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Na trilha da aventura
by eba_pucpr
Pontos turísticos na região metropolitana de Curitiba viram cenários para práticas radicais
André Wuicik Alessandro Pinheiro Lara Farias Rodrigo Dornelles
Curitiba e sua região metropolitana oferecem uma paisagem de contrastes. Nos municípios que rodeiam a capital, como Piraquara, Tijucas do Sul e Quatro Barras, existem diversas belezas naturais, que além do visual de cartão-postal, proporcionam aos turistas e moradores boas opções de diversão. Montanhas acessíveis, como o morro do Anhagava, e longas trilhas, como o Caminho do Itupava, por exemplo, são alguns dos lugares que atraem quem deseja explorar a natureza a pé e, principalmente, superar limites praticando atividades de aventura ao lado de casa. Surgindo do boca a boca entre amigos, os roteiros de aventura na Região Metropolitana de Curitiba geralmente são explorados por entusiastas amadores, que marcam encontros nos locais para começarem as atividades por conta própria. Felipe Melo, professor de Historia, é um exemplo de aficionado autodidata que levou adiante o gosto por esses passeios. “Conheci os roteiros de natureza aqui perto de Curitiba, estimulado por amigos, tanto por ser uma pratica saudável como, também, um passeio divertido. Levei adiante esse gosto, e já guiei alunos que queriam conhecer lugares históricos, como o caminho do Itupava, que começa em Quatro Barras e termina em Morretes”, explica. Um dos atrativos é a sensação de adrenalina e o contato com a natureza que as modalidades proporcionam, cativando os praticantes. A fotógrafa Tarsis Voloschen começou com
escaladas em morros de Quatro Barras, e hoje arrisca tentativas mais ousadas, como saltos de bungee jumping, em São José dos Pinhais. “Gosto dessas atividades porque não têm aquele clima de competição exagerada. O contato com a natureza e a adrenalina fazem você se superar e se sentir livre de tudo, vivendo intensamente”, diz. E existem ainda os que usam desse presente “As principais atividades acontecem em Piraquara, Campo Magro e Tijucas do Sul”. - Juliander Dziura, dono da Aventura Curitiba. da natureza para realizar performances de alto nível, a exemplo de Gabriel Hamilko, produtor do Globo Esporte Paraná, que pratica corridas em morros e trilhas de Piraquara. “Desde cedo, fiz roteiros de aventura. Meu favorito era o Caminho do Itupava, mas comecei a aumentar a pegada no decorrer dos anos. Hoje gosto de correr no roteiro do Morro da Palha, em Piraquara, e cronometrar meus melhores tempos na escalada em montanhas, como do Anhangava e Marumbi”, explica.
Quando a brincadeira se torna negocio
Apesar do aspecto underground ser o principal motor do turismo de aventura pelos arredores de Curitiba, a profissionalização do tema tem sido articulada nos últimos anos.
Juliander Dziura, antes mais um dos típicos aventureiros amadores, criou em 2012 uma agência de turismo do gênero, a Aventura Curitiba. “Montávamos grupos para fazer aventuras. Começou como uma brincadeira entre amigos, que foram chamando outras pessoas, e assim por diante. Terminava a atividade e logo nós pensávamos em fazer outro no mês seguinte. Só que ficou perigoso: aventura exige segurança. Precisamos tomar um caminho profissional, e eu e mais dois amigos montamos a empresa, investindo em treinamento, estrutura e segurança”, comenta. E para não gerar ciúmes nos vizinhos dos curitibanos, Dziura faz questão de deixar claro: “Brincamos aqui na empresa que o nome é Aventura Curitiba, mas a maior parte do que fazemos é fora da capital, já que as principais atividades acontecem em Piraquara, Campo Magro e Tijucas do Sul. Seja ela trilha, bungee jumping, rapel, etc. As mais procuradas são as trilhas e a escalada dos morros.” Junto com a facilidade de acesso às localidades em que as atividades ocorrem, cuidados com a segurança devem ser levados em conta. É, por exemplo, recomendável realizar exames físicos e consultar um medico que aprove o envolvimento nessas práticas. Para Juliander Dziura, a acessibilidade aos roteiros não implica em falta de precaução. “Existem restrições, pois o nosso público é formado por pessoas que nunca fizeram qualquer atividade radical. Em práticas nas quais é preciso ter experiência, nós conversamos, explicamos tudo direito, e é assinado um termo de responsabilidade”, comenta. Em relação à infraestrutura, Dziura reclama. “A conservação dos pontos turísticos está bem desleixada. O governo não investe. Existem também os donos das fazendas, por exemplo, no entorno do Pico Paraná, que cobram um valor absurdo para as pessoas fazerem as ativi-
Divulgação Aventura Curitiba

O contato com a natureza é uma das principais atrações para o público.
dades. Tem até lei contra a cobrança, mas eles não a cumprem. Há desrespeito para manter a infraestrutura de uma trilha, há pouca sinalização no local”, diz. Na visão dos participantes, a falta de segurança gera receio, já que ações criminosas em trilhas afastadas da cidade dificilmente são coibidas pela polícia. “A segurança é outro ponto preocupante. Quase nunca vemos a policia por lá e assaltos têm sido cada vez mais comuns. Então, é recomendável andar em grupo e com alguém que já conheça bem o percurso”, explica Felipe Melo.
Divulgação Aventura Curitiba Famosos pontos turísticos da RMC, como o Caminho do Itupava, sáo procurados pro grupos de aventura e agências de turismo.
