Revista Xonguila Nº73

Page 1


FACIM 2024

Promovendo a industrialização do país

Promoting the country’s industrialisation

SANA

Campanha "Saúde Mental Importa"

"Mental Health Matters" Campaign

BLACK INK

Uma viagem subconsciente de Ash Ismael

A subconscious journey of Ash Ismael

Uma lição de inovação e progresso

A lesson in Innovation and progress

A FACIM 2024 destacou-se por colocar em evidência o potencial de Moçambique enquanto hub regional e plataforma estratégica para parcerias empresariais.

IMPULSIONANDO A INDUSTRIALIZAÇÃO E O CRESCIMENTO DE MOÇAMBIQUE

A Feira Internacional de Maputo (FACIM) celebrou a 59ª edição este ano, numa dinâmica semana nos domínios económico e comercial. Realizada no Centro Internacional de Feiras e Exposições de Ricatla, no distrito de Marracuene, entre os dias 26 de Agosto e 1 de Setembro, a FACIM 2024 reuniu mais de 3.300 expositores, provenientes de 26 países, reafirmando o seu papel como um dos maiores eventos de promoção económica e industrial do país. Sob o lema “Industrialização: Inovação e Diversificação da Economia Nacional”, esta edição destacou-se por colocar em evidência o potencial de Moçambique enquanto hub regional e plataforma estratégica para parcerias empresariais. O evento acolheu expositores de sectores variados, com especial foco na agro-pecuária e na indústria transformadora, apresentando as mais recentes inovações e oportunidades de desenvolvimento.

CORREDORES DE DESENVOLVIMENTO E INTERNACIONALIZAÇÃO

Um dos grandes destaques deste ano foi a criação de um pavilhão dedicado aos “Corredores de Desenvolvimento”, sublinhando o papel crucial que Moçambique desempenha como ponto de ligação entre infra-estruturas portuárias e mercados regionais. Este espaço promoveu debates sobre logística e serviços portuários, o que fomentou sinergias entre investidores internacionais e locais.

A Índia, como país homenageado, desempenhou um papel central marcando a forte cooperação entre Moçambique e um dos gigantes económicos da Ásia, enquanto, a nível doméstico, a província de Manica, também destacada este ano, aproveitou a oportunidade para mostrar a sua evolução no sector empresarial local, reforçando a importância do investimento regional.

CRESCIMENTO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS (PMES)

Para além dos grandes investidores e multinacionais, as PMEs tiveram um papel crucial nesta edição da FACIM. O Ministro da Indústria e Comércio, Mateus Magala, sublinhou que o evento foi uma excelente oportunidade para as PMEs moçambicanas fortalecerem as suas capacidades, inovarem nos seus processos produtivos e explorarem novos mercados. A FACIM ofereceu uma plataforma privilegiada para que estas empresas se conectassem a potenciais parceiros internacionais,

contribuindo para o crescimento económico sustentável de Moçambique.

SEMINÁRIOS E ACTIVIDADES PARALELAS

Outro grande momento desta edição foi a palestra do Museu do Mar sobre pesca sustentável através da aquacultura. Cerca de trezentas crianças da Escola Primária do 1º e 2º Graus 16 de Junho, de Marracuene, aprenderam sobre como a aquacultura pode garantir a segurança alimentar e preservar os recursos marinhos, especialmente durante o período de defeso da pesca. A educadora Nélia Paul destacou a importância de se formarem “guardiões do mar”, incentivando os jovens a compartilhar o seu conhecimento com as suas famílias.

Além das iniciativas de educação ambiental, a FACIM 2024 também se destacou por discutir políticas de urbanização e a contribuição das empresas europeias para o desenvolvimento sustentável em Moçambique. O embaixador da União Europeia, Antonino Maggiore, enfatizou o papel fundamental do sector privado, enquanto Simone Santi, da Eurocam, abordou os desafios do ambiente de negócios, como a corrupção e a necessidade de uma boa planificação urbana para atrair investimentos e oportunidades.

A FACIM 2024 serviu de plataforma para impulsionar a preparação de Moçambique para a EXPO

Fotografia: Cortesia da Publicus

2025, que ocorrerá em Osaka, no Japão. Discussões sobre Inteligência Artificial e Robótica foram centradas na importância de mostrar as potencialidades do país em eventos globais.

INOVAÇÕES E ACESSIBILIDADE

A organização da feira tomou medidas importantes para garantir a acessibilidade ao evento, reduzindo o preço dos bilhetes e do estacionamento. Com isso, cerca de 65 mil visitantes passaram pelos pavilhões ao longo dos seis dias, participando em seminários temáticos e fóruns de negócios. As discussões giraram em torno de temas como a industrialização, o investimento e as vantagens da Zona de Livre Comércio Continental Africana (AfCFTA), uma ferramenta vital para o desenvolvimento económico do continente. A feira deste ano também contou com a estreia do “Pavilhão da Industrialização”, um espaço dedicado a empresas do sector industrial que exibiram inovações tecnológicas e soluções industriais para desafios de produção. Este pavilhão foi um dos pontos altos do evento, reunindo alguns dos maiores nomes da indústria moçambicana e internacional.

IMPACTO ECONÓMICO E FUTURO PROMISSOR

No encerramento oficial, o Primeiro-Ministro, Adriano Maleiane, elogiou o impacto económico positivo da FACIM 2024. Destacou o empenho dos expositores em melhorar a qualidade dos produtos e serviços “Made in Mozambique”, promovendo a inovação e diversificação da economia nacional. A qualidade dos produtos expostos e as parcerias firmadas ao longo do evento foram apontadas como sinais de que Moçambique está no caminho certo rumo à industrialização. Maleiane felicitou ainda os vencedores das 17 categorias de prémios atribuídos na feira, incentivando-os a continuar a melhorar os seus processos e produtos e a servir de inspiração para outros seguirem o mesmo caminho de excelência.

A 59ª edição da FACIM deixou um legado importante para a economia de Moçambique. Ao promover o país como um destino de negócios atractivo, reforçando as relações internacionais e destacando a capacidade de inovação das empresas nacionais, a feira posicionou-se como um motor de crescimento para os próximos anos. Agora, cabe às empresas moçambicanas e aos seus parceiros internacionais transformar as oportunidades geradas nesta edição em realidades concretas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável do país. Moçambique prossegue o seu caminho de industrialização e inovação com a FACIM a desempenhar um papel central na construção de um futuro económico mais diversificado e inclusivo.

A FACIM ofereceu uma plataforma privilegiada para que as empresas se conectassem a potenciais parceiros internacionais.

DRIVING MOZAMBIQUE’S INDUSTRIALISATION AND GROWTH

This year, the Maputo International Fair (FACIM) celebrated its 59th edition, marking a dynamic week for the economy and trade. Held at the Ricatla International Fair and Exhibition Centre in Marracuene district from 26 August to 1 September, FACIM 2024 attracted over 3,300 exhibitors from 26 countries, reaffirming its role as one of the largest events promoting Mozambique's economic and industrial development. Under the theme “Industrialisation: Innovation and Diversification of the National Economy”, this edition highlighted Mozambique's potential as a regional hub and a strategic platform for business partnerships. Exhibitors represented a wide range of sectors, with a particular focus on agriculture, livestock, and manufacturing, showcasing the latest innovations and development opportunities.

DEVELOPMENT CORRIDORS AND INTERNATIONALISATION

One of the major highlights this year was the introduction of a dedicated pavilion for the "Development Corridors", underscoring Mozambique's crucial role as a link between port infrastructure and regional markets. This space facilitated discussions on logistics and port services, fostering synergies between international and local investors. India, honoured as the featured country, played a central role in demonstrating the strong cooperation between Mozambique and one of Asia’s economic giants. Domestically, the province of Manica, also in the spotlight this year, seized the opportunity to showcase its growth in local enterprise, reinforcing the importance of regional investment.

