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O custo sombrio da “Guerra de Oslo
Vinte e cinco anos depois de Oslo, o balanço é mais parecido com o que, em 2003, o historiador Efraim Karsh, comentando sobre o aperto de mão RabinArafat, chamou o início da “guerra de Oslo”.
Guy Millière
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Por ocasião dos 25 anos dos Acordos de Oslo, Devarim publica dois artigos com opiniões divergentes. Este, de Guy Millière, que foi publicado em 14 de setembro de 2018 no Gatestone Institute 1 , com tradução e publicação em Devarim expressamente autorizadas, e o do membro do Conselho Editorial de Devarim, Ricardo Gorodovits, que se encontra a seguir.
13 de setembro de 1993. Yitzhak Rabin e Yasser Arafat apertaram as mãos no gramado da Casa Branca. Eles haviam acabado de assinar oficialmente o documento que deveria iniciar a Paz: o Acordo de Oslo. As engrenagens daquela máquina começaram a funcionar.
Da noite para o dia, Yasser Arafat já não era mais o líder de uma organização terrorista derrotada. De súbito, ele se tornou o presidente de um quase-Estado; a sua Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi transformada na “Autoridade Palestina” (AP).
Os ataques terroristas contra os israelenses durante essa “paz” se tornaram ainda mais sangrentos e profusos, e logo foram perpetrados num ritmo frenético. Alguns visaram deliberadamente crianças e jovens, como o massacre da discoteca Dolphinarium e o atentado suicida no restaurante Sbarro. Arafat não condenou nenhum deles.
Em setembro de 2000, a Autoridade Palestina lançou uma guerra de guerrilha em grande escala que durou quatro anos e matou mais de 1.000 israelenses.
Logo ficou claro que Arafat não iria desistir de ser um assassino em massa. Seu sucessor, Mahmoud Abbas, não foi melhor. Não cessaram os assassinatos de judeus. Israel finalmente decidiu construir uma barreira de segurança. Os líderes palestinos continuaram incansavelmente a fazer demandas que nenhum país poderia satisfazer sem cometer suicídio. Estas incluíram o recuo para as indefensáveis linhas de armistício de 1949 e a inclusão em Israel de milhões de pessoas que haviam jurado a destruição dos judeus.
Embora seja verdade que o Hamas é especialista em matar palestinos inocentes, ele tornou muito claro, em palavras e ações, que achava melhor matar judeus. A seguinte declaração, que faz congelar o sangue, é da carta fundadora do grupo: O Movimento de Resistência Islâmica aspira à realização da promessa de Alá, não importa quanto tempo isso leve. O Profeta, Alá o abençoe e conceda a salvação, disse: “O dia de julgamento não virá até que os muçulmanos lutem contra os judeus. Quando os judeus se esconderem atrás de pedras e árvores, as pedras e as árvores dirão: ‘Ó muçulmanos, ó Abdulla, há um judeu atrás de mim, venha e mate-o’”.
Isto é um franco chamado para o genocídio, incorporado em um dos documentos mais completamente antissemita que é posível ler (no mesmo nível de “Os Protocolos dos Sábios de Sião”). Poucas pessoas parecem saber que o documento fundador do Hamas é genocida.
Israel, enquanto isso, foi constantemente convocado a negociar e a fazer concessões cada vez maiores.
E haja concessões! Em 2005, Israel evacuou incondicionalmente e à força todos os judeus da Faixa de Gaza – um movimento que resultou na rápida tomada do poder pelo Hamas. Em 2008, o primeiro-ministro Ehud Olmert propôs um plano pelo qual Israel abandonava a metade leste de Jerusalém e se retirava quase totalmente da Cisjordânia e do Vale do Jordão – uma proposta que resultou na retirada das negociações pelo lado palestino. Mesmo assim, Israel continuou a ser definido internacionalmente como sendo o lado culpado.
