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Alta demanda na saúde mental provoca fila de espera por vagas em curso de psicologia de RP
Procura por atendimento psicológico cresceu 23% nos postos de saúde da rede muncipal em 2021 fez a viagem. Foi uma decepção muito grande para mim, que gerou vários problemas”, afirma.
Mica diz ainda que, além de constantes crises de ansiedade, desenvolveu transtornos alimentares, o que exigiu acompanhamento especializado com psicólogo. “Eu tinha anseios naturais, como qualquer ser humano. Mas depois eu me tornei uma pessoa ansiosa. Além disso, eu já tinha um quadro de anorexia. Mas com a pandemia eu desenvolvi anorexia e bulimia pra valer. Eu sofri bastante”, afirma.
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A alta demanda por atendimentos de saúde mental em Ribeirão Preto, especialmente nos dois últimos anos de pandemia da Covid-19, mexeu com o mercado de trabalho. O curso de psicologia do Centro Universitário Barão de Mauá tem alunos em fila de espera. De acordo com a instituição, Todas as vagas ofertadas este ano foram preenchidas. A procura por profissionais da área é tanta, que muitos estudantes já saem da faculdade com emprego garantido.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Ribeirão Preto, em 2020, os serviços especializados de saúde mental atenderam 45.076 pacientes. Em 2021 este número saltou para 55.609, o que representa um aumento de 23%.
O Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, referência de saúde no estado de São Paulo, registrou 48.426 pacientes atendidos nas clínicas de psicologia da ala multidisciplinar em 2021. Isso significa que 132 pessoas passaram pela unida- de diariamente, à procura do serviço especializado de saúde mental.
Ana Laura Mica, 17, está no último ano do ensino médio. Ela é um dos milhares de pacientes que procuraram ajuda psicológica quando a pandemia começou em 2020.

Casos de pacientes parecidos com o da estudante lotaram os postos de saúde. A crescente demanda por atendimento especializado provocou uma corrida em massa para a graduação em psicologia, de a cordo com a coordenadora do curso do Centro Universitário Barão de Mauá, Caroline Zago.
Ela diz que curso sempre foi muito concorrido, mas que nunca tinha visto um aumento tão expressivo como em 2022. “Eu estou na coordenação há 13 anos. Desde que eu comecei sempre foram duas turmas, o que dá uma média de 80 a 100 alunos por ano. Este ano nós percebemos que houve um esgotamento de vagas. Teve aluno querendo se matricular, mas a faculdade atingiu seu limite”, destaca Zago.

Isso faz com que o mercado não se sature”, afirma.
Além do medo da doença, a estudante teve que lidar com desilusões por conta do isolamento social.
“Teve a questão da minha viagem de 15 anos, que eu já vinha programando há mais de um ano. Faltando um mês para acontecer, ela foi cancelada. Fechou tudo e a gente não
Diante do aumento da demanda por psicólogos na cidade, a cooordenadora acredita que em breve irá faltar mão de obra qualificada no mercado, mesmo com maior número de estudantes em formação. Isso porque os pacientes de psicoterapia podem levar meses e até anos para ter alta. “Quando os pacientes procuram os psicólogos, é como se eles ocupassem uma vaga. E eles ficam por um tempo significativo usufruindo dessa vaga.
Mirela Sandoval, 21, é estudante do quarto ano de psicologia no Centro Universitário Barão de Mauá. Apesar de ter boas expectativas para a vida profissional, diz se sentir insegura para encarar os pacientes. “Fica esse medo. Será que eu consegui absorver [o conteúdo] da forma que deveria ser absorvido?”, questiona. Sandoval afirma que o atual contexto exige melhor qualificação dos estudantes. “Existe uma grande expectativa de bons resultados da nossa parte. Com a rotina puxada no dia-a-dia, junto com os estudos, a gente acaba não ‘entregando’ tanto quanto gostaríamos”, afirma.
Segundo a estudante, todas essas aflições também refletem na saúde mental dos futuros psicólogos. “Isso gera ansiedade, muitos questionamentos e medo sobre como vai ser lá na frente. Essas questões de apoio psicológico aos estudantes precisam ser mais faladas, mais reforçadas”, conclui Sandoval.