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Hemocentro RP aposta em campanhas itinerantes de doação de sangue, para equilibrar estoque de bolsas

Queda de 50% na coleta fez instituição partir em busca de doadores em empresa e até outras cidades

Vit Ria Andrade

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A busca por doadores de sangue em empresas e instituições de Ribeirão Preto tem sido a principal estratégia usada pelo Hemocentro de Ribeirão Preto, para contornar a escassez de coleta de bolsas de sangue.

O projeto de campanhas itinerantes começou de forma temporária no ano de 2020, com o agravamento da pandemia da COVID-19. A instituição ainda avalia o resultado da medida, mas diz que o risco de desabastecimento aos hospitais já diminuiu.

Os estoques de sangue caíram pela metade ao longo dos últimos dois anos. Com as restrições impostas pela disseminação do coronavírus, as salas de coleta ficaram vazias. A assistente social do Hemocentro, Marina Braga, diz que a pandemia provocou mudanças drásticas na distribuição de sangue aos hospitais.

“Neste período, os grandes hospitais cancelaram as cirurgias eletivas, para que o sangue que estivesse em estoque fosse direcionado para urgências e emergências. Tivemos que fazer várias campanhas direcionadas nas redes sociais e meios de comunicação, para que a população doasse”, afirma Braga.

Só que mesmo depois da flexibilização e da queda no número de casos de Covid-19, as doações não voltaram à mesma frequência de 2019. Ao mesmo tempo, a retomada das atividades dos hospitais em 2022 fez a demanda por sangue aumentar. “Vem sendo uma luta, já que os hospitais retornaram com as rotinas de cirurgias. Por isso, cada gota conta. Não exisre substituto para o sangue. Só um ser humano pode salvar a vida do outro”, afirma Braga.

Em novembro deste ano, o estoque de bolsas O negativo e AB positivo Hemocentro zerou. O mínimo necessário para a manutenção do fornecimento aos hospitais é de 63 bolsas do primeiro tipo.

Para contornar o risco de desabastecimento total dos estoques, o Hemocentro decidiu no fim de 2020 realizar coletas móveis, em ambientes fora da instituição. De acordo com a assistente social, a ideia foi reunir em um só lugar uma quantidade maior de doadores. “A intenção é aumentar o número de bolsas durante a semana, já que o número de doadores é maior aos finais de semana.” a suprir a baixa no estoque emergencial. Braga diz ainda que apesar de satisfatória, as adesões ainda seguem baixas. menos uma vez por semestre, a faculdade promove eventos para incentivar alunos e funcionários doarem sangue. por meio de parcerias do Núcleo de Atendimento ao Estudante e ao Egresso (NAEE), e dos Diretórios Acadêmicos.

As coletas itinerantes são feitas em empresas, universidades, entidades e departamentos públicos com data e local agendados. Para que seja viável, segundo a instituição, é necessário um grupo mínimo de 30 pessoas. O local da doação é avaliado previamente por uma equipe técnica, que verifica o tamanho do espaço disponível e se há salas fechadas para a realização da entrevista individual que antecede a doação.

O projeto de coleta itinerante ainda deve passar por verificação dos resultados obtidos. A intenção do Hemocentro é que eventos continuem com maior frequência e alcance. “Para dar continuidade, precisaremos fazer uma avaliação e comparar com os outros anos. A intenção é continuar e estimular empresas e instituições, que viveram a experiência da mini coleta, a realizarem de duas a três ações durante o ano”, afirma.

Marina Braga - assistente social do Hemocentro

De acordo com a assistente social do Hemocentro, todos os dias falta algum tipo sanguíneo. As bolsas coletadas nas campanhas, que variam de 20 a 25 por semana, ajudam

VOLUNTÁRIOS

O Centro Universitário

Barão de Mauá é uma das instituições que aderiram à iniciativa do Hemocentro. Pelo

Segundo Meire Aparecida Pedersolli, diretora institucional, a iniciativa de colaborar com os bancos de sangue partiu da faculdade, com o objetivo de mudar a concepção do trote dos calouros. “Em 2017 os alunos eram transportados até os bancos de sangue. Com com a participação do diretório acadêmico da medicina, o projeto passou a atuar em conjunto do Hemocentro nas campanhas itinerantes”, afirma Pedersolli.

