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Quero ser como tu

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Atitude premium

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A CFMoto é uma marca que, pouco a pouco, tem conseguido entrar no nosso mercado, quer pela mão de outras empresas já consolidadas, através de acordos comerciais, quer através da sua própria tecnologia.

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Esta curiosa e peculiar 700 CL-X é o exemplo de uma mota que começa os seus passos comerciais com o desafio de se equiparar aos “grandes”. Tem personalidade para o fazer, e até conta os seus próprios componentes, mas ainda tem algum caminho a percorrer.

Sim, é verdade, esta CFMoto não tem um motor com base numa unidade desenvolvida pela KTM, mas antes um bicilíndrico concebido internamente. A ciclística deveria estar em linha com o motor se a marca quiser realmente ter sucesso, mas neste caso ainda há um longo caminho a percorrer.

A marca até recorreu a bons materiais e elementos na ciclística para complementar o motor “made in CFMoto”. E o resultado é uma moto com um tato de condução mais satisfatório do que o esperado, mas que necessita de algumas melhorias para elevar o motor ao nível da concorrência, emulando “os maiores”.

Disponível em dois acabamentos com a base em preto

Para colocar em perspetiva, esta unidade ainda tem bastante caminho a percorrer quando se olha para a excelência oferecida por um twin japonês de menor cilindrada, enquanto no topo, estaríamos a olhar, por exemplo, para uma KTM Duke 790/890, do qual ainda está muito afastada em vários aspetos, incluindo nas prestações.

A CFMoto 700 CL-X Sport é uma moto com aspeto agressivo e pretensões desportivas, mas concentra as suas atenções numa velocidade máxima que não é nada desprezível para as suas possibilidades, bem como numa “ponta” final que demonstra carácter uma vez ultrapassados os médios regimes. No entanto, isto não é tudo o que é preciso para bater num “mano a mano” uma concorrência que já tem mais anos de experiência e modelos no mercado com os quais marca o caminho a seguir.

UMA BOA BASE

Neste caso, é utilizado um motor bicilíndrico paralelo de 693 cc, que desenvolve uma potência declarada de 74cv às 8.500 rpm e apresenta dois modos de condução: Eco e Sport. No papel, o seu desempenho é mais do que suficiente para servir de ponto de partida para os titulares da carta A2. Se acrescentarmos a isto um quadro tubular de aço di-

KAWASAKI Z 650

Com o guiador não muito alto e plano, a posição de condução é um pouco mais confortável. O motor, contudo, oferece um carisma semelhante, embora com um resultado final bem diferente vidido em duas partes aparafusadas, com um braço oscilante de alumínio e suspensões ajustáveis KYB, isto promete, pelo menos em termos gerais, uma boa base.

Mas o que acontece quando se usa uma moto como ponto de partida e se acrescentam guiadores que estão completamente desfasados das suas necessidades, para lhe dar uma sensação mais desportiva face à naked original? Por exemplo, quando se vira a direção de um extremo ao outro o polegar bate num dos tubos laterais, com as consequentes mazelas para os teus dedos.

Outro “dano colateral”, neste caso relativo ao motor, é uma boa intenção que é truncado por uma definição melhorável: no modo Eco, as acelerações são mais suaves do que se estivesse a conduzir no Sport, mas se a dita condução “ecológica” for conseguida limitando o desempenho através de cortes intermitentes de injeção, a suavidade dá lugar a uma sensação pouco fluida e desagradável. Como acontece frequentemente com diferentes curvas do motor, e assumindo que o condutor tem experiência suficiente aos comandos, uma vez selecionado o modo mais direto e imediato, os ajustes devem ser feitos pelo próprio piloto com a dose apropriada de acelerador. A propósito, e já que estamos a falar do assunto, é de notar que o acelerador eletrónico também mostra um certo atraso em solicitações mais rápidas, tais como as que ocorrem quando se muda rapidamente de relação tentando ascender vertiginosamente na escala do conta-rotações.

Equipamento De Qualidade

Uma coisa não exclui a outra e a verdade é que a CFMoto sabe que apostar num “cavalo” vencedor pode ser uma

Do Jornalista

Uma moto Sport interessante que fica a meio caminho entre uma café racer e uma desportiva de estilo clássico, com um chassis surpreendentemente bom e um motor que precisa de ser polido.

garantia de sucesso. A sensação e o desempenho do conjunto da ciclística mostra o excelente critério da equipa de desenvolvimento quando se tratou de escolher os componentes que equipam esta CL-X Sport. Já vimos que a KYB se concentrou em fornecer uma forquilha invertida robusta e ajustável na dianteira e um monoamortecedor atrás, mas o melhor ainda está para vir, porque a contribuição da Brembo é definitiva na descoberta do feeling ideal entre o tato e a capacidade de travagem, graças às pinças M50 que “aguentam tudo”, sendo que a bomba também é da reputada firma italiana.

