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A humilhação da história

Este trabalho foi apresentado no Congresso da Sociedade de Estudos Ricoeur em 2018. Paul Ricoeur é tido por muitos como um dos pensadores religiosos e filósofos mais importantes do século XX. Liderou os “Pensadores Continentais”, entre os quais incluímos Emanuel Levinas e Jacques Derrida, destacados pensadores judeus. Enquanto estudante na Divinity School da Universidade de Chicago, o Rabino Edelheit, autor deste artigo, considerava Paul Ricoeur como seu mentor; o protestante Ricoeur tornou-se conhecido por seu relevante trabalho sobre linguagem, comunicação e interpretação de textos. Mais informações sobre Paul Ricoeur são encontradas na Wikipedia e na internet em geral.

As fotografias deste artigo são do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau.

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Rabino Joseph A. Edelheit

Não foram dezenas de milhares e nem centenas de milhares, e sim milhões de seres humanos transformados em matéria-prima e bens manufaturados nos campos de morte poloneses. Além daqueles bem conhecidos – como Majdanek, Auschwitz, Birkenau e Treblinka – fomos descobrindo outros, menos famosos, um depois do outro.” Estas palavras estão no último capítulo do livro Medallions (Medalhões), escrito em 1945 por Zofia Nalkowska e publicado em 1946. Nalkowska (1884-1954) autora, ensaísta, dramaturga e romancista, cresceu entre a elite intelectual de Varsóvia. Foi presidente da Comissão de Investigação dos Crimes de Guerra em Auschwitz. Seu trabalho é um clássico desconhecido da literatura do Holocausto, mas, de acordo com a nova lei polonesa que qualifica como criminosa qualquer referência a “Campos de Morte Poloneses”, ela poderia ser acusada por este crime e ser levada a julgamento.

O próprio Paul Ricoeur foi prisioneiro durante a Segunda Guerra Mundial, e colocou, quase que fazendo uma previsão: “Por mais que a História expanda, complete, corrija e até refute o testemunho da memória a respeito do passado, não poderá aboli-lo. Por quê? Parece-nos que é porque a memória continua sendo a guardiã da dialética constitutiva final da essência passada do passado, ou seja, a relação entre o ‘não mais’ que marca a sua característica de haver decorrido, ter sido abolido, suplantado, e o ‘ter sido’, que designa sua personalidade original e indestrutível ... No tocante a isto, acontecimentos como o Holocausto e os grandes crimes do século XX, situados nos limites da representação, estão em nome de todos os acontecimentos que deixaram sua marca traumática em corações e corpos; protestam e clamam ter sido e portanto exigem serem des

critos, recontados, compreendidos. Este As leis polonesas lia vivia antes de ser deportada, tinha inprotesto, que alimenta a afirmação, é parte do que se acredita: pode ser contestado, mas não negado”. (Paul Ricoeur, Memory, demarcam os limites da discussão pública e serido o nome do pai dela em um memorial dedicado àqueles que tinham dado a vida pela França. “Ele foi deportado para History, Forgetting, 2004, p. 498) dados atualizados nos Auschwitz”, disse ela ao prefeito. O pre

Desafiando o silêncio durante o gelevam a crer que não feito disse que esta informação era desnenocídio, Nalkowska escreve: “Nada do instruímos os cidadãos cessária, ela escreveu, e acrescentou “ele mundo passado é real. Nada ficou. As pessoas se viram obrigadas a sobreviver a algo que parece estar além de sua caglobais o bastante para que possam proteger não queria nada que lembrasse Auschwitz no monumento da cidade”. No entanto, “você não morreu pela França, a França pacidade. Em última instância, o medo as memórias enquanto mandou você para a sua morte. Você esas divide – medo de que o outro cause a História sagrada. tava errado a respeito dele”. A lei polonesua morte (17) … A realidade só é susa reza que os artistas não são responsáveis portável quando alguma coisa nos impede de conhecê- por declarações, portanto a Sra. Loridan-Ivens não seria in-la por completo (21) … Vou dizer-lhe: eu queria viver. diciada, mas, por ser tanto uma testemunha como uma soNão sei porque. Eu não tinha marido e nem família, ninbrevivente, ela não estaria protegida enquanto cineasta ao guém, e eu queria viver. Eu só tinha um olho, estava fafazer um documentário! minta e com frio, e eu queria viver. Por quê? Vou lhe diComo seu companheiro parisiense Ricoeur nos previzer porque: para contar tudo exatamente como estou lhe ne profeticamente: um eco final ressoava nos testemunhos contando agora. Para que o mundo fique sabendo o que de alguns historiadores proeminentes em referência à “eseles fizeram. Eu pensei que seria a única que iria sobrevitranheza da história”. É preciso então transferir o debate ver, eu pensava que não haveria mais um único judeu sopara uma outra arena, a do leitor da história, que vem a ser bre a face da terra” (32). também a do cidadão instruído. Cabe pois a quem recebe

