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Nas mãos do destino

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Quem vive de lixo?

Quem vive de lixo?

Os haitianos deixaram seu país em busca de uma nova oportunidade no Brasil

Eles têm entre 20 e 40 anos e vieram ao Brasil em busca de emprego e de uma vida melhor, tendo de deixar para trás a família e uma bagagem de histórias. A estimativa é de que que 2 mil haitianos vivam hoje em Curitiba e Região Metropolitana, concentrando-se, a maior parte, em Pinhais e São José dos Pinhais. Com a expressão de cansaço após mais um dia de trabalho, Edras Occeius, de 32 anos, saiu do país caribenho há um ano e oito meses, deixando mãe e esposa, em busca de uma vida. “Saí para trabalhar no Brasil. Eu trabalhava na República Dominicana, como pedreiro, e deixei minha família lá. Gostaria de trazê-la, mas falta dinheiro e todo mês tenho que mandar dinheiro para lá”, afirma. Deixar os cinco filhos e a esposa foi a dura decisão tomada por Michelet Trisme, 38 anos, que sofre com a saudade, o frio e com a adaptação no país. “Deixei meus cinco filhos e esposa no Haiti e queria que viessem para cá, mas não tenho dinheiro. O trabalho não paga bem e faz muito frio. Sinto muita falta da minha família”, conta o haitiano que trabalha em uma vidraçaria no bairro Vila Hauer, em Curitiba, desde abril de 2014. Como forma de ajudá-los a encontrar uma oportunidade, a Pastoral do Migrante, serviço da Igreja Católica, busca um acompanhamento de pessoas em estado de vulnerabilidade, como os haitianos que chegam à cidade. O trabalho é coordenado pelo padre haitiano Agler Cherizier, de 33 anos. “Damos suporte à pessoa, tanto na questão da documentação quanto da orientação para o trabalho. Provi-

denciamos uma acolhida, hospitalidade”, explica. Quanto à maior dificuldade relatada pelos imigrantes que chegam diariamente à Pastoral, Agler afirma que a adaptação com a língua é o fator que mais acaba os prejudicando em vários aspectos. “A maior dificuldade é o idioma. Poucos chegaram aqui com conhecimento da língua espanhola e fica mais fácil. Já aqueles que falam o crioulo e o francês é mais difícil. Sem a língua, eles não tem trabalho, pois muitas empresas para contratar, exigem o dominio do idioma”, conclui. Laurette Bernardin, 33 anos, é outro exemplo “O trabalho não paga bem e faz muito frio. Sinto falta da família” - Michelet Trisme, imigrante haitiano de superação dos desafios da imigração, quando deixou o Haiti com as duas filhas, há quatro anos, para estudar na Universidade Federal do Paraná. Ao chegar ao Brasil, encontrou o preconceito e hoje é presidente da Associação dos Haitianos de Curitiba e Região Metropolitana. “Fiquei um pouco chateada com as palavras das pessoas que interpretam mal os imigrantes, acham coisas erradas. Nosso trabalho para ajudar os imigrantes em recente chegada ao Brasil é na procura de trabalho, aulas de português, casa para alugar e outros.” Diariamente, cerca de 50 haitianos procuram ajuda em toda Curitiba e Região Metropolitana, com dificuldades no idioma, adaptação ao clima e enfrentando o preconceito. Muitos deles ficam presos ao medo que sentem e não encontram a realização que procuram.

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