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Made in Curitiba
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Made in
Curitiba
Artistas paranaenses ganham popularidade e se destacam no cenário da música nacional
Por Manuella Niclewicz e Lara Pessôa Ao contrário dos grandes teatros, as casas noturnas se tornaram palco de artistas paranaenses. Por mais que o mercado da música nacional esteja saturado, Curitiba consegue se destacar no lançamento de grandes nomes da área que reúnem, há tempos, diversos admiradores espalhados pela cidade.
A mistura de ritmos é outro fator importante para a cidade ter se tornado influente espaço para grandes personalidades da música. É artista para todos os gostos e estilos: sertanejo universitário é sensação entre o público mais jovem enquanto o rock and soul atrai os mais velhos e, por incrível que pareça, até o rap – não tão popular em terras mais conservadoras – vira batida de sucesso. Entretanto, o rumo ao estrelato não é tão glamuroso quanto parece, na medida em que um artista passa por diversas dificuldades antes, durante e depois de garantir a fama.
Do Boqueirão à Champs Elysées
Durante uma semana agitada de shows no São Paulo Fashion Week, voltando de uma turnê na Europa e se preparando para seguir em direção à Austrália, a rapper curitibana Karoline Rodrigues dos Santos, conhecida como Karol Conká, tem energia para dar e vender. “As pessoas reclamam demais da vida!”, alerta. Aos 15 anos, apresentou um rap na escola inspirada em uma música dos Racionais que havia ouvido no rádio. “Na escola, o pessoal curtiu o trabalho que eu fiz e, desde então decidi, é isso que vou fazer da minha vida!”, conta. Em um primeiro momento, sua mãe não gostou da ideia, pois achava o ritmo muito pesado. “Mas eu sempre tive uma garra presa aqui dentro que só consegui soltar quando comecei a fazer rap”, reflete Karol. A cantora sofreu discriminação

Marcos Willian
Karol Conká iniciou com o rap em um trabalho da escola. desde os 5 anos, principalmente na escola, onde foi chamada de “negra favelada” e “macaca” até por professores. “Aos poucos fui criando uma personalidade libertária e o intuito de despertar nas pessoas a vontade de ser quem elas são! E é com este objetivo que sigo em frente até hoje”. “Além de aguentar a discriminação também vi muita coisa! Eu conhecia os meninos que mexiam com droga na região onde eu morava, mas por sorte nossa família nunca teve este problema. Creio que por causa da educação que os meus pais deram. Mas a violência é algo que marca”, discorre Karol. A desgraça, no entanto, atingiu a família de outra forma. O pai, Odair, sucumbiu ao alcoolismo com apenas 34 anos. Foi recolhido bêbado na rua e carregado para casa. Ao levantar do sofá, tropeçou e, no chão, acabou asfixiado pelo próprio vômito. Karol tinha 14 anos. “É a sombra que me acompanha. Eu me senti culpada, mas fui entendendo aos poucos que era uma doença”, confessa. Ela lembra que, ao andar de ônibus, colocava a cabeça para fora da janela e imaginava que estava “fazendo um clipe”. Estudou em Curitiba até o terceiro ano do ensino médio quando percebeu que não adiantava ficar escrevendo e cantando para os amigos e decidiu se aventurar em São Paulo. “A escola sempre foi uma tortura para mim, eu precisava me libertar e tentar a vida de artista”. Aos 19, Karol assumiu o papel de
mãe de Jorge, seu único filho. O que muitos acreditavam ser o fim da trilha do rap para a curitibana foi somente uma parada estratégica. Alguns anos depois, amadurecida pela maternidade, serena e bem-humorada, retomou os exercícios com as palavras. Não demorou muito para chamar atenção. Integrou o conjunto Agamenon, em seguida fez parte do Upground Beats. Ainda sem ganhar dinheiro com a música, Karol trabalhou como atendente de telemarketing e secretária até 2011. Enquanto isso, encontrou como aliado o produtor Nave, igualmente curitibano, com quem elaborou o CD Batuk Freak. Em abril de 2013, ela lançou o álbum que, em uma semana, obteve mais de 20 mil downloads na internet. No mesmo ano, ganhou o Prêmio Multishow na categoria Artista Revelação, concorrendo com nomes como Anitta e teve a faixa “Toda Doida” eleita como uma das dez melhores músicas do ano pela versão brasileira da revista Rolling Stone. Além disso, a canção “Boa Noite” foi escolhida para fazer parte da trilha sonora do game Fifa 14. “Estou levando o meu nome e o da minha cidade a lugares que pouca gente chegou. Eu falava que as pessoas iriam comentar do Boqueirão e me tiravam pra louca”, diz Karol. A aposta dela, no momento, é o seu novo álbum - Tombei. A curitibana entrou para os estúdios, gravou 3 músicas em Paris e está estudando novas sonoridades, como música angolana, house e a história dos negros no mundo.
Também pintaram convites para a artista participar de filmes. “Tenho muitos planos ainda. Se acontecer, será maravilhoso, mas o que eu quero mesmo é ser a Oprah Winfrey brasileira”, dispara, rindo.
Karol Conká, cantora