Uma estimativa nos diria que hoje em dia não há mais o texto histórico determinar tanto individualmente como do que uns 100.000 sobreviventes dos campos e guetos e no patamar da discussão pública o equilíbrio entre Histótodos com mais de 80, 90 anos de idade. Certamente nos ria e memória (MHF, página 499). próximos dez anos passaremos a contabilizar os poucos reO cidadão instruído, assim como a discussão pública, manescentes ainda em condições de testemunhar a respeiestão sendo desafiados atualmente de maneiras que nunca to da indescritível realidade do Mal Radical. Quando, ainpoderíamos ter imaginado. As leis polonesas demarcam os da no nosso tempo, o último sobrevivente vier a falecer, limites da discussão pública e dados atualizados nos levam não haverá mais ninguém para contar a história como pera crer que não instruímos os cidadãos globais o bastante sonagem da mesma, e tudo vai virar apenas história. Uma para que possam proteger as memórias enquanto História destas últimas sobreviventes, Marceline Loridan-Ivens, ausagrada. Um estudo recente revelou lacunas significativas tora e cineasta notável, acaba de falecer aos 90 anos em Pano conhecimento do Holocausto: ris. But You Did Not Come Back (Mas Você Não Voltou) é “Aproximadamente um terço de todos os norte-ameuma espécie de diário escrito como uma carta para seu pai, ricanos (31%), e mais do que quatro em cada dez MilleSzlhama Froim Rozenberg, com quem ela foi deportada nials 1 (41%), acreditam que muito menos que seis milhões aos 15 anos de idade, e que morreu em Auschwitz. Ela se de judeus foram mortos (dois milhões ou menos) duranlembra que “o antissemitismo no campo era aterrorizante o Holocausto. Apesar da existência de 40.000 campos te, os arianos nos xingavam constantemente, as mulheres de concentração e guetos na Europa durante o Holocauspolonesas ... eram as piores de todas” (162). Ela castiga o to, quase metade dos norte-americanos (45%) não sabiam pai “[você] se distanciou o máximo possível dos progroms nem sequer o nome de um – e esta porcentagem é ainda poloneses …” (247/750). mais alta entre os Millenials.” (The Holocaust Knowledge

Há uma passagem em que ela conta a seu pai que na década de 90 o prefeito de Bollene, cidade onde a famí1 Nota do tradutor: pessoas nascidas entre 1981 e 1996.

and Awareness Study – Estudo do Conhecimento e Consciência do Holocausto; 2018).

A internet e a vulgarização da verdade, as opiniões e teorias politizadas nos fazem pensar se o “Medalhões” de Zofia Nalkowska acabará abandonado até pelos poloneses como não sendo mais uma afirmação válida de História polonesa. Não existiram campos de morte poloneses, e sim, existiram campos de morte nazistas na Polônia! Os poloneses foram vítimas da opressão nazista exatamente da mesma forma que os judeus! Todos os crimes contra a humanidade devem necessariamente incluir as populações nativas da ocupação nazista, independentemente do conhecimento que estabeleceu sua participação no extermínio dos judeus. O antissemitismo voltou a ser um problema na Polônia depois que a Lei do Holocausto foi aprovada no início deste ano e da subsequente controvérsia a respeito dela. Cito o ex-primaz da Igreja Católica Romana daquele país: “Velhos demônios começam a despertar: a confiança de muitos milhares de pessoas encontra-se abalada e o trabalho de muitas décadas foi ofuscado”. Palavras de Henryk Muszynsky, arcebispo emérito da arquidiocese de Gniezno, publicadas em julho de 2018, na revista Guia Católico, em polonês.

A Polônia não é o único país da Europa Oriental que propositalmente despiu a memória, e a seguir a Histó

ria, de seu significado e veracidade. “Os judeus mortos do antigo bloco comunista foram triplamente amaldiçoados: metralhados nos limites de suas cidades, ignorados e apagados pela União Soviética, e, agora, seus algozes glorificados pelo nacionalismo renascente dos atuais governos da Europa Oriental. Os nazistas não agiram sozinhos. O Holocausto, especialmente na Europa Oriental, foi possível com o apoio de governos e para-militares locais, que arrebanhavam e massacravam os judeus, quer a serviço dos nazistas, quer por vontade própria” (NYT). Agora que estes países são independentes, a História foi retorcida de maneira que os genocídios passaram a ser combinados, e não se pode mais identificar as vítimas. A decisão nacionalista pós-soviética do leste europeu de glorificar os colaboradores de Hitler fica muito próxima do cerne conceitual do conjunto de questões atuais referentes ao Holocausto na Europa e além. É a teoria que tornou-se de fato, na alta sociedade respeitável do século XXI, a sucessora da clássica Negação do Holocausto vigente no século anterior.

