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Witmarsum hoje e amanhã
Ricardo Philippsen estudou Administração de Empresas em Curitiba, mas preferiu voltar a viver em Witmarsum.
Entrar na faculdade, obter uma graduação, conquistar o emprego dos sonhos e ser bem-sucedido é o sonho da maioria dos jovens brasileiros quando ingressam no ensino médio, ou em alguns casos, este desejo vem desde cedo — do berço de quem aprende com a família a importância de projetar um futuro de sucesso. Para Ricardo Philippsen, de 31 anos, isso não foi diferente. Filho de pais com ascendência alemã, como o próprio sobrenome sugere, Philippsen nasceu e cresceu na pacata Witmarsum, colônia germânica localizada no município de Palmeira, nos arredores da Grande Curitiba.
Desde pequeno, Philippsen aprendeu com os ensinamentos de seus pais, embasados nos princípios da cultura menonita, a estabelecer um objetivo e focar em seu sonho. Porém, com o passar dos anos, o jovem não conseguia escolher uma carreira para seguir quando adulto; a única certeza que tinha era a de que queria viver e construir uma família dentro de Witmarsum, à qual seu coração sempre pertenceu.
Quando chegou finalmente ao terceiro ano do ensino médio, Philippsen, que durante toda a sua adolescência estudou no único colégio da colônia, a tradicional escola menonita Fritz Kliewer, teve de decidir o que faria dali para frente. Certo dia, durante uma conversa com seus pais, Philippsen decidiu que viria para Curitiba cursar Administração de Empresas em uma faculdade e a partir daí começaria a construir a sua carreira. Dito e feito. O jovem então migrou para a capital paranaense e durante quatro anos estudou e morou em Curitiba, até o momento em que as dificuldades começaram a aparecer. e, para piorar a situação, sentia muita falta da família. “Quando somos adolescentes vivemos uma grande contradição. Assim como os jovens da cidade pensam, os jovens do campo também têm preocupações, dúvidas e anseios sobre o que ‘ser quando crescer’. Tentamos nos enquadrar no padrão imposto pela sociedade de conquistar bens e um espaço, porém, quando migramos para as cidades e encontramos dificuldades, acabamos retornando para a nossa realidade”, conta. E foi exatamente isso o que aconteceu com Philippsen – após se formar na faculdade, o jovem decidiu imediamente voltar para Wit-
marsum, depois de travar uma luta com problemas pessoais em que precisou até mesmo de ajuda médica para perceber que voltar para a colônia seria a cura para a crise de estresse pela qual estava passando e que o levou até mesmo ao início de uma depressão por estar longe de sua família.
Porém, Philippsen não é o único jovem que passou por esse momento de dúvida em sua vida. De acordo com o professor Hans Ulrich Kliewer, filho dos fundadores do colégio tradicional menonita, escolher entre uma carreira com emprego fixo na cidade grande e permanecer na colônia, trabalhando nas cooperativas das famílias foi sempre um dilema presente na vida dos adolescentes e jovens que moram em Witmarsum desde muito tempo atrás. Professor de Alemão há mais de 30 anos, Kliewer afirma que os jovens da colônia são muito bem preparados desde cedo para enfrentar as escolhas que terão de fazer no futuro. “Há jovens que optam em permanecer na colônia e seguir o ofício dos pais nas cooperativas e nos negócios de famílias, mas há também aqueles que optam por uma formação superior para enfrentar o mercado de trabalho. Exemplo
disso são alguns jovens que deixaram a colônia para trabalhar em grandes empresas alemãs dentro e fora do país, porém, eles sempre acabam voltando para cá depois de um tempo, seja para visitar os parentes ou para ficar de vez de Witmarsum”, relata.
Com um subsídio recebido do consulado alemão, os jovens da colônia Witmarsum recebem educação e ensino de qualidade desde cedo, mesmo antes de entraram na escola. As crianças descendentes de pais alemães herdam o idioma germânico que os acompanha no dia a dia em
conversas que misturam o dialeto local com a língua oficial e um pequeno toque de português para que sempre se lembrem de que estão em solo brasileiro. Segundo Kliewer, os jovens recebem desde cedo uma formação sólida, pois todos são muito aplicados no que fazem — “Os alunos são muito bem-educados, contam com uma formação de qualidade, a maioria
toca algum instrumento musical, lê muito e está muito bem preparada para o mercado de trabalho”, afirma Hans com orgulho.