Embora a Autoridade Palestina nunca tenha ocultado que ainda era a mesma velha OLP genocida, ganhou um amplo reconhecimento: muitos países da África, Ásia e América Latina, e até a Santa Sé, reconhecem um “Esta
do Palestino” que simplesmente não exisO número de te necessidade de uma profunda mudante. A “Palestina” obteve assento na Unesco e status de “Observador Permanente” nas Nações Unidas. israelenses que pensam que um acordo de ça no comportamento de Israel antes que seja muito tarde. A população palestina, pontuou ele, está imbuída de uma “obses
Apesar do fato de uma grande parpaz é possível está são genocida contra Israel”. Ele também te dos subsídios estrangeiros concedidos diminuindo. O número enfatizou que: à Autoridade Palestina estar sendo usada de israelenses que “Ao contrário do slogan de Rabin, não para recompensar o terrorismo e financiar o incitamento ao ódio antijudaico, os subsídios estrangeiros só aumentam. pensam que nenhuma concessão adicional se faz [a paz] com ‘inimigos muito desagradáveis’, mas sim com antigos inimigos muito desagradáveis. Ou seja, inimi
A propaganda palestina ganhou terredeve ser feita está gos que foram derrotados … Mostra o reno internacionalmente e até mesmo em crescendo. Infelizmente, gistro histórico que as guerras terminam Israel. Um número crescente de árabes israelenses se radicalizou; alguns cometeram ataques. Organizações extremistas que haviam o mesmo acontece do outro lado, o número de árabes palestinos não através da boa vontade, mas através da derrota. Quem não ganha, perde. As guerras geralmente terminam quando o fracasso faz com que um dos lados se desido estabelecidas em Israel, mas financiaque apoiam ataques sespere, quando esse lado abandona seus das do exterior em nome da “paz”, mosterroristas também objetivos de guerra e aceita a derrota, e travam suas verdadeiras cores abertamente hostis à existência de Israel. A recenestá crescendo. quando essa derrota esgota sua vontade de lutar. Por outro lado, enquanto amte aprovação de uma lei que define Israel bos os combatentes ainda esperam alcancomo o Estado-nação do povo judeu e estipula o que está çar seus objetivos de guerra, a luta continua ou potencialem evidência desde a fundação de Israel em 1948 (a Demente será retomada.” claração de Independência não exclui ninguém e fala do Em 2003, Joel Fishman, membro do Centro de As“desenvolvimento do país para o benefício de todos os seus suntos Públicos de Jerusalém, escreveu que, antes de qualhabitantes”; também fala explicitamente do “direito natuquer nova ação a respeito da questão palestina, o governo ral do povo judeu de ser, como todas as outras nações, seisraelense deve parar de tratar a Autoridade Palestina como nhor de seu destino no solo de seu próprio Estado soberao que ela não é e começar a tratá-la como o que ela é e nunno”) levou algumas dessas organizações a tentar provocar ca deixou de ser: uma organização terrorista. Os governos a ira anti-Israel entre a minoria drusa e a organizar protesisraelense e dos EUA estão agora indo nessa direção. Em tos em Tel Aviv. 6 de março de 2018, o primeiro-ministro israelense, Ben
Vinte e cinco anos depois de Oslo, o balanço é mais jamin Netanyahu, disse que Abbas deve “parar de pagar parecido com o que, em 2003, o historiador Efraim Karterroristas para matar os judeus”. A declaração não apenas sh, comentando sobre o aperto de mão Rabin-Arafat, chadesignou Abbas como um líder terrorista, como também mou o início da “guerra de Oslo”. Nesta guerra, ele escrelembrou ao público que o dinheiro incentiva o assassinaveu, Israel havia concedido desde o início uma grande vito. O ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, observou tória para seus piores inimigos, dando-lhes uma respeitabique Abbas “paga NIS 100 milhões (USD 27 milhões) em lidade que eles não mereciam, e assim se colocou em uma salários a terroristas e assassinos” e acrescentou “uma menposição perdedora da qual nunca se recuperou totalmente. sagem clara: Não mais”. Em um estudo abrangente publicado em 2016, ele reafirUma tarefa que exige atenção urgente é a exposição e a mou sua análise e disse que o aperto de mão de 1993 e o refutação das falsificações históricas que proliferam entre a documento assinado então tinha sido o “mais gritante erro AP e seus apoiadores. Foi essencial, se bem que atrasada, a estratégico na história de Israel”. decisão do governo israelense de se retirar da Unesco após
Em janeiro de 2017, o historiador Daniel Pipes, fundauma votação que absurdamente negou a conexão judaica dor e presidente do Middle East Forum, detalhou a urgencom o Monte do Templo de Jerusalém e o Muro das La

mentações. Quando o primeiro-ministro Netanyahu se refere à Cisjordânia, ele sempre menciona os nomes bíblicos Judéia e Samaria, reafirmando assim que a Judéia tem este nome precisamente pela milenar soberania judaica da área. Ele também explica que expulsar os judeus da Judéia e da Samaria deve ser chamado pelo seu nome: limpeza étnica.
