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O Partido Trabalhista ainda tem relevância? O deputado Yechiel (Hilik) Bar assegura que sim
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o deputado Yechiel (hilik) bar assegura que sim
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Nós, do Partido Trabalhista, promovemos a solução com dois Estados, estamos buscando a única solução possível. Aquela que mantém vivo o Estado Sionista, sem concomitantemente aniquilar o Estado Palestino.
Hilik Bar é o Secretário-Geral do Partido Trabalhista de Israel (Avodá) e foi eleito deputado nas eleições de 2013, sendo um dos Vice-Presidentes do Parlamento de Israel (Knesset). Na Knesset, ele está à frente do grupo para a promoção de uma solução para o conflito israelense-palestino, além de fazer parte do Comitê sobre o Status da Mulher e Igualdade de Gênero, entre outros. Bar esteve em visita ao Brasil, onde conheceu comunidades judaicas no Rio e em São Paulo, e manteve contato com políticos e membros do Congresso brasileiro. Nesta visita, concedeu uma entrevista exclusiva para a Devarim, que foi representada por Daniel Plattek, Felipe Kaufman Gorodovits e Ricardo Gorodovits.
Devarim – Primeiro, gostaríamos que contasse um pouco de sua biografia, e em especial de sua trajetória política.
Hilik Bar – Eu me envolvi na política desde muito cedo. Nasci em Tsfat, numa casa onde se respirava política, meu pai encabeçava o Partido Trabalhista na cidade. Fui chanich (educando) e madrich (monitor) no movimento juvenil Hanoar Haoved Vehalomed (equivalente ao Habonim Dror em Israel) e, ao sair do Exército, ingressei na vida política estudantil na Universidade Hebraica, dentro do diretório acadêmico, onde fui eleito presidente após um ano de militância. Um ano depois fui eleito presidente da organização estudantil nacional do Partido Trabalhista, e fui sucessivamente me candidatando e ocupando várias posições dentro do Partido – vereador em Jerusalém, presidente de comitês na Câmara de Vereadores em Jerusalém (Turismo e Relações Exterio-
res), presidente da bancada do Partido Trabalhista naquela Câmara por cinco anos, e Secretário de Turismo de Jerusalém. Em 2010 fui eleito Secretário-Geral do Partido Trabalhista nacional e, dois anos depois, fui eleito para o Knesset, onde estou e continuo também como Secretário-Geral do Partido Trabalhista.
Devarim – O que o trouxe ao Brasil? Quais foram os resultados desta viagem?
Hilik Bar – Duas coisas me motivaram a vir até a América do Sul: primeiro, o desejo de conhecer o Rio de Janeiro, São Paulo e Buenos Aires. Além disto, o desejo de conhecer o nível de consciência política dos membros não judeus das comunidades parlamentares a que tive acesso para poder levar a elas a nossa visão da realidade israelense, explicar que há mais de uma voz em Israel, mostrar de que maneira nós, do Partido Trabalhista, encaramos o conflito israelense-palestino, e trazer a eles a voz da esquerda e centro-esquerda israelenses, mostrando que, ao promovermos a solução com dois Estados, estamos buscando a única solução possível. Aquela que mantém vivo o Estado Sionista, sem concomitantemente aniquilar o Estado Palestino. Não nos cabe controlar o destino de outro povo, e se viermos a ter um único Estado, e se todos os palestinos vierem a ser cidadãos israelenses, será o fim do sonho sionista. Esta solução nos permitirá mais investimentos em educação e na nossa economia, não apenas em segurança. Esta é a visão estratégica do Partido Trabalhista para a paz e é importante trazer esta visão para o universo político do Brasil e da Argentina.