Diretamente da Vila Sandra, comunidade carente no Campo Comprido, Michele Mara jamais imaginou alçar voos tão altos e ter o reconhecimento de milhares de admiradores. A artista, que venceu o concurso “Maior Imitador da América Latina”, interpretando músicas da Aretha Franklin, iniciou a carreira musical bem cedo quando, aos 10, esbanjava seu vozeirão em uma banda da igreja. Com uma família de músicos, Michele seguiu no grupo até completar 27 anos.
Formada em Canto Popular pelo Conservatório de MPB de Curitiba, a jovem foi convidada, em 2007, para participar de um show da banda Seven Side Diamond em tributo ao Pink Floyd e foi assim que as casas noturnas da cidade entraram em sua vida. Após o convite, a cantora montou o Black Mi Ma, trio composto por ela, Karol Conká e Gisele Mariah, focado no estilo musical soul. Ao ser questionada sobre as dificuldades que enfrentaram, Michele garante que houve várias e que “uma vez ganhamos um cachê de R$ 9,90”. Atualmente, cursa Musicoterapia na Faculdade de Artes do Paraná (FAP) e sente-se realizada profissionalmente. Entretanto, se engana quem pensa que o percurso para Michele alcançar a merecida popularidade foi simples. Ela já foi vítima de preconceitos, passou por momentos delicados na família e até sofreu agressões físicas.
Com um histórico bastante semelhante ao de Karol, Michele perdeu o pai, também músico, quando tinha 16 anos, em decorrência do alcoolismo. A relação da cantora com o pai, Gilson Domingos, era muito próxima. “Ele tocava samba naquelas rodas de viola e a nossa relação era realmente demais. Era muito boêmio e, na verdade, foi a boêmia que o matou.” Para tentar amenizar a saudade e, em forma de homenagem, Michele carrega o sobrenome do pai tatuado no punho direito. “Sinto muita falta e, como ele nunca me viu cantar, acho que
ficaria bastante orgulhoso em ver em quem eu me tornei. Sempre será o meu herói.”
Aos 23, Michele resolveu mudar o rumo de sua vida. “Tive um casamento que deu todo errado. Meu ex-marido passou a ser agressivo pelo uso de drogas e cometia violência doméstica quase todos os dias. Depois que me separei, queria mudar e, por isso, me dediquei aos estudos”, afirma. Sem dinheiro para se vestir e, muitas vezes, tendo que dividir comida, Michele garante que sua vida mudou depois de ter participado de programas de televisão. “Ganhei um destaque no mercado, foi um salto muito grande. Uma cantora desconhecida de Curitiba cantar Aretha?
Mudou tudo! Fui criada pra ser dona de casa, não tinha uma perspectiva de vida boa pra mim”, comenta.
Outro segredo da vida pessoal da curitibana é que ela ama cozinhar. “Como moro sozinha, preciso me alimentar e gosto de comer comida boa, amo me aventurar na cozinha. Macarrão pra mim é a coisa mais gostosa do mundo, minha comida preferida”, revela. A cantora, que namora um africano, ensina um molho típico da Nigéria, o qual diz ser o seu
Michele Mara, cantora
MOLHO AFRICANO
Ingredientes: Modo de Fazer:
- 5 tomates
- 1 cebola
- 1 pimentão vermelho - 200ml de água - Sal e pimenta-do-reino a gosto - Bata os tomates, a cebola e o pimentão no liquidificador e misture com a água. Depois, tempere com sal e com a pimenta.

