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Pinguins sobre rodas

Time de paratletas de Pinhais encontra no basquete uma forma de se relacionar nova realidade

Por Renata Nicolli e Thaynna de Melo. Fotos: Lydia Camargo

O time, apesar das dificuldades, não deixa de lado o trabalho duro e o bom humor.

Um time de basquete para cadeirantes, em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, chama a atenção. Com belas histórias para contar, os paratletas do Pinguins do Sul ultrapassam as dificuldades do esporte. A equipe, que surgiu em novembro de 2004, por meio de uma comissão organizadora composta por deficientes físicos de Pinhais, já vai completar dez anos de garra e superação. O principal objetivo do time, que inicialmente era incentivar as pessoas com deficiência física a sair de casa, tornou-se algo maior, e hoje eles almejam competir em campeonatos estaduais, nacionais e mundiais.

Histórias comoventes e de superação, como a do paratleta João Carlos Caldas, são frequentes nesse esporte. “Fiquei deficiente aos 4 anos por erro médico, e luto contra olhares que me discriminam antes mesmo de me conhecer. Procurei o esporte para melhorar como pessoa

e também aperfeiçoar meu aspecto físico”, conta o armador e ala do Pinguins do Sul, que há 23 anos encontrou no esporte um meio de extravasar e até de quebrar paradigmas, tendo assim condições de encontrar uma nova forma de viver e de se relacionar com a nova realidade.

A Federação Paranaense de Basquete em Cadeiras de Rodas (FPRBR), que é a responsável por

cuidar de todos os times, surgiu em 2006, com o objetivo de fortalecer e oficializar as equipes que já atuavam na modalidade, dando-lhes assim mais credibilidade e oportunidade de buscarem recursos em outras esferas, bem como junto a iniciativa privada, além da inclusão do deficiente físico por meio do esporte. Porém, foi em 2013 que o processo tomou mais força com a eleição de um novo presidente. Benhur Chiconato de 51 anos, atual presidente da FPRBR, é técnico e atleta veterano de basquete convencional, e demonstra muita disposição quando o assunto é mudança, para a melhor, é claro! Dentre os desafios que vê pela frente ele conta os principais. “Fazer com que as equipes tenham uma postura mais séria e menos festiva ao participar do campeonato, fazendo com que nossos campeonatos sejam mais competitivos, projetando assim o basquete em cadeira de rodas do Paraná para todo o Brasil.” Quando questionado sobre os principais desafios que um cadeirante enfrenta no esporte, a resposta é clara: o primeiro passo é o jogador se reconhecer como pessoa produtiva, ressalta Benhur.

O meia armador do Pinguins e vice-presidente da FPRBR, Nivaldo Menin, explica que a federação surgiu quando o Paradesporto ainda estava tomando um novo rumo, pois muitos clubes e pessoas estavam se aproximando desse meio. “O

número de pessoas com deficiência na cidade fez com que houvesse um crescimento e uma necessidade de criar uma associação voltada à prática do esporte. Tínhamos muitos interessados, além, é claro, do apoio da prefeitura e empresas privadas. O nosso compromisso sempre é e sempre vai ser o de desenvolver a modalidade esportiva e trazer novos atletas, descobrir pessoas com deficiência que ainda não perceberam como a vida é bela”, explica. Além de todo o entusiasmo presente na vida de Nivaldo, também existe uma história de muita superação, obstáculos e paciência

“Encontrei no esporte, um caminho mais fácil para minha reabilitação física, social e profissional.”

- Nivaldo Menin, jogador dos Pinguins.

“Sou paraplégico devido a um acidente de carro, há quase 30 anos. Encontrei no esporte um caminho mais fácil para a minha reabilitação física, social e profissional.” Jogador de basquete há 20 anos, o meia armador gosta de esporte desde criança, e afirma com alegria que isso lhe proporciona prazer e gratidão. “Além de ser um complemento da minha fisioterapia, para que eu possa adquirir mais força nos membros superiores, o efeito principal do esporte na minha vida é a retomada da autoestima e o desenvolvimento de novas habilidades, tirando a melhora na qualidade de vida”, completa o entusiasta. O primeiro campeonato oficial do Pinguins do Sul foi em 2010, junto a mais dez outras equipes em Ponta Grossa, na Região Central do Paraná. Como o crescimento e fomento da modalidade foi grande, a Federação Paranaense de Basquete em Cadeira de Rodas resolveu oficializar a equipe, que naquele momento deixou de ser apenas uma incentivadora do esporte, passando a entrar na disputa oficial com outros times nos campeonatos. Hoje, a Pinguins do Sul está entre as cinco melhores equipes de basquete sobre rodas do Paraná. Os jogadores têm uma rotina de três treinos por semana, e quando estão fora das quadras, continuam atuando em prol da divulgação do esporte por meio da organização de campanhas e eventos. “O dinheiro arrecadado pela equipe vem através do apoio da Prefeitura Municipal de Pinhais e empresas privadas. O time é quem faz as campanhas no comércio e em amistosos e, apesar de já termos ficado um bom tempo treinando em uma quadra sem cobertura, em péssimas condições, nós nunca desistimos”, afirma Caldas.

O time, apesar das dificuldades, não deixa de lado o trabalho duro e o bom humor.

O Início

Como funciona Regras

A adaptação do Basquetebol para o jogo em cadeira de rodas aconteceu após a Segunda Guerra Mundial, quando ex-soldados do Exército americano, se reuniram em uma quadra de um hospital de reabilitação e começaram a jogar. O esporte é um dos poucos presentes em todos os jogos paraolímpicos.

Entenda os princípios básicos do esporte

Essa é a área de arremessos de lances livres.

Essa é a linha de 3 pontos. Como as cestas regulares no basquete valem 2 pontos, o jogador que acertar o alvo de trás desta linha, garante 3 pontos para a sua equipe. O basquetebol de cadeira de rodas é muito parecido com o tradicional. Porém, algumas modificações que levam em consideração a cadeira de rodas, a mecânica da sua locomoção e a necessidade de se jogar sentado, precisam ser feitas. Os jogadores podem usar almofadas no assento, faixas e suportes que o ajudem a se fixar na cadeira ou manter as pernas juntas.

A bola geralmente apresenta 74,9 cm de circunferência e pesa cerca de 623 g

O principal objetivo da partida é marcar o maior número de cestas possíveis.

Cadeiras motorizadas, pneus pretos e freios são proibidos. O árbitro sempre irá conferir se todos os integrantes estão dentro das normas. Até 1930 as bolas de basquete eram maiores. Elas tinham 81,2 centímetros de circunferência e pesavam 652 gramas

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