COMM NATURA OPORTUNISTA, VORAZ E AGRESSIVO
CIMA. Figura 1: Siluro (Silurus glanis) – A biodiversidade pode ter os dias contados no rio Tejo e em albufeiras portuguesas, caso esta espécie continue a reproduzir-se de forma descontrolada. BAIXO. Figura 2: Estamos a falar de uma praga, de um predador de topo”, afirmam os biólogos do Mare.
Alerta no Tejo! O siluro, uma espécie invasora também conhecida como peixegato europeu, multiplicou-se de forma descontrolada e está a ameaçar seriamente peixes autóctones e com grande valor para os ecossistemas e para os profissionais da pesca, como enguias, sáveis e lampreias. Espécie originária da Europa Central, pode atingir os 2,5 metros de comprimento e
mais de 100 quilos de peso. Foi detetado pela primeira vez na Península Ibérica no Rio Ebro, em Espanha, em 1974. Foi observado no curso português do Tejo, pela primeira vez, em 2014, estando documentada a sua presença no lado espanhol desde 1998. Os investigadores acreditam que a espécie tenha sido introduzida no Tejo espanhol por pescadores lúdicos alemães que os queriam pescar nas águas do rio ibérico. Na zona de Santarém, em 2017, foi capturado o maior espécime conhecido no Tejo português. Tinha 58 quilos e quase dois metros. O que são as espécies exóticas invasoras (EEI)? São espécies exóticas aquelas que foram transportadas para fora do seu contexto ecológico, ou da sua distribuição natural, por ação humana. A maioria delas não sobrevive num ambiente estranho; no entanto, algumas conseguem adaptar-se ao novo meio e acabam por se estabelecer nesses ecossistemas, podendo causar sérios danos ecológicos e económicos. A introdução acidental ou deliberada de plantas ou animais exóticos num novo ambiente, isto é, num meio onde não existiam originalmente, pode acarretar as seguintes consequências: = Perda significativa de biodiversidade e até extinção de espécies indígenas; = Transmissão de doenças aos seres humanos; = Prejuízos económicos, tais como desaparecimento de espécies de valor comercial, danos em culturas e em infraestruturas, que podem custar milhares de milhões de euros.
Este problema tem vindo a acentuar-se com o crescimento das trocas comerciais e das viagens internacionais, uma vez que há novas EEI a chegar à Europa, situação esta que pode agravar-se devido às alterações climáticas. Investigadores do Mare – Centro de Ciência do Mar e Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que 6 | BORDO LIVRE 162 | MAR-ABR 2021