura 03). Para Ribeiro, Bógus e Watanabe (2015), a falta de acesso à educação alimentar causa um impacto substancial na saúde da população, pois impossibilita a democratização dos ambientes menos

Deste modo, entende-se que uma maior disseminação do conhecimento a

favorecidos em infraestrutura, como no caso das pessoas

respeito dos benefícios da produção alternativa, assim como a prática de novos

que vivem às margens da sociedade em todo o território

modelos de cultivo de alimentos em integração com a cidade, possa proporcionar

brasileiro.

um aumento considerável na saúde dos habitantes, em todas as faixas etárias e classes sociais.

O documento “Agenda 2030”, elaborado durante a conferência em Paris em 2015, no qual o Brasil fez parte, apresenta 17 objetivos que visam atender as demandas do meio ambiente a respeito das mudanças climáticas, a segurança alimentar da população mundial e a promoção da agricultura sustentável. Deste modo, destaca-se: (ONU, 2017) Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. [...]

2.3. Até 2030, dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, particularmente das mulheres,

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CAAUP

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Figura 03: Gráfico de Evolução dos indicadores na população - peso Fonte: IBGE - Censo 2010

A AGRICULTURA URBANA Para Arruda (2006, p.14), Agricultura Urbana é a denominação dada à atividade de produção, processamento e distribuição de produtos agrícolas realizados em área urbana, como uma forma de abastecimento complementar ao sistema de abastecimento de produtos agrícolas, que tem sido estudada nas últimas décadas em diversas áreas do mercado, do meio ambiente e das políticas sociais.

No Brasil, há uma referência direta à Agricultura Urbana e Peri-Urbana, pelo PROJETO FOME ZERO de 2001, onde a conexão entre o abastecimento e a produção agroalimentar local é relacionada aos programas de abastecimento e programas voltados à promoção e apoio às hortas comunitárias, produzindo alimentos frescos de qualidade, gerando emprego e renda, além de permitir a garantia de acesso direto aos produtos produzidos pelas populações.

(ARRUDA, 2006).

Segundo Mougeot (2000), na agricultura urbana, os alimentos tendem a estar mais inter-relacionados no tempo e no espaço, graças à maior proximidade geográfica e ao fluxo de recursos mais rápido. Sendo assim, as economias propiciadas pela concentração geográfica prevalecem sobre as propiciadas pela escala de produção, que não costuma ser grande.

Créditos: The Vegetable Market ABORDAGEM SOBRE O TEMA

25

CIDADES RESILIENTES Resiliência, do latim RESILIENS, “ricochetear, pular de volta, elasticidade” (REZENDE; BIANCHET, 2014).

Pode ser explicada como a propriedade que alguns corpos apresentam de retornar à forma original após terem sido submetidos a uma deformação, ou de modo figurado como a capacidade de quem se adapta às intempéries, às alterações ou aos infortúnios. A aplicação do termo “Cidades Resilientes” na abordagem desta pesquisa, busca apresentar o conceito de cidades que

A mudança de paradigma no novo modelo econômico nascente considera a energia disponível finita e visa a economia circular, por meio da integração interdisciplinar no processo de produção, proporcionando a redução da perda de energia, ou seja, produtos passíveis de reciclagem que voltem à cadeia produtiva, em vez de serem descartados na natureza, assim como a geração de energia para autoconsumo. (AMARAL, 2018, p. 12).

possuem uma gestão que se preocupa em antecipar e mitigar os impactos de adversidades, em parceria com a comunidade, e através de políticas públicas que viabilizem tais atividades mitigadoras.

Nesse contexto, a Agricultura Urbana e Periurbana mostrar-se uma atividade com grande potencial mitigador, onde as relações entre a fusão do estilo de vida da população residente nas cidades e a prática originalmente dedicada ao campo, geram grande impacto para o ecossistema urbano, em termos de economia de energia, eliminação de resíduos e geração de empregos, por exemplo. Amaral (2018), explica que sendo assim, o desenho da cidade, que já foi estruturado pelo meio de transporte priorizado ao longo de seu desenvolvimento e expansão, pode ser readaptado, trazendo maior resiliência ao meio urbano e permitindo uma nova significação para os espaços, inclusive, valorizando os bairros.

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Figura 04: Guia Como construir cidades mais resilientes Fonte: ONU

Créditos: What About Watermelon

CAMPINAS, METRÓPOLE VERDE A agricultura urbana tem sido notada presente em vários municípios brasileiros.

Muitas vezes em iniciativas individuais e isoladas, não descritas na literatura, ficando assim sem o devido registro. Verificase que nos últimos anos o assunto tem circulado nas rodas políticas e científicas e começam a surgir projetos e relatos sobre sua prática nos municípios brasileiros.

(NOLASCO, 2004, p. 79, apud ARRUDA

Após a coleta de dados da população residente, por situação

2006, p. 7).

através das legislações municipais. Utilizando o Plano Diretor de

de domicílio, observa-se que em Campinas, cerca de 98,3% da população vive em áreas urbanas - pouco mais de 1 milhão de habitantes, restando apenas 1,7% de residentes na área rural do município. (Censo 2010/IBGE).

Segundo Arruda (2006), Campinas possui a intenção de trazer à agenda política do município o tema de agricultura urbana, Campinas revisado em 2018, que apresenta o instrumento básico

De acordo com Arruda (2006, p. 7), em alguns

da política de desenvolvimento e da expansão urbana do município,

municípios brasileiros, leis e programas sobre agricultura

é possível encontrar diretrizes a respeito deste tema. Dentre as

urbana e peri-urbana já foram aprovados ou estão

diretrizes da política de desenvolvimento econômico do município,

circulando pelas câmaras municipais. Como por exemplo:

neste estudo destacam-se aquelas presentes nos artigos 3º e 4º

Sete Lagoas-MG, e Governador Valadares-MG, São

do Capítulo III:

Paulo - SP e Campinas - SP, município de estudo desta pesquisa.

As pesquisas apontam que a maioria da população paulista reside em zonas urbanas (95,9% do total de habitantes do Estado), sendo Campinas uma metrópole no interior de São Paulo, localizada a 96 km da capital, onde atualmente vivem 1,08 milhões de habitantes, em uma área de 794,571 km². A densidade demográfica registrada pelo Censo 2010 foi de 1.359,60 hab./km².

Art. 3º São objetivos gerais da política urbana do município de Campinas: I – tornar a cidade mais saudável, acessível, inovadora e inclusiva; [...]

IV - promover a inclusão social, reduzindo os fatores que contribuem para as desigualdades e a segregação socioespacial da população; [...]

Art. 4º São diretrizes gerais da política urbana do município de Campinas: [...]

XIV - estabelecimento de parcerias entre os setores público, privado e organizações da sociedade civil em projetos de interesse comum, especialmente os

ABORDAGEM SOBRE O TEMA

27

CAMPINAS, METRÓPOLE VERDE relacionados à infraestrutura urbana e aos serviços públicos; [...]

XIX - estímulo à agricultura urbana, em especial nas áreas de maior vulnerabilidade social, com incentivos fiscais e capacitação do produtor agrícola; [...] (PREFEITURA DE CAMPINAS, 2018).

Como observado nas diretrizes, é claro o interesse municipal pela existência de parcerias entre os setores público, privado e organizações da sociedade civil.

Segundo Amaral (2018), propõe-se que os pequenos empresários dos setores de produção e distribuição firmem parcerias para obterem maior rendimento em um menor custo de operação, enquanto os setores públicos e organizações da sociedade civil incentivem o consumo de alimentos frescos em escolas públicas, por exemplo.

Sendo a etapa dos resíduos a última, sabe-se com certeza que o impacto na coleta de lixo e cooperativas de tratamento de recicláveis é positivo, pelo aproveitamento dos resíduos orgânicos como insumos e nutrientes na própria produção da CAAUP. Entretanto, ao analisar os dados (IPEADATA, 2014) referentes à produção agrícola no município de Campinas entre os anos de 1999 e 2009 (Figura 05), é possível observar uma queda brusca nos índices de produtividade a partir do ano de 2007. Um dos fatores agravantes

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neste contexto, diz respeito à fragilidade das plantações baseadas na monocultura em relação às mudanças climáticas severas, cada vez mais recorrentes. Milho, cana-de-açúcar, café, feijão, uva, e soja são as principais culturas no município, no que se diz respeito ao valor de produção e área plantada (Figura 06) e consequentemente, as que mais sofrem durante os períodos de seca e baixa colheita. Deste modo, pode-se compreender o direcionamento das políticas agrárias no município, que como a maioria as localidades no Brasil, opta pela grande escala de produção, exigindo muito do solo e do meio ambiente. Fato este que tende a diminuir com o passar dos anos, através de políticas públicas que buscam se alinhar com o proposto no documento já citado Agenda 2030.

Diante deste cenário, a Agricultura em âmbito municipal (intraurbano e peri-urbano) para Weid (2004), viabiliza a produção em pequena escala em regime de administração de bairro, tanto em sistemas individuais como em explorações associativas – como no caso de Fazendas Urbanas, quanto a utilização dos espaços ociosos disponíveis na cidade para maior produção durante todo o ano. “Parte do alimento necessário para o abastecimento da cidade pode gerar rentabilidade e oportunidade de emprego, com maximização da utilização do espaço e a diversificação de uso, criando-se núcleos policêntricos de abastecimento alimentar.“ (AMARAL, 2018, p. 32).

Créditos: Pinterest.com

Figura 05: Gráfico de produtividade agrícola por área plantada em Campina/SP Fonte: IPEADATA

Figura 06: Gráfico da área média plantada por tipo de plantação em Campinas/SP Fonte: IPEADATA ABORDAGEM SOBRE O TEMA

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A AGROECOLOGIA 3 - Agroecologia – do Latim (Agro) AGER, “campo”, mais o Grego (Ecologia) OIKOS, “casa, habitação”.

Segundo Weid (2004, p. 6), o enfoque na agroecologia3 propicia o aumento da produção e dos rendimentos sem que seja necessário o emprego dos insumos e equipamentos dos sistemas da revolução Verde4. Pelo contrário, são práticas que vêm se constituindo com base na valorização dos recursos locais, em particular da grande diversidade

4 - Revolução Verde foi uma variante da revolução agrícola contemporânea, baseada numa ampla utilização de fertilizantes químicos, de produtos de tratamento e, eventualmente, em um eficaz controle da água de irrigação e da drenagem.

(MAZOYER, ROUNDART, 2010, p. 28).

de espécies de plantas cultivadas e melhoradas pelos agricultores familiares. Gandra (2015 apud AMARAL, 2018, p. 43) explica que os atributos ambientais baseados na Agroecologia apresentam grandes vantagens, como a eliminação do uso de agrotóxicos; a redução de consumo de água potável; a redução da produção de CO2 - pois não é necessária a queimada de terrenos para liberação de áreas produtivas; a aproximação do produtor com o consumidor, gerando, como consequência a redução da produção de CO2 relativa no transporte para distribuição; a redução de custos do produtor com distribuição e transporte; e a redução de perda da produção ocorrida no pós-colheita, atualmente representada por 30% da produção. [...] fica evidente que um dos primeiros resultados dos programas de promoção da agroecologia é o aumento e a diversificação do consumo familiar de alimentos a partir da produção própria. Longe de representar uma volta ao passado, o autoabastecimento tem efeitos significativos na qualidade da alimentação da família, já que os produtos comprados, cada vez mais industrializados, são um dos fatores de queda da qualidade nutricional da dieta. Com os projetos da agroecologia as famílias passam a se alimentar mais e melhor e a gastar menos com compras de alimentos. (WEID, 2004, p. 7)

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Créditos: Pinterest.com

INFRAESTRUTURA VERDE & ESPAÇO NÃO-URBANO A partir de um ponto de vista mais técnico, é possível delimitar parâmetros baseados na agroecologia

Através da Legislação do município de Campinas,

e no conceito de cidades verdes, onde uma política mais

é possível destacar a necessidade de abordar a ecologia

atuante e participativa seria capaz de criar normas a

como uma diretriz de política de desenvolvimento

respeito de regiões híbridas, onde atividades urbanas e

econômico, onde destacam-se aquelas presentes no

agrícolas dominam de forma conjunta.

artigo 3º do Capítulo III:

De acordo com Queiroz, Queiroga e Merlin (2015, p. 118), é necessário uma reflexão sobre o território urbano da atualidade, buscando estabelecer hipóteses de possíveis cenários futuros, onde a multifuncionalidade e a multiplicidade de usos em um espaço ocioso entre o campo e a cidade podem contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento e a preservação do ecossistema local.

