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Uma longa novela na Lapa

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Você mora onde?

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Uma longa novela na Lapa

Atraso nas obras do Parque Estadual do Monge já virou folhetim

Stacy Barbosa

UUma novela que vem tendo cenas do primeiro capítulo reprisadas há mais de seis anos. O cenário é a cidade histórica da Lapa, a 60 quilômetros de Curitiba, e o protagonista desse drama é o Parque Estadual do Monge. Todos os anos, turistas do Brasil e do mundo desembarcavam na cidade, que até hoje tem um apelo turístico e religioso muito marcante, para conhecer os museus, praticar esportes e, principalmente, conhecer o Parque Estadual do Monge, que é uma Unidade de Conservação Ambiental. Em 2008, o parque foi fechado para uma revitalização que, em princípio, seria simples, com duração de um ano, e traria mais conforto e segurança aos usuários do parque, protegeria a fauna e a flora locais e movimentaria a economia da cidade graças ao maior número de turistas. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) propôs um projeto de revitalização que inclui, entre outras medidas, um centro de visitantes, trilhas sinalizadas, espaço para meditação e a recuperação da vegetação nativa – removendo árvores exóticas e investindo o dinheiro da venda destas em espécies locais e na infraestrutura turística. O objetivo de eliminar as espécies invasoras e recompor os campos originais, de acordo com o jornal Gazeta do Povo, não foi alcançado. Isso porque o equivalente a 640 caminhões de toras de pinus e eucalipto foram comprados por uma madeireira por R$ 3,5 milhões em 2010, mas esse montante de dinheiro não foi reinvestido na revitalização do parque.

Segundo Maria do Rocio Lacerda, chefe do Estaduais do Paraná, além de pesquisa cienDepartamento de Unidades de Conservação tífica com a disponibilização de alojamento e do IAP, o esforço na revitalização do parque espaço para trabalho científico.” vem se dando desde 2008 porque os procedi- As denúncias de desvio de dinheiro e o atramentos no estado do Paraná são demorados. so nas obras são alguns dos fatores que vêm “O atraso se deu devido a procedimentos prejudicando a economia local. Para o diretor licitatórios que estão sob a responsabilidade municipal de Turismo, Sérgio Vinicius de da SEIL/PRED (Paraná Edificações), que Souza Junior, a revitalização do parque teve foi criada pelo atual governo para realizar as impactos negativos. “A obra demorou seis anos obras. Infelizmente, alguns procedimentos no e, nesse período, o turismo do município foi estado são morosos e temos que nos submeter completamente afetado”, avalia. aos prazos que nos são dados pelas empresas Ele esclarece que a população terá a reabertura responsáveis pela execução das obras”, afirma. de um espaço antes muito utilizado por ela e Maria do Rocio revela que, agora, as obras por visitantes do mundo inteiro, mas ainda estão em andamento, mas que podem ser restam dúvidas sobre a eficácia das obras e se prorrogadas devido a uma solicitação da atual elas vão justificar esses anos de atraso e a perda empresa responsável. “Os trabalhos estão em irreparável de renda para os comerciantes. andamento, com prazo previsto de finalização “Resta saber se depois de tantos anos nesse para setembro, porém a empresa construtora Foto Katiucy Binharasolicitou um termo aditivo de prazo”, diz. Maria justifica que, apesar dos atrasos, as melhorias para o parque serão inúmeras. “Elas passam pela revitalização total da infraestrutura pré existente, até a regularização de áreas dentro do perímetro do parque para que possamos estabelecer atividades de recomposição ambiental e a restauração de 90 hectares de áreas previamente ocupadas por reflorestamentos, atualmente em processo de regeneração natural com espécies nativas e típicas dos ambientes existentes nesta Unidade de Conservação.” Ainda de acordo com a chefe do Departamento de Unidades de Conservação do IAP, existe a possibilidade de implementação de ações de educação ambiental no parque. “Após a finalização das obras e alocação de pessoal capacitado para a gestão dos espaços, poderemos implementar ações, tais como o Programa Parque Escola já implantado em 15 Parques Entrada Parque Estadual do Monge

Foto Katiucy Binhara

Obras Parque Estadual do Monge

estado de descaso, atraso e indiferença, o local voltará a ter o fluxo de visitantes, que inclui turistas e moradores, que tinha antes do início da intervenção.” Rodrigo Stica, voluntário do parque, conta que, antes do início das obras, chegavam à cidade, nos fins de semana, em média 30 ônibus trazendo fiéis de todos os lugares. “Os turistas passavam o dia, gerando uma renda significativa para o município. Quando resolveram fechar o parque para a revitalização, começaram os problemas, que vão desde o atraso nas obras, escândalos com desvio de dinheiro e da madeira retirada do parque, proibição de visitas e da prática de esportes radicais, tais como rapel e vôo livre”, comenta. Stica considera a situação como um todo constrangedora para a cidade. “Em qualquer lugar do Brasil, quando algum lapeano se identifica, as pessoas perguntam como estão as obras no parque do Monge. Diante da falta de respostas, o que resta é a vergonha.” A atual empresa responsável pelas obras, a Valor Construtora e Serviços Ambientais Ltda., foi contratada em 2013. No edital, o inicio das obras deveria acontecer no dia 10 de janeiro deste ano. No entanto, o recomeço das obras se iniciou em 06 de Fevereiro. A reportagem da CDM entrar em contato com a Valor Construtora e Serviços Ambientais Ltda., mas não obteve resposta. Paulo Ricardo Amaral, vendedor e-commerce, nasceu na Lapa, e relata que aparentemente o número de fiéis diminuiu após o início das obras. “O Parque do Monge é um local muito bonito e uma das principais atrações da cidade. Por causa da reforma, e por incompetência administrativa, acredito que não se atraem mais vários peregrinos ao local como antes. Uma pena.” Ricardo Vieira, graduando em Engenharia Civil, também é lapeano e fala que além de não poder aproveitar todas as opções dentro do parque, a maior perda é a redução do número de turistas que movimentavam a economia da cidade. “O parque é um lugar bonito e ótimo para passar o dia, pois é tranquilo e repleto de belezas naturais. É o maior atrativo turístico, e esses atrasos nas obras representam perdas econômicas para os comerciantes, pois diminui drasticamente o fluxo de visitantes.” O prazo para a conclusão das obras e entrega do parque, está chegando. Será que cabem mais algumas surpresas nesse roteiro? Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

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