de titãs

Os últimos 208 e Ibiza rivalizam desde 2012, mas a “luta” de Peugeot e SEAT no segmento B (utilitários) já vai a caminho das quatro décadas. Depois da sua recente atualização, o modelo espanhol volta a colocar os trunfos sobre a mesa para superar um francês bem-nascido e que é o atual líder da classe.

Pensar no segmento dos utilitários e excluir qualquer um dos nossos protagonistas seria um autêntico erro. O SEAT Ibiza tem uma história temporal mais alargada, mas se ampliarmos o espetro à saga 200 da Peugeot acabam por ser aproximados. Poderia dizer-se, portanto, que Ibiza e 208 (como herdeiro de uma estirpe bem antiga) são inimigos históricos. Rivalidade essa que estender-se-á durante o tempo que os seus construtores assim o entendam. Além disso, nem sequer sincronizam a sua comercialização, pois quando um se reno-

PREÇO: 22.290 t va, o outro ainda se mantém pelos concessionários mais alguns anos. E tudo indica que quando os motores de combustão passarem para segundo plano continuarão a ser rivais, com vantagem para o francês, que já propõe na gama uma versão 100% elétrica, o e-208.

A SEAT, ao contrário, continua a revelar-se algo reticente em relação à eletrificação da sua gama urbana. Depois do Mii elétrico, que nem sequer chegou a ser vendido em Portugal, o Ibiza e o Arona recentemente modernizados esperam por outras gerações para integrar qualquer tipo de eletrificação.

A Gasolina Rainha

E a verdade é que não fosse essa versão elétrica, o Peugeot também seria órfão de alternativas eletrificadas, enquanto o SEAT conta com uma opção TGI alimetada a gás natural comprimido GNC. O contraponto gaulês passa por manter no seu portfólio um Diesel que homologa um consumo misto de 4,0 l/100 km e permite percorrer praticamente 1.000 km com um depósito.

Deixando de lado estes dois últimos combustíveis, é na gasolina que estes utilitários centram o grosso das suas vendas. E fazem-

-no propondo motores tão fiáveis quanto comprovados, com potências de 75 a 150 CV. No caso deste frente a frente optámos pelos mais equilibrados: o 1.0 TSI de 110 CV no Ibiza e o 1.2 PureTech de 100 CV no 208.

Chegam e sobram para se moverem dentro do perímetro urbano e demonstram desenvoltura mais do que suficiente para enfrentar viagens ou rolar a bom ritmo por autoestradas, inclusive com o habitáculo e bagageira cheios. O Peugeot tem um nível de sonoridade mais elevado, apesar de ambos estarem associados a caixas manuais de seis velocidades ou automática em opção, DSG de dupla embraiagem e sete velocidades no Ibiza e EAT8 por conversor de binário e oito relações no 208. Representam um custo adicional a rondar os 1.500 €, porém melhoram bastante a vida do condutor, sobretudo em cidade. No caso do modelo espanhol, a transmissão manual é mais suave nos arranques e até nas manobras, mas acaba por ser menos confortável e por gastar um pouco mais; algo a que não é também alheio a maior potência do motor. A diferença não é grande, e os 6,6 l/100 km em circulação real é um bom registo, valor duas décimas superior ao do francês.

Ambos contam neste plano com um modo de condução eficiente (Eco) que baixa as aspirações gerais e que é complementado por um outro “Normal” e um terceiro “Sport”, para melhorar a resposta do motor. O SEAT soma ainda um quarto, denominado “Individual”, que permite configurar alguns parâmetros da condução a gosto.

Pelos Olhos Dentro

Destacam-se por uma postura bastante ágil, com chassis reativos, direções precisas e comunicativas e travões que passam o exame com boa nota. No nível de equipamento FR, o Ibiza vê a dureza dos amortecedores aumentar um pouco, o que se traduz num ponto extra de estabilidade.