Tendo isso em vista, abre-se a oportunidade de

Art. 3º São objetivos gerais da política urbana do município de Campinas: [...]

III - proteger, conservar e preservar os recursos ambientais municipais, a fim de promover um meio ambiente ecologicamente equilibrado e a sadia qualidade de vida, objetivando uma cidade sustentável para as presentes e futuras gerações; [...] (PREFEITURA DE CAMPINAS 2018).

discutir o conceito de Infraestrutura Verde como parte de

Buscando alcançar tais objetivos, é imprescindível

um plano maior, em territórios potencialmente agregadores

que se contemple aspectos como a abrangência em

de um novo tipo de infraestrutura. Pellegrino (2000, apud

propriedades públicas e privadas, o envolvimento de áreas

QUEIROZ, QUEIROGA e MERLIN, 2015, p. 120) destaca

urbanas, rurais e agrícolas, a paisagem e o ambiente

a Infraestrutura Verde como um modelo que exerce

pertencentes à dimensão e o interesse públicos, e um

diversas funções em um espaço, como a proteção da

controle flexível do território, não deixando de garantir a

diversidade de espécies, o auxílio no manejo das águas

fruição pública em um ambiente mais adequado para

pluviais, a contribuição para a melhoria do microclima e a

a participação da população. (QUEIROZ, QUEIROGA e

redução de problemas de saúde pública.

MERLIN, 2015, p.125).

ABORDAGEM SOBRE O TEMA

31

INFRAESTRUTURA VERDE & ESPAÇO NÃO-URBANO Segundo Ferrão (2007, p. 105), Bem como a Infraestrutura Verde, o conceito de espaço

a multifuncionalidade já citada, tem sido

não-urbano visa apresentar a ideia da diferenciação entre o

objeto de interesse de autores de diversas

que é conhecido como espaço urbano - ou perímetro urbano

áreas do conhecimento, e a arquitetura

e espaço rural (neste caso, não há equivalente tratamento ao

rural, bem como o turismo rural têm

espaço rural, como um “perímetro rural”), e o que há entre esses

se

dois extremos.

complexos dentro deste contexto. Para

caracterizado

como

fenômenos

Almeida (1999 apud FERRÃO, 2007, p.

Para Ferrão (2007, p. 90-91), o espaço não-urbano existe

105), a ampliação da noção do meio

justamente nas áreas de transição entre o perímetro urbano

rural para além das atividades produtivas

e a zona rural, constituindo um espaço que não pertence à

tradicionais, inclui-se os serviços.

cidade e nem ao campo. Visto como uma ideia prejudicial para o desenvolvimento de ambos os lados, caso seja ignorado.

A possibilidade de conectar o

Por se tratar de um “espaço que sobra”, o também conhecido

urbano e o rural, nos mais variados

como “espaço nu” desvirtua o sentido de ordenação territorial

aspectos,

e desvaloriza tanto a paisagem natural, quanto o patrimônio

proposta inusitada, mas que possui

agrícola.

bons

se

argumentos

transforma no

que

numa se

diz

respeito ao desenvolvimento humano “A caracterização tradicional que se tem do ambiente rural leva a uma ideia equivocada de que todo ambiente rural é sinônimo de “espaço não-urbano”, o que nem sempre é verdade. É possível encontrarmos atividades rurais dentro da cidade como atividades urbanas fora do perímetro urbano. Da mesma forma, o termo rural não deve necessariamente ser entendido como sinônimo de agrário, pois existem atividades essencialmente agrícolas dentro das cidades.” (FERRÃO, 2007).

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mais

sustentável.

Sendo

necessário

uma abordagem multidisciplinar e que necessita de apoio das esferas públicas e privadas e da sociedade como um todo.

AS COOPERATIVAS DE TRABALHO Segundo Branco e Alcântara (2011), o

Deste modo, propõe-se a criação de

cultivo de hortaliças contribuiu para aumentar o bem-

um espaço democrático, denominado “Centro

estar da população desde o final do século passado. No

de Apoio à Agricultura Urbana e Periurbana”

entanto, diversas dificuldades foram relatadas, sendo as

que possibilite a integração de uma população

mais importantes a falta de organização social e a falta

desprovida de recursos básicos para subsistência,

de acesso a assistência técnica, capital, terra e água.

que não possuí acesso à educação alimentar

Diante deste cenário, as cooperativas de trabalho em

e aos conceitos de sustentabilidade e que

parceria com a prefeitura municipal e com a população

busca oportunidades para geração de renda e

do entorno da implementação do projeto, prospectam

autonomia no âmbito familiar. As dinâmicas da

boas perspectivas, por se tratar de uma tipologia de

produção para o autoconsumo e para o comércio

empreendimento

da

local possibilitam a desobstrução da complexa

colaboração de todos os beneficiários, sejam eles,

rede de mercado de alimentos, que prejudica o

públicos ou privados.

desenvolvimento sustentável da cidade.

que

necessita

explicitamente

Segundo a LEI Nº 12.690, DE 19 DE JULHO DE 2012, que dispõe sobre a organização e o funcionamento das Cooperativas de Trabalho: Art. 2º. Considera-se Cooperativa de Trabalho a sociedade constituída por trabalhadores para o exercício de suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum, autonomia e autogestão para obterem melhor qualificação, renda, situação socioeconômica e condições gerais de trabalho. (BRASIL, 2012).

Figura 07: Logotipo do CAAUP Fonte: O Autor

ABORDAGEM SOBRE O TEMA

33

“VOCÊ DEVE SER O EXEMPLO DA MUDANÇA QUE DESEJA VER NO MUNDO” [MAHATMA GANDHI]

03

ESTUDOS DE CASO

VALOR AGRÍCOLA Figuras 08 e 09: Mapa da China; Imagem de satélite - Nanshan Fontes: www.chinamaps.com; Google Earth modificado pelo Autor

- ARQUITETO: THOMAS CHUNG - EQUIPE: GARY LAW, BILL SO, SAM WONG - LOCALIZAÇÃO: SHEKOU, NANSHAN, SHENZHEN, CHINA. - ANO: 2013 - ÁREA: 8120,00 m² - FOTOS: VALUE FARM A fazenda valor agrícola está localizada na Antiga Fábrica de Vidros de Shekou em Shenzhen, um lugar que está passando por uma transformação radical. O mercado atacadista tem expandido e se consolidado na cidade, gerando a necessidade de obtenção de espaços para o cultivo e venda de grãos. Deste modo, observa-se que a região de Graham Street, de mais de 170 anos, do distrito Central, possui uma especificidade de gabarito, sendo mais baixo que todo seu entorno e surge como uma potencialidade para esse novo tipo de uso.

Um local antes sem nenhum uso (por se tratar de um terreno abandonado após a demolição da fábrica) passa a ser um ponto de encontro da comunidade através da agricultura e, mais importante, pode servir como um banco de provas para futuras propagações de um conjunto performativo de arquitetura de evento agrícola participativo e urbano.

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Figura 10: Visão aérea do lote Fonte: Value Farm

Figura 11: Aula prática de plantio Fonte: Value Farm

CONCEITO

PARTIDO os

- O conceito é então transplantado para um local aberto de 2.100

moradores da cidade com a natureza e a experiência terapêutica de

m² em escala total dentro das instalações da fábrica como “campo

cultivar plantações. Utilizar da agricultura urbana como uma fonte de

de teste”.

alimentos mais sustentável, segura e acessível, possibilitando apontar

- As caixas de tijolo são abstraídas e comprimidas, onde as diferentes

uma mudança de estilo de vida e de entendimento sobre o consumo

alturas permitem diferentes profundidades do solo para diferentes

de alimento dos usuários. A revalorização da terra até então obsoleta,

culturas vegetais.

é também parte do conceito do projeto, sendo demonstrado através

- São construídos pavilhões sem cobertura como parte da

da produção de verde, comida, olfato e paladar de uma forma

composição visual.

inusitada.

- Os núcleos de escadas originais da fábrica são convertidos em

Na

concepção

do

projeto,

buscou-se

reconectar

plataformas de tijolos e pavilhões abertos para acomodar atividades futuras.

Figura 12: Evento no local Fonte: Value Farm

Figura 13: Canteiros Variados Fonte: Value Farm

Figura 14: Preparação dos canteiros Fonte: Value Farm

ESTUDOS DE CASO

37

DIFERENCIAIS TÉCNICOS

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Figura 15: Implantação e corte - diferenciais técnicos Fonte: Value Farm - modificado pelo Autor

SETORIZAÇÃO & ACESSOS Um lago que coleta a fonte de água natural subterrânea do local possuí um sistema de sprinklers integrado, onde é realizada a irrigação de todos os canteiros (Figuras 16 e 17).

Há uma sala de projeção que expõe conteúdos audiovisuais relacionados ao cultivo e à agricultura urbana.

Os pavilhões, construídos todos em tijolo, se distinguem em meio aos canteiros e proporcionam espaços para instalações e exposições durante os eventos, que ocorrem na grande praça seca em frente a lagoa de irrigação. As plataformas funcionam como palcos tanto para observação da paisagem, quanto para utilização em apresentações durante os eventos.

A implantação funciona como uma grande praça, que convida o visitante a explorar os caminhos por entre as plantações, assim como observar por entre os vãos dos pavilhões a paisagem verde que se forma, dentro da cidade.

Grandes eventos, como Festivais de Semeadura, Degustação e Mercado, são organizados para fomentar o intercâmbio entre países, grupos comunitários, profissionais e visitantes, reconectando os moradores da cidade com a natureza a partir de um oásis verde.

Figuras 16, 17 e 18: Lago de irrigação; Sistema de Sprinklers; sessão fotográfica de casamento.

Fonte: Value Farm

39

ESCOLA DE AGRICULTURA DE GÜSSING - ARQUITETOS: PICHLER & TRAUPMANN

Deste modo, a cidade passou

ARCHITEKTEN ZT GMBH.

por uma grande transformação ao

- LOCALIZAÇÃO: GÜSSING, AUSTRIA.

longo dos anos, utilizando a energia

- ANO DO PROJETO: 2013

renovável como linha guia para o

- ANO DA CONSTRUÇÃO: 2015

seu crescimento e edifícios foram

- ÁREA ÚTIL: 3.096,93 m²

adaptados para uso da energia

- ÁREA TOTAL: 4.404,78 m²

no aquecimento/resfriamento por

- FOTOS: Paul Ott

exemplo. Alguns edifícios - como a Escola Agrícola de Güssing, não atenderam o padrão de tecnologia

A Escola de Agricultura está situada na cidade austríaca de Güssing, ao sul de Burgenland.

Esta foi

a primeira comunidade na União Europeia a produzir

40

e foram reconstruídos.

Inicialmente,

houve

uma

toda a sua demanda de energia a partir dos recursos

proposta

de

renováveis da própria região. Entretanto, no fim da

complexo

já

década de 80, Güssing foi uma das regiões mais pobres

foi rejeitada, já que não seria

da Áustria principalmente por conta de sua localização

possível fornecer as instalações

desfavorecida, e foi a partir da agricultura local do milho,

necessárias para administrar a

óleo de girassol e madeira que a comunidade pode se

escola de maneira a atender às

desenvolver. Logo no início da década de 90, surgiu a

demandas contemporâneas. Além

proposta de reformulação do sistema de distribuição de

disso, durante o curso do trabalho

energia local, sendo totalmente produzida na região a

de projeto, foi revelado que as

partir de fontes renováveis - como o biogás, gerando

dimensões do complexo implicam

inclusive subprodutos como a biomassa, que foi um fator

uma escala totalmente diferente que

importante para ampliação de propostas na mesma

tornaria

direção.

uma integração bem-sucedida de

adaptação existente,

praticamente

porém

impossível

partes do complexo existente.

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do

Figuras 19 e 20: Mapa da Áustria; Imagem de satélite Fonte: www.mapsofworld.com; Google Earth Modificado pelo Autor.

