ALL EM REVISTA, Vol. 8, No. 4 - OUTUBRO A DEZEMBRO 2021

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MORRE CUNHA SANTOS, O POETA GENIAL DO MARANHÃO O jornalista e escritor Cunha Santos faleceu, na manhã desta quarta-feira (20 de outubro de 2021), em um hospital de São Luís. Ele tinha 68 anos de idade e fora internado às pressas na madrugada de terça-feira (19), na UPA do Vinhas, com insuficiência respiratória ocasionada por um edema pulmonar, de acordo com informações dos médicos que o atenderam no Setor da Emergência. Jornalista, poeta e escritor, Cunha Santos é autor de diversos livros. Filho de Codó, cidade onde nasceu no dia 10 de novembro de 1952, Cunha Santos é hoje reconhecido como um dos mais importantes e expressivos autores contemporâneos do Maranhão. De seus pais - Durval Cunha Santos e Josefina Alvin de Medeiros -, J.M. Cunha Santos herdou a sensibilidade para as lutas populares e abriu espaço nestas lutas para, numa atividade simultânea, dedicar-se à poesia, à música e à reflexão política. Autor de “Meu Calendário em Pedaços” - seu primeiro livro; “O Esparadrapo de Março”, “A Madrugada dos Alcoólatras”, “Paquito, o Anjo Doido”, “Odisséia dos Pivetes” e “A comunidade rubra”, Cunha Santos ao longo dos últimos meses estava escrevendo mais dois livros: “Terceiro Testamento” e “Lockdown - A literatura da solidão”. Pai de quatro filhas – as gêmeas Larissa e Laiza, Laila e Tiara -, Cunha Santos não cansava de demonstrar o seu amor pela poesia, onde buscava forças até para suportar as dificuldades da vida. Ele mantinha inalterado o notável talento como escritor, poeta, compositor e jornalista, e o gosto de cantar e de fazer poesias. O pai dele, também jornalista, assinava seus artigos como Cunha Santos, daí porque o jovem Jonaval passou então a assinar suas matérias, seus livros e seus artigos como Cunha Santos Filho. E desde então vinha fazendo de seu trabalho na imprensa um instrumento a favor do ideal de cidadania e justiça e, em seus escritos, costumava ressaltar a teimosa insensatez dos homens, causadora de crises, guerras, conflitos e opressões. Como poeta, ele confessava que tinha grande estima, respeito e admiração por dois homens de letras do Maranhão: Nascimento Moraes Filho e Nauro Machado. “Continuo não acreditando que se fabrique poesia. Poesia é sentimento, é emoção. Não se marca hora para escrever poesia. A poesia cai de dentro da gente”, sentenciava Cunha Santos. Como jornalista, profissão que abraçou aos 17 anos e que jamais abandonou, foi o tempo todo um grande lutador. Em 1973, entrou no Jornal Pequeno (tinha então 21 anos) como redator-chefe, substituindo seu pai, o velho Durval Cunha Santos. Na época, “Lourival Bogéa era criança, e atuava como uma espécie de fotógrafo-mirim deste jornal”, lembra Cunha Santos. Ele se orgulhava de ter convivido com o velho José Ribamar Bogéa (1921-1996), que era um gênio para criar figuras como o “Língua de trapo” e seções de jornal, como “No Cafezinho”. Cunha Santos dizia que admirava a genialidade e a ironia impiedosa com que o velho Bogéa vergastava os poderosos do Maranhão. Mesmo sendo um jornalista reconhecidamente lutador, Cunha Santos não escondia de ninguém que preferia a poesia ao jornalismo. “Nunca fui nem serei um bom repórter. Tenho preguiça de ir atrás da notícia”. Passou pela redação de vários jornais de São Luís, entre os quais “O Diário do Norte”, do ex-deputado federal José Teixeira, o “Diário do Povo”, editado por Nilton Ornellas, onde escreveu as melhores reportagens sociais de sua vida; “O Estado do Maranhão”, à época de Bandeira Tribuzi, Adalberto Areias e Vera Cruz Marques; a velha “Folha do Maranhão”, que era comandada pelo ex-deputado Cid Carvalho, “O Debate”, de Jacir Moraes, e “O Litoral”, de Mary Pereira. Na condição de editor de Política do “Diário do Povo”, Cunha Santos escreveu inúmeras matérias sobre lutas sindicais, causas populares e publicou uma série de reportagens sobre menor abandonado, intitulada “A geração perdida do Brasil”, denunciando o drama dos cheira-colas que começavam a se multiplicar pelas ruas de São Luís. Para Cunha Santos Filho, o velho Durval Cunha Santos foi um gênio. Seguindo os passos do velho, J.M. Cunha Santos trabalhou também em muitos jornais alternativos e, como seu pai, conviveu com grandes jornalistas. Além do irreverente Zé Pequeno, ele destacava Othelino Filho, João Alexandre Júnior, que também era poeta e advogado; Luís


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