Revista Grupo H Saúde Nº7

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Dra. Sofia Lourenço Silva Farmacêutica

Os riscos da automedicação A automedicação consiste na utilização de medicação, por parte do indivíduo (sem prescrição médica) após autodiagnóstico, para tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade. Normalmente envolve apenas a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), contudo, por vezes também inclui o uso de medicamentos já prescritos em situações anteriores para uma doença crónica ou recorrente do próprio ou de alguém conhecido. A automedicação é um comportamento errado, enraizado na sociedade, sendo frequente que se dêem conselhos nesta área, ignorando-se que o que resulta para um determinado organismo não resulta noutro e que muitas vezes existe um risco associado à toma conjunta com outros medicamentos prescritos pelos médicos. A automedicação é frequente e transversal a toda a população: adultos, idosos e crianças. A prevalência de automedicação na população adulta portuguesa situa-se entre 21,5% e 31,6%. Compete ao farmacêutico o bom aconselhamento para as indisposições ligeiras.

Maiores riscos

• Interação com outros medicamentos; • Provocar efeitos adversos; • Mascarar doenças mais graves, dificultando ou atrasando as respetivas soluções terapêuticas; • Interpretação incorreta dos sintomas da doença e, consequentemente, diagnósticos errados; • Dependência; • Doses subterapêuticas ou tóxicas; • Escolha de um tratamento farmacológico inadequado, incluíndo a dosagem, a posologia e a duração da toma do mesmo.

Grupos de maior risco • • • • •

Grávidas; Bebés e crianças; Idosos; Doenças crónicas; Doentes polimedicados

Situações possíveis de automedicação

• Sistema digestivo: diarreia, obstipação, vómitos; • Sistema respiratório: estados gripais e constipações, rinorreia, congestão nasal, tosse e rouquidão; • Sistema muscular/ósseo: dores musculares ligeiras, dores pós-traumáticas, dores reumatismais ligeiras a moderadas;

• Cutâneas: Verrugas, queimaduras de 1 .º grau, micoses, picadas de insectos, seborreia, herpes labial; • Cefaleias e enxaquecas; • Ansiedade ligeira; • Dificuldade temporária em adormecer; • Febre, com duração inferior a 3 dias.

Automedicação responsável:

• Não ultrapassar os 7 dias de duração. Se os sintomas persistirem por mais tempo, a automedicação está contra-indicada. Deverá então recorrer a consulta médica. • Conhecer os efeitos terapêuticos, as reacções adversas, doses dos medicamentos; • Aquisição de medicação por vias legais, em casos de compras online usar apenas sites registados no INFARMED (de forma a evitar falsificações); • Não utilizar medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM);

Resumidamente:

A utilização de MSRM sem prescrição médica pode constituir um risco para a saúde do doente, directa ou indirectamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica. Exemplo é a hidroxicloroquina, que após um estudo que indicava a sua utilização para

o tratamento do novo coronavírus, vários utentes tentaram obter esta medicação sem receita, ignorando o facto desta medicação causar alterações no ritmo cardíaco, em alguns casos fatal, entre outros efeitos adversos. E por isso, a toma desta medicação necessita sempre de acompanhamento médico. De forma a ser segura e obter todas as vantagens, a automedicação deve ocorrer sobre indicação ou aconselhamento farmacêutico. Este consiste numa boa recolha de dados sobre o utente (outras doenças, medicação, história familiar) e análise das queixas do doente (sinais e sintomas). Esta recolha de informação pode permitir reduzir os riscos associados à automedicação. O farmacêutico também fornece toda a informação necessária sobre o medicamento, como por exemplo o modo de administração, a posologia, a dose para que haja eficácia e segurança do tratamento. O doente deve confiar no farmacêutico pois este profissional tem conhecimentos técnico-científicos, capacidade para reconhecer os sintomas e saber tratá-los e é capaz de detectar se a situação necessita de intervenção médica n Referências: Joaquim, Magali, 2011, Automedicação versus Indicação Farmacêutica; Amaral Odete et al; 2014 Automedicação em jovens e adultos da região centro de Portugal.

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