Figura 21: Fachada Lateral Fonte: Paul Ott

CONCEITO

PARTIDO

A proposta conceitual está intimamente relacionada

A disposição dos estábulos em torno de um pátio central garante rotas

com o seu entorno, onde a paisagem do campo deve se

curtas de todos os pontos da escola e possibilita uma visão clara de todos

manter o máximo possível intacta. A integração visual do

os ambientes. Deste modo, a equipe e os alunos conseguem exercer suas

edifício com o ambiente ao seu redor busca uniformidade

atividades com maior eficiência e velocidade.

e movimento, ao mesmo tempo que possibilita acolher

A proposta do telhado com cobertura verde permite maior controle de

seus usuários - tanto humanos, quanto animais. Por se

temperatura nos ambientes. Com beirais no perímetro de todo o complexo,

tratar de um complexo que abrigará espaços de atividades

a circulação fornece proteção contra o clima e sombreamento tanto para as

especialmente manuais e de constante movimentação,

áreas de uso específico dos animais, quanto para a ala de ensino. Outro fator

busca-se também um espaço de visão panorâmica, com

importante na concepção do projeto foi utilização de materiais locais para a

conforto térmico e funcionalidade.

execução do projeto, gerando menor impacto ambiental.

Figura 22: Telhado verde Fonte: Paul Ott

Figura 23: Entrada principal Fonte: Paul Ott

Figura 24: Visão panorâmica da cobertura Fonte: Paul Ott

ESTUDOS DE CASO

41

ESTRUTURA & DIFERENCIAIS TÉCNICOS A estrutura foi pensada de modo a manter a leveza e possibilitar grandes vãos, sendo assim, os principais materiais utilizados no projeto foram a madeira, concreto e aço.

Em todas as áreas de atividade com animais do complexo foram implementadas vigas paralelas que se apoiam em pilares de madeira, fixos em uma base de concreto por meio de placas de apoio e ancoragem em aço. Na área externa de determinados ambientes, as vigas se apoiam em pilares em forma de V, se tornando o símbolo gráfico do complexo (Figura 27).

Tirantes de aço foram utilizados para melhor estabilidade da estrutura na cobertura, que é composta por placas de OSB sobre vigas secundárias, afim de distribuir o peso do telhado verde por toda a extensão.

Diferente das alas de prática, a ala de ensino foi projetada para ser fechada. No entanto foram utilizadas as mesma técnicas de construção em madeira para alcançar o resultado proposto. As janelas existentes são altas por conta do conforto térmico necessário nos ambientes de estudo, evitando que a insolação constante prejudique os usuários do espaço.

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Figuras 25 e 26: Detalhe das vigas do picadeiro; construção da estrutura.

Fontes: Paul Ott; LFS Guessing RWDplus

Figura 27: Detalhe pilares em V. Fonte: Paul Ott

DIAGRAMA ESTRUTURAL A malha estrutural de cada ambiente segue um padrão único,

Cada um dos anexos abriga uma atividade diferente, de

porém coerente. Se tratando de uma estrutura de madeira, espera-se

acordo com os animais ali abrigados. suínos, caprinos, equinos e

que o paralelismo seja aplicado em todo o complexo. A conexão dos

bovinos possuem espaços tanto cobertos como descobertos para

ambientes também é feita a partir da cobertura, trazendo uniformidade

abrigo, treinamento, coleta de insumos e pastagem. Ao norte da

na concepção estrutural, mesmo se tratando de anexos distintos.

edificação, foi implantada uma cisterna capaz de armazenar águas pluviais providas do telhado verde, sendo utilizadas posteriormente para as atividades da escola.

Figura 28: Detalhe estrutural Fonte: Paul Ott

Figura 29: Implantação e corte - diagrama estrutural e diferenciais técnicos Fonte: PXT.AT - Modificado pelo Autor

ESTUDOS DE CASO

43

SETORIZAÇÃO & ACESSOS Dentre

as

diversas

especificidades que englobam um projeto deste tipo, pode-se observar que a funcionalidade de fluxos e atividades é um dos principais eixos para o desenvolvimento da escola, pois há uma lógica interessante na distribuição dos espaços. Na implantação é possível observar com mais clareza a disposição dos ambientes e a função de ligação dos mesmos a partir do´pátio central, bem como a separação das áreas de habitação animal e treinamento prático dos alunos, das áreas teóricas, social, serviço e armazenamento de alimentos.

Figura 30: Implantação - Setorização e acessos Fonte: PXT.AT - Modificado pelo Autor

44

Figura 31: Pátio interno.

Fonte: Paul Ott

Figura 32: Pátio interno - visão aérea Fonte: Paul Ott

Figura 33: Picadeiro visto do pátio Fonte: Paul Ott

JARDIM DE INFÂNCIA DE CULTIVO

Figuras 34 e 35: Mapa do Vietnã; Imagem de satélite Fontes: www.researchgate.nte - modificado pelo Autor; Google Earth

- ARQUITETOS: VO TRONG NGHIA ARCHITECTS - LOCALIZAÇÃO: BIÊN HÒA, DONG NAI, VIETNÃ -

ARQUITETOS

RESPONSÁVEIS:

VO

TRONG

NGHIA, TAKASHI NIWA, MASAAKI IWAMOTO - EQUIPE : TRAN THI HANG, KUNIKO ONISHI - ÁREA: 3800.0 M² - ANO DO PROJETO: 2013 - FOTOGRAFIAS: GREMSY, HIROYUKI OKI O Jardim de Infância de Cultivo está situado na cidade Vietnamita de Biên Hoà, sendo o Vietnã um país que historicamente tem como base de sua economia a agricultura. No entanto, o desenvolvimento industrial fomentado pela economia da manufatura, está implicando em grandes mudanças no país, inclusive ao meio ambiente local. Tem sido registrado um

aumento das secas,

inundações e salinização no território, o que compromete diretamente o abastecimento de alimentos nas cidades.

Além disso, a urbanização acelerada acaba por privar crianças vietnamitas de terras e playgrounds verdes, de atividades ao ar livre e o contato direto com a natureza.

A proposta deste projeto é justamente contornar estas questões. Implantado próximo à uma fábrica de sapatos, onde centenas de pais passam o dia fora de casa, o jardim de infância consegue abrigar até 500 crianças, filhos destes trabalhadores.

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Figura 36: Cobertura verde e passeio Fonte: Gramsy, Hiroyuki Oki

Figura 37: Aula de cultivo de hortaliças Fonte: Gramsy, Hiroyuki Oki

CONCEITO A concepção do projeto busca implantar um

PARTIDO O

edifício

foi

concebido

como

um

grande

ambiente saudável de convívio e ensino para crianças

playground a céu aberto, com boa parte do terreno

de menor faixa etária que dificilmente terão contato

dedicado à áreas permeáveis. Sua forma se sobressai,

com a natureza no dia-a-dia. Sendo assim, a intenção

com anéis que parecem se ligar, unindo térreo e primeiro

é que possam existir áreas verdes de recreação onde

pavimento, formando o que pode se chamar de trilha sem

as crianças consigam desenvolver atividades e passar

fim, estimulando atividades de caminhada e movimento

o tempo, ao mesmo tempo que se faz necessário um

às crianças em diferentes espaços. A cobertura verde

ambiente seguro e que de certa forma possua autonomia

é contínua e segue o formato orgânico da edificação,

mesmo estando situado dentro de uma cidade em pleno

fornecendo alimentos e a vivência da agricultura às

desenvolvimento.

crianças.

Figura 40: Arquibancada Fonte: Gramsy, Hiroyuki Oki

Figura 38: Alunos brincando em um dos pátios Fonte: Gramsy, Hiroyuki Oki

Figura 39: Foto aérea Fonte: votrongnghia.com

ESTUDOS DE CASO

47

DIFERENCIAIS TÉCNICOS O edifício é composto de uma faixa contínua com duas janelas nas suas laterais que maximizam a ventilação cruzada e a iluminação natural.

Além

coberturas

disso,

vegetalizadas

existem para

isolamento térmico, fachadas verdes de sombreamento e aquecimento de água solar. Essas estratégias são projetados para serem visíveis e têm um papel importante na educação das crianças em relação à

sustentabilidade.

As

águas

utilizadas na Fábrica são recicladas e reutilizadas para irrigação dos jardins e descargas de banheiros.

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Figura 41: Planta baixa térreo e corte - diferenciais técnicos Fonte: votrongnghia.com - modificado pelo Autor

SETORIZAÇÃO & ACESSOS

Para minimizar o impacto ambiental na construção, foram aplicados métodos de construção de baixa tecnologia e se fez necessária a combinação de materiais locais, como os tijolos e telhas. Deste modo o custo de construção diminuiu consideravelmente. A circulação entre os ambientes externos é fluída e generosa, enquanto os ambientes internos se acomodam seguindo a forma diferenciada da edificação. Todas as funções estão acomodadas sob a cobertura. À medida que a cobertura se inclina para o pátio, dá acesso ao pavimento superior e aos jardins de vegetais da cobertura - o local onde as crianças aprendem a importância da agricultura e restabelecem a conexão com a natureza.

Figura 42: Plantas baixas térreo e segundo pavimento - implantação e acessos Fonte: votrongnghia.com - modificado pelo Autor

49

CONSIDERAÇÕES Em busca de bons exemplos que se conectassem de algum modo com a proposta desta pesquisa, foram definidos ao menos três critérios para selecionar os projetos que se adequavam na proposta: a busca por conexão ou reconexão da população com a paisagem natural por meio da Arquitetura e a possibilidade de utilização de um espaço ocioso como ponto de encontro para eventos e atividades agrícolas, como na Fazenda Valor Agrícola em Shenzen - China; fluxo e funcionalidade coerentes com um programa de necessidades extenso e a utilização de materiais e técnicas construtivas que respeitassem o meio ambiente local, como na Escola de Agricultura de Güssing; e a proposta de uma reflexão sobre como a Arquitetura é essencial no processo de desenvolvimento sustentável, bem como seu papel social influencia na construção de um ambiente de ensino mais democrático e seguro para seus usuários, visto através no jardim de Infância de Cultivo, em Biên Hoà - Vietnã.

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Créditos: Pinterest.com CAAUP

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“A ARQUITETURA SÓ É CONSIDERADA COMPLETA COM A INTERVENÇÃO DO SER HUMANO QUE A EXPERIMENTA” [TADAO ANDO ]

04

VISITAS TÉCNICAS

ETEC BENEDITO STORANI

Figuras 43 e 44: Imagem de satélite da área; mapa de limite da aglomeração urbana de Jundiaí.

Fontes: Google Earth; EMPLASA - Modificado pelo Autor

A Escola Técnica Estadual Benedito Storani foi concebida no ano de 1959 e atualmente se encontra vinculada ao Centro Paula Souza e à Secretaria de Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo do Estado de São Paulo. Está Localizada no município de Jundiaí - SP, ao lado do Aeroporto Estadual Comandante Rolim Adolfo Amaro, e considera-se de fácil acesso pela Rodovia dos Bandeirantes SP-348.

Originalmente uma fazenda de café, a Escola busca desde a década de 90 preservar os patrimônios contidos dentro de sua área, como as casas de uma colônia

Com o apoio do coordena-

de trabalhadores braçais que viviam ali, bem como as

dor do curso técnico de agropecu-

tradições e histórias do entorno e da cidade de Jundiaí.

ária João Paulo Lopes, pôde-se re-

Ela Possuí uma área total que ultrapassa 450 Hectares

alizar uma visita guiada por todo o

(4,5 Km²), sendo pelo menos mais da metade atribuída à

perímetro escolar, desde as áreas

Áreas de Preservação Ambiental.

de ensino teórico - salas de aula e laboratórios, até as áreas de aulas

A Escola oferece 14 cursos gratuitos, sendo 5 de-

práticas, como os variados campos

les integrados com o ensino médio (técnico em cozinha,

de cultivo de hortaliças, plantações

técnico em alimentos, técnico em nutrição dietética, téc-

semi-perenes, perenes e anuais, os

nico em química e técnico em agropecuária). Observa-se

locais de armazenamento e técni-

que por diversos fatores, como localização, dinâmica es-

cas de distribuição da água para

pacial e demanda estadual, o curso técnico em agrope-

irrigação, e as matrizes de ensino

cuária se destaca em meio aos demais, sendo o objeto

zootecnológico.

de estudo da visita técnica.

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Figura 45: Plantação de hortaliças Fonte: O Autor

AULAS TEÓRICAS Os alunos residentes do alojamento da ETEC recebem todo o necessário para permanecer na escola,

área de Engenharia Agrícola, onde estão ligadas as disciplinas de: Levantamento Topográfico, Instalações Rurais e Mecanização;

incluindo alimentação no café da manhã, almoço e jantar.