Entretanto, em termos de segurança, um e outro alcançam bons registos, ainda que depois da atua- lização o espanhol tenha conseguido destacar-se. A ideia era que o Ibiza se tornasse ainda mais competitivo num segmento dominado pelos franceses, por isso a tarefa não era fácil, dificultada até pelo design apelativo do 208. O SEAT tenta encurtar distâncias estéticas com novas jantes em liga leve de 17”, novas cores de carroçaria e até um grafismo do seu logotipo mais moderno. Da mesma forma, soma tecnologia ecoLED para os faróis desde o nível de entrada (no 208 só a partir do Allure), potenciados para Full LED nos níveis de topo (no 208 apenas no GT, como a nossa unidade).

No interior, recebe a digitalização graças a um novo ecrã central multimédia tátil de 8,25”, disponível a partir da versão de entrada e que, opcionalmente, cresce para as 9,2” nos mais equipados. Pode ser complementado por um painel de instrumentos digital

Ficha T Cnica

PEUGEOT 208 GT 1.2

PURETECH 100

TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo

CILINDRADA 1.199 cm3

POTÊNCIA 100 CV às 5.500 rpm

BINÁRIO MÁXIMO 205 Nm às 1.750 rpm

TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual de 6 velocidades

V. MÁXIMA 188 km/h

ACELERAÇÃO 10,9 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP) 5,2 l/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP) 117 g/km (misto)

DIMENSÕES (C/L/A) 4.055 / 1.745 / 1.435 mm

PNEUS 205/45 R17

PESO 1.165 kg

BAGAGEIRA 309-1.106 l

PREÇO 22.290 €

GAMA DESDE 16.740 €

I.CIRCULAÇÃO (IUC) 103,12 €

LANÇAMENTO Dezembro de 2019

Avalia O

PREÇO PRESTAÇÕES COMPORTAMENTO

1. O painel de instrumentos está colocado numa posição elevada. Pode somar a funcionalidade 3D, mas as passagens entre menus podiam ser mais rápidas.

2. De série conta com arranque sem chave. 3. Este ecrã de 10” faz parte do equipamento. É mais lento que o do Ibiza e integra os comandos do ar condicionado, pouco práticos.

Equipamento

SÉRIE Airbags frontais, laterais (dianteiros) e de cortina; controlos de estabilidade e tração; travagem de emergência automática (câmara e radar) com alerta de risco de colisão; alerta de fadiga do condutor; reconhecimento dos sinais de trânsito; alerta de transposição involuntária da faixa de rodagem; assistência ao arranque em subidas; sensor da pressão dos pneus; cruise control com limitador de velocidade; sensores de chuva e luz; ar condicionado automático; faróis Full LED; luzes diurnas em LED; faróis de nevoeiro; ajuda gráfica e sonora ao estacionamento dianteiro e traseiro; câmara de marcha atrás; volante multifunções com regulação em altura e profundidade; arranque mãos livres; retrovisores elétricos aquecidos; vidros elétricos; estofos em tecido Capy e couro; bancos do condutor regulável em altura; painel de instrumentos Peugeot Digital Cockpit; sistema multimédia com ecrã tátil de 10’’, 2 entradas USB, Bluetooth, navegação e funções Apple CarPlay e Android Auto; Peugeot Connect SOS e assistência; e jantes de liga leve de 17 polegadas.

OPCIONAIS Pintura metalizada (430 €); pack Safety Plus + regulador de velocidade adaptativo (300 €); teto panorâmico com comando manual (1.000 €); tejadilho bi-ton (300 €); bancos dianteiros aquecidos (100 €); estofos em couro Mistral (2.100 €).

OS BANCOS DIANTEIROS TÊM UM APOIO PERFEITO. O ESPAÇO ATRÁS É MAIS LIMITADO

1. De série, o painel de instrumentos do FR é analógico com um ecrã multifunções ao centro. O cockpit digital é opcional. 2. A consola central aglutina diversos comandos, entre eles o que modifica os modos de condução.