Tem Argumentos Para Atrair Um P Blico Mais Jovem

O ABS é da Continental e completa o pacote, proporcionando um excelente desempenho com um elevado nível de segurança.

E, claro, tem argumentos extra para apelar ao público jovem sob a forma da conectividade com o smartphone através de um pequeno painel, mas de design muito atraente. Na frente, as luzes LED diurnas também transmitem aquela sensação de exclusividade que distinguirá esta 700 de outras criações, com comutação automática da iluminação “dianoite” e, atenção, um cruise-control de série, dando conta de até onde um novo modelo, provido de muito equipamento, pode ir, e até mesmo surpreender graças as estas pequenas surpresas.

A verdade é que, à primeira vista, esta moto é surpreendente. É muito atraente, graças à sua presença poderosa e, ao mesmo tempo, compacta, com uma distância entre eixos que até é curta. O suporte da matrícula faz uso do braço oscilante, de forma original, para montar a iluminação

Os espelhos nas extremidades do guiador têm bom aspeto, mas requerem atenção extra quando se conduz em ambiente urbano, entre automóveis

A instrumentação compacta significa que alguma informação tem de ser fornecida num tamanho reduzido traseira e a dita placa, o que torna a moto um “nadinha” mais longa do que o desejado, apesar do que é indicado pelas medidas. Uma vez sentado aos comandos, percebe-se que o guiador não é tão baixo ou fechado, pelo que a posição não é comprometida nem em termos de conforto geral nem em termos de montagem dos pousa-pés.

Tudo isto mostra um equilíbrio interessante entre uma condução desportiva e típica de uma café racer.

Uma vez em marcha, a caixa de velocidades é suave e de curso curto.

Subir ou reduzir relações é muito fácil e apenas o referido atraso do acelerador em mudanças rápidas quando se estica o motor “irrita” neste ponto em particular. Em qualquer caso, a caixa de velocidades é, de longe, o melhor elemento desta unidade motriz.

Com um tato direto em baixos e médios regimes, esta é bastante equilibrada, mesmo sendo utilizada em modo Sport. A embraiagem é eficaz no seu desempenho e a direção, em-

É UMA DESPORTIVA CONVICTA, DAÍ O SEU APELIDO

bora não rode muito, nunca se sente desajeitada ou amorfa, à exceção dos danos nos polegares em ambos os batentes, o que, ainda assim, não impede que as manobras se realizem com uma facilidade e fluidez de movimento invulgares em ambientes urbanos, embora o peso total de quase 200 kg não ajude. A suspensão tem um bom desempenho em superfícies mais ou menos irregulares graças, entre outras coisas, aos 150 mm de curso traseiro. O banco não é muito alto, o que dará confiança aos utilizadores de pequenas e médias dimensões.

O motor é um pouco mais ruidoso do que deveria, considerando que faz uso do escape original, e isto é acom- panhado por uma dose significativa de vibrações que se espalham por todo o corpo. Deixar-se levar por uma toada mais animada implica, necessariamente, um aumento dos consumos, algo que, com uma capacidade de depósito de apenas 13 litros, não ajuda muito se a ideia for fazer percursos de médialonga duração. Na prática significa que, se decidir divertir-se tirando partido das potencialidades do motor, as visitas às bombas de gasolina na zona serão inevitáveis e mais frequentes do que, porventura, desejaria. Do lado positivo, há um comportamento surpreendentemente eficaz, que mostra quão bemdotada é a este respeito, facto que a excelente travagem só vem comprovar. É uma moto divertida devido à sua agilidade, com rápidas mudanças de direção e uma postura interessante depois de ter “traçado” a sua trajetória. Até pode fazer correções que a CFMoto as admite sem grande alarido, o que vem confirmar que se trata de uma moto Sport convicta. Daí o seu apelido.

Conclus O

Não se pode viver só de intenções e talvez a empresa chinesa precise de efetuar um trabalho ainda mais apurado para completar um produto que, no entanto, é muito promissor. De momento, oferece soluções interessantes como oferecer de série um sistema de cruise-control ou uma ligação ao telemóvel, detalhe que se está a tornar cada vez mais popular. Suspensões e travões de qualidade comprovada são atributos, mas devem ser acompanhados de um motor mais “redondo” em muitos aspetos, caixa de velocidades à parte. O que não pode ser negado é uma aparência estética distinta que a torna uma moto particularmente atraente.

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