A Área de Gestão, que engloba as disciplinas que compreendem o Quanto à infraestrutura, possui Laboratório de In-

processo de administração rural, cooperativismo e associativismo, além da

formática, Sala de Audiovisual, Biblioteca, Estação Hidro-

ética profissional. O sistema de alojamento propicia aos alunos uma maior

meteorológica, Laboratório de Nutrição, Anfiteatro, Refei-

imersão na prática da agricultura e pecuária, por estarem em contato com

tório e Alojamento, além de dispor de acomodações para 108 pessoas, que podem ser utilizadas para eventos diversos, cujos recursos são revertidos para a Cooperativa-Escola.

O ensino é realizando em 4 grandes frentes: Área de zootecnia, que compreende toda disciplina ligada às criações e o manejo e tratos fitossanitários com os animais do colégio;

Figura 46: Laboratório de Informática Fonte: O Autor

Figura 47: Alunos em aula Fonte: Tiago Cardoso

Área de Agricultura, que compreende matérias como Microbiologia e Botânica, Viveiricultura e Cultivo Protegido, Nutrição Vegetal, Práticas em Culturas Anuais, Praticas em Forrageiras e Pastagens, Práticas em Culturas Perenes, Paisagismo e Silvicultura, Proteção de Plantas, Fitossanidade, entre outras;

Figura 48: Área externa salas Fonte: Tiago Cardoso

Figura 49: Refeitório principal VISITAS TÉCNICAS Fonte: Tiago Cardoso

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AULAS PRÁTICAS | PLANTIO & COOPERATIVA o dia-a-dia da fazenda.

A área de prática da agricultura é composta por

de germinação e cuidados com as plantas (Figura 50).

uma horta, uma área para grandes culturas (anuais) e

A escola conta com a tecnologia

área de culturas perenes (uva e café). Observa-se que o

de hidroponia, que consiste em um sis-

foco não é na produtividade, e sim no aprendizado, deste

tema de cultivo de plantas caracterizado

modo, os alunos passam boa parte do período escolar

por não precisar de solo em sua produ-

desenvolvendo suas habilidades adquiridas em sala. As

ção. As raízes das plantas ficam dentro

aulas práticas funcionam a partir do manejo das culturas,

da água e soluções fertilizantes (orgâ-

desde a semeadura até a colheita.

nicas ou não) são adicionadas à água

Figura 50: Viveiro Fonte: O Autor

para alimentar as plantas dentro de um

PROJETO VALE VERDE

ciclo fechado, que economiza consideravelmente o consumo de água e energia

Em uma iniciativa desenvolvida pela prefeitura mu-

no processo, além de acelerar o proces-

nicipal de Jundiaí, em parceria com o Centro Paula Sou-

so de crescimento da cultura plantada

za e através da Etec, buscou-se uma área para plantio

(Figuras 51 e 52).

orgânico, isto é, sem o auxílio de pesticidas, herbicidas ou agregados sintéticos, onde hortaliças e leguminosas to-

O armazenamento e abasteci-

talizam cerca de 14 mil metros quadrados de plantação,

mento de água para este setor é realiza-

para abastecimento das Unidades de Ensino do Municí-

do a partir de um pequeno lago próximo

pio, em especial as creches e escolas de ensino funda-

à área de plantio, e por um sistema de

mental.

bombeamento, no entanto, como a hi-

Figura 51: Estufas de Hidroponia Fonte: O Autor

droponia se caracteriza pelo baixo con-

56

As aulas práticas em agricultura englobam uma

sumo de água, parte do abastecimento

grande área territorial, com pelo menos 3 estufas para

vai direto para as áreas de plantação no

produção de frutas, vegetais e hortaliças específicas,

solo, onde estão designadas as culturas

bem como um viveiro, onde são ensinadas as técnicas

anuais como o milho e o girassol.

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Figura 52: Sistema de hidroponia Fonte: O Autor

AULAS PRÁTICAS | ANIMAIS & COOPERATIVA As aulas práticas com animais são tão importantes

A área de Suinocultura, próxima à bovinocultura, no momento da

quanto as com vegetais para o desenvolvimento das habilida-

visita estava desativada, sem nenhum animal, devendo passar por re-

des dos alunos e contam com diversos setores agropecuários,

forma futuramente por não se adequar aos parâmetros que configuram

tais como: bovinocultura, suinocultura, avicultura, piscicultura,

um espaço saudável para os animais que serão criados ali. A área de

apicultura e caprinocultura.

Caprinocultura se localiza próximo à entrada da escola e conta com um pequeno pasto cercado e espaço coberto para proteção dos animais à

A área de bovinocultura está localizada do outro lado

intempéries. A área de Apicultura (criação de abelhas) está localizada em

da avenida Antônio Pincinato, e conta com um amplo pasto

uma área mais isolada do complexo por questão de segurança e o mel

para alimentação, dotado de cerca eletrificada em todo seu

coletado é vendido através da cooperativa escolar para arrecadação de

perímetro, um grande plantel para ordenha mecânica e auto-

fundos.

matizada juntamente com o curral (Figura 55) , uma sala com tanque de expansão para armazenamento do leite coletado e um espaço para os silos que armazenam o alimento dos animais para utilização no período de seca.

Figura 53: Silo para armazenamento dos grãos Fonte: O Autor

Figura 54: Bezerros no pasto Fonte: O Autor

Figura 55: Espaço para ordenha VISITAS TÉCNICAS Fonte: O Autor

57

PLANTA ESQUEMÁTICA DE SETORIZAÇÃO & ACESSOS A Sede de ensino, juntamente com a administração da escola

Ao sul do terreno se localizam as área prática de plantio em terra

estão localizadas na parcela norte do terreno, próximo à entrada

e aquaponia, juntamente com uma área de ensino. Do lado Oposto da

principal. Nesta área também se encontram o alojamento, o auditório,

Rodovia dos Bandeirantes SP-348, encontram-se as áreas de prática

e uma área para culturas anuais de café e uva.

com animais, em especial bovinos e suínos e áreas de pastagem.

LEGENDA AULAS PRÁTICAS | PLANTIO E COOPERATIVA AULAS PRÁTICAS | ANIMAIS E COOPERATIVA AULAS TEÓRICAS HABITAÇÃO | ALOJAMENTOS ABASTECIMENTO DE ÁGUA ACESSOS PRINCIPAIS

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Figura 56: Implantação - Setorização esquemática Fonte: Google Earth - Modificado pelo Autor

ETEC DR. JOSÉ COURY

Figuras 57 e 58: Mapa da Aglomeração Urbana de Piracicaba; Imagem de satélite da área.

Fonte: EMPLASA; Google Earth - Modificado pelo Autor

A Escola Técnica Estadual Dr. José Coury está

Desvalorizada por conta de sua lo-

localizada no município de Rio das Pedras - SP, aproxi-

calização suburbana, por problemas de

madamente a 90 Km de distância do município de Cam-

administração no final dos anos 90 e iní-

pinas. Atualmente está vinculada ao Centro Paula Souza

cio dos anos 2000, e por um quadro de

e das 35 Etecs do Estado, é a terceira menor possuindo

funcionários diminuto em comparação às

uma área de 24,2 hectares (242 mil m²).

atividades no complexo, a Etec Dr. José Coury tem buscado alternativas para su-

Atuando desde 1971, a Escola conta com ensino

perar os estigmas negativos e proporcio-

médio integrado para os cursos de Técnico em Agrope-

nar maior qualidade de vida tanto para os

cuária e Técnico em Administração, chegando a possuir

alunos, quanto para os habitantes de Rio

uma média de 2 candidatos por vaga no processo se-

das Pedras. Propostas como campanhas

letivo. Atualmente encontram-se matriculados 209 alu-

de castração e doação de animais de rua,

nos (matutino, integral e noturno) e 63 deles vivem nos

têm surgido efeitos positivos no município,

alojamentos da escola. A taxa de evasão tem caído nos

e através do cooperativismo e trabalho vo-

últimos anos e passou de 30% para 20%.

luntário dos próprios alunos, obtém-se uma fonte de renda extra para a escola, o que

No município de Rio das Pedras há um agravante

possibilita uma gama maior de recursos e

por ser reconhecido com uma população que possui

incentivos para o desenvolvimento do am-

pouca conscientização ambiental, pois é visível o acú-

biente escolar e do município.

mulo de lixo nas ruas da cidade e o grande número de animais de rua em circulação. A Escola se encontra

A escola agrícola apresenta um pa-

próxima ao Núcleo Habitacional Nosso Teto, um Bairro

pel social muito interessante no que diz res-

em desenvolvimento com população majoritária de baixa

peito a inserção de jovens fragilizados na

renda, e tem passado por problemas de território, per-

sociedade, muitos inclusive moram em zona

dendo áreas por conta de invasões de terra.

de risco, suscetíveis a criminalização e drogas.

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Figura 59: Canteiros de hortaliças Fonte: O Autor

HABITAÇÃO E ENSINO Parte dos alunos – especialmente os que vêm de

de vigilância e vigilantes 24 horas por dia. Cada bloco de alojamento possuí

cidades mais distantes, como Indaiatuba, Limeira, Laranja

quatro apartamentos com cozinha, sala, banheiro e um quarto para 4 pesso-

Paulista e Elias Fausto, preferem se manter nos aloja-

as, totalizando 96 vagas (Figura 62).

mentos da escola, somando 63 residentes. Poucos alojados na escola ficam aos finais de semana, exceto casos

Mais à frente, se localiza o bloco administrativo, com salas dos profes-

onde a família não possuí tantos recursos e se torna mais

sores, apoio, laboratório de química e um auditório. O bloco de salas de aula

viável a estadia no aluno por 3 meses sem retorno para

possuí uma coordenação, sala de informática e 6 salas de aula. Apesar de se

casa. A escola oferece até 9 refeições durante a sema-

tratar de uma pequena parcela dos alunos, os que vivem no município de Rio

na e 4 refeições aos finais de semana para os internos,

Claro costumam voltar à Escola aos finais de semana para contribuir de forma

em um refeitório que comporta 250 pessoas, ao lado do

voluntária com os tratos diários dos animais.

Refeitório, estão localizados os laboratórios de produção animal e vegetal.

Os Antigos Blocos de alojamento passaram por reforma e possuem novos usos, como sala de jogos e academia de musculação. Os três blocos mais próximos à administração são femininos e os outros três masculinos, possuindo sistema de monitoramento por câmeras Figura 60: Cantina Fonte: O Autor

Figura 62: Panorâmica dos alojamentos Fonte: O Autor

Figura 61: Bloco de salas de aula Fonte: O Autor

VISITAS TÉCNICAS

61

AULAS PRÁTICAS | PLANTIO & COOPERATIVA Há um setor de produção vegetal com viveiro de mudas e um sistema de hidroponia sendo implantado na escola, bem como uma horta totalmente orgânica (Figura 63), que funciona com base em compostos naturais para adubação vindas dos dejetos animais, sob uma camada de palha que propicia melhores condições de umidade e reduz a temperatura do solo para a semeadura das hortaliças e vegetais. São realizados também, experimentos de novas técnicas de agricultura, como a “horta mandala”, onde se criam galinhas no centro de um plantio de hortaliças que são adubadas e protegidas pelo esterco criado pelas aves.

Figura 63: Horta orgânica Fonte: O Autor

Como nova possível fonte de renda, foi implementado o cultivo de variedades de banana (Figura 65) em uma área próxima aos alojamentos, que após a colheita, poderão ser comercializadas através de feiras estudantis juntamente com a cooperativa. Estas feiras ocorrem aos sábados, a cada 3 meses e além das frutas, são comercializadas hortaliças, vegetais, tubérculos, e derivados a partir da produção de compotas, doces e especiarias.

Como parte importante da disciplina de cooperativismo, os alunos têm a oportunidade de viver o dia-a-dia da escola, trabalhando para o mesmo objetivo, participando das semeaduras, da manutenção das hortas, colheitas, processamento dos alimentos e a comercialização dos mesmos.