Devarim – A partir da solução de dois Estados, como vê o papel das minorias em Israel? E ainda, também, de eventuais minorias judaicas no futuro Estado Palestino? Hilik Bar – As minorias que vivem em Israel têm uma vida muito boa e muito igualitária. Beduínos, drusos, árabes-israelenses e outros correspondem a 20% de nossa população e estão totalmente inseridos em todas as esferas da
sociedade e em todas as profissões – medicina, engenharia, magistério, high-tech e por aí vai, têm acesso a tudo o que a população judaica também tem. Temos árabes no Parlamento e isto muito nos envaidece, apesar de muitas vezes batalharmos com eles quanto às decisões a serem tomadas. Há 1.600.000 árabes vivendo democraticamente em Israel, com muito mais liberdade de dizer o que pensam do que em outros lugares do Oriente Médio, o que é um grande motivo de orgulho para nós. Na solução dos dois Estados, aqueles que já são cidadãos israelenses continuarão como tal. A questão é o que fazer com os que não são! Advogamos que venham a ser cidadãos palestinos. Sobre a questão quanto aos judeus como minoria, fui o primeiro político a pleitear que os judeus que vivessem no futuro Estado Palestino passassem a ser uma minoria reconhecida como parte da solução, já que estes judeus em minoria deveriam ter o direito de escolher onde viver. Deveriam poder escolher uma cidadania, ou ate poder optar pela dupla cidadania após termos um acordo. Não é aceitável que o futuro Estado Palestino não tenha residentes ou cidadãos judeus se o vice-versa é verdadeiro. Com isso, os colonos poderiam manter os investimentos e esforços que fizeram em termos econômicos, e ser parte da sociedade local. Veja que, na saída de Gaza, não apenas não ficaram colonos, como a maior parte da infra-estrutura existente foi destruída, o que não gerou qualquer ganho para nenhum dos lados. Se os judeus podem viver como minoria no Brasil ou na Argentina, porque não poderiam viver da mesma forma num Estado vizinho a Israel? Aqueles que optarem por viver em Israel poderão ser compensados pelo que deixaram para trás, mas os que preferirem ficar devem poder fazê-lo com segurança de que ali poderão ter vidas normais como qualquer outro cidadão. Devarim – Sayed Kashua, famoso escritor israelense de origem árabe, que escreve em hebraico, muito popular em Israel e que residia em Jerusalém, decidiu deixar para sempre o país e foi para os Estados Unidos, onde havia recebido um convite para lecionar durante um período. Afirma não poder viver em um país onde ouviu as pessoas gritarem “morte aos árabes” nas ruas de Jerusalém, após
Fui o primeiro político o episódio da morte de três jovens israa pleitear que os judeus que vivessem no elenses sequestrados e da retaliação que matou um jovem árabe de forma igualmente brutal. futuro Estado Palestino Hilik Bar – Lamento a decisão e a passassem a ser uma partida dele. Não concordo, mas é uma minoria reconhecida decisão pessoal. Quem grita “morte aos como parte da solução, árabes” é igual a quem grita “morte aos judeus”. Racismo existe em toda parte, nós já que estes judeus em o encontramos em Israel, na Palestina e o minoria deveriam ter Sr. Kashua também vai encontrá-lo nos o direito de escolher Estados Unidos. São pessoas de mentalionde viver. dade estreita, que amam odiar o diferente. É odioso em toda parte e deve ser combatido de todas as maneiras. O racismo me envergonha, mas é preciso ter em mente que ele não permeia todos os segmentos da sociedade israelense como não permeia todos os segmentos de nenhuma sociedade, e sim existe em focos extremistas. Exemplo disto é o grupo extremista ISIS, que não representa toda a sociedade árabe e vem sendo combatido por países árabes moderados. Temos que fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para combater o racismo, onde quer que floresça, e nós, no Oriente Médio, árabes e judeus, deveríamos fazê-lo em conjunto. Mas acredito que o israelense médio tem o hábito da tolerância e provavelmente o sr. Kashua poderia combater o racismo percebido por ele estando em Israel, como todo cidadão israelense deve fazer. Vejo, por exemplo, o trabalho educacional do Habonim Dror, de educação para a paz, como algo importante de ser feito. Devarim – Quando entrevistamos Mira Awad (Devarim 13 – dezembro de 2010) perguntamos a ela se se sentia segura em Israel e ela respondeu que, como cidadã, conta com a polícia israelense para protegê-la. Você concorda? Hilik Bar – Certamente. Lembre-se que, quando pela primeira vez em nossa história, ocorreu o assassinato de um primeiro-ministro, quem matou Itzhak Rabin foi um terrorista israelense, e não um terrorista árabe. Não estou menosprezando o terrorismo árabe, não me entenda mal! Mas o terror deve ser combatido com todos os meios ao nosso alcance, qualquer que seja sua origem. Precisamos investir na educação para a paz se quisermos acabar com o terror. Esse é o único caminho para a convivência pacífica.

Devarim – Mudando de assunto, vamos falar um pouco de política israelense. O Avodá esteve no poder por 30 anos e agora está reduzido a 15 cadeiras no Parlamento de 120. Muitas de suas bandeiras parecem ter sido tomadas por outros partidos, como por exemplo a Halutziut, que hoje se identifica mais com o Habait Haihudi (partido nacionalista religioso), ou a luta no campo da paz, que parece ter passado às mãos do Meretz (partido à esquerda do Avodá). O que houve? Você vê o Avodá ocupando um papel de destaque no futuro de Israel? E como alcançar este lugar de influência efetiva no país?
