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Geração Z
Karyna Prado e Luana Kaseker
Tecnologia é elemento indispensável na formação da nova geração. O novo ciclo da infância de crianças e adolescentes
Futebol, amarelinha, pião, bets, queimada, esconde-esconde, pega-pega são brincadeiras tradicionais da infância que acabaram se perdendo em meio ao avanço da tecnologia. Crianças e adolescentes passam seu primeiro ciclo de vida conectadas em seus tabletes, computadores e celulares, ou perdem boa parte do seu tempo ligadas na televisão e com os seus vídeogames.
As crianças da chamada Geração Z, que nasceram a partir da segunda metade dos anos 90, têm mais afinidade com a tecnologia. Porém, essa superexposição aos aparelhos tecnológicos pode trazer riscos tanto para a saúde mental e física, como dificuldades de aprendizagem, déficit de atenção, atrasos cognitivos, perda de sono, obesidade e o risco de dependência.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, o Cetic.br, entre outubro de 2014 e fevereiro de 2015, cerca de 82%, ou seja, oito em cada dez crianças, e jovens brasileiros entre 9 e 17 anos, usuários de internet, costumam acessar a rede pelo celular todo ou quase todos os dias. Nicoly Sanguino tem 13 anos e comprova a pesquisa. Ela posta fotos, atualiza as redes sociais, comunica-se com amigos e familiares durante boa parte do dia. Segundo a jovem, ela gasta muito tempo conectada.
“Fico com o celular quase o dia todo, só não uso no período da manhã, horário no qual eu estudo. Muitas vezes, eu acabo passando muito tempo conectada e esqueço das minhas prioridades. Hoje, eu não consigo ficar longe de alguma tecnologia, pois parece que tudo gira em torno delas”, afirma a adolescente.
O uso moderado de computadores e videogames parece não afetar o desenvolvimento social da criança. É o que afirma o psicólogo Tonio Dorrenbach Luna, que não vê o avanço tecnológico como um prejuízo para a Geração Z. “Necessariamente, não acontece um prejuízo se não houver um excesso de uso da tecnologia, em detrimento de outras atividades. Penso na ideia de troca de brincadeiras de rua, pela internet, como um fator inevitável, talvez uma pena para quem é da geração de brincadeiras de rua. As crianças de hoje em dia precisam ser estimuladas a fazerem outras atividades”, disse o psicólogo.
Cada vez mais cedo os pais precisam estimular essas atividades. No caso de Leonel Maccari, de 4 anos, a paixão é pela televisão. Desde pequeno, o garoto teve contato com desenhos por conta da mãe, a jovem Iáskera Maccari. De acordo com ela, o fato de querer entretê-lo enquanto fazia os serviços de casa acabou influenciando o menino a assistir mais TV. No entanto, a jovem busca balancear as brincadeiras externas com o tempo em função da tecnologia. “Eu mostrava alguns desenhos para ele desde pequeno. E hoje ele não fica necessariamente com celular ou tablet, mas em frente à TV. É o tempo todo. Assiste desenho o dia inteiro se deixar. Por muitas vezes já fui com ele até a rua de casa, para brincar de bicicleta, skate ou qualquer outra brincadeira, mas ele se interessa pela brincadeira por, no máximo, 30 minutos”, conta a mãe. Leonel tem 4 anos e já troca os brinquedos pela tecnologia.


Recursos
Em contrapartida, a utilização precoce dos aparelhos tecnológicos pode auxiliar no processo de aprendizagem de crianças e adolescentes. “Existe um aprendizado crescente no uso da internet. Novas gerações já estão nascendo em ambiente tecnológico. Existem várias vantagens, especialmente nos processos educacionais. Recursos como vídeos, entre outros, facilitam muito a aprendizagem”, explica Tonio Dorrenbach Luna.
O pensamento do psicólogo vai de encontro com o de Iáskera Maccari. Para ela, é impossível que Leonel não fique exposto à tecnologia, mas ela fará o possível adiar e dosar esse contato.
“Sou adepta da opinião que criança tem que ser criança, tem de aproveitar o que a infância proporciona. Não digo que ele jamais terá seu próprio celular, só afirmo que o máximo que puder adiar isso, adiarei”, finaliza.