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Violência e banimento de organizada marcam retorno do Come-Fogo com presença de torcidas
Primeira partida com presença de público depois de 8 anos resultou em ação do Ministério Público
A rivalidade existe, mas isso é só dentro das quatro linhas, dentro do contexto esportivo”, afirma Rios.
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Para Victor Hugo Fernandes, presidente do Movimento Popular Botafoguense, a violência nos estádios precisa acabar. “A função da torcida organizada é apoiar o clube onde quer que ele esteja. É chato quando a nossa imagem acaba sendo manchada por alguns ‘torcedores’ que só querem tumultuar.”
Mesmo torcendo para times rivais, os dois representantes de organizadas concordam que o clássico Come-Fogo tem relevância para Ribeirão Preto.
FABIO FUENTES
O retorno das torcidas aos estádios de Ribeirão Preto ao clássico Come-Fogo em 2022, depois de uma espera de oito anos, foi marcado por brigas dentro e fora das arquibancadas. Os conflitos resultaram no banimento de uma das organizadas. Apesar das mudanças nos protocolos de segurança, torcedores dizem ter medo de voltar a frequentar os jogos.
Botafogo e Comercial fizeram duas partidas pela Copa Paulista deste ano. Os dois jogos foram vencidos pelo Pantera por 1 x 0 no Santa Cruz e 3x1 no Palma Travassos. Os times não se enfrentavam com a presença de suas torcidas desde 2014, por estarem em campeonatos e divisões distintas. No ano passado o Come-Fogo não teve público por conta das restrições da pandemia da Covid-19.
Mas em 2022, quando torcedores puderam finalmente ver de perto seus times em campo, os confrontos roubaram a cena. Na primeira partida, no Santa Cruz, policiais militares tiveram que conter um tumulto do lado de fora do estádio. Já no segundo jogo, no Palma Travassos, torcedores do Comercial entraram em conflito com a polícia dentro do estádio, logo após o time sofrer o terceiro gol na partida.
Cláudio Eleutério Rodrigues, 42, torcedor do Botafogo, presenciou as cenas.
“Eu lembro quando começou aquela confusão toda, foi uma correria total. Eu não estava no meio da bagunça, mas só de estar ali no estádio fiquei aflito do que poderia acontecer”, afirma Rodrigues.
Luís Felipe Cavalcante, 31, torcedor do Comercial, chegou a comprar ingresso para o segundo jogo, mas repensou a decisão de ir ao estádio.
“Quando vi que iam liberar para as duas torcidas eu pensei em assistir, mas aí lembrei do último confronto e fiquei com receio de estar no meio de uma confusão como aquela”, diz Cavalcante.
Diante dos confrontos no Palma Travassos, a Federação Paulista de Futebol (FPF) decidiu banir a torcida Mancha Alvinegra dos dois estádios de
Ribeirão Preto, por recomendação do Minsitério Público (MP). Com a decisão, objetos como faixas e bandeiras que identifiquem o grupo ficam impedidos de entrar em dias de jogos dos dois times.
Nos últimos anos, a intensificação das ações da Polícia Militar para evitar brigas entre torcidas trouxeram maior sensação de segurança aos moradores. É o que pensa Wesley Rios, representante das torcidas organizadas do Comercial. “A gente sempre conversa para que cada um tenha o seu espaço e todo mundo saiba se respeitar dentro e fora do campo.
Foto: Bárbara Pires/Comercial FC
“Aqui em Ribeirão é diferente de Campinas ou São Paulo. Você não tem tantos confrontos. A torcida gosta do Come-Fogo e estava com saudades de poder assistir esse grande clássico no estádio”, afirma Fernandes.
“A gente sempre precisa lembrar que o clássico é bom para a nossa cidade. Tanto a torcida do Comercial quanto a do Botafogo precisa se respeitar e fazer festa nas arquibancadas”, complementa Rios.
A torcida organizada Mancha Alvinegra foi procurada pela reportagem, mas até o fechamento desta edição nenhum representante se pronunciou.