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Figura 64: Sistema de hidroponia Fonte: O Autor

Figura 65: Plantação de bananeiras Fonte: O Autor

AULAS PRÁTICAS | ANIMAIS & COOPERATIVA O sistema de ensino do Centro Paula Souza priori-

renda da cooperativa escolar. (Figura 66)

za setores compactos para criação de animais, voltados apenas para a prática dos alunos, portanto nenhum ani-

A bovinocultura, localizada próxima à entrada da escola, atualmente conta com 26 vacas, uma estrutura pequena para ordenha e um novo es-

mal é criado para produção de carne.

paço para inseminação artificial, onde são ministrados cursos gratuitos em A Suinocultura é o ponto forte da escola, onde

temporadas para produtores rurais e para os alunos. Por conta desta iniciativa

existe um sistema de separação dos resíduos sólidos e

que estimula o desenvolvimento local, a escola tem sido reconhecida pela po-

líquidos, que são utilizados para adubação como biofer-

pulação de Rio das Pedras como um local de constante aprendizado.

tilizantes após a diminuição da carga de patógenos num período de 5 meses de digestão aeróbica. A avicultura

A Etec busca também estimular parcerias com setores públicos como

proporciona a produção e venda de ovos, sendo tam-

a Casa da Agricultura, o CATI (Coordenadoria de assistência Técnica Integral)

bém a comercialização dos animais uma das fontes de

e o APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios).

Figura 66: Galinheiro Fonte: O Autor

Figura 67: Silo para estoque de sementes Fonte: O Autor

Figura 68: Espaço para suínos VISITAS TÉCNICAS Fonte: O Autor

63

PLANTA ESQUEMÁTICA DE SETORIZAÇÃO & ACESSOS A Entrada da Escola está localizada na Avenida Prefeito Nicolau Marino, já fora do perímetro urbano do município de Rio das Pedras.

Os Blocos de Ensino teórico, administração e de habitação encontram-se próximos à entrada, enquanto os blocos de apoio e lazer,

Projetada para ser compacta, a escola apresenta os espaços

como quadra poliesportiva, garagem de maquinário e refeitório se lo-

bem setorizados, evitando possíveis perdas de área para pastagem e

calizam na parte posterior. As áreas de prática com animais estão

plantação, por serem atividades que mais exigem mais espaço.

distribuídas estrategicamente em torno do perímetro do terreno.

LEGENDA ACESSOS PRINCIPAIS APOIO / LAZER HABITAÇÃO | ALOJAMENTOS AULAS TEÓRICAS E ADM AULAS PRÁTICAS | PLANTIO E COOPERATIVA AULAS PRÁTICAS | ANIMAIS E COOPERATIVA

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Figura 69: Implantação - Setorização esquemática Fonte: Google Earth - Modificado pelo Autor

HORTA CRESCIMENTO LIMPO

Figura 70: Imagem de satélite da área Fonte: Google Earth Figura 71: Horta orgânica e aquaponia Fonte: O Autor

A Horta Crescimento Limpo está localizada no bairro Brasil, no Município de Itu, em frente à rua Bahia e é um espaço projetado para a criação de vínculo dos moradores do bairro com as pessoas acolhidas em situação de rua.

Os fundadores observaram que muitas das pessoas que viviam em situação de rua na cidade de Itu, passavam por casas de acolhimento, voltavam para a rua e consequentemente para os vícios. Com o apoio da Igreja de Cristo, conseguiram dar início a ONG e juntaram fundos para conseguir uma casa e para oferecer apoio às pessoas que estão livres de álcool e drogas e dispostas a um recomeço, mas que não têm para onde ir.

O projeto teve início em 2015, quando os fundadores da ONG Crescimento Limpo viram a necessidade de expandir as fronteiras do acolhimento para pessoas em situações de rua, proporcionando um local que fosse possível a inserção delas de volta na sociedade. A horta foi uma forma de possibilitar essa interação e é um serviço que todos podem exercer, além de desenvolver as habilidades e a auto estima do trabalhador. Esse trabalho em conjunto tem ajudado a identificar as pessoas que realmente querem desenvolver um novo estilo de vida e

66

incentivar que essas aspirações se tornem realidade.

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Figura 72: Venda de mudas Fonte: Caféla

ESPAÇO CAFÉLA O terreno funciona como a casa de acolhimento, através de um contrato de comodato, onde os donos cedem o terreno para a utilização da horta sem custo, não sendo necessário pagamento de aluguel, apenas despesas e manutenção. Todos que entram na horta por meio da ONG, no primeiro mês passam por um serviço voluntário, assim o vínculo pode se desenvolver, ao mesmo tempo que se ensina uma nova habilidade para os trabalhadores. Após esse período de um mês, ainda

Figura 73: Entrada do Caféla Fonte: O Autor

morando na casa de acolhimento e com mais segurança já estão aptos a buscar por serviços em outros locais se assim quiserem.

O espaço conta com um salão, cozinha, um almoxarifado e sanitários, além da horta aos fundos. Projetado para receber poucas pessoas, mas de modo que faça elas se sentirem acolhidas e confortáveis. A estrutura Principal é composta por toras de madeira, doadas por uma

Figura 74: Rampa de entrada acessível Fonte: O Autor

empresa que se comoveu com a causa, e tijolinho de barro comum. O local foi sendo construído aos poucos e está em constante adaptação e melhoramento, de acordo com o que recebe da ONG e arrecada com a venda das hortaliças nas feiras Quinzenais que são realizadas no próprio espaço. Aos finais de semana há maior movimentação e especialmente aos domingos, aulas de yoga são ministradas para interessados na prática.

Figura 75: Aula de yoga Fonte: Caféla

VISITAS TÉCNICAS

67

CAFÉLA & HORTA CRESCIMENTO LIMPO A Horta é dividida em dois setores, o orgânico e o

resolve um problema da piscicultura

aquapônico. Sendo o orgânico um pequeno espaço de

solucionando um problema da hi-

solo na lateral do terreno onde são plantadas hortaliças

droponia. Basta alimentar os peixes

como couve, rúcula, salsinha, gengibre e almeirão, o solo

(neste caso, tilápias e pacus) que o

é tratado evitando o uso de pesticidas, herbicidas ou fun-

ciclo se fecha. O excremento produ-

gicidas sintéticos, utilizando assim apenas recursos natu-

zido pelos peixes é rico em nutrientes

rais como fumo, borra de café e vinagre para tratamento

que alimentam as plantas que por

da plantação. O processo de semeadura, cuidados e

sua vez filtram a água para o peixe.

colheita é totalmente manual, necessitando de cuidado

Os dois sistemas estão fisicamente

(Figura 79)

separados e são interligados por um

Figura 78: Sementeiras de Isopor e mudas Fonte: O Autor

sistema de bombeamento que leva a

68

Já a horta de Aquaponia funciona em um siste-

água com fezes de peixe para o sis-

ma de cultivo que une a Piscicultura (cultivo de peixes)

tema hidropônico e devolve a água

e a Hidroponia (cultivos de plantas sem o uso de solo,

limpa do sistema hidropônico para o

com as raízes submersas na água). É um sistema que

tanque com os peixes.

Figura 76: Pranchas base de isopor Fonte: O Autor CAAUP - CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA

Figura 77: Sistema de Aquaponia Fonte: O Autor URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 79: Canteiro da horta orgânica Fonte: O Autor

No caso da Aquaponia desenvolvida na Horta Cres-

O sistema de irrigação utiliza de dutos flexíveis dotados de válvulas re-

cimento Limpo, adaptações foram necessárias por conta

guladoras de pressão, que distribuem de forma um a um, nos «canteiros» ele-

da verba limitada que a ONG arrecada. Deste modo, dois

vados e levemente inclinados, onde apenas as raízes das hortaliças tocam na

tanques de tilápias executados com duas caixas d’água

solução da água corrente (Figura 80). Ao final do ciclo, a água é encaminhada

de 10 mil litros, ficam localizados mais aos fundos do ter-

pela própria gravidade para outro recipiente onde é bombeada posteriormente

reno, em uma plataforma elevada - reduzindo assim a

de volta para os tanques de tilápia. Deste modo o ciclo se fecha e o consumo

potência necessária para o bombeamento da água com

de água é reduzido consideravelmente.

os resíduos. (Figura 82).

Os resíduos sólidos são enviados para um tonel onde passam por um processo de assoreamento e digestão anaeróbica, podendo ser utilizado posteriormente para adubação na horta orgânica (Figura 83).

Os resíduos líquidos passam por um processo de filtragem através de caixas com camadas de argila expandida, brita e areia, para em seguida serem bombea-

Figura 81: Tanque de peixes Fonte: O Autor

dos para o sistema de irrigação (Figura 84) Figura 83: Tonel de assoreamento Fonte: O Autor

Figura 80: Hortaliças no sistema de aquaponia Fonte: O Autor

Figura 82: Caixa d’água como tanque Fonte: O Autor

Figura 84: Caixa de filtragem em argila expandida Fonte: O Autor

69

PLANTA ESQUEMÁTICA DE SETORIZAÇÃO & ACESSOS A Horta e o Café ocupam praticamente toda a pequena qua-

Apesar do pequeno espaço e da simplicidade dos materiais

dra, com exceção de uma clínica localizada na lateral esquerda. A en-

utilizados no local, é possível observar uma setorização coerente com

trada principal encontra-se na Rua Bahia, enquanto a entrada e saída

o processo de trabalho estabelecido, através da produção e colheita,

de serviço se localiza na Rua Salvador.

preparo dos alimentos, e entrega ao cliente.

LEGENDA ACESSO DE SERVIÇO ACESSO PRINCIPAL APOIO / ÁREA TÉCNICA AQUAPONIA CAFÉ HORTA ORGÂNICA COZINHA E SANITÁRIOS

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Figura 85: Implantação - Setorização esquemática Fonte: Goole Earth - Modificado pelo Autor CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

CONSIDERAÇÕES A Multiplicidade de programas educativos na ETEC Benedito Storani, em Jundiaí, se apresenta como uma possibilidade de melhor aproveitamento de todo o perímetro da instituição, além de contribuir direta e indiretamente no setor agroindustrial, formando profissionais capacitados a exercer atividades voltadas ao campo, e oferecendo produtos de qualidade através da cooperativa escolar para toda a região.

A organização do espaço de produção - o que viabiliza uma maior diversidade de cultivos, e a constante comunicação e conscientização da escola para com a população de Rio das Pedras, faz da ETEC Dr. José Coury um ótimo exemplo de como uma boa gestão ultrapassa as barreiras que limitam o desenvolvimento sustentável.

Através da Iniciativa da ONG Crescimento Limpo, a horta e o café se tornam muito mais que um espaço de produção e venda de alimentos orgânicos. Ela contribuí de forma direta no crescimento de pessoas que mais necessitam de atenção e cuidado. A justiça social cresce e se ramifica por meio da agricultura afetiva.

Após as três visitações, foi possível compreender as dinâmicas que envolvem o processo de ensino

na agricultura e pecuária, bem

como o papel social que as instituições, sejam elas ONGs ou Escolas de Ensino Técnico podem vir a ter, em casos bem sucedidos. Bons Exemplos fazem a diferença.

VISITAS TÉCNICAS

71

“EU SOU O QUE ME CERCA. SE EU NÃO PRESERVAR O QUE ME CERCA, EU NÃO ME PRESERVO.” [ JOSÉ ORTEGA Y GASSET ]

05

ESTUDO URBANO

CAMPINAS & REGIÃO O Município está localizado na Região Metropolitana de Campinas, no Estado de São Paulo e faz divisa com outras duas Regiões Metropolitanas, a de Sorocaba e a de São Paulo. De acordo com a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (EMPLASA), a RMC foi criada em 2000 e engloba 20 municípios ao todo, sendo a segunda região metropolitana do Estado de São Paulo em população, com mais de 3,2 Milhões de habitantes.

Nos últimos anos, a região vem ocupando e consolidando importante posição econômica nos níveis estadual e nacional. Contígua à Região Metropolitana de São Paulo, a RMC comporta um parque industrial moderno, diversificado e composto por segmentos setoriais complementares. Possui uma estrutura agrícola e agroindustrial bastante significativa e desempenha atividades terciárias de expressiva especialização.

Destaca-se, ainda, pela presença de centros inovadores no campo das pesquisas científica e tecnológica [...] (EMPLASA, 2019).

A Cidade de Campinas teve sua origem na primeira metade do séc. XVIII, como um bairro rural da Vila de Jundiaí (CAMPINAS VIRTUAL, 2015). Atualmente, segundo dados do IBGE de 2016, o PIB per capita do município encontra-se próximo dos R$ 50.000,00 e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) está acima de 0,80.

