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É de casa

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Longe de casa

Longe de casa

Um hostel é mais do que um local de hospedagem. É um ambiente de convívio, troca de experiências e muita aprendizagem

Texto: Aryane Monteiro

Um hostel (estrangeirismo, frequentemente sinônimo de albergue) é um tipo de acomodação que se caracteriza pelos preços convidativos, quartos e banheiros compartilhados. Apesar de já encontrarmos alguns lugares com quartos duplos ou com suítes para casais, os espaços têm como principal característica áreas inteiramente dedicadas ao convívio entre os hospedes.

Foi o que descobriu o gaúcho Evandro Consul, que há dois meses e meio chegou a um hotel no centro de Curitiba e sua reserva não havia sido feita. Como já era tarde, o taxista o levou ao Curitiba Backpackers Hostel, no bairro São Francisco, dizendo que na manhã seguinte voltaria para, juntos, encontrarem um hotel melhor. Ele chegou por acaso e descobriu que o lugar tinha bem mais do que hospedagem a oferecer, e sim, uma experiência.

“Eu nem sabia o que significava hostel. Cheguei e quando fui dormir estranhei o fato de os quartos serem compartilhados. Mas, como eu estava cansado, tudo bem. Quando eu acordei e vi o pessoal tomando café, eu já senti uma coisa diferente, como se eu estivesse em casa.”

O gaúcho conta que a primeira sensação que teve foi que não teria muita liberdade, mas que hoje já mudou completamente de opinião. “O pessoal se respeita muito. Quem está assistindo a um filme no quarto, não vai assistir ao filme, ou ouvir uma música, muito alto. Muitas vezes dividimos quartos com estudantes que vêm para alguma prova e precisam descansar. Então, a gente consegue manter cada um no seu quadrado, por mais aglomerado que esteja o quarto com seis ou sete pessoas.”

O ambiente é muito colorido, organizado e sustentável. O lugar tem wi-fi gratuito e café da manhã. Além dos quartos compartilhados, oferece para aqueles que pagarem um pouco mais um quarto privado para casais. Tem ainda uma sala de TV, uma cozinha, onde as comidas guardadas na geladeira são etiquetadas com o nome de cada um para que um não coma o que é do outro.

A limpeza também é por conta do hospede e o lema é: “Usou, limpou, guardou”. Uma diarista é contratada para manter a limpeza geral, mas cada um é responsável pelas suas próprias coisas.

Os hóspedes ajudam a cuidar até mesmo da estrutura do lugar. Fazem serviços como pintar o deck, lixar e montar novas camas, de forma colaborativa. Segundo Evandro, quem está bastante tempo hospedado acaba se sentindo na responsabilidade de ajudar. Ninguém gosta de ver seu amigo trabalhando sozinho sabendo que também pode contribuir.

Aryane Monteiro

Mesmo longe do Rio Grande do Sul, Evandro não deixa de tomar um chimarrão.

Aryane Monteiro

Além de cuidar da secretaria, Heloise prepara as camas para os novos hóspedes.

A decoração é um dos principais atrativos.

viver com pessoas de culturas e ideologias diferentes, tem liberdade, em um hotel você fica preso no quarto. Nós temos um tempo de trabalho, mas também temos muito tempo vago, então ajudar se torna até uma terapia. Eu, que antes pagava para fazerem estas coisas para mim, como lixar uma cama, hoje faço por livre espontânea vontade, para colaborar”, disse.

Muita experiência, aprendizado e muita amizade. Amizade que chama atenção é a do gaúcho com os franceses Mathis Floury-Besnard e Thomas Bachelé. Os dois vieram do norte da França para estudar na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e têm Evandro como se fosse um pai dentro do hostel. “O gaúcho é muito divertido e famoso aqui. Ele tem 50 anos e agora está em um hostel. Ele gosta muito de estar aqui e eu gosto muito quando ele está”, conta Mathis. mostra muito feliz com os amigos e as experiências que vive no ambiente. “Eu e meu amigo da França ficamos um tempo em um apartamento no Centro de Curitiba, mas eu não me sentia bem. Estamos aqui há quatro meses e eu tenho tudo como se fosse uma casa. Fiz muitos amigos, tem festa, churrasco. Tive a oportunidade de escolher ficar em uma casa com 25 franceses, mas acredito que aqui aprendo muito mais.”

A interação não fica só por conta dos hospedes. Quem trabalha também faz parte da família. Heloise Flores de Andrade é estudante de Hotelaria e a “faz-tudo” no hostel e, apesar de estar trabalhando no Backpackers há apenas dois meses, parece conhecer o lugar e as pessoas há muito tempo.

“Eu já me sinto parte da galera mesmo. As relações são muito mais próximas do que em um hotel, onde você tem certa distancia do hospede. Em hostel, a gente se torna uma grande família.”

Ela destaca o bom senso como a principal atitude para que as pessoas possam conviver bem dentro do espaço. “A gente aprende aqui a lidar com culturas e eu acho que bom senso é muito importante. Por ser um ambiente de muita liberdade, ter bom senso de saber respeitar, não só culturas diferentes, como os horários, o espaço de cada um, é fundamental.”

