BL 162 Março/Abril 2021

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SEGURANÇA A BORDO DOS NAVIOS ENTREVISTA A JOÃO JOSÉ DA ROCHA RAMOS

COMM. O processo de criação de um

livro é sempre algo complexo porque envolve um pouco de arte, de muito conhecimento acerca da matéria e do público a que se destina. Como é que foi neste caso específico?

J. ROCHA RAMOS - Conceber e

escrever qualquer livro é sempre uma tarefa difícil todavia, quando se trata de um livro técnico, o desafio torna-se ainda mais complexo pois a margem de manobra é extraordinariamente reduzida. Essa complexidade aumenta substancialmente, quando os conceitos expostos nesse trabalho são de uma abrangência internacional podendo aplicar-se aos tripulantes de navios de qualquer nacionalidade. É perfeitamente compreensível que esta tarefa implique muitos sacrifícios pessoais e familiares. Afinal foram mais de 3.500 horas, distribuídas por cerca de 18 meses dedicados à obra, em que me desliguei substancialmente do meu ambiente familiar e social. Quando me propus a escrever a 1.ª Edição, ainda os computadores não estavam vulgarizados e a net dava os primeiros passos razão pela qual essa edição foi ainda escrita à máquina de escrever e, só posteriormente, passada para suporte digital. O maior obstáculo com que então me confrontei foi qual estrutura que deveria utilizar, para cobrir a maioria dos riscos a 18 | BORDO LIVRE 162 | MAR-ABR 2021

bordo de um navio, sem cair em repetições sempre indesejáveis. Obviamente, que a primeira tentação foi a de dividir o navio nos seus diferentes departamentos: máquinas, convés, câmara e ponte. Contudo, rapidamente se constatou que havia riscos específicos e riscos comuns em qualquer dos setores pelo que fui obrigado a abandonar esta solução para evitar as referidas repetições indesejáveis.

COMM. Dada a complexidade e sofis-

ticação com que os navios actualmente são construídos e equipados para as diferentes propostas de serviços, como abordar todas essas vertentes sem perder a visão do conjunto?

J.R.R. - Para tentar encontrar a solução

mais adequada gastei muito tempo a investigar, primeiro documentalmente antes da chegada da net e, posteriormente, recorrendo ao computador quando a ele tive acesso, para encontrar o modelo que mais se adequasse aos meus objetivos. Assim, consultei documentação de muitos e diversos países, ligados ao transporte marítimo sobre segurança a bordo, tendo concluído que o modelo inglês era o que mais aproximava e adaptava ao que pretendia, razão pela qual o adotei para o livro elaborado em 1988 e que agora atualizo com o mesmo formato. É verdade que encontrei muitas semelhanças entre as diferentes matérias


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