GROWTH OF SMALL AND MEDIUM-SIZED ENTERPRISES (SMES)

In addition to large investors and multinational companies, SMEs played a crucial role in this year’s FACIM. The Minister of Industry and Trade, Mateus Magala, stressed that the event provided an excellent opportunity for Mozambican SMEs to strengthen their capabilities, innovate in their production processes, and explore new markets. FACIM offered a valuable platform for these companies to connect with potential international partners, contributing to Mozambique’s sustainable economic growth.

SEMINARS AND PARALLEL ACTIVITIES

Another highlight of this edition was the talk given

by the Sea Museum on sustainable fishing through aquaculture. Around three hundred children from the 16th June Primary School in Marracuene learned about how aquaculture can ensure food security and preserve marine resources, especially during fishing restriction periods. Educator Nélia Paul emphasised the importance of creating “guardians of the sea”, encouraging young people to share their knowledge with their families.

Alongside environmental education initiatives, FACIM 2024 also stood out for discussions on urbanisation policies and the contribution of European companies to sustainable development in Mozambique. EU Ambassador Antonino Maggiore highlighted the essential role of the private sector, while Simone Santi, from Eurocam, addressed the challenges in the business environment, such as corruption and the need for sound urban planning to attract investment and opportunities.

FACIM 2024 also served as a platform to boost Mozambique’s preparations for EXPO 2025, which will take place in Osaka, Japan. Discussions on Artificial Intelligence and Robotics centred on the importance of showcasing the country’s potential at global events.

INNOVATION AND ACCESSIBILITY

The organisers of the fair took important steps to ensure accessibility to the event by reducing ticket and parking prices. As a result, around 65,000 visitors attended over the six days, par-

ticipating in thematic seminars and business forums. Discussions focused on topics such as industrialisation, investment, and the benefits of the African Continental Free Trade Area (AfCFTA), a vital tool for the continent’s economic development. This year’s fair also saw the debut of the “Industrialisation Pavilion”, a space dedicated to companies in the industrial sector, displaying technological innovations and industrial solutions to production challenges. This pavilion was one of the event’s main attractions, bringing together some of the biggest names in Mozambican and international industry.

ECONOMIC IMPACT AND A PROMISING FUTURE

During the official closing ceremony, Prime Minister Adriano Maleiane praised the positive economic impact of FACIM 2024. He commended the exhibitors’ commitment to improving the quality of “Made in Mozambique” products and services, promoting innovation and diversifying the national economy. The quality of the products on display and the partner-

ships established throughout the event were cited as evidence that Mozambique is on the right path towards industrialisation. Maleiane also congratulated the winners of the 17 prize categories awarded at the fair, encouraging them to continue improving their processes and products, serving as an inspiration for others to follow the same path to excellence.

The 59th edition of FACIM has left a significant legacy for Mozambique’s economy. By promoting the country as an attractive business destination, strengthening international relations, and highlighting the innovative capacity of national companies, the fair positioned itself as a driving force for growth in the coming years. It is now up to Mozambican companies and their international partners to turn the opportunities created during this edition into tangible realities that can contribute to the country’s sustainable development. Mozambique continues its path towards industrialisation and innovation, with FACIM playing a central role in building a more diversified and inclusive economic future.

Fotografia: Cortesia da Publicus

4 FACIM 2024

Impulsionando a industrialização e o crescimento de Moçambique

Boosting Mozambique's industrialisation and growth

42 BLACK INK

Uma viagem subconsciente de Ash Ismael

A subconscious journey by Ash Ismael

62 MERCADO DO PETISCO

Partilhar sabores, celebrar momentos

Sharing Flavours, Celebrating Moments

70

TXIL

O impacto da campanha "TXIL" nos vencedores. The impact of the "TXIL" campaign on the winners

84 EMPREGO.CO.MZ

Onde se recruta em Moçambique? Where to Recruit in Mozambique?

94 AGÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO

A nossa maior inspiração é a nossa cultura

Our greatest inspiration is our culture

108 KARINGANA

Textos livres com assinatura

Signed free texts

110 CINEMA 35MM

Mami Wata

Mami Wata

114 ALCANCE

As sugestões da Alcance para este mês Alcance's suggestions for this month

16 SETEMBRO AMARELO

SANA – Campanha Saúde Mental Importa SANA – Mental Health Matters Campaign

32 FINLÂNDIA

Uma lição de inovação e progresso

A lesson in innovation and progress

78 RECAVI

Promovendo segurança rodoviária e protecção infantil

Promoting Road Safety and Child Protection

FICHA TÉCNICA/BIOS

Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Mariano Silva • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Aayat Irfan, Dércio Parker, Sany Weng, Emilia Gimo • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Pedro Sargaço • Fotografia/Photography: Helton Perengue • Design de Capa/Cover Design: Amina Inguane, Omar Diogo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Omar Diogo, Nuno Lopes, Ana Piedade• Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Minerva Print • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)

Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.

The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine

Estimados leitores,

Do Director / From the Director

Passadas que são mais de sete dezenas de edições da Xonguila, mantemos, após cada publicação, a firme vontade de aprender e explorar sempre mais, conscientes de que muito há ainda a descobrir. E foi assim a preparação deste número. O palco é Setembro, e as palavras são as nossas protagonistas. Sejam, pois, muito bem-vindos.

Desta vez, destacamos a campanha SANA – Saúde Mental Importa, que, em parceria com a Associação de Saúde Mental de Moçambique, trouxe à luz um tema que continua a ser negligenciado em muitos sectores: a saúde mental. Numa sociedade em que as pressões sociais e económicas afectam significativamente a população, esta iniciativa convida-nos a quebrar o estigma e falar abertamente sobre aquilo que tantas vezes silenciamos.

No que toca à vida cultural, visitamos o Centro Cultural Moçambicano-Alemão para apreciar a exposição “Black Ink”, de Ash Ismael, que nos conduz numa jornada introspectiva através das suas obras. Noutros domínios, exploramos o Mercado do Petisco, um espaço de partilha onde sabores e momentos se unem com qualidade elevada.

Dada a importância de aprendermos também de exemplos internacionais, trazemos da Finlândia uma lição de como um país, outrora distante do progresso, se tornou um grande exemplo de sucesso e bem-estar social – lições valiosas para o nosso próprio desenvolvimento.

Estes são apenas alguns dos artigos que preparámos. Entre linhas e parágrafos, há mundos por explorar, onde cada tema procura surpreender e acender novas inspirações.

Votos de uma excelente leitura.

Dear readers,

After more than seventy editions of Xonguila, we continue to nurture, with every publication, a strong desire to learn and explore even further, fully aware that there is still so much to discover. This was the spirit in which we prepared this issue. September takes centre stage, with our words as the protagonists. So, we warmly welcome you all.

This time, we highlight the SANA – Mental Health Matters campaign, which, in partnership with the Mozambican Mental Health Association, has brought to the fore a topic that continues to be neglected in many sectors: mental health. In a society where social and economic pressures heavily impact the population, this initiative invites us to break the stigma and openly discuss what is so often silenced.

In the realm of cultural life, we visited the Mozambique-German Cultural Centre to appreciate the "Black Ink" exhibition by Ash Ismael, which takes us on an introspective journey through his works. In other areas, we explore the Petisco Market, a space of sharing where flavours and moments come together in high quality.

Given the importance of learning from international examples, we bring you a lesson from Finland, a country that was once far from progress but has since become a shining example of success and social well-being – valuable lessons for our own development.

These are just a few of the articles we have prepared. Between the lines and paragraphs, there are worlds to explore, where each topic seeks to surprise and spark new inspirations.

Wishing you an excellent read.

Com o apoio de:

CONFORTO DESIGN SEGURANÇA TECNOLOGIA AGILIDADE

No dia 10 de Outubro, Dia Mundial da Saúde Mental, terá lugar uma feira de saúde em que os participantes poderão realizar testes de personalidade, receber orientação vocacional e explorar os recursos psicológicos disponíveis na cidade.