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Figura 86: Mapa da Região Metropolitanda de Campinas Fonte: DIDC Campinas - Modificado pelo Autor

ZONEAMENTO & ACESSOS A Zona Sul de Campinas faz divisa com municípios de Indaiatuba e Valinhos e é cortada pelas maiores rodovias do estado, Anhanguera e Bandeirantes, além da Rodovia Santos Dumont, principal ligação com o Aeroporto, que já opera no limite. Apesar disso, o sistema viário na região urbanizada é descontínuo e escasso, resultando em bairros isolados e de difícil acesso. (CAMPINAS, 2018).

O terreno em estudo está situado em uma área de urbanização precária, mais especificamente na denominada Macrozona 7 - Área de Influência Aeroportuária (AIA), região esta que se destaca pela proximidade com o Aeroporto Internacional de Viracopos, um agente estruturador que condiciona a ocupação e as atividades ao redor.

Em um raio de 3 Km da área do terreno (Figura 87), é possível observar a variedade de zonas que englobam esta região, dentre elas: Zona de Atividade EconôFigura 87: Mapa de Zoneamentos e Acessos Macrozona 7 Fonte: Prefeitura de Campinas - Modificado pelo Autor

ESTUDO URBANO

75

ZONEAMENTO & ACESSOS mica 1 (ZAE-1), Zona de Atividade Econômica 2 (ZAE-2),

5 mil m² não estão sujeitos a qualquer

Zona Mista 1 (ZM-1), Zona Mista 2 (ZM-2) e Zona Rural

diretriz urbana. onde:

(ZR), todo o território fora do perímetro urbano. A área do terreno compreende ao menos duas destas Zonas: Zona Mista 1 ZM1) e Zona Mista 2 (Zm2), que qualificam o uso para zona residencial de baixa densidade habitacional, com mescla de usos mistos e não-residenciais de baixo e médio impacto compatíveis com o uso residencial e adequados ao sistema viário. observado que:

PARÁGRAFO 1o - Quando os terrenos estiverem na condição de glebas com área superior a 5.000,00m² (cinco mil metros quadrados), os parâmetros para taxa de ocupação, coeficientes de aproveitamento, área de construção máxima e número máximo de unidades habitacionais corresponderão a 0,6 (seis décimos) daqueles definidos para lotes. (CAMPINAS, 2018)

a) o CA min será equivalente a 0,25 ; e b) o CA max será equivalente a 1,0;

Figura 88: Rua do Jardim Itaguaçu I Fonte: Reprodução/EPTV

Dentre as diretrizes apresentadas no Plano Diretor do Município para a AIA,

A segunda, ocupa cerca de 14% da área do terreno e especifica uso para zona residencial de média densidade habitacional, com mescla de usos residencial, misto e não residencial de baixa e média incomodidade compatíveis com o uso residencial e adequados à hierarquização viária, observado que:

destacam-se a intenção do não incentivo ao adensamento e ocupação do solo, bem como a preservação e restabelecimento do ecossistema local, como nos mananciais, nascentes, Áreas de Preservação Permanente e matas. As iniciativas propostas pelo Plano para alcançar tais

a) o CA min será equivalente a 0,50 ; e b) o CA max será equivalente a 2,0;

metas, abordam soluções localizadas para problemas de saneamento e infraestrutura e o incentivo à manutenção da

Entretanto, vale ressaltar que no ARTIGO 18 da Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município de Campinas,

produção agrícola com manejo adequado. (CAMPINAS, 2018)

há uma ressalva, que pressupõe que lotes maiores que

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CAAUP

-

CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 89: APP Invadida no Jardim Itaguaçu I Fonte: Google Earth

TRANSPORTE COLETIVO

R O T A S PRINCIPAIS

R O T A S SECUNDÁRIAS

PARADAS DE ÔNIBUS

Através dos dados coletados pelo aplicativo “cittamobi” no município de campinas, foi possível identificar as principais rotas de transporte público (Ônibus e Micro-ônibus) na área de estudo, sendo as rodovias Lix da Cunha e Eng. Miguel de Campos Melhado as vias com maior fluxo

J. CAMPO BELO

e paradas.

Por se tratar de vias de grande por-

VILA PALMEIRAS

te, ônibus intermunicipais são frequentes, com rotas de campinas a Vinhedo, Campinas a Indaiatuba e principalmente rotas que levam ao Aeroporto Internacional de Viracopos (Figura 90).

As demais rotas (secundárias) apresentam melhor infraestrutura nos bairros já consolidados, como Jardim Marisa, Jardim

JARDIM ITAGUAÇU I

JARDIM MARISA

São Domingos e Vila Palmeiras, enquanto nos bairros com infraestrutura inadequada para acesso de veículos de médio porte (Fi-

TERRENO

gura 90), como Jardim Itaguaçu 1 e 2 e Jardim Campo Belo não apresentam paradas.

Figura 90: Rotas de transporte público na área de estudo Fontes Google Earth e Cittamobi

ESTUDO URBANO

77

USO & OCUPAÇÃO DO SOLO | HABITAÇÃO Cerca de 35,55% da população dos bairros inclusos na Macrozona 7 reside em sub habitações, e isso equivale a 7,6% da população que vive em assentamentos irregulares no Município de Campinas. (CENSO 2000) Desde então esta taxa vêm aumentado de forma preocupante. Sabe-se que mais de 5 mil famílias residentes nas Unidades Territoriais Básicas contidas na Macrozona 7, como nos bairros Jardim Campo Belo, Jardim Marisa, Jardim São Domingos, Jardim Fernanda e Jardins Itaguaçu 1 e 2 - não contabilizando os assentamentos irregulares contidos nas proximidades, possuem renda mensal

A FEIRA DO ROLO Na Rodovia Eng. Miguel de Campos Melhado, mais especificamente entre os bairros Jardim Campo Belo e Jardim Santa Maria II, é recorrente e cada vez mais intensificada a «feira do rolo», uma aglomeração de vendedores ambulantes que se apropriam das marginais da rodovia para vender todo tipo de produto (Figura 99), isto incluí alimentos, como frutas, verduras e hortaliças, bem como carne e derivados. Também artesanato, objetos diversos, peças de automóveis e inclusive animais vivos. Grande parte da população dos bairros no entorno participa com frequência desta feira, considerada ilegal pela prefeitura, mas que proporciona acesso a esses tipos de produtos à classe mais carente, ou até mesmo como uma forma de sustento advindo da venda de suas próprias produções.

de cerca de 1 a 2 salários mínimos. (CAMPINAS 2018)

GABARITO

No entorno do terreno, em especial nas áreas urbanizadas que possuem acesso à Rod. Eng. Miguel de Campos Melhado, observa-se uma predominância de loteamentos de gabarito baixo,

com apenas

1 pavimento. Poucos loteamentos no entorno possuem 2 ou mais pavimentos ou ain-

78

Figura 91: Mapa de gabaritos Próximos à Rod. Miguel de Campos Melhado Fonte: Google Earth - Modificado pelo Autor

LEGENDA

TERRENO

da não estão construídos.

TERRENOS NÃO CONSTRUÍDOS 1 PAVIMENTO 2+ PAVIMENTOS

ECONOMIA Após realizada a coleta de dados relacionada às áreas interessadas, foi possível analisar como os setores de produção e de venda/distribuição de alimentos se relacionam na região estudada.

Fora do perímetro urbano, fazendas de produção agrícola (em especial, as hortaliças) e pecuária (em especial, a bovinocultura), utilizam as terras como fonte de renda. Dentro do perímetro urbano, dispersos entre todos os bairros que circundam o terreno, como no Jardim Campo Belo, Jardim Marisa, Jardim São Domingos, e Jardins Itaguaçu 1 e 2, há uma infinidade de pontos de venda de alimentos, desde supermercados e hortifrútis, até mercearias e pequenos estabelecimentos irregulares.

Além destes pontos, há uma quantia considerável de restaurantes, padarias, pizzarias e lanchonetes, de pequeno, médio ou grande porte espalhados entre os bairros.

LEGENDA

Figura 92: Comércio típico nos bairros próximos Fonte: Google Earth

Figura 93: Mapa de Uso e Ocupação do Solo - Economia Fonte: Prefeitura de Campinas e Google Maps - Modificado pelo Autor

ESTUDO URBANO

79

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO | SOCIEDADE Em complemento à estes dados, foi realizado um levantamento do uso e ocupação do solo relacionado à organizações não governamentais (ONGs) e Entidades Religiosas contidas num raio de 2 Km do terreno.

Observou-se uma quantidade extremamente significativa para a pesquisa, evidenciando a importância destas entidades em regiões suburbanas e ignoradas pela administração pública, que cumprem o papel do acolhimento e pertencimento, muitas vezes sendo mantenedoras da segurança nos bairros. Foi realizado também o levantamento de uso e ocupação do solo com instituições públicas de saúde e educação do município. É possível observar equipamentos de educação de qualidade, como creches, EMEIs, e Escolas Estaduais, porém, poucos equipamentos de saúde foram encontrados.

LEGENDA

80

Figura 94: Mapa de Uso e Ocupação do Solo - Sociedade Fonte: Prefeitura de Campinas e Google Maps - Modificado pelo Autor CAAUP

-

CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 95: CEI Nave Mãe - Jardim Marisa Fonte: Google Maps

TERRENO | HIDROGRAFIA & CURVA DE RUÍDO A área em estudo está inserida na bacia

O Terreno está localizado no cruzamento entre Rodovias Engenheiro Miguel de

hidrográfica dos rios Capivari e Capivari Mirim,

Campos Melhado (SP-324) e Lix da Cunha (SP-073), possuindo acesso apenas por

sendo este último, o manancial de abastecimento

estas vias, visto que a oeste de todo lote, há assentamentos irregulares. O Terreno

dos municípios de Indaiatuba e Monte Mor,

possuí uma área aproximada de 13,18 ha (Hectares) com comprimento variável entre

possuindo córregos em zona urbana degradados

665m e 574m e uma largura média de 210m. Está sob um desnível de cerca de

pelo

25 metros, por conta das Áreas de Preservação Permanente (APPs), que possuem

lançamento

de

esgotos

e

ocupações.

naturalmente um nível mais baixo. Não há matas nem fragmentos florestais, o terreno

(CAMPINAS, 2018)

é utilizado estritamente como pasto para bovinocultura.

No bairro Jardim Itaguaçu 1, encontram-se quatro nascentes da bacia hidrográfica Capivari

LEGENDA

NASCENTES

CURVA DE RUÍDO NÍVEL 2

Mirim, contando com mais de 200 mil m² de áreas de Proteção permanente, sendo que 90% destas áreas encontram-se degradadas pelo mau uso dos habitantes, pelas invasões de território para novas habitações e também pela falta de cuidado da administração pública com questões de saneamento.

Estando localizado próximo ao Aeroporto Internacional de Viracopos, o terreno e seu entorno sofrem com o efeito da curva de ruído decorrente das aeronaves em pouso e decolagem. O lote está posicionado sob o final da curva de ruído nível 2, sendo assim, de acordo com a Empresa Brasileira de

Infraestrutura

Aeroportuária

(INFRAERO)

considerado seguro para uso e ocupação do solo.