As experiências são contadas em meio a risadas e muita diversão, mas quando o assunto é ir embora do hostel o sentimento expressado por todos é o mesmo: a tristeza. “Toda semana meu coração se parte um pouquinho. Por exemplo, teve um hóspede que chegou para ficar quatro dias e acabou ficando três semanas, ficamos super amigos e, quando ele foi embora, foi bem triste”, conta Heloise.

Evandro e Mathis preferem não pensar como vai ser quando tiverem que ir. “Eu vou sentir falta de tudo, mas principalmente das pessoas que conheci aqui”, afirma o francês. Já o gaúcho não tem dúvidas em afirmar: “Todas as próximas viagens vou ficar hospedado em hostels”.

Aryane Monteiro

Thomas e Mathis usam os computadores do hostel para estudar.

Como escolher

Listamos quatro motivos para você escolher um hostel na hora de viajar

1O preço é um grande atrativo na hora da escolha, você vai economizar.

2Conheçerá novas culturas e fará novas amizades

3Você vai se sentir em casa

4Terá outras maneiras de passar o tempo que não seja só vendo tv dentro de um quarto

Gruta do Bacaetava

Colônia Witmarsum

Thauane Mayara

Circuito

alternativo

texto por Jordana Machado e Thauane Mayara 5 destinos para conhecer perto de Curitiba que reservam atrações de encher os olhos

Povoada por imigrantes vindos da Alemanha no início do século XX, a Colônia Witmarsum pode ser considerada o cantinho mais germânico do Paraná. Localizada no município de Palmeira, a cerca de 50 km de Curitiba, Witmarsum reserva diversas atrações especiais para quem gosta de história e natureza. Idealizada pela comunidade menonita paranaense, o local oferece um roteiro exclusivo que conta com belas paisagens, pousadas, museus, cafés, além da receptividade e hospitalidade de uma comunidade tradicional alemã que possui cerca de 2 mil habitantes. E quem disse que nas redondezas da Grande Curitiba não é possível encontrar rotas que reservam verdadeiros mistérios e muita aventura? Localizada no município de Colombo, o Parque Municipal da Gruta do Bacaetava é uma dessas atrações que surpreendem aos olhos de quem contempla as maravilhas da natureza que foram esculpidas em pedra bruta durante milhões de anos. Descoberta pela família tradicional família italiana Gasparin em meados do século XIX, a gruta oferece aos visitantes que fazem o Circuito Italiano de Colombo uma das melhores experiências que une história, aventura, mistério, adrenalina e uma paisagem de tirar o fôlego!

Thauane Mayara

Thauane Mayara Thauane Mayara

Morretes e Antonina

Colônia Muricy

Um pouco mais distante da capital, indo em direção ao litoral paranaense, Morretes e Antonina são paradas obrigatórias para quem deseja conhecer mais sobre a cultura tradicional paranaense. As cidades irmãs reservam atrações marcadas por diversos pontos turísticos famosos, como o pitoresco centro de Morretes que conta com restaurantes, praças e o coreto; já em Antonina, a grande atração fica por conta da Ponta da Pita, que guarda um visual vislumbrante para quem deseja contemplar um belo pôr-do-sol ao fim do dia. O acesso as duas cidades pode ser feito pela BR 277 ou pela Estrada da Graciosa, outro ponto turístico indicado para quem deseja viajar admirando as belas paisagens naturais que podem ser encontradas na beira do caminho. Para quem vai a Morretes o passeio pode ser feito também por trem, uma opção a mais para quem não abre mão de muita aventura e de um trajeto alternativo. Os trens partem da Rodoferroviária de Curitiba todos os dias oferecendo opções de acomodação para todos os gostos e bolsos.

No município de São José dos Pinhais, para quem quer fugir da agitação da cidade, uma boa opção é reservar um fim de semana para conhecer a Colônia Muricy, que fica a 10 km do centro do centro da cidade. Fundada em 1978, sua origem remonta à história de dois povos vindos da Europa - os poloneses e italianos. Lá, uma das grandes atrações é o famoso Caminho do Vinho, trajeto que percorre toda a colônia e que oferece atrações turísticas como vinícolas, café coloniais, igrejas e várias fazendas.

Prainha (Pontal do Sul)

E já que estamos falando em ir em direção ao litoral, que tal dar uma passadinha em uma das praias naturais mais belas (e até então secretas) da nossa orla litorânea? Em Pontal do Sul, antes de chegar ao trapiche que leva os turistas à Ilha do Mel, encontra-se a “Prainha”, balneário localizado em uma região conhecida como Mangue Seco. Próximo a Ponta do Poço, a Prainha é um local de águas claras e tranquilas, um destino perfeito para quem gosta de mar, sol e esportes náuticos. Na pequena orla que tem seu acesso facilitado por trilhas percorridas a pé, os turistas podem aproveitar a calmaria e o sossego da região em diversos pontos repletos de árvores, sombra e um mar tranquilo que agrada desde crianças, até quem gosta de praticar esportes como stand up paddle e caiaque. Da areia é possível avistar, a direita, o trapiche de Pontal do Sul e, logo em frente, o espetáculo fica por conta da vista que se tem da ilha mais doce do mundo – a nossa Ilha do Mel.

Thauane Mayara

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