Na Lituânia, cerca de 96% da população judia foi assassinada durante o Holocausto, porcentagem das mais altas da Europa, o que, aliás, faz com que a coragem daqueles que fizeram a coisa certa e salvaram alguém, seja uma fonte de inspiração ainda maior. Estas pessoas foram consideradas traidoras de sua própria causa nacionalista, mas

são as pessoas que deveriam ser homenageadas em todo o país, começando com um museu na capital. Na encarnação atual do Museu do Genocídio, bem perto do Parlamento Nacional, não há mais vítimas humanas individuais em carne e osso. A vítima aqui, no século XXI, é a VERDADE. O objetivo é convencer os visitantes de que os crimes soviéticos foram o genocídio que aconteceu nesta parte do mundo e que os grupos aos quais a maior parte do espaço do museu é dedicada a homenagear, na verdade eram amantes da verdade e da justiça, humanitários por tolerância multiétnica. Contudo, a triste verdade é que muitos daqueles homenageados foram colaboradores que ou participavam dele ou eram coniventes com o genocídio. Este é o âmago do título “Museu de Mentiras” que os sobreviventes do Holocausto (em sua maioria não mais entre nós) usaram nas últimas décadas ao descrever o projeto. Não há menção do destino sofrido pelas estatisticamente esmagadoras vítimas de Auschwitz e nem de quem elas possam ter sido. É esta a cara da Negação do Holocausto neste nosso novo século: “Retirando o Holocausto da História sem negar uma única morte, aliás, nem um fato, através de analogias retóricas e comparações falsas” (Dovid Katz, Tablet).

Estes são exemplos de atos nacionais de negação transformados em leis que criminalizam uma visão diferente da História, enquanto as últimas testemunhas sobreviventes vão silenciando. Ricoeur nos adverte incisivamente: “Mas há algo pior; na tortura, quando o algoz tenta alcançar o sucesso máximo e – infelizmente – consegue ele destrói a autoestima da vítima ... O que denominamos humilhação não passa da destruição do amor próprio, além da destruição da capacidade de agir. É onde parecemos ter chegado

às profundezas do mal. Mas a violência também pode estar escondida na linguagem como um ato de discurso ... A traição da amizade, o inverso da figura da fidelidade, sem ser equivalente ao horror da tortura, nos diz muito a respeito da malícia do coração humano” (Ricoeur, Oneself as Another, 1992, pp. 220-221).

Em um futuro próximo não haverá mais ninguém para se contrapor à história politicamente determinada; aqueles que tinham as memórias estarão mortos e ausentes e a capacidade de ensinar e modelar uma negação nacional do Outro será uma questão de orgulho e patriotismo. Mas o padrão de Ricoeur, “ter como objetivo a vida boa com e para outros em instituições justas” (OAA, p. 180) perde as garantias a partir do momento em que os “outros” são as vítimas mortas pela Shoá, tão facilmente negada, reformulada e ignorada na medida em que a História nos divide com um passado que envergonha e mancha para sempre o futuro. Quem teria imaginado que o Yad VaShem, o Centro de Israel para pesquisa e memória do Holocausto, argumentaria contra o acordo de seu próprio primeiro-ministro com a Polônia? “A princípio, a nossa posição é que qualquer tentativa de limitar o discurso acadêmico e público a respeito de temas históricos a uma única narrativa nacional imutável através de legislação e punição não é apropriada e constitui uma violação concreta da pesquisa. A maneira adequada de corrigir as distorções históricas e perspectivas errôneas é através de pesquisa histórica confiável, discurso público desimpedido e livre de pressões e atividades educacionais abertas e imparciais”.