Manuella Niclewicz
preferido. “Intitulei de ‘molho africano’ pois foi ele que me ensinou, é um molho muito fácil de fazer e é bem saboroso também.”
Guerreira e bastante religiosa, hoje, aos 34 anos, Michele se considera completa. A artista também já testou outros talentos e teve a experiência de gravar um longa-metragem - ainda não lançado - ao lado de Tiago Abravanel e protagonizar musicais nos teatros de São Paulo. “O nome do filme é Amor em Sampa, uma comédia romântica musical que conta cinco histórias que vão se entrelaçando até chegar na minha. Acabei descobrindo um outro lado da Michele Mara”, diz, aos risos.
Michele Mara, ícone na capital paranaense, é exemplo de superação e conquista. A jovem, que enfrentou preconceitos, passou por momentos delicados na família e chegou até a sofrer agressões físicas, hoje se sente realizada em todos os sentidos.

O Embaixador da Boa Vontade
De portas abertas, com muita simpatia e sorro. Foi assim que Zé Rodrigo recebeu a equipe da CDM em sua casa no bairro Campina do Siqueira, em Curitiba.
Psicólogo de formação e músico por opção, Zé abriu mão de sua graduação pelo desejo de se tornar artista. “Até cheguei a ir para fora do país visitar universidades para fazer mestrado, mas percebi que eu estava a 3% do caminho para me tornar um bom psicanalista e a 30% de conseguir seguir uma carreira musical. Então, por que não seguir esse sonho?”, argumenta.
Apaixonado pelo que faz, Zé Rodrigo não obteve o apoio de seu pai na decisão de se tornar um artista. Advogado e bastante conservador, o pai acreditava que o filho não obteria futuro nesse ramo. “Felizmente, a gente sempre tem uma coisa facilitadora na vida chamada mãe!”, brinca, ao ser questionado sobre como lidava com a situação.
Gente como a gente, o músico garante não se arrepender da escolha que fez. A paixão pela música veio ainda na infância, quando simulava tocar bateria com colheres de pau nas panelas de sua mãe somente pelo prazer de fazer sons. Aos 12 anos, ganhou sua primeira bateria de verdade, instrumento que aprendeu a tocar sozinho antes do violão e da guitarra.
Aos 17, Zé integrava uma banda e já realizava shows em todo o estado. “Saía de casa com os amigos em uma van, viajávamos para as cidades vizinhas, tocávamos e voltávamos no mesmo dia”, lembra. O trajeto era corrido porque tudo tinha que ser sempre escondido do seu pai. “Ele pensava que eu estava indo às baladas até o dia
Dani Martins e Deise R

Zé Rodrigo abriu mão da psicanálise para se tornar um artista.
Zé Rodrigo, cantor
em que me viu em uma matéria sobre a banda no jornal”, conta.
Em 1989, foi convidado para se tornar o baterista da tradicional banda curitibana Metralhas Beatles Again, a qual foi o primeiro músico a integrar o grupo depois da formação original. Em decorrência do convite, o pai de Zé passou finalmente a reconhecer o trabalho seu trabalho, afinal, o conjunto era referência para sua geração.
Quanto à atividade musical, o fã de Renato Russo explica que a grande dificuldade para quem não escreve músicas autorais aqui no Brasil, é que as pessoas não valorizam a profissão de intérprete em nosso país. Ainda assim, acredita que, entre todas as dificuldades, a mais alarmante de todas é a de que “o Paraná não tem ídolos e não reconhece os seus artistas locais”.
Em 2013, era a hora de Zé Rodrigo conquistar novas fronteiras e ampliar seus horizontes. Para isso, escolheu os Estados Unidos como novo palco para sua carreira. Na mesma época chegava em Curitiba a World Sports Alliance (WSA), instituição intergovenamental com o objetivo de desenvolver projetos culturais para a Copa do Mundo de 2014. O encontro de Zé Rodrigo com a WSA rendeu a ele a nomeação como embaixador da boa vontade, título concedido a artistas como Angelina Jolie, Bono Vox e Harrison Ford, por meio do qual ele representa o Brasil nas decisões da instituição.
Com algumas viagens a Nova York, o curitibano se lançou no mercado internacional e mostrou o seu talento em importantes casas noturnas por lá. “Infelizmente, a música no Brasil é vista apenas como entretenimento e não arte e cultura como em outros países”, admite.