Em março de 1977, em entrevista ao jornal holandês Trouw, o líder da OLP, Zuheir Mohsen, declarou: “O povo palestino não existe. A criação de um Estado Palestino é apenas um meio de continuar nossa luta contra o Estado de Israel, através da união árabe. Na realidade, não há diferença entre jordanianos, palestinos, sírios e libaneses. Falamos hoje da existência de um povo palestino apenas por razões políticas e táticas, pois os interesses nacionais árabes exigem que postulemos a existência de um povo palestino em oposição ao sionismo”.
O mesmo fato foi reconfirmado em vídeo postado pelo inestimável serviço do MEMRI 2 : um ministro do Interior do Hamas, em 2012, afirma que palestinos são “apenas sauditas e egípcios”.
Os regimes árabes sunitas sabem que Israel pode se tor

nar seu maior aliado contra a ameaça iraniana na região. O príncipe herdeiro saudita Mohamed Bin Salman disse em Nova York em abril deste ano que os palestinos terão que “aceitar as propostas feitas pelo governo Trump ou ficar quietos”. Em 12 de agosto, Walid Sadi, um ex-diplomata jordaniano, escreveu no Jordan Times (jornal que depende diretamente do governo da Jordânia) que a Autoridade Palestina deve “resignar-se a uma solução imperfeita”. A declaração dele nos faz refletir sobre o que, na opinião da AP, seria uma solução perfeita.
Israel sempre enfrentou a implacável hostilidade da União Europeia, França e Alemanha, que hoje estão entre os mais ardentes defensores da corrupta “Causa Palestina”. O governo israelense sabe que não tem nada a esperar deles, exceto ser minado. Em julho de 2016, Mahmoud Abbas, depois de fazer declarações abertamente antissemitas no Parlamento Europeu, foi aplaudido de pé. Em julho de 2017, Emmanuel Macron beijou Abbas e, com uma expressão séria, agradeceu-lhe por seu “trabalho incansável em favor da não violência”. Em abril de 2018, Ismail Haniyeh, líder do Hamas, estava na capa de uma das prin
cipais revistas de notícias francesas, a Paris Match, e várias páginas da revista foram dedicadas a uma hagiografia de um homem que só pode ser descrito como um assassino antissemita. A União Europeia, a França e a Alemanha aparentemente não deixarão de financiar a Autoridade Palestina e dezenas de organizações radicais anti-israelenses, e estão fazendo todo o possível para salvar o “acordo nuclear iraniano” e o regime dos mulás. 25 anos depois dos Acordos de Oslo, a realidade é que o número de israelenses que pensam que um acordo de paz é possível está diminuindo. O número de israelenses que pensam que nenhuma concessão adicional deve ser feita está crescendo. Infelizmente, o mesmo acontece do outro lado, o número de árabes palestinos que apoiam ataques terroristas também está crescendo.
Hamas, um entidade terrorista em ruínas, tem tentado transformar a população brutalmente governada da Faixa de Gaza em uma horda de fanáticos sedentos de sangue. A Autoridade Palestina é uma autocracia cheia de corrupção que sobrevive apenas graças à ajuda maciça do Ocidente ingênuo – um suborno que não apenas falhou, mas, como na maioria das extorsões, apenas levou a novas demandas por mais dinheiro.
É realmente trágico que as pessoas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia tenham sido reféns por tanto tempo de líderes palestinos que as alimentam em um sonho impossível e impedem seu progresso.
Em fevereiro de 2017, John Bolton, o conselheiro de segurança nacional do presidente Trump, disse que não via nenhuma instituição viável no lado Palestino e acrescentou que talvez a melhor opção poderia ser uma “solução de três Estados”, através do qual Gaza se juntaria ao Egito, e uma parte da Cisjordânia se uniria à Jordânia. O governo israelense não discordou.
A assinatura dos Acordos de Oslo gerou uma enorme onda de otimismo, infelizmente asfixiada por uma ainda maior onda de sangue provocada pelos ataques terroristas e pelo apoio acrítico que a Autoridade Nacional Palestina conseguiu angariar no mundo, mentindo sobre suas práticas e dissimulando suas intenções.
Notas
1 O Gatestone (gatestoneinstitute.org) distribui por mail, gratuitamente, a seus assinantes uma coleção diária de artigos exclusivos e indispensáveis. 2 Middle East Media Institute (memri.org), instituição que traduz matérias e vídeos da imprensa em árabe.
Guy Millière, professor da Universidade de Paris, é autor de 27 livros sobre a França e a Europa.
Traduzido do inglês por Raul Gottlieb.


