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Maioria dos furtos de celular em Ribeirão Preto ocorre
na região norte, durante a madrugada
De 263 casos registrados em junho, 87 aconteceram após a meia noite
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JÚLIA TORNAI
Dados do Portal da Transparência da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) revelam que a maioria dos furtos de celular em Ribeirão Preto ocorre no período da madrugada. A zona norte da cidade é a região que os bandidos fazem mais vítimas.
Levantamento feito no mês de junho de 2022 aponta que a cidade registrou 263 boletins de ocorrência por furto de celular. Destes, 87 ocorreram no período da madrugada, entre meia-noite e 6h, o que corresponde a 33% do total. O segundo período com maior frequência de furtos de celular é o da noite, entre 18h e meia-noite, com 31% do total de boletins de ocorrência registrados em julho.
Segundo o Consultor em Segurança Marco Aurélio Gritti, o motivo desses horários serem os que mais possuem registros de roubo é porque têm menos circulação de pessoas na rua, fato que impede a vítima de ser ajudada de imediato.
“Nesses horários as pessoas estão saindo ou voltando do trabalho. Em regra, isso significa menos gente nas ruas, o que dificulta o meio de a vítima pedir ajuda a alguém para acionar o 190. Essa soma de fotares possibilita mais tempo de fuga aos criminosos’’, disse Gritti.
A Jornalista Ana Laura Siqueira, 23, é uma das vítimas que teve o celular furtado em Ribeirão Preto durante a madrugada. Ela aguardava a chegada do ônibus em um ponto no centro, na Rua Prudente de Morais, às 5h40, horário que costuma sair para trabalhar. Siqueira conta que percebeu o atraso da linha e pegou o aparelho para confirmar o horário. “Olhei a hora e logo voltei o celular para o bolso. Uns três minutos depois um homem de bicicleta chegou. Ele desceu a rua e percebi que iria se aproximar de mim”, relatou.
De acordo com a jornalista, minutos depois ela foi abordada por um segundo suspeito. “Dei dois passos para trás e no mesmo instante apareceu o outro assaltante, armado com um revólver. Eu fiquei encurralada.”
Já rendida, a dupla sabia exatemente o que queria. “O homem armado me pediu o celular e ficou insistindo para eu entregar dinheiro também, mas eu não tinha nada. Disse que iria mostrar a carteira quando ele tomou ela de mim”, afirmou Siqueira.
Na fuga, os ladrões ainda deixaram os documentos e a carteira de Siqueira metros a frente. Segundo ela, um trauma que será difícil de esquecer. “Estava meio atordoada. Só depois de alguns minutos segui os passos deles e consegui recuperar a carteira”, contou Siqueira.
Mas foi na zona norte que a maioria dos crimes ocorreu no mês de junho. Foram 55 furtos, o que corresponde a 38% do total. A zona oeste fica em segundo lugar com 39 furtos (27,4%). Na sequência está a zona sul, com 23 casos (16,1%). O centro aparece na lista com 14 furtos (9,8%) e a zona leste, por fim, com 11 boletins de ocorrência registrados (7,7%).
Guelfo Pescuma Júnior, especialista em segurança pública, diz que o celular é hoje o objeto mais atraente para os criminosos, já que é mais fácil de ser roubado e transportado. Além disso, possui maior valor de troca, já que vai parar nas mãos de receptadores. De acordo com o Código Penal, a receptação é crime, como prevê o artigo 180, com pena de até quatro anos de cadeia.
“O celular pode ser colocado em uma mochila ou no bolso da calça e ser transportado até mesmo de bicicleta. É o objeto que chama mais a atenção dos ladrões, por ter maior valor agregado. Um aparelho é algo fácil de ser trocado ou vendio’’, diz Pescuma Júnior.
A estudante universitária Patrícia de Souza, 36, aguardava o ônibus no ponto quando foi surpreendida pelo ladrão. “Eu estava sozinha quando dois homens de moto tentaram puxar a minha bolsa’’, disse a estudante.
Souza contou ainda que não havia nenhum policial no local e que um homem desconhecido, que estava do outro lado da rua, a ajudou a se recuperar do susto. “Não sabemos como reagir na hora. A gente fica com medo, porque não sabe qual vai ser o segundo passo da pessoa que está ali nos assaltando. Isso causa muita apreensão. A gente se sente sem ação”, afirmou.
Para Guelfo Pescuma Júnior, a falta de policiamento nas ruas contribui para o número de crimes contra o patrimônio na cidade. Segundo ele, a polícia não tem efetivo suficiente para que a prevenção de furtos. O especialista em segurança explica também que a população deve sempre se prevenir quando estiver fora de casa. “Ao sair na rua, a recomendação é que a pessoa ande sempre com a bolsa para à frente do corpo. Também é fundamental estar atento ao lugar em que você está e nas pessoas que estão ao seu redor”, disse.
Pescuma também enfatiza a importância de registrar o boletim de ocorrência caso o morador seja vítima de um crime. Segundo ele, o documento ajuda a polícia a conduzir investigações.
“É a partir dele que as autoridades elaboram as estatísticas. Isso permite mapear o crime na cidade e descobrir quais são as regiões que mais necessitam de ações de segurança, como o patrulhamento diário em determinado bairro”, afirmou.
Procurada pela reportagem do Jornal da Barão, a Secretaria de Segurança Pública não respondeu aos questionamentos sobre os casos de furtos de celular na cidade até o fechamento desta edição.