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Para fazer sorrir
Voluntários da Terapia Intensiva do Amor e Risoterapia levam alegria e conforto a crianças e idosos em hospitais
Bianca Craoline, Carolina Rodelli, Juliana Reis e Mariana Therezio
As paredes são cinzas e brancas. Há um desfile nesse cenário de pessoas usando jalecos: são médicos e enfermeiros, em uma rotina sempre igual. Mas naquela tarde em especifico, algo parecia estar diferente.
Entre pinturas, bolhas de sabão e roupas coloridas. Sorrisos e risadas espontâneas. A reação das pessoas ao redor era de espanto logo no inicio, outros preferiram rir escondidos e tinha aqueles que caíram na gargalhada.
Eles são jovens e adolescentes que abrem mão de seus fins de semana em busca do sorriso de uma criança. Com o objetivo de levar alegria, amor e esperança por meio da figura de um palhaço, diversos grupos têm se formado em Curitiba para tentar tornar o ambiente tão sério e frio dos hospitais em algo mais leve e colorido. Exemplos disso são Terapia Intensiva de Amor (TIA), fundado em 2008 por Caroline Alcova, de 24 anos, e o Risoterapia, este mais recente, fundado em 2013 por Bruna Dea, 21 anos.
“O TIA trouxe toda a diferença para minha vida. Antes, eu tinha uma vida normal, mas agora a
minha vida é voltada ao grupo, a realizar com excelência o trabalho para o qual eu fui chamada.Posso perder o final de semana. Mas ganho a semana inteira. A cada visita, adquirimos conhecimento humano”, declara Caroline.
Os grupos desenvolvem diversas atividades com os pacientes, desde mágicas, piadas, danças até as sonhadas bolhas de sabão. O sorriso de gratidão dos pais é outro item sempre presente nas visitas. Maria G. Motta, que não quis revelar a identidade da filha, disse que “o
projeto ajuda muito. Quando os palhaços chegaram, ela abriu um sorriso e esqueceu de tudo por um minuto. O que eles fazem é muito bom”. A filha de Motta estava internada há poucos dias e teria alta no dia da visita.
Para os voluntários, o sentimento
-Bruna Dea do grupo Risoterapia
crédito: Mariana Therezio
Pais acompanham o trabalho dos voluntários com as crianças hospitalizadas.

de promover o sorriso de uma criança doente é renovador e os estimula a continuar fazendo a diferença. “A alegria de uma criança é o nosso presente, um presente que nem merecemos. A sensação é a de que estamos cumprindo a missão pela qual Deus nos chamou em um simples gesto inocente de criança. Sentir a pureza das atitudes delas nos fortalece”, revela Bruna Dea.
Ericson Chagas, capelão hospitalar do Hospital Evangélico, fala sobre a importância do trabalho voluntário, não só para as crianças e suas famílias, mas para o hospital e seus funcionários. “O trabalho voluntario é o que sustenta um hospital, pois esse povo cheio de amor e fazendo tudo de forma desprendida nos anima a continuar em nosso oficio, apesar das lutas. O voluntariado é um fôlego novo para nós da área de saúde.”
Para tornar-se um voluntário, é preciso primeiro passar por um processo seletivo e, depois, por uma série de treinamentos. Mais do que isso, se você quer ser um voluntário, é preciso ter muito amor e alegria à disposição, e estar disposto a perder o fim de semana para ganhar a semana. toda
“O trabalho voluntário enche o hospital de amor ” - Ericson Chagas

“Muitas histórias me marcaram. Mas acho que a que mais me tocou foi a do Gustavo, um menino com leucemia. Fomos até a casa dele fazer uma visita em fevereiro deste ano. Um domingo chuvoso e cinzento, que ficou muito mais colorido quando o conhecemos. Ele tinha 11 anos, era apaixonado por cachorros e o melhor banqueiro do Jogo da Vida. Aquele dia nós cantamos, estouramos bolhas de sabão, jogamos vídeogame e brincamos bastante. Oramos com toda a família e entregamos a situação nas mãos de Deus. Ele já estava bem fraco. Mas os sorrisos daquele dia nós jamais vamos esquecer. Lembrar daquele dia nos motiva a continuar. Dois meses depois dessa visita Deus o levou. Acompanhei a família no velório. A tristeza foi muito grande. Ainda converso com a mãe dele, uma mulher guerreira e muito querida, aprendemos a amar esta família e ela continua em nossas orações. Hoje os pais conseguiram aprovar a Lei Gustavo Calonga de incentivo à doação de medula óssea. Já podemos ver que ele é um menino que mesmo não estando mais entre nós, continua fazendo a diferença em nossas vidas.” Bruna Dea, criadora do grupo Risoterapia