Figura 96: Imagem de satélite do Terreo e arredores, Nascentes e Curva de Ruído Fonte: Google Earth e Prefeitura de Campinas - Modificado pelo Autor

81

FOTOS DO LOCAL

Figura 97: Comércio em ruas locais Fonte: Google Earth

Figura 98: Pedestre na Rodovia Miguel Melhado Fonte: Google Earth

Figura 100: Assentamento Irregular e terreno ao fundo Fonte: Google Earth

82

CAAUP

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CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 99: Comércio Irregular na borda da Rodovia Fonte: Google Earth

Figura 101: Esquina do terreno - Rod. Lix da Cunha e Rod. Miguel Melhado Fonte: Google Earth

FOTOS DO LOCAL

Figura 102: Moradias Irregulares no Jardim Itaguaçu I e terreno ao fundo Fonte: Google Earth

Figura 104: Frente do Terreno vista de rua coletora paralela à Rod. Miguel Melhado Fonte: Google Earth

Figura 103: Moradia Irregular no Jardim Itaguaçu Fonte: Google Earth

Figura 105: Ruas coletoras paralelas à Rod. Miguel Melhado Fonte: Google Earth

ESTUDO URBANO

83

“A ARQUITETURA É SÓ UMA. AS MÃOS QUE DESENHAM E AS MÃOS QUE CONSTROEM, SEJA, O QUE FOR, SÃO SEMPRE AS MESMAS.” [ ÀLVARO SIZA ]

06

DESENVOLVIMENTO

DO PROJETO

A CRIAÇÃO DO PROGRAMA CAAUP Campinas A CAAUP Campinas (Centro de apoio à Agricultura Urbana e Periurbana de Campinas) é um equipamento estrutu-

- Prestar assistência técnica e consultoria administrativa, jurídica, agrícola, alimentar e de gestão para produtores urbanos com foco na produção agrícola urbana agroecológica.

rado para atuar como espaço de referência na promoção e

- Promover o acesso a insumos como sementes, equipamentos

consolidação da agricultura urbana em regiões metropolitanas

agrícolas, mudas, biofertilizantes, adubos orgânicos e outros compostos.

como a do município em questão, prestando serviços gratuitos

O espaço contará com atividades gratuitas e pagas, assim como

aos agricultores urbanos, propiciando a formação de gesto-

venda de insumos e produtos beneficiados produzidos no local, viabi-

res, a assistência técnica e o fomento à implementação de

lizando uma sustentabilidade econômica para o equipamento. Todo o

empreendimentos produtivos agroecológicos.

capital gerado dentro do CAAUP Campinas será destinado ao desenvolvimento de novos programas, pagamento de funcionários e manutenção

Objetivos

do espaço. Todas as atividades econômicas desenvolvidas no CAAUP

- Propor um novo uso para parte do terreno localizado

Campinas serão pautadas pelos princípios da economia Solidária, que é

entre a rodovia Lix da Cunha e a Rodovia Miguel Melhado de

uma forma de organização que envolve todas as etapas de produção,

Campos, visando uma relação subversiva de um espaço de

priorizando a igualdade entre os envolvidos no processo e valorizando o

atividade mista urbana e rural.

ser humano em detrimento do capital.

- Explorar técnicas construtivas de baixo impacto, as-

O Sistema Cíclico de Produção (Figura 106) pode ser considerado

sim como sistemas de reaproveitamento de água e técnicas

um sistema fechado, onde as atividades envolvidas no equipamento se

de infraestrutura verde.

interligam de forma que os resíduos voltam a fazer parte da cadeia de

- Promover aos cidadãos o acesso a alimentos provin-

produção, garantindo compromisso com o meio ambiente. Deste modo,

dos da agricultura urbana e facilitar o escoamento dos produ-

O CAAUP Campinas deverá ser desenvolvido utilizando este sistema

tos através de eventos, feiras, cursos e desenvolvimento de

integrado às demais atividades contidas no programa, considerando a

programas.

segurança ambiental como pivô.

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CAAUP

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CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 106: Conceito de Sistema Cíclico de Produção Fonte: O Autor DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

87

ORGANIZAÇÃO VIÁRIA O terreno do projeto está localizado na cidade de

mente um volume de 180 veículos por hora, ou 3 veículos por minuto na Rodovia

Campinas, nas proximidades do perímetro urbano ao sul

Miguel Melhado e um volume de 17 veículos por hora, ou 3 veículos a cada 10

do município e faz divisa com o bairro Jardim Itaguaçu I.

minutos na Rodovia Lix da Cunha (DER, 2018).

Visto que os únicos acessos ao terreno se dão por rodo-

Através dos dados coletados e da visível demanda, propõe-se uma re-

vias (SP-324 e SP-073), foi necessária uma abordagem

organização viária no entorno imediato ao terreno em estudo, adequando o

inicial em relação à organização viária na localidade, pro-

trecho em destaque (Figura 107) para uma via arterial de faixa dupla, dispondo

pondo melhorias no trânsito e na malha urbana imediata.

de acostamento, faixas de serviço, ciclovia independente, passeios e faixas de

A princípio observou-se certa complexidade no sis-

pedestres elevadas priorizando a segurança e acessibilidade, além da implan-

tema viário nas proximidades do terreno. Por se tratar

tação de pontos de parada de ônibus na proximidade do terreno, garantindo o

de uma área em processo de adensamento - em sua

acesso mais democrático ao equipamento.

maioria irregular, a principal via de acesso SP-324 (Rodovia Eng. Miguel de Campos Melhado) denominada como via de trânsito rápido, moldou-se às condições locais estabelecidas principalmente pelo assentamento irregular de residências e estabelecimentos comerciais em suas margens - além da consequente e constante travessia de pedestres, comportando-se mais como uma via arterial de pequeno porte desestruturada, sem sinalização e iluminação adequados. O que por consequência gerou um alto índice de criminalidade, infrações de trânsito e acidentes envolvendo atropelamentos nos últimos anos.

(Polícia Militar Rodoviária, 2018) Por conta de tais problemáticas, de acordo com o Departamento de Estradas e Rodagem (DER), o Volume Diário Médio por rodovia (VDM) no trecho em questão vem decaindo, atualmente contanto com aproximada-

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CAAUP

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Figura 107: Organização Viária na Rodovia Eng. Miguel Melhado de Campos Fonte: O Autor

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DO ENTORNO Após o estudo do entorno, verificou-se que os loteamentos na proximidade do terreno possuem características de assentamentos irregulares, havendo inclusive invasões de terra. Foram contabilizados ao menos 195 lotes – dentre eles, 50 lotes comerciais de provável uso misto, 131 lotes residenciais ocupados e 14 lotes vazios ou desativados. Sabe-se que terreno escolhido para a elaboração do projeto possuí potencialidades no que se diz respeito à sua área ociosa. Deste modo, propõe-se a utilização de um dos instrumentos urbanísticos do Estatuto da Cidade conhecido como Concessão de uso especial para fins de moradia como parte da Regularização Fundiária local, visando legalizar a permanência dos moradores que já estão estabelecidos em áreas de propriedade pública, por pelo menos 5 anos.

Em alinhamento com tal proposta, parte do terreno em estudo passa então a fazer parte da regularização fundiária, sendo cedida uma área de aproximadamente 16.605,49 m² para construção e readequação da malha urbana e dos loteamentos, além de assegurar uma área institucional com área aproximada de 10.939,00m m² em posição estratégia para um possível equipamento público demandado pelo bairro.

Deste modo, a área efetiva do terreno em estudo atual conta 104.341,11 m², ou 10,43 hectares. (Figura 108) Figura 108: Proposta de Regularização Fundiária no Terreno Fonte: O Autor

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

89

CONCEITO Na concepção do projeto, buscou-se a revalorização de um espaço há muito tempo ocioso, que possibilitasse abrigar um equipamento de caráter multifuncional passível de integração visual com o ambiente ao seu redor, e que pudesse gerar o mínimo impacto no terreno. Sendo assim, foram considerados espaços que propiciassem uma visão panorâmica das atividades contidas no programa, se apoiando em estratégias de mitigação de impactos ambientais, bem como nas de conforto térmico aos usuários, buscando suprir a demanda de fluxos e atividades simultâneas, sem que as mesmas entrassem em conflito, visto que a produção e processamento de alimentos, além do convívio, lazer e ensino devem se integrar harmoniosamente.

Figura 109: Diagrama Conceitual Fonte: O Autor

90

CAAUP

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PARTIDO Através do conceito proposto, seguido do estudo de acessos e a definição do programa, foi possível considerar os seguines pontos como cruciais para o desenvolvimento do projeto: - Divisão e posicionamento dos blocos por atividades de cunho semi-público e privado; - Criação de praças como pontos de conexão entre blocos e passeios valorizando as curvas de nível naturais; - Acolhimento atráves do baixo gabarito e posicionamento dos blocos de modo perimetral em relação às praças; - Reconhecimento por meio do uso de mateirias e técnicas construtivas que possibilitem o monocromatismo e simplicidade plástica; - Utilização de métodos biodiversos para recuparação do espaço natural, como lagoas, bosques, pomares e a agrofloresta; e - Visualização 360º dos espaços edificados e não edificados através de aberturas em todos os blocos e mirantes.

01

02

Posicionamento dos blocos de acordo com o nível de acesso por setor. (Semi-público e privado)

05

Criação de lagos artificiais e mirante em projeção para conforto térmico e contemplação Figura 110: Plano de Massas Fonte: O Autor

03

Criação de Rasgos como átrios de conectividade

Deslocamento em blocos individuais para circulação cruzada

04

Rotação dos blocos no terreno de acordo com a orientação solar e ventos predominantes

06

Adição de cinco blocos de apoio para lazer e produção equidistantes no terreno

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

91

PROGRAMA DE NECESSIDADES O Programa foi dividido em quatro grandes grupos de acordo com o conceito de sistema cíclico de produção e a proposta educacional para o equipamento, sendo eles: I – Produção, II – Processamento e distribuição, III – Educaçãol e IV - Apoio.

BLOCOS DE PORTARIA AMBIENTE PORTARIA DE VISITANTES PORTARIA DE SERVIÇO TOTAL

COZINHA ESCOLA E RESTAURANTE POPULAR m² 81,41 81,41 162,82

MINI MERCADO AMBIENTE TRIAGEM SANITÁRIOS FUNICONÁRIOS ESTOQUE CIRCULAÇÃO MINI MERCADO DEPÓSITO DE MATERIAIS DE LIMPEZA SANITÁRIOS CLIENTES ATENDIMENTO DIRETORIA REUNIÃO ENFERMARIA ATENDIMENTO TOTAL

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CAAUP

-

m² 41,47 7,47 44,25 13,83 153,28 4,31 7,47 7,13 8,31 22,75 13,59 14,62 338,48

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AMBIENTE TRIAGEM CIRCULAÇÃO FUNCIONÁRIOS DEPÓSITO DE CAIXAS DEPÓSITO DE MATERIAIS DE LIMPEZA COPA FUNCIONÁRIOS VESTIÁRIOS E SANITÁRIOS FUNCIONÁRIOS DESPENSA 01 DESPENSA 02 ANTECÂMARA E CÂMARAS FRIAS COZINHA (PREPARO, COCÇÃO, SOBREMESA E DISTRIBUIÇÃO) PREPARO MARMITA BILHETERIA HIGIENIZAÇÃO ESTOQUE EQUIPAMENTOS LIXO SALA NUTRICIONISTA SALA DE CULINÁRIA SANITÁRIOS CLIENTES SALÃO RESTAURANTE TOTAL

m² 45,56 33,56 11,88 8,61 11,58 72,29 23,16 11,58 35,36 120,11 5,64 5,34 14,72 7,72 10,97 11,28 40,97 68,60 521,31 1060,24

Figura 111: Tabela 01 - Programa de necessidades Fonte: O Autor

BLOCO EDUCACIONAL

BLOCO DE PISCICULTURA

AMBIENTE SALA DOS PROFESSORES SECRETARIA ATENDIMENTO CIRCULAÇÃO / EXPOSIÇÃO COPA / CAFÉ ALMOXARIFADO LIXO SANITÁRIOS INFORMÁTICA BIBLIOTECA / ÁREA DE ESTUDO SALA DE AULA

m² 19,69 11,81 24,88 89,96 45,64 2,60 5,64 47,21 37,41 69,38 36,25

SALA MULTIUSO PARA OFICINAS E PALESTRAS

108,75

TOTAL

499,22 BLOCO ADMINISTRATIVO

AMBIENTE SALA DE CONSULTORIA SALA DA COOPERATIVA ESPERA/ CIRCULAÇÃO ATENDIMENTO TESOURARIA DIRETORIA ARQUIVO SECRETARIA SALA DE REUNIÃO COPA FUNCIONÁRIOS SANITÁRIOS TOTAL

m² 21,78 21,25 35,10 17,50 17,94 11,37 7,00 21,61 18,58 10,63 33,46 216,22

ANÁLISE E ARMAZENAMENTO AMBIENTE LABORATÓRIO DE ANALISE DE GRÃOS BANCO DE SEMENTES SANITÁRIOS TOTAL Figura 112: Tabela 02 - Programa de necessidades Fonte: O Autor

m² 69,47 51,84 36,22 157,53

AMBIENTE ARMAZENAGEM DE MATERIAIS SANITÁRIOS TOTAL

m² 98,47 36,22 134,69

BLOCO HIDROPONIA AMBIENTE MUDÁRIO HIDROPONIA SANITÁRIOS TOTAL

m² 56,23 94,36 36,22 186,81 GALPÃO

AMBIENTE ARMAZENAMENTO PARA HORTAS ARMAZENAMENTO PARA AGROFLORESTA SANITÁRIOS TOTAL

m² 110,34 79,73 36,22 226,29

RESÍDUOS AMBIENTE DEPÓSITO DE MATERIAIS E DA PRODUÇÃO DA COMPOSTAGEM LIXO RECICLÁVEL SANITÁRIOS TOTAL

m² 81,05 21,88 36,22 139,15

BLOCOS DE APOIO AMBIENTE BLOCO DE BLOCO DE BLOCO DE BLOCO DE BLOCO DE TOTAL

APOIO APOIO APOIO APOIO APOIO

NORTE (OFICINA DE TAIPA) LESTE SUL OESTE (ABELHAS) NOROESTE

m² 198,90 198,90 198,90 198,90 198,90 994,50 DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