SETEMBRO AMARELO

Campanha SANA – Saúde Mental Importa

A campanha SANA – Saúde Mental Importa, organizada pela Associação de Saúde Mental de Moçambique, em parceria com entidades locais e internacionais, é uma iniciativa destinada a quebrar estigmas, oferecer informações essenciais e disponibilizar recursos acessíveis à população. Ao longo de todo o mês, a saúde mental, muitas vezes negligenciada em vários sectores da sociedade, esteve no centro das atenções. Num país em constante desenvolvimento como Moçambique, onde as pressões económicas, sociais e familiares afectam indivíduos de todas as idades, esta campanha proporcionou uma oportunidade crucial para abrir espaços de diálogo e reflexão sobre um tema que ainda carrega muitos preconceitos.

Foram realizadas sessões temáticas que abordaram questões centrais da saúde mental em diferentes contextos. A primeira sessão focou-se na saúde mental dos adolescentes e jovens, destacando os desafios emocionais que estes enfrentam relacionados com as dinâmicas familiares e a pressão social. Psicólogos e terapeutas lideraram as discussões. A sessão seguinte explorou a saúde mental no local de trabalho, com foco no burnout e no stress laboral, oferecendo estratégias para equilibrar vida profissional e bem-estar psicológico. A última sessão, dedicada às vivências criativas e artísticas, sublinhou o papel transformador da arte na saúde mental, com artistas locais a partilharem as suas experiências e a demonstrarem como a criatividade pode ser uma ferramenta de cura e expressão emocional.

Além das palestras e rodas de conversa, o Setembro Amarelo 2024 foi marcado por actividades que envolveram activamente a comunidade de Maputo. Sessões de ginástica aeróbica, caminhadas e exposições de arte promoveram o bem-estar físico e emocional

dos participantes.

À medida que entramos em Outubro, as iniciativas de saúde mental continuarão a ganhar força, com destaque para a feira de saúde que terá lugar no dia 10, Dia Mundial da Saúde Mental. Esta feira permitirá aos participantes realizarem testes de personalidade, receberem orientação vocacional e explorarem os recursos psicológicos disponíveis na cidade. Mais do que uma série de actividades, esta campanha continua a ser um apelo à acção, reforçando a mensagem de que o cuidado com a saúde mental deve ser uma prioridade e acessível a todos.

Como parte do legado da campanha, será lançada uma plataforma online dedicada à saúde mental em Moçambique. Esta plataforma reunirá informações essenciais, incluindo contactos de centros de atendimento psicológico, recursos educativos sobre saúde mental e informações sobre eventos futuros e actividades relacionadas. O objectivo será garantir que qualquer pessoa possa aceder a estas informações de forma rápida e segura, eliminando as barreiras que muitas vezes impedem o

acesso ao apoio psicológico.

A campanha decorreu num momento crítico, com dados globais sobre saúde mental a revelar números alarmantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio. Cerca de 280 milhões de pessoas vivem com depressão, e outros 260 milhões enfrentam transtornos de ansiedade. Estes dados sublinham a urgência de intervenções como a campanha Setembro Amarelo, que abordam a saúde mental de forma inclusiva e acessível. O suicídio continua a ser uma das principais causas de morte, especialmente entre os jovens, e muitas destas vidas podem ser salvas com o apoio adequado e o fim dos estigmas associados às doenças mentais.

A campanha marcou um passo importante para a construção de uma sociedade mais acolhedora e consciente em matéria de saúde mental, em Maputo. O cuidado com a saúde mental é um compromisso contínuo, e esta iniciativa ajudou a fortalecer as bases para um futuro de maior aceitação e compreensão.

Fotografia: Cortesia da SANA

A campanha “Saúde Mental Importa” proporcionou uma oportunidade crucial para abrir espaços de diálogo e reflexão sobre um tema que ainda carrega muitos preconceitos.

A campanha SANA continua a ser um apelo à acção, reforçando a mensagem de que o cuidado com a saúde mental deve ser uma prioridade e acessível a todos.

Fotografia:
Cortesia da SANA

YELLOW SEPTEMBER

SANA Campaign – Mental Health Matters

The SANA Campaign – Mental Health Matters, organised by the Mozambique Mental Health Association in collaboration with local and international partners, is an initiative aimed at breaking stigmas, providing essential information, and making resources more accessible to the population. Throughout the month, mental health, often neglected in various sectors of society, took centre stage. In a rapidly developing country like Mozambique, where economic, social, and family pressures affect individuals of all ages, this campaign provided a crucial opportunity to open up spaces for dialogue and reflection on a topic that still carries much prejudice.

The campaign featured themed sessions addressing key mental health issues in different contexts. The first session focused on adolescent and youth mental health, highlighting the emotional challenges they face in relation to family dynamics and social pressure. Psychologists and therapists led the discussions. The following session explored mental health in the workplace, with a focus on burnout and work-related stress, offering strategies to balance

professional life and psychological well-being. The final session, dedicated to creative and artistic experiences, highlighted the transformative role of art in mental health, with local artists sharing their experiences and demonstrating how creativity can be a tool for healing and emotional expression.

In addition to talks and discussion circles,Yellow September 2024 was marked by activities that actively involved the Maputo community. Aerobic exercise sessions, walks, and art exhibitions promoted the physical and emotional well-being of participants.

As we move into October, mental health initiatives will continue to gain momentum, with a highlight being the health fair scheduled for the 10th, World Mental Health Day. This fair will allow participants to take personality tests, receive career guidance, and explore the psychological resources available in the city. More than just a series of activities, this campaign remains a call to action, reinforcing the message that mental health care should be a priority and accessible to all.

As part of the campaign's legacy, an online platform dedicated to mental health in Mozambique will be launched. This platform will gather essential information, including contact details for psy-

chological care centres, educational resources on mental health, and information on upcoming events and related activities. The goal is to ensure that anyone can access this information quickly and securely, eliminating the barriers that often prevent access to psychological support.

The campaign took place at a critical time, with global mental health data revealing alarming figures. According to the World Health Organisation (WHO), every 40 seconds someone dies by suicide worldwide. Around 280 million people live with depression, and another 260 million face anxiety disorders. These figures underline the urgency of interventions like the Yellow September campaign, which address mental health inclusively and accessibly. Suicide remains one of the leading causes of death, especially among young people, and many of these lives can be saved with proper support and the removal of the stigmas associated with mental illness.

The campaign marked an important step in building a more welcoming and aware society regarding mental health in Maputo. Caring for mental health is an ongoing commitment, and this initiative has helped lay the foundations for a future of greater acceptance and understanding.

O Access Bank, através da sua doação reacendeu a esperança e renovou os sonhos das crianças e famílias apoiadas pelo centro Heartseed.

Na histórica Ilha de Moçambique, onde as memórias do passado convivem com os desafios do presente, surge uma nova oportunidade de mudança. O Access Bank, reafirmando o seu compromisso com o bem-estar das comunidades, fez uma doação de material escolar e agrícola ao centro Heartseed, reacendendo a esperança e renovando os sonhos daquelas crianças e famílias.

OHeartseed, um centro dedicado ao acolhimento e educação de crianças, recebeu este apoio num momento crucial, garantindo a continuidade das suas actividades e proporcionando a mais crianças a oportunidade de aprenderem num ambiente seguro e acolhedor. Com as despesas de água e luz cobertas por um ano, 60 crianças continuarão a beneficiar de condições estáveis para o seu desenvolvimento. Este apoio teve um impacto imediato e tangível, permitindo ao centro aumentar o número de refeições diárias oferecidas às crianças, beneficiando directamente mais de 50 famílias da comunidade. Além disso, o reforço da horta biológica e a criação de novos postos de trabalho são exemplos concretos de como uma acção solidária pode transformar as condições de vida de toda uma comunidade, promovendo o desenvolvimento sustentável.

