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Saúde | Medicina Geral e Familiar | Máscaras. Já que temos que as usar, usemo-las bem | Dra. Fátima Lorvão

Dra. Fátima Lorvão Médica de Medicina Geral e Familiar na Policlínica da Benedita

Máscaras Já que temos que as usar, usemo-las bem

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Dada a situação da atual Pandemia por Covid, com o aumento de casos de infeção em todo o mundo, as medidas de proteção vão ter que manter-se por muito tempo mais. O distanciamento social e o uso de máscara generalizado são universalmente aceites como sendo as formas mais eficazes de proteção para nós próprios e para os outros. Temos por isso de nos mentalizar que usar a máscara passará a estar presente nas nossas vidas num período que se estima entre um a dois anos. Em Portugal apenas usamos máscara nos espaços interiores mas crê-se que em breve teremos de usá-la também no exterior. No entanto a utilização da máscara por longos períodos pode fazer surgir vários problemas de saúde e por esse motivo temos de nos adaptar e assimilar algumas condutas para que o desconforto se minimize, para evitar problemas de maior gravidade e para que não haja o risco de comprometer e agravar outras situações já existentes.

No presente momento e dado o afastamento das unidades hospitalares por receio de contágio acentua-se o alerta para que não deixe fora de controlo a sua situação clínica evitando que as doenças crónicas se possam

complicar ou mesmo tornar fatais.

Referimo-nos a doenças como a diabetes, a hipertensão arterial, as doenças cardíacas, sendo estas as mais frequentes, há a necessidade de se fazer a vigilância regular e não adiar a ida ao médico, muito menos suspender a medicação e/ou os tratamentos. Há toda uma disciplina e rotina que é imprescindível manter.

Tipo de máscara

Cirúrgica

PFF

A quem se destina

Pessoas sãs e de uso obrigatório para as pessoas doentes

Protecção

Tipo I >95% Tipo II >98%

Pessoas que estão em contacto com o vírus PFF2 >92% PFF3 >98% Durante 8 h + ou -

KN95 Pessoas sãs >95% Durante 8 h + ou -

Higiénicas Reutilizáveis Pessoas sãs > 90% Durante 4 h + ou -

Guardar

São de uso único. Se tiver que guardar deve ser em bolsa ou em papel

São de uso único. Se tiver que guardar deve ser em bolsa ou em papel

São de uso único. Se tiver que guardar deve ser em bolsa ou em papel

Em bolsa ou em papel

Desinfecção e/ou lavagem

Não devem lavar-se ou desinfectar-se

Não devem lavar-se ou desinfectar-se pode prolongar o uso deixando de usar durante 3 a 7 dias até usar novamente Não devem lavar-se ou desinfectar-se pode prolongar o uso deixando de usar durante 3 a 7 dias até usar novamente

Podem lavar-se segundo as instruções do fabricante

ou com enfermeiro, poderão ser uma alternativa, evitando-se deslocações e reduzindo assim os riscos e contactos .

Da experiência clínica que tivemos ao longo destes últimos meses e com base nas situações mais frequentes que nos chegaram, damos neste artigo um conjunto de recomendações práticas que serão decerto de muita utilidade para todos, nos próximos tempos.

Em relação à máscara, use o modelo que lhe seja menos desconfortável .

A impressão e desconforto pela sensação de oclusão são as queixas mais frequentes, por causarem calor, pelo suor e sensação de que se respira mal e porque dificulta a comunicação pois oculta a expressão do nosso rosto e o sorriso. Aspectos que tornaremos a abordar neste artigo.

Uma das queixas mais frequentes do uso continuado da máscara é a dor de garganta. Esta dor tem sido muito frequentemente confundida com os sinais de infeção pela Covid-19 e faz com que se consulte a linha SNS24 e que ou se marque uma consulta médica. Esta dor de garganta deriva da secura das mucosas do nariz, boca e faringe e é muitas vezes agravada pelos sintomas do refluxo do ácido do estômago aumentado também nas actuais circunstâncias pelo stress que esta pandemia trouxe às nossas vidas. São também frequentes a secura dos lábios e as infeções fúngicas da boca e da língua.

Observamos muitas destas situações e que são muitas das vezes facilmente controladas com o ensino de medidas de higiene simples que devem ser adoptadas no quotidiano tornando-as rotina, tal como lavarmos os dentes, bochecharmos várias vezes ao dia a boca com água morna com sal e se tal não for possível pelo menos com água e ao levantar e deitar repetir fazer gargarejos e lavar também as narinas. Beber ao longo do dia cerca de 7 copos de água e incluir nas refeições diárias alimentos que hidratem, incluindo chás, sumos, batidos, frutas e legumes, sopas e saladas cruas devidamente lavadas.

É natural que com o uso de máscara se sinta mais cansado. É natural que o ciclo da respiração demore mais - ao longo do dia concentre-se nos movimentos respiratórios. Demore mais tempo na inspiração e expire devagar. Faça várias vezes ao dia inspirações profundas.

Em relação à oclusão que a máscara provoca , a voz é muitas vezes atingida e desgastada, não só pelos aspectos da desidratação que atrás referimos, mas pelo esforço vocal necessário para que nos entendamos. A máscara vem afetar a forma de comunicarmos através do rosto - quando falamos expressamo-nos e todo o rosto comunica e agora sem a ajuda das expressões faciais é mais difícil fazermo-nos entender. Por outro lado é difícil pronunciar bem com o uso de máscara e a voz torna-se menos nítida. Profissionais que tenham que usar a voz durante o dia de trabalho tendem a falar mais alto o que aumenta o cansaço. É necessário passar a falar pausadamente e vocalizar bem.

Surgiram muitas situações de infeções urinárias agudas. Um dos principais fatores foi a desidração, por se ingerir menos água com o uso da máscara . Recomenda-se que de hora a hora se faça um intervalo para retirar a máscara e beber um copo de água.

Outros aspectos nefastos do uso da máscara e que são muito frequentes, principalmente nos profissionais de saúde são não só devido à compressão dos elásticos, como a alteração da mímica do rosto, que provocam ao fim de algumas horas dores, tendinites , espasmos do rosto, cervicalgias e agravam a disfunção da articulação tempo-mandibular. Recomenda-se uma pausa de 4 em 4 horas e exercícios de relaxamento diários.

Muitas pessoas têm tido alterações da pele ou agravamento de situações devido ao uso da máscara (acne, dermatites, rosácea e foliculites). Damos alguns conselhos para o dia a dia:

Pela manhã limpar a pele com um sabão hipoalérgico suave e aplicar um creme hidratante não comedogénico. Não devem ser usados produtos irritantes como o ácido glicocólico ou o retinol. A oclusão juntamente com o suor aumentam a capacidade de irritação. Não deve ser usada maquilhagem, sobretudo na área coberta pela máscara. Usar protector solar se estiver no exterior.

À noite limpar bem a pele. Evitar fazer exfoliantes. Hidratar bem a pele. Eleger as máscaras de algodão (100%) para evitar as lesões. Substutir com muita frequência a máscara. Retirar a máscara quando se está só e durante 15 minutos de 3 em 3 ou de 4 em 4 horas.. Hidratar os lábios pelo menos de manhã e à noite n

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