3. Precisamente, estes podem ser visualizados no ecrã central multimédia, que inclui várias outras funcionalidades.

Equipamento

SÉRIE Airbags frontais; laterais (dianteiros) e cortina; controlos de estabilidade e tração; Front Assist com assistente de travagem em cidade; proteção proactiva e extensível a peões e ciclistas; assistente manutenção na faixa de rodagem; sistema deteção de fadiga; ajuda ao arranque em subida Hill hold; diferencial autoblocante eletrónico (XDS); controlo de pressão dos pneus; cruise control com Limitador de velocidade; faróis Full LED; ativação automática das luzes e função Coming Home; faróis de nevoeiro em LED com função de curva; farolins em LED; câmara multifunções; sensores de chuva e luz; ar condicionado automático; retrovisores elétricos aquecidos e retráteis; vidros elétricos; volante multifunções desportivo em pele; bancos dianteiros desportivos FR com regulação em altura; estofos em tecido; sistema Keyless sem função SAFE; computador de Bordo “Medium” com display multifunções; sistema multimédia com ecrã tátil de 8,25’’, 2 entradas USB-C, Bluetooth e funções Android Auto e Apple CarPlay; sistema de chamada de emergência; e jantes de liga leve de 17 polegadas.

OPCIONAIS Pintura metalizada (472 €); jantes de 18’’ (421 €); câmara traseira (548 €); teto panorâmico de abertura elétrica (863 €); cruise controlo adaptativo (263 €); SEAT Digital Cockpit 10,25’’ (310 €); sensores de estacionamento dianteiros e traseiros (365 €); alarme (263 €); SEAT Full Link (153 €); sistema de navegação (1.101 €).

OS BANCOS COM UM CERTO AR DESPORTIVO SÃO ENVOLVENTES; ATRÁS, É CORRETO

Ficha T Cnica

SEAT IBIZA 1.0 TSI FR

TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo

CILINDRADA 999 cm3

POTÊNCIA 110 CV às 5.500 rpm

BINÁRIO MÁXIMO 200 Nm entre as 2.000 e as 3.500 rpm

TRANSMISSÃO Dianteira, caixa manual de 6 velocidades

V. MÁXIMA 195 km/h

ACELERAÇÃO 10,2 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP) 5,4-5,6 l/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP) 123-126 g/km (misto)

DIMENSÕES (C/L/A) 4.059 / 1.780 / 1.444 mm

PNEUS 215/45 R17

PESO 1.169 kg

BAGAGEIRA 355 l

PREÇO 21.512 €

GAMA DESDE 18.049 €

I.CIRCULAÇÃO (IUC) 103,12 €

LANÇAMENTO Julho de 2021

Avalia O

de 10,25”, com a possibilidade de sincronizar o seu smartphone via Apple CarPlay ou Android Auto. Tudo sem esquecer a melhoria na qualidade geral que é percetível nos novos acabamentos mais suaves e acolchoados.

Efeito 3d

Quanto ao Peugeot, mantém o posto de condução i-Cockpit, de gosto discutível, com volante achatado de reduzidas dimensões, painel de instrumentos elevado e ecrã multimédia tátil (de 5” no nível base, de 7” nos intermédios e de 10” em opção ou de série no GT), que integra a climatização. O emparelhamento móvel é feito por cabo, mas pode ter carregador por indução, tal como o Ibiza, enquanto a instrumentação soma uma função tridimensional muito vistosa, mas um pouco lenta a reagir e a navegar pelos vários menus.

Com comprimentos de 4,05 metros são perfeitos para a cidade e até para viajar. O Ibiza tira proveito dos 2 cm extra na distância entre eixos: atrás propõe mais espaço para os joelhos; cubica 355 litros de bagageira, mais 46 litros que o 208. Por último, falta falar nos preços, realmente aproximados. O patamar dos 16/18 mil euros em que começam as respetivas gamas é competitivo, mas quando se dá o salto para as unidades em análise, os valores sobem para perto de uns contundentes 21/22 mil euros, isto sem ter em conta qualquer opcional que se queira introduzir.

Conclus O

São dois dos “galos da capoeira” entre os utilitários e protagonizam uma rivalidade muito apertada no que diz respeito ao preço, consumo e prestações… que é distinguida por pormenores como, por exemplo, o maior espaço interior do Ibiza. O 208 é mais apelativo, por fora e por dentro, onde se destaca um tablier mais moderno. Convém lembrar que existe em versão elétrica. Neste caso, só o preço acaba por não ser o mais apelativo.