Hilik Bar – Foi o Avodá quem estabeleceu a Halutziut, não esqueça! Depois, o Partido Trabalhista já provou ser o único Partido realmente eficiente quando se fala em fazer a paz acontecer – desde Golda Meir, com o Egito, mesmo considerando Begin, com a Jordânia, Oslo. Muitos falaram, nós fizemos. Nós perdemos nosso principal líder à época buscando alcançar a Paz! O nosso maior erro, entretanto, foi que, após o assassinato de Rabin, fizemos alianças com a direita, em governos liderados pela direita. Pensamos que ao fazer esta aliança estaríamos caminhando em direção ao centro, traríamos justiça social à nossa economia, mas estávamos errados, deveríamos ter continuado como oposição. Por isto, antes desta última eleição nos comprometemos a continuar como oposição. Hoje, Avodá é oposição e vai continuar sendo a liderança dessa oposição até que possa liderar o país. Netaniahu literalmente implorou por uma coalizão e dissemos não. Nós podemos apoiar o governo sempre que ele trouxer à tona propostas com as quais concordamos, mas seguiremos na oposição. Você disse que perdemos bandeiras mas não é verdade, isso apenas parece verdade porque essas bandeiras estavam escondidas pela nossa participação nas coalizões à direita nas quais participamos no passado. E estarão mais à mostra em nossa atuação independente. Não se pode misturar objetivos como não se pode misturar carne e leite na mesma refeição [aludindo metaforicamente às regras da cashrut], vem daí a indigestão política que nos aflige há duas décadas. Estou seguro de que a geração jovem do Avodá, na qual me incluo, não vai desistir e repetir os erros do passado, nem que o processo leve dez ou vinte anos, mas vamos levar o Avodá novamente à liderança do país, ao governo, com as nossas próprias bandeiras mais uma vez.
Devarim – Já que trouxe o tópico da religião, qual é a ligação entre o Avodá e o movimento Reformista?
Hilik Bar – Talvez o partido com a melhor possibilidade de ligação com o movimento Reformista seja mesmo o Avodá. Membros do movimento reformista são atuantes dentro do Partido Trabalhista e vice-versa, como Gilad Ka-
riv, que vocês conhecem bem. Me parece claro que temos a mesma visão de que o judaísmo não é monopólio de um grupo e que existe mais de uma forma de ser judeu, e de seguir a religião judaica. O Avodá está trabalhando e pretende seguir trabalhando para que a legislação seja mais igualitária quanto aos aspectos religiosos, o que fazemos em conjunto com o Meretz, com o Yesh Atid e outros, ainda que não pareça certo que teremos sucesso na presente legislatura, ainda dominada pelos partidos de direita. O Likud não vê o movimento Reformista com olhos amistosos. Como eu disse ontem na sinagoga (na ARI), para o judeu secular em Israel as alternativas parecem ser a secularidade ou a ultraortodoxia, e a Reforma seria uma ótima alternativa. Se eu tivesse conhecido o judaísmo reformista quando era criança em Tsfat, eu provavelmente seria hoje mais religioso do que me tornei. Mas o movimento Reformista erra ao investir muito na diáspora e ainda menos do que deveria em Israel – o judeu israelense secular ainda sabe muito pouco sobre o movimento Reformista. Este crescimento permitiria a um grande grupo de judeus, hoje seculares, se identificarem com a religião, tornar este modelo parte da cultura nacional. Porém, muitas das dificuldades existentes derivam do poder político que ortodoxos e ultraortodoxos têm. O movimento Reformista também precisa aumentar o seu poder político. Hoje, casamentos e bnei-mitsvot pelo movimento Reformista não têm peso legal em Israel, só são considerados legalmente válidos os do movimento ortodoxo. Este foi um dos motivos que levaram o rabino Gilad Kariv, líder da WUPJ israelense [World Union for Progressive Judaism, entidade que congrega sinagogas reformistas de todo o mundo e tem sua sede mundial em Israel], a filiar-se ao Avodá e candidatar-se ao Knesset. Não foi eleito, mas vai continuar tentando, eu mesmo o tenho encorajado a isso. E é preciso que outros sigam o exemplo dele. Assim evitaremos que casais cuja opção não é a ortodoxia viajem para se casar em Chipre ou qualquer outro lugar. Devarim – Há nisso, portanto, certa contradição. Se por um lado a visão da WUPJ é de que deve-se ter um Estado
