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ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS

Grande parte da iniciativa se encontra na possibilidade de integração e reeducação da população local com as questões voltadas ao meio ambiente. Desta forma, a implementação de estratégias bioclimáticas em conjunto com a sociedade, que evidenciem tais práticas é primordial para o cumprimento da proposta.

CONSTRUÇÃO, MATERIAIS & CUSTO

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Sabe-se que o equipamento está localizado em um município considerado polo industrial e tecnológico, no entanto, a zona escolhida sofre de extrema desigualdade econômica e social e há pouco desenvolvimento técnico à disposição para a população local. Por conta disso, buscou-se dentre diversas possibilidades, uma abordagem mais colaborativa e economicamente viável para a construção do equipamento, através de mão-de-obra local não especializada e o uso de materiais e produtos regionais, de fácil acesso.

CONFORTO AMBIENTAL

Os blocos foram pensados e dispostos de forma a aproveitar ao máximo os elementos naturais. Sendo assim, os ventos predominantes foram considerados, bem como a orientação solar, que guiou grande parte das soluções encontradas para o programa. A desagregação entre cobertura e blocos internos possibilitou a criação de grandes áreas sombreadas e em casos específicos, brises onde o excesso de iluminação pudesse ser prejudicial para as atividades em cada setor. E através da elevação da cobertura e das aberturas nos blocos, a ventilação cruzada tanto interna quanto externa cumpre seu papel na amenização da temperatura, juntamente com os sistemas mistos de vedação, como as alvenarias em arquitetura de terra e telha termoacústica. A escolha e posição da vegetação no entorno dos blocos é também uma estratégia utilizada para controle climático, neste caso, a utilização de árvores caducifólias – ou caducas, como Jabuticabeiras, Cerejeiras, Figueira e Amoreiras, que perdem suas folhas em períodos frios e permitem a passagem de luz solar aos ambientes.

SEM ESCALA Figura 115: Bacia de Evapotranspiração Fonte: O Autor

ÁGUA

Sendo a água umas das principais fontes de insumo para a produção agrícola, é de extrema importância para o desenvolvimento do projeto que todos os setores do equipamento se relacionem com o ciclo d’água de forma direta e indireta. Deste modo, as estratégias adotadas se organizam em cinco tipologias que se interligam e compõe o ciclo natural d’água: Captação, Armazenamento, Tratamento, Utilização e Liberação. A captação de águas pluviais (Figura xx) nas coberturas dos blocos se dá através de calhas intermediárias, que escoam as águas iniciais (estas contendo resíduos como folhas, coliformes de aves e limo) para a bacia de evapotranspiração. O segundo escoamento, já mais limpo, passa por filtragem e armazenamento em reservatórios superiores, onde é possível a utilização da água armazenada nas descargas nos banheiros. Em caso de extravasão nos reservatórios, a água é enviada para a caixa de retenção localizada no subsolo do bloco e escoada por gravidade até a lagoa mais próxima em nível inferior. As lagoas implementadas no equipamento possuem duas funções principais: reservatórios de água abertos, utilizados para irrigação na área de produção agrícola e jardins no lote; e espelhos d’água que proporcionam maior conforto térmico e umidade do ar aos blocos, por meio dos ventos predominantes.

JARDIM FILTRANTE O sistema de Jardim Filtrante (Figura 117) pode ser considerado uma estação de tratamento de poluentes que simula uma área alagada natural - como nos mangues, pântanos e brejos, utilizando das propriedades de plantas e micro-organismos para limpar em especial as águas cinzas, provindas de banheiros e cozinha, podendo ser utilizadas posteriormente para rega de jardins (EMBRAPA, 2015). Alguns exemplos de espécies que se adequam a esse sistema são, Papirus, Lírio do Brejo, Taboa e Copo de Leite.

JARDIM FILTRANTE

Figura 117: Jardim Filtrante Fonte: O Autor ESCALA: 1:100

BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO O sistema de Bacia de Evapotranspiração (Figura 118) é uma solução economicamente viável para tratamento de águas negras provindas dos banheiros, que não gera efluentes por se tratar de um sistema fechado. Nele os resíduos humanos são transformados em nutrientes para as plantas – em especial de folhas largas como como Bananeiras, Mamoeiros e Taiobas, e a água apenas é liberada através da transpiração das mesmas. (GALBIATI, 2009)

BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO

ESCALA: 1:100

ENERGIA

A estratégia considerada para o máximo aproveitamento de energia elétrica propõe a instalação de painéis solares fotovoltaicos de silício policristalino, com uma geração média diária por placa de 945 Wh. O blocos que possuem maior fluxo ou permanência de usuários (Restaurante, Cozinha e Ensino) estão equipados com um maior número de placas, posicionadas na cobertura e orientadas a 21º Norte, para um

QTDE. DE PLACAS E GERAÇÃO DE ENERGIA/ BLOCO

BLOCO PLACAS Wh/dia

PORTARIA VISITANTES

21 19.845 PORTARIA SERVIÇO 21 19.845 RESTAURANTE/COZINHA 155 146.475 ENSINO 100 94.500 ADMINISTRAÇÃO 56 52.920 LABORATÓRIO 70 66.150 ESTUFA 45 42.525 GALPÃO 88 83.160 PISCICULTURA 56 52.920 COMPOSTAGEM 56 52.920 APOIO NORTE 21 19.845 APOIO LESTE 21 19.845 APOIO SUL 21 19.845 APOIO OESTE 21 19.845 APOIO NOROESTE 21 19.845 TOTAL 773 730.485 maior aproveitamento durante todo o ano. Levando em consideração o grande potencial de geração de energia devido à área útil das coberturas do blocos, o sistema escolhido foi o conectado à rede - mais conhecido como sistema on grid, que consiste no uso de inversores que possibilitam a ligação das placas à rede pública de energia elétrica. Deste modo é possível injetar energia à rede elétrica dos bairros no entorno e zerar o custo para o equipamento.

Figura 119: Tabela de gerção de energia - Painéis Solares Fonte: O Autor

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