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Evasão no ensino superior presencial é quase duas vezes
maior do que em cursos à distância na região de RP
Pesquisa do SEMESP leva em conta o número de matrículas trancadas até o começo da pandemia
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pode facilitar a vida financeira do aluno. Segundo ele, alguns cursos à distância custam a metade do preço dos cursos presenciais.
“O ensino digital consegue alcançar um número bem maior de alunos do que em sala de aula, que é limitada a 20 ou 30 pessoas. No EAD é possível ter centenas de pessoas simultaneamente assistindo a mesma aula”, afirma.
Gabriel Ferreira Garcia Lorenzato, 21, ex-aluno de jornalismo é um dos milhares de estudantes que abandonaram a graduação no ensino superior. Ele começou o curso em uma faculdade particular de Ribeirão Preto em 2019.
A evasão escolar no ensino superior particular na modalidade presencial supera em quase duas vezes o abandono de estudantes em cursos do ensino à distância na região de Ribeirão Preto. Os dados são da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação de são Paulo (Semesp), no último levantamento realizado no começo da pandemia da Covid-19.
O número de matrículas trancadas em cursos presenciais de graduação entre 2019 e 2020 foi de 201.203 em faculdades particulares da região. Isso enquanto que, no mesmo período, a evasão de alunos do ensino à distância (EAD) bateu a marca de 110.205. Uma diferença de 82,5% entre um e outro.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-contínua) realizada pelo IBGE paralelamente ao estudo do Semesp, indica que a perda de fonte de renda e insegurança alimentar foram os principais motivos da desistência dos estudantes universitários durante os períodos mais críticos da pandemia.
Ainda de acordo de com o
Semesp, o número de trancamento de matrículas na modalidade presencial em universidades públicas supera em 35,5% a evasão nas faculdades particulares entre 2019 e 2020. Já os cursos EAD registraram um aumento de 28,2% matrículas trancadas no período, em faculdades paulistas e federais.
A demora das instituições na adequação das aulas para o ensino remoto, com o fechamento das salas de aula na pandemia, é apontada como o principal motivo do índice de evasão. De acordo com a pesquisa, tal realidade nas instituições públicas contrasta com a estrutura das instituições particulares, que tiveram rapidez e recursos para a adaptação.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou no início de novembro de 2022 o Censo da Educação Superior 2021. Os dados mostram um aumento de 23,8% na procura por cursos EAD, em compração com o ano anterior. Já as vagas oferecidas presencialmente caíram 2,8%.
O vice-reitor do Centro Universitário Barão de Mauá, João Alberto Velloso, diz que os números comprovam um movimento de migração de cursos presenciais para os EAD. Entrentanto, Velloso acredita que a retomada da economia possa fazer com que os alunos regressem aos bancos universidades e consigam concluir o sonhado curso superior.
“O sonho de consumo de todas classes é ter seus filhos em escolas particulares, dentro de uma faculdade. Mas a instituição pública ainda é a preferência do alunado”, afirma Velloso.
O preço das mensalidade dos cursos presenciais também é um dos motivos para a evasão de faculdades presenciais, já que muitos estudantes foram demitidos ou tiveram sua renda familiar financeira reduzida durante o período pandêmico.
De acordo com o Semesp, as taxas de inadimplência em 2020 e 2021 foram as maiores registradas desde 2014, quando o governo estadual passou a tabular os indicadores de evasão. Em 2020, ficaram devendo mensalidade 9,9% dos estudantes. Em 2021 o índice foi praticamente o mesmo, com a marca de 9,4%.
O vice-reitor acredita que, diante deste contexto, o EAD
O estudante Conseguiu frequentar as aulas até 2021, quando teve dificuldades financeiras por conta da pandemia e precisou parar. Ele afirma que não desistiu do sonho, apesar de não saber quando voltará a estudar. Mas a única certeza é que não será de forma presencial “Ainda pretendo me formar, mas em outra modalidade”, afirma.
Para o sociólogo Wlaumir Souza, a ausência de um diploma interfere diretamente no futuro profissional do indivíduo e na sua colocação no mercado de trabalho, diante da falta de qualificação.
“O estudante que abandona a graduação é colocado em segundo plano e sua vida é podada nas melhores oportunidades”, afirma Souza.
O empresário Washington Fernandes, 44, que abandonou o curso de engenharia mecânica, diz que sentiu na pele as restrições de oportunidade de trabalho por não ter graduação. “O ensino superior é o avanço para o profissional. O conhecimento e respeito são maiores quando você tem diploma. Mas hoje, mesmo com ensino à distância, depois da crise da Covid-19, será difícil arcar com os custos”, afirma.