Quem grita “morte laico, por outro, não se mudará o status aos árabes” é igual a quem grita “morte quo sem entrarmos na política... Hilik Bar – Só se pode mudar a política com política e legislação, assim como aos judeus”. Racismo só se pode cortar um diamante com ouexiste em toda parte, tro diamante. Isso não vai ocorrer em um nós o encontramos em ano ou dois, mas é preciso persistir nes-
Israel, na Palestina e sa direção. Há a separação entre Estado e religião e há a separação da religião e da nos Estados Unidos. O política. Os ortodoxos entraram na poracismo me envergonha, lítica para assegurar que a religião faria mas ele não permeia parte do Estado. Pessoas como eu, que todos os segmentos da sou secular, e aquele que é um judeu resociedade israelense ligioso reformista devem buscar na política os meios de assegurar esta separação. nem de nenhuma Ter atuação política neste caso é uma nesociedade. cessidade para assegurar os limites do que pode ou não ser imposto a toda a população em termos religiosos. Os seculares hoje na Knesset não têm dado a este tema suficiente relevância e por isso precisamos de mais gente ali que levante estas bandeiras, que tenha total motivação quanto a este tema. Eu, particularmente, sou otimista e acredito que estas mudanças podem ser alcançadas. Devarim – Como deveria ser o relacionamento entre as comunidades judaicas em todo o mundo em relação a Israel quanto ao que se passa em Israel? Hilik Bar – Israel precisa entender, antes de tudo, que somos todos parte da mesma família, o que nem sempre fica claro para os israelenses. Devemos entender que o que acontece em Israel tem efeito sobre os judeus de fora de Israel. Nossas atitudes podem gerar ou ampliar antissemitismo, ou mesmo apenas oferecer uma desculpa para que estes sentimentos aflorem. Não vejo porque estas comunidades deveriam dizer “amém” a tudo o que o governo israelense faz, e Israel deve se abrir para os argumentos e comentários, positivos ou negativos, que vêm de fora. Tal como existem partidos legítimos que estão na oposição e que, ao exporem seus pontos de vista, não deveriam ver o governo rapidamente responder aos gritos de “anti-israelense” ou “antissemita” para aquele que discorda das posições oficiais do governo. Ser judeu e ser democrático nos impõe a necessidade de buscar o que entendemos ser o melhor e nem sempre veremos o mesmo caminho para isso.

Eu particularmente fico feliz em ver que hoje, nos Estados Unidos, organizações como JStreet têm força e se fazem respeitar, não vejo necessária a uniformidade de opiniões. Tal como, a meu ver, é errado o alinhamento automático contra Israel ou seu governo, judeus da diáspora devem poder se manifestar em dissonância com o governo de Israel sem serem automaticamente classificados de “anti-Israel”.
Devarim – Algumas coisas mudaram. Por exemplo, o Habonim Dror era oficialmente ligado ao Avodá e não é mais. O que nós, dos movimentos juvenis, podemos fazer para apoiar Israel, além de eventualmente fazer aliá? Hilik Bar – Fazer aliá é da maior importância, quer você seja de esquerda ou de direita, não faz diferença, o compromisso com Israel é uma situação em que todos ganham. Mas os movimentos juvenis têm como funções repassar nossos valores de geração em geração, se isso não ocorrer, não teremos comunidades judaicas, ou, se estas existirem, não terão conexão com o Estado de Israel. Esta educação também deve investir no aprofundamento dos valores democráticos e no diálogo, inclusive dentro da própria comunidade judaica. Viabilizar o diálogo entre os mais velhos e os mais jovens e entre a comunidade da diáspora com Israel. Se esta corrente se fortalecer, estaremos combatendo a assimilação, estaremos protegendo Israel e a diáspora do antissemitismo, seguiremos educando nos valores judaicos e sionistas e isso é o mais importante.
Devarim – Você disse antes, fora desta entrevista, que o Hamas é o nosso inimigo, são terroristas, e não podemos dialogar com eles; mas disse também que o Fatah é nosso inimigo, mas com eles, ao contrário, sim, precisamos dialogar. Nossa pergunta é: temos mesmo este inimigo? O Fatah não assinou os acordos de Oslo e deseja a paz?