Para além da doação material, os colaboradores do Access Bank envolveram-se activamente em oficinas de horticultura sustentável, cidadania e artes no centro Heartseed, aproximando corações e fortalecendo o sentimento de pertença entre a instituição bancária e a comunidade da Ilha de Moçambique. Estas actividades trouxeram novas

competências, fortaleceram os laços de confiança e cooperação, e aproximaram ainda mais o banco da realidade local.

Juliana Lamares, coordenadora do Heartseed, expressou com emoção a sua gratidão, sublinhando o impacto desta acção: “A ajuda do Access Bank chegou numa altura crucial. Agora podemos oferecer mais refeições e garantir

que as crianças continuam a aprender num ambiente seguro. Este apoio faz a diferença na vida de cada uma destas crianças e das suas famílias, renovando a nossa força e esperança para enfrentar o futuro com mais confiança.” O centro demonstra um forte compromisso com a educação e o desenvolvimento integral das crianças, comprovado pela taxa de sucesso escolar de 94%. Além de oferecer en -

sino académico, prepara as crianças com ofícios e competências práticas, capacitando-as para enfrentarem os desafios do futuro. Esta abordagem humanizada, que valoriza o bem-estar e a formação completa das crianças, contribui para a criação de jovens confiantes e preparados para participar activamente na sua comunidade.

Para Marco Abalroado, Administrador Delegado do Access Bank Moçambique, este tipo de acção faz parte da visão que o banco tem com o desenvolvimento social: “Apoiar o Heartseed é investir no futuro das crianças e da própria comunidade. Este tipo de acção tem um impacto profundo e duradouro, porque é ao capacitar as pessoas que construímos um futuro mais próspero e sustentável.”

A Ilha de Moçambique, com o seu vasto potencial turístico e cultural, encontra agora uma oportunidade de crescimento sustentável. Contudo, para que esse crescimento seja inclusivo, a comunidade local precisa de ter os recursos e as ferramentas necessários para aproveitar as oportunidades que surgem. O trabalho desenvolvido pelo Heartseed, ao promover educação e inclusão social, estabelece as bases para que as gerações futuras possam contribuir activamente para o desenvolvimento económico e cultural da Ilha.

Com esta acção, o Access Bank reafirma o seu compromisso em apoiar comunidades vulneráveis e em promover um desenvolvimento mais equilibrado. O impacto é visível nas condições de vida das crianças e no bem-estar das famílias.

Fotografia: Cortesia da Access Bank
“A

ajuda do Access Bank chegou numa altura crucial. Agora podemos oferecer mais refeições e garantir que as crianças continuam a aprender num ambiente seguro.”

Juliana Lamares, coordenadora do Heartseed

Fotografia: Cortesia da Access Bank

On the historic Island of Mozambique, where memories of the past coexist with present-day challenges, a new opportunity for change has emerged. Access Bank, reaffirming its commitment to community welfare, has donated educational and agricultural materials to the Heartseed Centre, reigniting hope and renewing the dreams of local children and their families

Heartseed, a centre dedicated to the care and education of children, received this support at a crucial time, ensuring the continuity of its activities and providing more children with the chance to learn in a safe and welcoming environment. With water and electricity expenses covered for a year, 60 children will continue to benefit from stable conditions for their development. This support had an immediate and tangible impact, allowing the centre to increase the number of daily meals offered to children, directly benefiting more than 50 local

families. Additionally, the expansion of the organic garden and the creation of new jobs are concrete examples of how a single act of solidarity can transform the living conditions of an entire community, fostering sustainable development.

Beyond material donations, Access Bank employees actively participated in sustainable horticulture workshops, citizenship classes, and arts activities at the Heartseed Centre, building stronger connections and a sense of belonging between the bank and the Mozambique Island community. These activities brought new

skills, strengthened trust and cooperation, and brought the bank closer to local realities.

Juliana Lamares, coordinator of Heartseed, emotionally expressed her gratitude, highlighting the impact of this initiative: “The help from Access Bank came at a critical time. Now we can provide more meals and ensure that the children continue learning in a safe environment. This support makes a real difference in the lives of these children and their families, renewing our strength and hope to face the future with greater confidence.” The centre shows a

Fotografia: Cortesia da Access Bank

strong commitment to the education and holistic development of the children, reflected in its 94% school success rate. In addition to academic teaching, the centre equips children with practical skills and trades, preparing them to face future challenges. This humanised approach, which values the well-being and complete development of the children, contributes to the creation of confident young individuals ready to actively participate in their community.

For Marco Abalroado, Managing Director of Access Bank Mozambique, this type of initiative aligns with the bank’s vision for social development: “Supporting Heartseed is an investment in the future of the children and the community itself. These actions have a profound and lasting impact because by empowering people, we are building a more prosperous and sustainable future.”

Mozambique Island, with its vast tourism and cultural potential, now has an opportunity for sustainable growth. However, for that growth to be inclusive, the local community needs the resources and tools necessary to seize the opportunities that arise. The work carried out by Heartseed, promoting education and social inclusion, lays the foundation for future generations to contribute actively to the island’s economic and cultural development.

Through this initiative, Access Bank reaffirms its commitment to supporting vulnerable communities and promoting more balanced development. The impact is visible in the improved living conditions of the children and the well-being of their families.

Há pouco mais de um século, a Finlândia era uma nação rural e pobre. Hoje é líder em educação, inovação e tecnologia, e foi este ano considerada, pela sétima vez consecutiva, o país mais feliz do mundo.

A Finlândia, frequentemente destacada como o país mais feliz do mundo, é um exemplo vivo de como uma nação se pode transformar e chegar a altos níveis de desenvolvimento, mesmo partindo de condições adversas. Com uma história de desafios e superação, o percurso deste país nórdico rumo à prosperidade e bem-estar social traz inspirações valiosas para outras nações.

Tive recentemente o privilégio de, a convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros finlandês, representar Moçambique numa visita intitulada “The Story of Finland”, juntamente com outros profissionais de comunicação e media da Tanzânia, Zâmbia, Quénia, Namíbia, Tunísia, Líbano e Turquia. Uma visita em que tivemos a oportunidade de conhecer diversas instituições e participar em formações e workshops sobre temas de grande relevância, colhendo – e também transmitindo – ricas experiências para os nossos países.

A EVOLUÇÃO DE UM PAÍS

Há pouco mais de um século, a Finlândia era uma nação rural e pobre, onde a maioria da população vivia da agricultura de subsistência. Apenas 5% dos finlandeses tinham acesso a uma educação para além do nível básico, e o clima, com longos e severos invernos, dificultava a vida nas zonas rurais. Hoje, a realidade finlandesa é radicalmente diferente. O país é líder mundial em educação, inovação e tecnologia, sendo também um dos mais estáveis e com maior integridade no mundo. Este progresso foi impulsionado, em grande medida, pela transição de uma economia agrícola para uma economia baseada no conhecimento e na inovação. O investimento contínuo na educação, na saúde e na tecnologia, aliado a uma governação transparente, permitiu que o país se tornasse num dos mais competitivos a nível global. Actualmente, a Finlândia possui um dos melhores sistemas de bem-estar social, onde todos têm acesso a educação e cuidados de saúde gratuitos. Segundo o Relatório Mundial de Felicidade 2023, é o país mais feliz do mundo pelo sexto

ano consecutivo, destacando-se por sua forte coesão social, elevada confiança nas instituições e qualidade de vida. Muito deste sucesso se deve aos contribuintes, cujos impostos financiam directamente áreas-chave como a educação e a saúde. Esta relação entre o pagamento de impostos e o acesso a serviços de alta qualidade faz com que os cidadãos sintam que o seu contributo é reflectido no seu bem-estar diário, o que reforça a confiança nas instituições.