A tréplica do Yad VaShem ao acordo de Netanyahu com o primeiro-ministro polonês faz coro com Ricoeur: “Cabe aos recipientes do texto histórico determi

nar, pessoalmente e também no nível da discussão pública, o equilíbrio entre a História e a memória”. (MHF, página 499). Isto exige um compromisso de envolvimento com o discurso público, não na teoria acadêmica, e sim no toma-lá-da-cá muito mais difícil das realidades da sociedade. David Tracy enfatiza esta necessidade no capítulo de abertura de seu The Analogical Imagination (A Imaginação Analógica): “O reino da política se preocupa com os significados legítimos da justiça social e do uso do poder. Esta preocupação traz o controle do uso legítimo da força e a regulamentação dos conflitos, para que se alcancem as concepções especiais de justiça incorporadas nas tradições de uma sociedade ou em sua constituição” (p.7). “Torna-se crucial a necessidade de reflexão crítica sobre os conflitos reais ou aparentes das reivindicações em diferentes públicos ... um reconhecimento explícito ...da responsabilidade pelo discurso autenticamente público” (p.29). Tracy e Ricoeur lecionaram juntos e a importância do discurso público era tema de discussão frequente. Ambos estes mestres reagiram quando Elie Wiesel pediu explicações ao presidente Reagan a respeito da visita que este havia feito a um cemitério da Wehrmacht em Bitburg, na Alemanha. O presidente outorgou a Wiesel a Medalha de Ouro do Congresso, e assinou a Declaração da Semana da Herança Judaica. Depois Wiesel declarou “poder à verdade”: “Então permita-me dizer-lhe, Sr. Presidente, com respeito e admiração ... estou convencido de que, como o senhor nos disse quando conversamos mais cedo, o senhor não tinha conhecimento a respeito de sepulturas de soldados da SS no cemitério de Bitburg. Claro que o senhor não sabia. Mas agora todos temos conhecimento disto. Permita-me, Sr. Presidente, se for minimamente possível, implorar que o senhor faça qualquer outra coisa para encontrar uma maneira, uma outra maneira, outro espaço. Aquele lugar, Sr. Presidente, não é o seu lugar. O seu lugar é com as vítimas dos SS. Ah, nós sabemos que existem razões políticas e estratégicas, mas esta questão, como todas as questões relativas a este acontecimento pavoroso, transcende a política e a diplomacia. A questão aqui não é a política e sim o bem e o mal. E jamais devemos confundi-los, pois eu vi os SS em ação, e vi suas vítimas. Eram meus amigos, eram meus pais. Sr. Presidente, havia um grau de sofrimento e solidão nos campos de concentração que desafia a imaginação. Isolados do mundo sem refúgio nenhum; impotentes, filhos assistiam a seus pais serem espancados até a morte; mães viam seus filhos morrerem de fome. E depois chegaram Mengele e suas seleções, o terror, o medo, o isolamento, a tortura, as câmaras de gás, as chamas – chamas que subiam aos céus”. (Elie Wiesel 19 de abril de 1985). Só quem pôde desafiar o presidente dos Estados Unidos dentro da Casa Branca, depois de receber o prêmio mais importante que pode ser concedido a um cidadão, é um sobrevivente de Auschwitz que se manteve vivo depois de uma marcha da morte até Bergen-Belsen.

Em seu epílogo da obra “Memória, História, Esquecendo”, Ricoeur observa que Harald Weinrich está “atormentado demais por Auschwitz e o esquecimento impossível” (p.504). Esta descrição certamente pode ser aplicada ao desafio profético lançado por Wiesel ao presidente dos Estados Unidos: “Aquele lugar não é o seu lugar!” Trata-se de discurso público, um autor e acadêmico que ainda não tinha recebido o Prêmio Nobel da Paz, mas que tinha atendido ao convite de estabelecer o Museu do Memorial do Holocausto dos Estados Unidos em 1979. Wiesel já tinha dado uma resposta corajosa em 1980 a respeito dos revisionistas do Holocausto em uma reunião do Conselho do Memorial do Holocausto dos Estados Unidos: o melhor que temos a fazer é o que estamos fazendo; escrever mais livros, falar do Holocausto com uma voz mais autêntica, e nos comprometermos com a nossa tarefa mais apaixonadamente … E a única maneira de acabar com a literatura ruim é escrevendo literatura boa ... E a única maneira de envergonhar os revisionistas é trabalhando com e para a História” (Wiesel, 1980).

Trinta e oito anos, antes que qualquer pessoa pudesse imaginar uma Europa Oriental independente onde a Polônia, a Hungria e a Lituânia distorceriam a História e a deformariam apresentando-a como um nacionalismo populista, o sobrevivente Wiesel já ensinava o que Ricoeur e o Yad VaShem ensinam: discurso público e mais instrução para os cidadãos comprometidos.

Este chamado à práxis, como chamado à revisão ou negação da História na medida em que a memória das testemunhas vai se apagando, é uma afirmação muito mais fácil do que a prática presumível. Há uma mudança política tendendo para a direita em toda a Europa que alguns consideram uma perigosa inclinação em direção à renovação do fascismo. Netanyahu abraça todos os líderes autocráticos europeus sem pejo independentemente de terem negado o passado.