Agora, com 45 anos , o novo empreendimento dele na capital é o The Original Soul Rock Club, um bar que conta com o objetivo de unir música e gastronomia, reforçando a proposta de dar mais atenção e espaço aos músicos locais. Mas, a maior novidade da agenda do intérprete está nas apresentações semanais no Hard Rock Café do Brasil, às terças-feiras. Tempo livre? Quando tem, é exclusivamente dedicado à namorada, idas ao cinema e, claro, para sua coleção de guitarras. “Sou uma criatura meio osmótica”, finaliza, aos risos.
Zé Rodrigo e Michele Mara também são grandes amigos desde suas épocas mais díficeis. Além disso, ela é atração confirmada no bar de Zé em quase todos os finais de semana.
4lugares para comer barato
Quando bate a fome, quem vem a Curitiba, ou até mesmo quem mora na cidade modelo, encontra um grande leque de opções de bares e restaurantes. Mas se o dinheiro está curto, fica sempre aquela dúvida “onde eu vou?”. Para quem pensa que a melhor escolha é ir para casa ou que para comer bem é preciso gastar muito, nós separamos quatro opções de restaurantes com aquele “precinho camarada”.
Dayanne Wozhiak, Daniela Gusso, Luciana Prieto e Marina Creplive
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Whatafuck

Hambúrguer é uma delícia americana que já se tornou tradição no Brasil! Com diversas casas espalhadas por Curitiba, o Whatafuck chega como opção para quem deseja saborear o prato e gastar pouco, que sai por apenas R$ 10,00.
O estabelecimento também segue a moda de comida na calçada, além de chamar os pedidos de um jeito bem humorado por meio de um microfone. E tem mais: os hambúrgueres chegam ao balcão descendo por um escorregador!
O chopp também é um diferencial, contando com diversas opções e estilos para os amantes da bebida. A última dica é pra anotar na agenda: toda quarta-feira o bacon é free!
Avenida Vicente Machado, 845, Batel Telefone: (41) 3408-7336 Horário de funcionamento: Quarta a domingo: a partir das 18h.
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La Santa Bar e Cocina Mexicana
Quem passa pela Rua Paula Gomes estranha a quantidade de pessoas comendo comida mexicana ali, na rua mesmo. Desde 2013, o La Santa Bar e Cocina Mexicana carrega um “espíritu libre” e oferece a seus clientes a cozinha mexicana por um preço camarada e a vivência da cidade como experiência gastronômica.
Com pinturas marcantes nas paredes e uma atmosfera que nos leva ao México, o cardápio com nachos e tortilhas complementa a experiência. Além disso, os drinks e cervejas são boas opções para curtir a noite curitibana. Com menos de R$20, você pode dizer que viveu um pouquinho do México sem sair do seu país.
R. Paula Gomes, 485 - São Francisco Telefone: (41) 3232-8899 Horário de funcionamento: Terça a domingo: 18h às 0h
Chicken House
Chicken House Cenário inspirado no Rock n’ Roll, comida e bebida por um preço justo. Esse é o Chicken House, vizinho do La Santa Bar e o queridinho quando se trata de frango frito – o prato principal da casa. Para quem é fã de rock clássico, à lá Pink Floyd e Kiss, as referencias estão por toda a parte, das paredes à música.
Como há variedade entre pratos e bebidas, os sócios Thiago Moura e Rogério Furtado estão sempre disponíveis para dar dicas de combinações, para não errar. Além disso, na página de facebook do bar, diariamente é possível conhecer as promoções do dia, como combos de sanduíche e cerveja a R$ 13,00.
Rua Paula Gomes, 481 - São Francisco Telefone: (41) 9689-6898 Horários de funcionamento: Terça a quinta: 18h às 23h; Sexta e sábado: 18h às 0h; Domingo das 18h às 23h.
Pizza
Outro estabelecimento que carrega um olhar jovem e um ambiente despojado é o Pizza. A fatia sai por R$5, além de contar com vinhos, sucos e cervejas que custam entre R$8 e R$15.
O ambiente caiu no gosto do público jovem que aproveita a informalidade do local para degustar a pizza na calcada, além disso, o Pizza é o lugar perfeito para quem sai com fome dos bares e baladas da região.

R. Trajano Reis, 289 – São Francisco/R. Vicente Machado, 787 Telefone: (41) 3117-5121 Horário de funcionamento: Terça a quinta: 19h às 1h; Sexta e sábado: 19h às 03h