EDUCAÇÃO, O PILAR DO FUTURO

O sistema educativo finlandês é mundialmente reconhecido pela sua excelência, com uma abordagem que coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem. Durante a minha visita à escola primária de Siltamäki, foi claro que o foco está no bem-estar das crianças e na relevância dos conteúdos programáticos para a vida real. A integração de projectos que incentivam a criatividade, o pensamento crítico e a resolução de problemas prepara os estudantes para um mundo em constante mudança. Os dados falam por si: os estudantes da Finlândia consistentemente alcançam altos níveis de desempenho em testes internacionais, como o PISA (Programme for International Student Assessment), onde o país se destaca em áreas como leitura, matemática e ciências. A Finlândia também tem investido na educação digital, garantindo que as crianças estejam preparadas para os desafios do século XXI. Desde cedo, os alunos são expostos ao uso de tecnologia em sala de aula, e há um forte incentivo ao pensamento crítico em relação à informação que consomem, especialmente numa era em que a desinformação se propaga rapidamente.

Escrito por: Nuno Soares

A evolução da Finlândia demonstra que o desenvolvimento é um processo gradual e exige tempo e dedicação. Requer persistência, planeamento estratégico e, acima de tudo, uma visão clara de que o bem-estar social deve estar no centro de todas as decisões.

O governo finlandês tem promovido iniciativas de formação para a população em geral sobre o uso da inteligência artificial com o objectivo de garantir que os cidadãos estejam preparados para a transformação digital.

Para o enorme sucesso alcançado na educação muito contribui a formação de professores, que é uma das mais rigorosas do mundo, sendo a profissão altamente valorizada. Tal como na Finlândia, o fortalecimento das instituições de formação de professores com ênfase em metodologias activas e adaptadas à nossa realidade local e a dignificação da função do professor poderiam contribuir para uma melhoria significativa da qualidade de ensino em Moçambique.

SUSTENTABILIDADE, UM COMPROMISSO INADIÁVEL

Outro aspecto impressionante da Finlândia é o seu compromisso com a sustentabilidade. O país tem desenvolvido políticas de preservação ambiental e inovação tecnológica para enfrentar as mudanças climáticas, mantendo sempre o equilíbrio com a natureza. A Finlândia é líder em energias renováveis, com cerca de 40% da sua electricidade provindo de fontes renováveis, como energia eólica e biomassa. O país também tem metas ambiciosas para alcançar a neutralidade carbónica até 2035, uma das mais ousadas da Europa. A visita ao Parque Nacional de Nuuksio foi uma oportunidade de ver como os finlandeses integram a sustentabilidade no seu dia-a-dia. A conservação da biodiversidade e o respeito pela natureza são prioridades que se reflectem em políticas públicas e na vida quotidiana dos cidadãos. Este compromisso não é apenas uma questão de legislação; está enraizado na cultura do país. A valorização dos recursos naturais e o respeito pelo meio ambiente são práticas que Moçambique, com os seus vastos recursos naturais, pode replicar. Com grandes projectos de exploração de gás e outros recursos enfrentamos desafios ambientais significativos, e a adopção de políticas que promovam a exploração responsável, o uso de energias renováveis e a preservação das nossas áreas naturais pode garantir um desenvolvimento mais sustentável.

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA COMO CHAVE PARA

O SUCESSO

Num mundo cada vez mais digital, a Finlândia continua a inovar. O país tem feito grandes avanços no campo da inteligência artificial (IA), sendo reconhecido pela Comissão Europeia como um dos líderes na área da IA aplicada. Além disso, o governo tem promovido iniciativas de formação para a população em geral sobre o uso da IA, com o objectivo de garantir que os cidadãos estejam preparados para a transformação digital. Um exemplo é o curso online gratuito “Elements of AI”, que oferece uma introdução acessível à inteli-

gência artificial e tem como intuito democratizar o acesso ao conhecimento tecnológico. Durante a visita ao Fundo Finlandês de Inovação Sitra, aprendemos como a Finlândia está a preparar as suas instituições e cidadãos para se adaptarem e prosperarem nesta nova era tecnológica. A digitalização dos serviços públicos, como os da Autoridade Tributária, foi essencial para a modernização do sistema fiscal. A migração do papel para um sistema informático robusto não só organizou a gestão interna, mas também simplificou a interacção dos contribuintes com o sistema, tornando os processos mais eficientes e acessíveis. Nós, em Moçambique, podemos tirar lições desta estratégia, especialmente no que diz respeito à inclusão digital e ao desenvolvimento de infra-estruturas tecnológicas. O aumento do acesso à internet e a formação tecnológica para jovens são fundamentais para promover o crescimento económico, e num país onde o sector das TIC está a crescer, investir em inovação e na capacitação tecnológica pode ser uma chave para o futuro.

INSPIRAÇÕES DA EXPERIÊNCIA FINLANDESA

Apesar das diferentes realidades entre Moçambique e a Finlândia, a trajectória de desenvolvimento deste país nórdico oferece ricas experiências que podem ser adaptadas ao nosso contexto. A aposta numa educação inclusiva e de qualidade, a criação de confiança nas instituições, a adopção de práticas sustentáveis e o investimento em inovação tecnológica são caminhos que Moçambique pode seguir para garantir um futuro mais promissor. Com os desafios impostos pelas mudanças climáticas e a necessidade de crescimento económico, a cooperação com a Finlândia, que em 2025 celebrará 50 anos de parceria com Moçambique, continua a ser uma oportunidade de grande valor. Esta relação, que coincide também com o 50.º aniversário da independência do nosso país, demonstra quanto podemos aprender com as nações amigas, e como, através do diálogo e da cooperação internacional, seja ela bilateral ou multilateral, entre estados, instituições ou particulares, podemos construir juntos um futuro mais sustentável e inclusivo. A evolução da Finlândia demonstra que o desenvolvimento é um processo gradual e exige tempo e dedicação. Requer persistência, planeamento estratégico e, acima de tudo, uma visão clara de que o bem-estar social deve estar no centro de todas as decisões.

No final, o que levo desta experiência transcende fronteiras e desafios. É a certeza de que o caminho para um futuro mais justo e inclusivo se faz de passos firmes e inspirados por aqueles que souberam transformar a sua realidade.

Finland, often highlighted as the happiest country in the world, is a living example of how a nation can transform and reach high levels of development, even when starting from adverse conditions. With a history of challenges and overcoming difficulties, the journey of this Nordic country towards prosperity and social well-being offers valuable inspiration for other nations.

Irecently had the privilege, at the invitation of the Finnish Ministry for Foreign Affairs, to represent Mozambique on a visit titled "The Story of Finland", alongside other media professionals from Tanzania, Zambia, Kenya, Namibia, Tunisia, Lebanon, and Turkey. This visit gave us the opportunity to visit various institutions and participate in workshops on highly relevant topics, exchanging valuable experiences with lessons to take back to our own countries.

THE EVOLUTION OF A COUNTRY

Just over a century ago, Finland was a poor, rural nation where the majority of the population relied on subsistence farming. Only 5% of Finns had access to education beyond the basic level, and the harsh climate, with its long, severe winters, made life difficult in rural areas. Today, Finland is a world leader in education, innovation, and technology, as well as being one of the most stable countries with the highest levels of integrity globally. This progress was largely driven by the transition from an agricultural economy to a knowledge- and innovation-based one. Continuous investment in education, healthcare, and technology, combined with transparent governance, has enabled the country to become one of the most competitive in the world.

Today, Finland has one of the best social welfare systems, where everyone has access to free education and healthcare. According to the 2023 World Happiness Report, it is the happiest country in the world for the sixth

consecutive year, standing out for its strong social cohesion, high trust in institutions, and quality of life. Much of this success is attributed to taxpayers, whose contributions directly fund key areas such as education and health. This link between paying taxes and accessing high-quality services makes citizens feel their contributions are reflected in their daily well-being, reinforcing their trust in institutions.