93

FLUXOS

94

CAAUP

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CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 113: Fluxos Fonte: O Autor

SETORIZAÇÃO

RO

DL

IX

DA

CU

NH

A

ADO

MELH POS

CAM L DE

E MIGU ROD

Figura 114: Setorização Fonte: O Autor

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

95

ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS Grande parte da iniciativa se encontra na possibilidade de integração e reeducação

tos naturais. Sendo assim, os ventos predominantes foram considerados, bem como a orientação solar, que guiou grande parte das soluções encontradas para o programa.

da população local com as questões voltadas

A desagregação entre cobertura e blocos internos possibilitou a criação de grandes

ao meio ambiente. Desta forma, a implemen-

áreas sombreadas e em casos específicos, brises onde o excesso de iluminação pudesse

tação de estratégias bioclimáticas em conjunto

ser prejudicial para as atividades em cada setor. E através da elevação da cobertura e das

com a sociedade, que evidenciem tais práticas

aberturas nos blocos, a ventilação cruzada tanto interna quanto externa cumpre seu papel

é primordial para o cumprimento da proposta.

na amenização da temperatura, juntamente com os sistemas mistos de vedação, como as alvenarias em arquitetura de terra e telha termoacústica. A escolha e posição da vegetação

CONSTRUÇÃO, MATERIAIS & CUSTO

no entorno dos blocos é também uma estratégia utilizada para controle climático, neste caso,

Sabe-se que o equipamento está locali-

e Amoreiras, que perdem suas folhas em períodos frios e permitem a passagem de luz solar

zado em um município considerado polo indus-

a utilização de árvores caducifólias – ou caducas, como Jabuticabeiras, Cerejeiras, Figueira aos ambientes.

trial e tecnológico, no entanto, a zona escolhida sofre de extrema desigualdade econômica e social e há pouco desenvolvimento técnico à disposição para a população local. Por conta disso, buscou-se dentre diversas possibilidades, uma abordagem mais colaborativa e economicamente viável para a construção do equipamento, através de mão-de-obra local não especializada e o uso de materiais e produtos regionais, de fácil acesso.

CONFORTO AMBIENTAL Os blocos foram pensados e dispostos de forma a aproveitar ao máximo os elemen-

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CAAUP

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SEM ESCALA Figura 115: Bacia de Evapotranspiração Fonte: O Autor

CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

ÁGUA Sendo a água umas das principais fontes de insumo para a

limo) para a bacia de evapotranspiração. O segundo escoamento, já mais

produção agrícola, é de extrema importância para o desenvolvimento

limpo, passa por filtragem e armazenamento em reservatórios superiores,

do projeto que todos os setores do equipamento se relacionem com

onde é possível a utilização da água armazenada nas descargas nos ba-

o ciclo d’água de forma direta e indireta. Deste modo, as estratégias

nheiros. Em caso de extravasão nos reservatórios, a água é enviada para a

adotadas se organizam em cinco tipologias que se interligam e com-

caixa de retenção localizada no subsolo do bloco e escoada por gravidade

põe o ciclo natural d’água: Captação, Armazenamento, Tratamento,

até a lagoa mais próxima em nível inferior. As lagoas implementadas no equi-

Utilização e Liberação.

pamento possuem duas funções principais: reservatórios de água abertos,

A captação de águas pluviais (Figura xx) nas coberturas dos

utilizados para irrigação na área de produção agrícola e jardins no lote; e

blocos se dá através de calhas intermediárias, que escoam as águas

espelhos d’água que proporcionam maior conforto térmico e umidade do ar

iniciais (estas contendo resíduos como folhas, coliformes de aves e

aos blocos, por meio dos ventos predominantes.

SEM ESCALA Figura 116: Bacia de Evapotranspiração Fonte: O Autor

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

97

ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS JARDIM FILTRANTE O sistema de Jardim Filtrante (Figura 117) pode ser considerado uma estação de tratamento de poluentes que simula uma área alagada natural - como nos mangues, pântanos e brejos, utilizando das propriedades de plantas e micro-organismos para limpar em especial as águas cinzas, provindas de banheiros e cozinha, podendo ser utilizadas posteriormente para rega de jardins (EMBRAPA, 2015). Alguns exemplos de espécies que se adequam a esse sistema são, Papirus, Lírio do Brejo, Taboa e Copo de Leite.

JARDIM FILTRANTE

Figura 117: Jardim Filtrante Fonte: O Autor

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CAAUP

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CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

ESCALA: 1:100

BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO O sistema de Bacia de Evapotranspiração (Figura 118) é uma solução economicamente viável para tratamento de águas negras provindas dos banheiros, que não gera efluentes por se tratar de um sistema fechado. Nele os resíduos humanos são transformados em nutrientes para as plantas – em especial de folhas largas como como Bananeiras, Mamoeiros e Taiobas, e a água apenas é liberada através da transpiração das mesmas. (GALBIATI, 2009)

BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO

ESCALA: 1:100

Figura 118: Bacia de Evapotranspiração Fonte: O Autor

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

99

ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS ENERGIA

maior aproveitamento durante todo o ano.

A estratégia considerada para o máximo apro-

Levando em consideração o grande potencial de geração de energia devido

veitamento de energia elétrica propõe a instalação de

à área útil das coberturas do blocos, o sistema escolhido foi o conectado à rede

painéis solares fotovoltaicos de silício policristalino, com

- mais conhecido como sistema on grid, que consiste no uso de inversores que

uma geração média diária por placa de 945 Wh. O

possibilitam a ligação das placas à rede pública de energia elétrica. Deste modo é

blocos que possuem maior fluxo ou permanência de

possível injetar energia à rede elétrica dos bairros no entorno e zerar o custo para

usuários (Restaurante, Cozinha e Ensino) estão equi-

o equipamento.

pados com um maior número de placas, posicionadas na cobertura e orientadas a 21º Norte, para um QTDE. DE PLACAS E GERAÇÃO DE ENERGIA/ BLOCO BLOCO PORTARIA VISITANTES PORTARIA SERVIÇO RESTAURANTE/COZINHA ENSINO ADMINISTRAÇÃO LABORATÓRIO ESTUFA GALPÃO PISCICULTURA COMPOSTAGEM APOIO NORTE APOIO LESTE APOIO SUL APOIO OESTE APOIO NOROESTE TOTAL

PLACAS 21 21 155 100 56 70 45 88 56 56 21 21 21 21 21 773

Wh/dia 19.845 19.845 146.475 94.500 52.920 66.150 42.525 83.160 52.920 52.920 19.845 19.845 19.845 19.845 19.845 730.485

Figura 119: Tabela de gerção de energia - Painéis Solares Fonte: O Autor

100

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CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

Figura 120: Diagrama Isométrico - Painéis Solares Fonte: O Autor

SISTEMAS ESTRUTURAIS

propostas alvenaria autoportante em taipa de pilão de 30 cm de espessura e alve-

Seguindo a proposta de máxima permeabilida-

em uma base de concreto de 30 cm de altura, evitando o contato direto com umida-

de tanto do solo quando visual, além dos fatores biocli-

de. (Figura 119). O pricipal componente de ambas as alvenarias, a terra, deverá ser

máticos contidos na concepção do projeto, observou-

recolhido da própria escavação dos lagos artificiais no terreno.

naria em tijolo de solocimento prensado no local (12,5x25x12,5 cm), ambos apoiados

-se a necessidade de utilização de materiais e técnicas

Para cobertura dos blocos internos, foi utilizada a laje de painel treliçado H12,

que permitissem uma grande flexibilidade no programa

com enchimento em poliuretano e base de concreto em 25 cm de largura, de com-

e que se conectassem através da vernaculidade. Ou-

primento variável. Esse sistema permite vencer maiores vãos pela baixa densidade,

tro ponto crucial para a definição do sistema estrutural

reduz o custo por dispensar especialização da mão-de-obra e garante acabamento

foi a possibilidade de uma modulação quadrada que

interno.

suportasse cargas relativamente leves da cobertura.

FUNDAÇÕES Buscou-se inicialmente garantir o mínimo de movimentação do solo na implantação dos blocos no terreno. Sendo assim, por se tratar de edificações com no máximo 2 pavimentos, fundações rasas em concreto armado garantem o apoio necessário. Blocos para cargas pontuais, como nos pilares e sapatas corridas para cargas distribuídas, como nas alvenarias autoportantes.

BLOCOS INTERNOS Todos os blocos possuem o mesmo conceito construtivo no que se diz respeito à arquitetura de terra, variando o sistema de vedação de acordo com a necessidade de cada ambiente. Deste modo, foram Figura 121: Alvenarias padrão Fonte: O Autor

DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

101

ESTRUTURA COBERTURA A estrutura da cobertura é composta por duas tipologias de pilares em pranchões de madeira garapeira, apoiados a uma base de concreto (Figura 120), dispostos em uma malha de 5 metros nas áreas de circulação externa dos blocos, enquanto a sustentação cruzada entre os mesmos é assegurada pela utilização de vigas vagão - barras e tirantes de aço que atuam na redução dos esforços da cobertura, seguindo a mesma malha estrutural de 5 metros.

Para a cobertura do telhado, foi escolhida a Telha forro com inclinação mínima de 5%, composta pelas camadas em telha de aço galvanizado, poliuretano e filme de PVC, garantindo desempenho termoacústico e acabamento direto.

MIRANTE Ao longo de seus 65 metros de extensão, o mirante segue a mesma tipologia de malha estrutural. No entanto, por conta da topografia acidentada, buscou-se maior permeabilidade elevando-o do solo através do mesmo sistema de pilares em madeira embasados em concreto utilizado nas coberturas dos blocos, porém em maiores dimensões. Mantidos a uma cota de nivelamento fixa e utilizando vigas vagão como apoio secundário, os pilares recebem a carga do deck.

102

Figura 122: Isométrico explodido - Estrutura padrão dos blocos Fonte: O Autor CAAUP

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CENTRO DE APOIO À AGRICULTURA URBANA E PERIURBANA DE CAMPINAS

VIGA EM PRANCHÕES DE MADEIRA 30x6cm COLADOS E APARELHADOS NA VERTICAL

VIGA EM PRANCHÕES DE MADEIRA 30x6cm COLADOS E APARELHADOS NA VERTICAL

CONECTOR METÁLICO VIGA / PILAR

CONECTORES METÁLICOS VIGA / PILAR

PILAR EM PRANCHÕES DE MADEIRA 30x6cm COLADOS COMPRIMENTO VARIÁVEL

PILAR EM PRANCHÕES DE MADEIRA 30x6cm (x4) COMPRIMENTO VARIÁVEL

CONECTOR METÁLICO ENTRE PILAR DE MADEIRA E BASE DE CONCRETO BASE DE CONCRETO h = 1,00m

CONECTOR METÁLICO ENTRE PILAR DE MADEIRA E BASE DE CONCRETO BASE DE CONCRETO h = 1,00m

PISO EM CONCRETO

PISO EM CONCRETO

BLOCO DE FUNDAÇÃO 80x80x80cm

BLOCO DE FUNDAÇÃO 80x80x80cm

PERSPECTIVA ISOMÉTRICA EXPLODIDA PILAR TIPO Y

PERSPECTIVA ISOMÉTRICA EXPLODIDA PILAR TIPO I

LEGENDA

CONCRETO ARMADO

PERFIL METÁLICO

LEGENDA

CONCRETO ARMADO

MADEIRA

Figura 123: Pilares da Cobertura Fonte: O Autor

PERFIL METÁLICO

MADEIRA

CAPÍTULO XX

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