Tomemos como exemplo o goverWiesel já tinha dado se se mantivessem calados em humildano húngaro de Viktor Orban, de extrema-direita; há sinais perturbadores de que o país esteja legitimando o antisseuma resposta corajosa em 1980 a respeito de e pesar. Por analogia, eu me sinto punido por não compreender totalmente o que aconteceu com aqueles que escolhemitismo. Vejamos: em 2015, o governo dos revisionistas do ram o silêncio em oposição ao discurso húngaro anunciou a sua intenção de eriHolocausto: o melhor público, naquela época ou no presente. gir uma estátua para homenagear Balint que temos a fazer é Estou aposentado, mas até poucos anos Homan, um ministro da época do Holocausto que desempenhou papel decisivo no assassinato ou deportação de quaescrever mais livros, falar do Holocausto com atrás fui professor catedrático, com todos os títulos, e diretor de um programa em que desafiei o nosso campus a respeise 600.000 judeus húngaros. Em vez de uma voz mais autêntica. to do antissionismo, que se transformou criticar Orban, o que ele jamais fez, Neem assédio antissemita”. tanyahu fez uma visita oficial a Budapeste, e depois con“Chegamos então à questão: será possível uma polívidou Orban a visitar Israel em julho de 2018. tica sensata sem que haja algo parecido com uma censu

A recusa de Trump de denunciar os nacionalistas branra da memória? A prosa política começa onde a vingancos e os neonazistas inequivocamente depois do estrago ça termina, para que a História não permaneça trancada e das mortes em Charlottesville já pode ser uma afirmana oscilação mortal entre o ódio eterno e a memória esção notável do relativismo vulgar de um líder americano quecida. Uma sociedade não pode estar continuamente – Trump reagiu aos acontecimentos condenando tanto os zangada consigo mesma”. (MHF, páginas 500-501). Aqui neonazistas e os supremacistas brancos como os que a eles está o paradoxo significativo do nosso tema “Recordação se opunham. A comparação dos dois grupos feita por ele e Reconhecimento”; o equilíbrio entre a História e a mechocou o mundo. Embora tivesse sido pressionado por sua mória não estimulou uma divisão de perspectivas prepaequipe para “esclarecer” sua declaração, relatórios muito rada para um combate. A história traumática das vítimas recentes sugerem que na opinião dele foi a pior correção está sendo usada agora por um outro grupo, deformada de declaração que se viu forçado a fazer. Mudar para a prápelo tempo, como uma reivindicação de mudança. Foxis, com uma renovação do discurso público hoje em dia mos pegos de surpresa pela raiva flutuante dos criminoé arriscado em nossas universidades e salas de aula. O uso sos remanescentes, politicamente motivados, e dos especde nossas credenciais intelectuais para denunciar a intentadores, para ocultar as memórias desbotadas das vítimas. cionalidade da negação precisa ser levado a sério. Estamos com certeza adentrando um período de transi

O que sustenta a amarga divisão traz ameaças e riscos ção até aqui desconhecido, já que somos personagens de que nem todos podem ignorar. Ainda assim, como hauma das experiências mais cruéis e sombrias da humanivemos de justificar usarmos o manto de pensadores que dade, que vem chegando à sua resolução natural. Nós que se arriscaram e usaram as forças de sua época? Venho luensinamos interpretação precisamos nos ajudar mutuatando há muito tempo com qualquer ensinamento, escrimente a encontrar o vocabulário necessário para manter to ou pensamento de Heidegger, porque ele foi um natoda a conversa, para salvar toda tentativa de compreenzista que expulsou seu professor e mentor Edmund Husder como o próprio discurso público se transformará na serl da universidade, comportamento que mancha seu lemedida em que este passado se instala em seu estado de gado filosófico. passado mais definitivo.

Eu me lembro do que David Ben-Gurion, o primeiro primeiro-ministro de Israel, disse uma vez: “Os judeus O Rabino Joseph A. Edelheit colabora com a União do Judaísmo que estiveram seguros e protegidos durante a era de Hitler Reformista na América Latina e serviu, dentre muitas outras posi não deveriam atrever-se a julgar seus irmãos que foram ções, como diretor de Estudos Judaicos e Religiosos na Universiqueimados e abatidos como animais, e nem os poucos dade Estadual de St. Cloud, Minnesota, EUA. que sobreviveram ... e os da nossa geração que não passaram por este inferno fariam melhor (em minha opinião) Traduzido do inglês por Teresa Roth.

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