EDUCATION: THE PILLAR OF THE FUTURE

The Finnish education system is globally recognised for its excellence, with a student-centred approach to learning. During my visit to Siltamäki Primary School, it was clear that the focus is on children’s well-being and the relevance of the curriculum to real life. The integration of projects that encourage creativity, critical thinking, and problem-solving prepares students for a constantly changing world. The data speaks for itself: Finnish students consistently achieve high performance in international assessments such as PISA (Programme for International Student Assessment), excelling in areas like reading, mathematics, and science.

Finland has also invested in digital education, ensuring that children are prepared for the challenges of the 21st century. From an early age, students are exposed to technology in the classroom, and there is a strong emphasis on critical thinking regarding the information they consume, particularly in an era where misinformation spreads rapidly.

Despite the different realities between Mozambique and Finland, the developmental trajectory of this Nordic country offers valuable lessons that can be adapted to our context.

The success of the education system is strongly linked to teacher training, which is among the most rigorous in the world, with teaching being a highly respected profession. In Mozambique, strengthening teacher training institutions with an emphasis on active methodologies tailored to our local realities, and raising the status of the teaching profession, could contribute significantly to improving the quality of education.

SUSTAINABILITY: AN URGENT COMMITMENT

Another impressive aspect of Finland is its commitment to sustainability. The country has developed environmental preservation policies and technological innovations to tackle climate change, while maintaining a balance with nature. Finland is a leader in renewable energy, with around 40% of its electricity coming from renewable sources such as wind and biomass. The country also has ambitious goals to achieve carbon neutrality by 2035, one of the most daring targets in Europe.

Our visit to Nuuksio National Park allowed us to see how Finns integrate sustainability into their daily lives. Biodiversity conservation and respect for nature are priorities that are reflected in public policies and in the everyday lives of citizens. This commitment goes beyond legislation; it is embedded in the country's culture. The appreciation of natural resources and respect for the environment are practices that Mozambique, with its vast natural resources, could replicate. With large gas exploration projects and other resources, we face significant environmental challenges, and adopting policies that promote responsible exploitation, the use of renewable energy, and the preservation of our natural areas could ensure more sustainable development.

INNOVATION AND TECHNOLOGY AS THE KEY TO SUCCESS

In an increasingly digital world, Finland continues to innovate. The country has made great strides in the field of artificial intelligence (AI), being recognised by the European Commission as one of the leaders in applied AI. Additionally, the government has promoted training initiatives for the general population on AI usage, ensuring that citizens are prepared for the digital transformation. One example is the free online course "Elements of AI", which offers an accessible introduction to artificial intelligence with the aim of democratising access to technological knowledge.

During our visit to the Finnish Innovation Fund

Sitra, we learned how Finland is preparing its institutions and citizens to adapt and thrive in this new technological era. The digitalisation of public services, such as the Tax Authority, has been crucial for modernising the fiscal system. Transitioning from paper to a robust computerised system has not only improved internal management but also simplified interactions between taxpayers and the system, making processes more efficient and accessible.

In Mozambique, we could learn from this strategy, especially in terms of digital inclusion and the development of technological infrastructure. Increasing internet access and providing technological training for young people are essential to promoting economic growth. In a country where the ICT sector is expanding, investing in innovation and technological capacity-building could be a key to the future.

INSPIRATION FROM THE FINNISH EXPERIENCE

Despite the different realities between Mozambique and Finland, the developmental trajectory of this Nordic country offers valuable lessons that can be adapted to our context. Investing in inclusive, high-quality education, building trust in institutions, adopting sustainable practices, and investing in technological innovation are paths Mozambique can follow to ensure a more promising future.

With the challenges posed by climate change and the need for economic growth, cooperation with Finland, which in 2025 will celebrate 50 years of partnership with Mozambique, continues to offer significant opportunities. This relationship, which also coincides with the 50th anniversary of our country's independence, demonstrates how much we can learn from friendly nations. Through dialogue and international cooperation, whether bilateral or multilateral, between states, institutions, or individuals, we can build a more sustainable and inclusive future together.

Finland’s evolution shows that development is a gradual process that requires time and dedication. It demands persistence, strategic planning, and, above all, a clear vision that social well-being must be at the heart of all decisions.

In the end, what I take away from this experience transcends borders and challenges. It is the certainty that the path to a fairer and more inclusive future is made up of firm steps, inspired by those who have successfully transformed their own reality.

O conjunto de obras apresentadas por Ash Ismael é um convite à interpretação livre, onde cada observador pode projectar as suas próprias experiências e emoções.

BLACK INK, UMA VIAGEM SUBCONSCIENTE DE ASH ISMAEL

No passado dia 28 de Agosto, o Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA) inaugurou a mais recente exposição do artista moçambicano Ash Ismael, intitulada “Black Ink”. Esta mostra, patente até ao dia 27 de Setembro, marca a primeira exibição individual do artista em Moçambique, depois de ter já apresentado as suas obras em plataformas internacionais e através das redes sociais.

A exposição conta com mais de 70 peças desenhadas exclusivamente com tinta preta, reflectindo uma exploração profunda do subconsciente de Ash. Cada obra revela traços misteriosos e inexplicáveis, convidando os observadores a uma viagem introspectiva. Segundo o artista, a inspiração para os seus trabalhos nasce da observação das tensões diárias disfarçadas de normalidade: “Uma das primeiras directrizes para execução de qualquer uma das minhas obras começa por encarar o nosso quotidiano moçambicano que se disfarça profissionalmente em perfeito”, explica Ash Ismael, salientando como estas interacções, muitas vezes carregadas de tensão, são catalisadoras da sua criatividade.

Este corpo de trabalho, que se desenvolveu ao longo de três anos, é um convite à interpretação livre, onde cada observador pode projectar as suas próprias experiências e emoções. “As minhas obras servem para buscar uma reacção em todos os observadores, onde cada um pode interpretar o que lhe convém, libertar a alma e ser livre para escolher o que cada peça pode significar, mesmo que seja um espelho”, partilha o artista, destacando a natureza introspectiva das suas criações.

Fotografia: Cortesia da Ash Ismael
Nas 72 peças de “Black Ink”, a tinta preta revela emoções, tensões e a liberdade de cada um interpretar o que vê e sente.

A colecção “Black Ink” procura também desafiar os limites convencionais da arte moçambicana. Ash Ismael considera que esta exposição é uma afirmação da diversidade de estilos e abordagens artísticas que podem florescer no país. “Para mim, esta expo serve para demonstrar que existem muitos outros estilos e traços artísticos, diferentes das obras de arte que tradicionalmente encontramos pelo nosso belo Moçambique”, sublinha, apelando à abertura de mais espaços para a experimentação e à superação das barreiras burocráticas que muitas vezes limitam a liberdade criativa.

Uma das características marcantes da obra de Ash é a repetição, que descreve como “a chave para o sucesso”. Através da repetição, o artista desenvolve uma

mestria única, que se traduz na precisão e subtileza dos traços. “Eu aplico esta filosofia em todas as minhas obras, tendo como resultado feedbacks positivos de clientes e apreciadores de arte”, acrescenta, reforçando o impacto positivo que as suas criações têm vindo a gerar.

“Black Ink” não é apenas uma exposição, é uma verdadeira manifestação do talento e da visão inovadora de Ash Ismael, que continua a desafiar as normas estabelecidas e a expandir os horizontes da arte em Moçambique. Até ao dia 27 de Setembro, os visitantes do CCMA terão a oportunidade de se envolver com estas 72 peças, onde a tinta preta revela muito mais do que simples traços; revela emoções, tensões e a liberdade de cada um interpretar o que vê e sente.

BLACK INK: A SUBCONSCIOUS JOURNEY BY ASH ISMAEL

On August 28th, the Mozambican-German Cultural Centre (CCMA) opened the latest exhibition by Mozambican artist Ash Ismael, titled Black Ink. Running until September 27th, this marks Ash’s first solo exhibition in Mozambique, having previously showcased his work on international platforms and via social media.