Hilik Bar – O que eu quis dizer, e talvez tenha ficado confuso, é que hoje não temos paz com os palestinos, o que temos é um estado de inimizade. A autorida-

de palestina de Abbas (e o Fatah inclusive) têm e mantêm este status. Mas o que digo sempre é que existem dois tipos de inimigos: um que quer viver ao seu lado e reconhece que você esta aí e não vai embora e, portanto, não quer destrui-lo, pretende construir acordos por meio do diálogo para permitir esta vida lado a lado, ou seja, não usa o terror como arma. Com este inimigo chegaremos a um acordo algum dia. O outro tipo é o que quer viver não ao nosso lado, mas nos substituir no espaço que ocupamos, quer estar ali em vez de você, e para isto destrói, mata, aniquila. O primeiro tipo é Abbas, o segundo é o Hamas, que tem em sua ideologia, como escrito no artigo 22 de seu estatuto, a intenção de destruir e ocupar toda a terra de Israel. O Hamas prefere falar com Israel via mísseis e por meio de seus túneis feitos para o terrorismo. Devemos dialogar com o primeiro e lutar contra o segundo. É fundamental que o governo israelense faça sempre esta diferenciação. Por isso, mesmo Abbas sendo considerado como inimigo, nos irritando com observações que às vezes são bastante estúpidas ou sem sentido, ainda assim, enquanto Abbas quiser dialogar por meio da diplomacia, Israel deve fazer o mesmo, considerando-o como parceiro para a paz. Devarim – Que impressão teve dos políticos brasileiros que conheceu?
Hilik Bar – Sem citar nomes, tive a impressão de que estavam bastante frustrados por serem acusados de antissemitismo pela comunidade judaica ao emitirem opiniões sobre o que ocorre em Israel. O que me disseram é que se sentem capazes de conciliar sua visão crítica com o entendimento de que Israel tem e deve ter seu espaço. As pessoas com quem conversei não criticaram, aliás, Israel por conta do último conflito com Gaza, mas sim pela condução das negociações com os palestinos. Muitos me disseram claramente entender o direito de Israel à defesa no que se refere ao Hamas. Pediram-me que trouxesse mais vozes de esquerda e centro-esquerda como a minha. Comentei com eles que, apesar do governo de Israel ser de direita, há praticamente uma divisão na metade da população quanto à necessidade das negociações de paz, o que os
Se eu tivesse deixou muito surpresos. Acho que foram conhecido o judaísmo reformista quando era encontros muito positivos. Convidei alguns a virem a Israel e aceitaram o convite. Assim, verão Israel com seus próprios criança em Tsfat, eu olhos, vou poder levá-los para entendeprovavelmente seria rem o que o Hamas está fazendo à popuhoje mais religioso do lação local, ver a convivência das minoque me tornei. Mas o rias em Israel e os benefícios trazidos por grupos que visam estabelecer a solução de movimento Reformista dois Estados. Tudo isso sempre dentro de erra ao investir muito uma visão sionista e totalmente adequada na diáspora e ainda ao interesse maior de Israel. Nosso intemenos do que deveria resse não é agir para sermos mais ou meem Israel. nos simpáticos, nosso interesse maior é e sempre será apoiar Israel e seu crescimento seguro. Entendemos um acordo de paz como uma necessidade estratégica para esta segurança e uma demanda social e econômica da nossa sociedade. Os encontros foram bons para evidenciar que Israel é um país altamente ético, desenvolvido, democrático e ouviram de um deputado israelense que, em sua opinião, a melhor forma, talvez a única forma para seguirmos assim, é persistir no caminho da solução de dois Estados. Devarim – Há algo que ainda não perguntamos e que você gostaria de acrescentar? Hilik Bar – Preciso acrescentar que, nesta minha primeira viagem ao Brasil, encontrei aqui pessoas, judeus e não judeus, ansiosas para aprender mais sobre Israel e para ouvir informações. Mas o mais importante é que encontrei aqui uma comunidade muito comprometida com Israel, talvez a mais sionista que conheci de todos os lugares que já visitei, e já estive em muitos! Pude verificar isto no Cabalat Shabat na ARI, entre os jovens da Chazit e do Dror, e também entre os menos jovens com quem estive, e isto é importantíssimo. Peço que não abram mão desta ligação com Israel, que está profundamente arraigada nas vivências e nas emoções de todos nós. Se somos talvez o coração do mundo judaico, certamente os judeus de todo o mundo são o corpo e um não pode viver sem o outro. Muito obrigado! Daniel Plattek e Felipe Kaufman Gorodovits são bogrim do movimento juvenil Habonim Dror. Ricardo Gorodovits é o presidente da ARI.