Porém, há sempre o outro lado da moeda. A globalização e a inserção das novas mídias dentro de sala de aula tem sido objeto de discussão entre os professores e coordenadores do colégio Fritz Kliewer. Segundo a professora Annaele Pauls, as novas mídias facilitam a aprendizagem dos alunos, porém há ainda muitos que, por conta dessa facilidade, permanecem em sua zona de conforto e não conseguem traçar um plano de carreira para as suas vidas. “Hoje em dia, a maioria dos adolescentes não quer nada com nada, não sonham, não lutam para ter um futuro promissor. A preguiça e a falta de interesse pela aprendizagem têm levado muitos jovens ao fracasso de suas carreiras, seja aqui na colônia ou até mesmo na cidade”, enfatiza.
PARA QUEM DECIDE FICAR
A opção de ficar ou retornar a Witmarsum acaba sendo a escolha da grande maioria dos jovens que nasceram na colônia. Ter o apoio e a presença da família nas
Thauane Mayara

decisões mais importantes da vida é uma das motivações dos jovens em querer permanecer em meio aos 2 mil habitantes que moram na região. E essa foi a opção de Philippsen. Quando retornou à sua terra natal, o jovem iniciou um projeto com base no ecoturismo, em que realiza passeios com turistas pela colônia, que inclui desde a visita ao museu até atividades de aventura na natureza.
Outro projeto desenvolvido por Philippsen são workshops de agricultura que ministra para crianças e adolescentes vindos de outras cidades. O rapaz procurar viver uma vida saudável e natural, sendo que uma das formas com que faz isso é tentar passar todo o seu conhecimento para a nova geração – em sua plantação, pode-se encontrar mais de 40 espécies de tomates e outros frutos que são cultivados de forma 100% A qualidade de vida das pessoas que vivem em Witmarsum também é umas das vantagens apontadas por Ricardo. “As pessoas aqui gostam de cultivar a amizade uns com os outros. Sempre que é possível fazemos debates sobre os mais variados assuntos, seja na mesa da família ou na reunião
do grupo da igreja. Os jovens adoram filosofar e compartilhar ideias e pensamentos. Isso faz o grupo crescer e manter os laços ainda mais fortes”, destaca.
Com os princípios menonitas enraizados no dia a dia dos moradores e vividos à flor da pele, a comunidade de Witmarsum mantém-se unida nos valores de um povo que luta por seus direitos de conquista e que não abre mão de seus ideais há mais de quinhentos anos – um povo guiado pelos ensinamentos da moral e da ética bíblica que pretende continuar transmitindo sua tradição e suas convicções para as futuras gerações, assim como Philippsen, que redescobriu na vida simples, na riqueza de colher seus alimentos e de conversar com os amigos ao final do dia a felicidade e o verdadeiro sentido da vida.
Descendentes de povos germânicos da região da Prússia, onde atualmente encontra-se o território da Alemanha e da Polônia, os menonitas herdaram traços fortes da cultura alemã que unem a disciplina e a fidelidade aos princípios da ética e da moral cristã. O teólogo holandês Mennon Simons, durante o século XVI foi o grande precursor e difusor dos ensinamentos anabatistas, que alcançaram parte da população germânica que viveu na Idade Média, grupo que mais tarde foi denominado “menonita” como homenagem ao grande mestre. Por rejeitarem a ordem constituída e o contato com o mundo secularizado, os menonitas, mesmo sendo considerados pacifistas, foram alvo de perseguições por outros povos europeus durante vários séculos, o que os levou a passar anos peregrinando pela América, até estabelecerem moradia fixa em três países principais: Estados Unidos, México e Brasil. Instalados em solo brasileiro no início da década de 1930, os menonitas migraram para estados do Nordeste (Bahia) e do Sul (Paraná e Santa Catarina). No Paraná, os imigrantes menonitas fundaram no ano de 1950 a Colônia Witmarsum, localizada no município de Palmeira, na Região Metropolitana de Curitiba.
Em uma comunidade que herdou a pontualidade e a seriedade dos povos germânicos, tudo precisa ser muito bem planejado e feito com responsabilidade e agilidade. Na colônia Witmarsum, composta por cerca de 2 mil habitantes, 60% da população é descendente de alemães, um povo que preza pela organização e planejamento que, para eles, é essencial para guiar a vida em todas as áreas, desde as atividades que serão decididas pela família durante o café da manhã até a escolha da profissão dos jovens. Na colônia, a comunidade menonita encontrou na atividade agrícola e no trabalho dentro das cooperativas a forma de ganhar o sustento de cada dia, fundamentados sempre nos princípios tradicionalistas do cristianismo e da política da boa vizinhança.
Thauane Mayara
Da janela do único museu da colônia é possível ver os silos da cooperativa.

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