The exhibition features over 70 pieces, all created using black ink, offering a deep exploration of Ash’s subconscious. Each work reveals mysterious and inexplicable elements, inviting viewers on an introspective journey. According to the artist, the inspiration for his creations comes from observing the daily tensions masked as normality: “One of the guiding principles for any of my pieces begins by confronting our Mozambican daily life, which professionally disguises itself as perfect,” explains Ash Ismael, highlighting how these interactions, often laden with tension, serve as catalysts for his creativity.

This body of work, developed over the course of three years, is an invitation to free interpretation, where each viewer can project their own experiences and emotions. “My pieces aim to evoke a reaction from everyone, allowing each person to interpret as they see fit, freeing the soul and enabling them to choose what each piece represents, even if it’s a reflection,” shares the artist, emphasising the introspective nature of his creations.

The Black Ink collection also seeks to challenge the conventional limits of Mozambican art. Ash Ismael believes this exhibition asserts the diversity of styles and artistic approaches that can flourish in the country. “For me, this exhibition serves to demonstrate that there are many other styles and artistic expressions, different from the traditional works we typically find in our beautiful Mozambique,” he notes, calling for more spaces for experimentation and the removal of bureaucratic barriers that often restrict creative freedom.

Fotografia: Cortesia da Ash Ismael

One of the striking characteristics of Ash’s work is repetition, which he describes as “the key to success.” Through repetition, the artist develops a unique mastery, reflected in the precision and subtlety of his lines. “I apply this philosophy to all my works, which has resulted in positive feedback from clients and art lovers,” he adds, underscoring the positive impact his creations continue to generate.

Black Ink is not just an exhibition; it is a true manifestation of Ash Ismael’s talent and innovative vision, which continues to challenge established norms and expand the horizons of art in Mozambique. Until September 27th, visitors to the CCMA will have the opportunity to engage with these 72 pieces, where black ink reveals much more than simple lines; it unveils emotions, tensions, and the freedom for each individual to interpret what they see and feel.

Fotografia:
Cortesia da Ash Ismael

FEST

Vem ce a criatividade no Festipub 2024

De 23 a 25 de Outubro, junta-te a nós em Luanda no Centro de Convenções de Talatona para 3 dias de inovação e inspiração.

Temos FestiTalk, Gala, After Party e prémios para os melhores entre os melhores.

Achas que tens talento para seres premiado? Inscreve os teus trabalhos, em festipub.ao. Só até dia 2 de Outubro.

O que começou como uma viagem sem grandes pretensões rapidamente se transformou numa travessia épica por África, onde cada quilómetro trouxe novos desafios, aprendizagens e histórias inesquecíveis.

Fotografia: Cortesia da Charles Wright

Um ToyoTa yaris, 28 paises

Uma inesquecível jornada por África

Nem sempre é necessário um jipe robusto ou um plano minuciosamente elaborado para cruzar continentes. Para Charles, um jovem britânico, o essencial foi um Toyota Yaris, carinhosamente apelidado de Dynamo, e uma vontade inabalável de explorar o desconhecido. O que começou como uma viagem sem grandes pretensões rapidamente se transformou numa travessia épica por África, onde cada quilómetro trouxe novos desafios, aprendizagens e histórias inesquecíveis.

Oinício desta aventura esteve longe de ser planeado.

“Saí da Alemanha com o carro carregado de mercadoria para abrir uma loja em Portugal”, relata Charles. No entanto, a loja nunca chegou a concretizar-se. Diante do dilema de regressar à Alemanha ou aventurar-se rumo ao desconhecido, Charles optou por África. O modesto Yaris, com um motor de 1 litro e tracção às duas rodas, iniciou então a sua viagem até Marraquexe.

“Ao chegar a Marrocos, decidi deixar o carro estacionado à beira da estrada e voltar à Alemanha para decidir o que fazer”, recorda ele. Contudo, o apelo da aventura falou mais alto, e Charles regressou a Marrocos com uma nova meta: Cape Town.

Esta viagem tornou-se uma autêntica história de adaptação e sobrevivência. O pequeno Yaris foi sendo modificado ao longo do percurso, ganhando uma suspensão mais elevada, rodas de off-road, e até um sistema de refrigeração improvisado. “Como o carro não tinha ar condicionado, instalei um grande ventilador no banco do passageiro”, conta Charles com humor. Para quem

observa, é difícil acreditar que um carro como este percorreu milhares de quilómetros em terrenos tão exigentes, mas o Dynamo nunca falhou. “Nunca fiquei encalhado à beira da estrada. É inacreditável a fiabilidade deste carro”, confessa o nosso aventureiro, impressionado com a resistência do seu fiel companheiro de quatro rodas.

Para além das aventuras mecânicas, a interacção com as culturas locais foi um dos aspectos mais enriquecedores desta travessia. “A minha filosofia é que menos é mais. Carrego o mínimo de equipamento possível e adoro acampar. Muitas vezes pergunto às pessoas se posso acampar no quintal delas, em troca de um jantar. Isso proporciona-me as melhores experiências culturais”, explica Charles, para quem uma noite num hotel é uma “noite falhada”, pois, segundo ele, nada se aprende nem se retira dessa experiência.

Ao longo do percurso, Charles visitou 28 países, mas foi a Nigéria que mais o marcou. “Viajar lá foi bastante complicado. Fui parado pela polícia 170 vezes em apenas duas semanas”, partilha. Apesar das dificuldades, esta experiência

permitiu-lhe ter uma visão mais ampla sobre os desafios da região. Em Angola, outro país por onde passou, deparou-se com a escassez de combustível, que o levou a reflectir sobre a complexidade da gestão de recursos, com longas filas nas bombas a ilustrar bem essa realidade.

Em Moçambique, por outro lado, a experiência foi diferente. “As pessoas são incrivelmente acolhedoras e prestáveis. Acabei por ficar mais tempo do que esperava, pois quero viver mais desta cultura”, revela Charles, que destaca ainda a importância da gastronomia nos países que visita, elogiando particularmente a comida moçambicana. “A comida aqui é excelente! E adoro tanto a comida portuguesa quanto a indiana”, afirma, antes de mencionar os novos amigos que fez, como Elios, que o guiou pelas estradas de Bilene e o presenteou com várias refeições de caril indiano. “Ele mostrou-me onde fazer a manutenção do carro, e tem sido uma experiência incrível.” Charles também destaca o apoio de Octávio Poulos e seu irmão, proprietários de uma firma de engenharia, que o ajudaram generosamente na jornada.

Fotografia: Cortesia da Charles Wright
“África é improvisação! As pessoas aqui mostram-nos isso diariamente. Aprendi a não desperdiçar nada e a utilizar tudo ao máximo!” – disse-nos Charles.

Com o apoio de várias oficinas locais, como a NBC e a Gold Auto Lda., e até de grandes nomes como a Toyota Europa, Charles continua a sua jornada, que tem como destino final a China. Contudo, antes de lá chegar, planeia explorar mais de Moçambique, com paragens previstas em Maputo, Tofo, Vilankulo e outras pérolas do país.

Reflectindo sobre esta experiência única, Charles sublinha as lições que aprendeu ao longo do caminho, desde a valorização do que temos até à criatividade no uso dos recursos disponíveis. “África é improvisação!”, afirma. “As pessoas aqui

mostram-nos isso diariamente. Aprendi a não desperdiçar nada e a utilizar tudo ao máximo, incluindo o meu carro!”, conclui.

A viagem de Charles e seu Dynamo é uma prova viva de que, muitas vezes, a verdadeira aventura não está no destino, mas na transformação que ocorre durante o caminho. Como ele próprio diz, “quanto mais simples a viagem, mais rica se torna a experiência”. Se alguém quiser acompanhar os próximos capítulos desta epopeia, basta segui-lo nas redes sociais, onde partilha as suas aventuras com todos aqueles que, como ele, se atrevem a sonhar.