Hoje as campanhas tam- bém são extendidas aos funcionários. De acordo com Simone de Souza Belluzzo, diretora institucional da unidade de Comunicação, Negócios e Tecnologia, a Covid-19 contribuiu para a mudança de estratégia. “As ações, até então voltadas para um público específico, foram suspensas no período de pandemia, retornam no segundo semestre de 2021 e em 2022 passaram a integrar as atividades do Projeto de Acolhimento.” do para doação é de 50 quilos para homens e 51 quilos para mulheres.

A ação realizada no segundo semestre deste ano reuniu 126 doadores, sendo 110 deles atendidos na unidade central e 16 durante a semana da enfermagem.

Cerca de 100 mil bolsas são coletadas anualmente e abastecem cinco hospitais de Ribeirão Preto e 130 em outras cidades. Ao todo, 5,5 milhões de pacientes são assistidos, o equivalente a um terço da população de São Paulo.

Os tipos sanguíneos são divididos em A, B, AB e O, positivos ou negativos, fatores que determinam a compatibilidade de cada indivíduo.

No Brasil, os tipos mais comuns de sangue são A e O positivo. Os que mais estão em falta nos estoques são os tipos O positivo e O negativo, chamados de doadores universais, por serem compatíveis com a maioria das pessoas.

Até que o sangue seja coletado, o voluntário passa por algumas etapas. A primeira é uma série de orientações preliminares sobre a retirada do sangue e sobre a doação de medula óssea, que é utilizada no tratamento de doenças do sangue, como leucemias e linfomas.

Em seguida o doador é pesado e mede a altura, pressão arterial, pulsação, temperatura e faz um teste de anemia. A entrevista clínica é a próxima etapa. O voluntário responde questões sobre hábitos de vida.

Não podem doar pessoas que têm ou tiveram hepatite após os 11 anos de idade, diabetes dos tipo 1 ou 2 (e fazem uso de insulina), hanseníase, doença de Chagas, malária, HIV e câncer. Usuários de drogas ilícitas e pessoas que mantêm relações sexuais com parceiros desconhecidos ou relações casuais também estão restritos.Pessoas com diagnóstico ou suspeita de Covid-19 devem aguardar dez dias após a recuperação para doar.

Segundo o Ministério da Saúde, a frequência anual de doações varia. Para homens, o indicado é uma a cada 60 dias, sendo, no máximo, quatro vezes ao ano. Já para as mulheres, essa recomendação é de um espaço de 90 dias entre uma doação e outra, sendo, no máximo, três anuais.

Em Ribeirão Preto, as salas de doação do Hemocentro ficam em dois endereços.Uma delas está na rua Quintino Bocaiúva, 470, no centro. O funcionamento é de segunda, terça, quinta e sábado, das 7h30 às 12h30. As quartas e sextas-feiras, o horário de funcionamento é de 7h30 às 17h30.

O outro ponto de coleta fica dentro do campus da USP, na rua Tenente Catão Roxo, 2501, no bairro Monte Alegre. É aberto ao público de segunda à sexta, das 7h às 13h e aos sábados, domingos e feriados das 7h às 12h30.

Marina Braga - assistente social do Hemocentro

O HEMOCENTRO

O Hemocentro de Ribeirão

Preto é referência nacional entre os centros de assistência hematológica, responsáveis pela mediação, doação e o recebimento de sangue no país.

Cada bolsa coletada contém 450 ml de sangue e pode atender até quatro pacientes. O material é dividido em três partes: hemácias, responsáveis pelo transporte de oxigênio (O2) e gás carbônico (CO2) no corpo; plasma, entendido como a parte líquida do sangue, tendo como principal função facilitar a circulação das células sanguíneas pelos vasos; e plaquetas, que têm função importante na coagulação.

Como Doar

As doações têm como público-alvo indivíduos entre 18 e 69 anos, em bom estado de saúde. O peso mínimo exigi-

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