You don’t always need a sturdy jeep or a meticulously detailed plan to cross continents. For Charles, a young Brit, the essentials were a Toyota Yaris, fondly nicknamed Dynamo, and an unshakeable will to explore the unknown. What started as a trip without great expectations quickly transformed into an epic journey across Africa, where each kilometre brought new challenges, lessons, and unforgettable stories.

The beginning of this adventure was far from planned. "I left Germany with the car loaded with goods to open a shop in Portugal," Charles recounts. However, the shop never materialised. Faced with the dilemma of returning to Germany or venturing into the unknown, Charles chose Africa. The modest Yaris, with a 1-litre engine and two-wheel drive, then embarked on its journey to Marrakech. "When I arrived in Morocco, I decided to park the car by the roadside and go back to Germany to figure out

what to do," he recalls. However, the call of adventure proved stronger, and Charles returned to Morocco with a new goal: Cape Town.

This trip became a true story of adaptation and survival. The little Yaris was modified along the way, gaining higher suspension, off-road tyres, and even an improvised cooling system. "Since the car didn’t have air conditioning, I installed a large fan on the passenger seat," Charles says with humour. For those watching, it’s hard to believe that such a car covered

thousands of kilometres over demanding terrains, but Dynamo never let him down. "I was never stranded by the roadside. The reliability of this car is unbelievable," confesses the adventurer, impressed by his loyal four-wheeled companion’s resilience.

Beyond the mechanical adventures, interactions with local cultures were one of the most enriching aspects of this journey. "My philosophy is that less is more. I carry as little equipment as possible and love camping. Often, I ask people if

Fotografia: Cortesia da Charles Wright

I can camp in their backyard in exchange for dinner. That gives me the best cultural experiences," explains Charles, for whom a night in a hotel is a "failed night," as, according to him, nothing is learned or gained from such an experience.

Along the way, Charles visited 28 countries, but it was Nigeria that left the deepest impression on him. "Travelling there was quite challenging. I was stopped by the police 170 times in just two weeks," he shares. Despite the difficulties, this experience allowed him to gain a broader understanding of the region’s challenges. In Angola, another country he passed through, he encountered fuel shortages, which made him reflect on the complexities of resource management, with long queues at petrol stations vividly illustrating this reality.

In Mozambique, however, the experience was different. "The people are incredibly welcoming and helpful. I ended up staying longer than I expected because I want to experience more of this culture," reveals Charles, who also highlights the importance of food in the countries he visits, particularly praising Mozambican cuisine. "The food here is excellent! And I love both Portuguese and Indian cuisine," he says, before mentioning the new friends he made, such as Elios, who guided him along the roads of Bilene and treated him to several Indian curry meals. "He showed me

where to get the car serviced, and it's been an amazing experience." Charles also highlights the support of Octávio Poulos and his brother, owners of an engineering firm, who generously helped him on his journey.

With the support of various local garages, such as NBC and Gold Auto Lda., and even major names like Toyota Europe, Charles continues his journey, which is set to end in China. However, before reaching there, he plans to explore more of Mozambique, with planned stops in Maputo, Tofo, Vilankulo, and other gems of the country.

Reflecting on this unique experience, Charles emphasises the lessons he has learned along the way, from valuing what we have to creativity in using available resources. "Africa is improvisation!" he declares. "People here show us that every day. I’ve learned not to waste anything and to use everything to the fullest, including my car!" he concludes.

Charles and his Dynamo’s journey is living proof that, often, the real adventure is not in the destination but in the transformation that takes place along the way. As he himself says, "the simpler the journey, the richer the experience." For anyone wanting to follow the next chapters of this epic, just follow him on social media, where he shares his adventures with all those who, like him, dare to dream.

Charles' journey with his Dynamo is living proof that, more often than not, the real adventure lies not in the destination, but in the transformation that happens along the way.

O Mercado do Petisco é um espaço onde a gastronomia e a partilha se entrelaçam num ambiente acolhedor e despretensioso.

O Mercado do Petisco é um espaço onde a gastronomia e a partilha se entrelaçam num ambiente acolhedor e despretensioso. Localizado na Av. Patrice Lumumba, este projecto nasce de uma profunda paixão pela arte culinária, reflectida em cada detalhe do espaço e, claro, em cada prato que chega à mesa.

Aessência do local pode ser captada numa citação de Mia Couto que os proprietários fazem questão de destacar: “Cozinhar não é um serviço, é uma forma de amar o outro”. Este é o espírito que move a equipa responsável, que vê o espaço não apenas como um negócio, mas como uma forma de partilhar a sua paixão com cada cliente que entra pela porta.

A origem deste projecto é tão simples quanto autêntica. Um forte apreço pela gastronomia uniu uma equipa com valências em várias áreas, pronta a construir algo bonito e, simultaneamente, rentável. “Percebemos que juntos tínhamos todos os ingredientes para criar algo interessante e bonito”, revelam os fundadores, evidenciando a força do trabalho em equipa na criação do restaurante. O sucesso do espaço assenta em dois pilares fundamentais: consistência e qualidade. A palavra “consistência” é quase um mantra para a equipa, que sublinha a sua importância em todos os aspectos – desde a oferta gastronómica até ao atendimento. “Queremos ser uma referência, e, para isso, a consistência é a chave do nosso projecto”, afirmam com determinação.

Neste local, a comida ocupa o lugar de destaque. A ementa é uma fusão de influências, que vão desde Moçambique até Portugal e Goa, reflectindo a diversidade e riqueza de sabores que compõem a identidade da casa.

“Somos uma casa com muitos petiscos, e queremos que seja um espaço de partilha à mesa”, destacam. Mas, para além de petiscos, o restaurante oferece pratos mais substanciais, como o clássico bife do lombo com molho de pimenta, ou uma bifana no pão, que é já imperdível entre os clientes habituais.

“Uma refeição está sempre associada a mo-

A ementa é uma fusão de influências, que vão de Moçambique até Portugal e Goa, reflectindo a diversidade e riqueza de sabores que compõem a identidade da casa.

mentos de festa, ou, por vezes, de tristeza, e propomo-nos a receber todas as pessoas que queiram partilhar esses momentos connosco”, afirma a equipa, sublinhando o papel do restaurante como espaço de encontro e celebração da vida.

Apesar de o foco actual ser inteiramente dedicado ao restaurante, os planos de expansão não estão fora de vista. A equipa não descarta a possibilidade de, no futuro próximo, oferecer serviços de catering, permitindo levar os seus sabores para outros espaços e ocasiões. E as ambições não ficam por aqui. Planeiam também introduzir um novo conceito dentro do mesmo edifício, com uma identidade distinta, direccionada para um público diferente. Este projecto ainda está em fase de desenvolvimento, e, por agora, preferem manter algum mistério.

Outro aspecto que diferencia este espaço é o seu compromisso com a sustentabilidade e com a produção local. “Todos os nossos ingredientes são adquiridos localmente, e tentamos, sempre que possível, que sejam de produção local”, afirmam os responsáveis, que trabalham de perto com fornecedores da região para garantir a frescura e qualidade dos produtos. A introdução de novos pratos no menu também segue este princípio, com a equipa a procurar aproveitar a sazonalidade dos produtos, ajustando a oferta gastronómica de acordo com as épocas do ano.

O feedback dos clientes é levado muito a sério. Reconhecem a importância de alinhar a oferta gastronómica com os gostos da maioria, sem comprometer a identidade única que estão a construir. O restaurante tem uma forte presença digital, usando redes sociais como o Instagram e o WhatsApp, além de plataformas como o Google Maps e o TripAdvisor, e estão a criar uma base de dados de e-mails para melhorar a comunicação com os clientes.

Com uma oferta diversificada e um evidente entusiasmo pela gastronomia, o Mercado do Petisco promete continuar a ser um ponto de referência da capital. Dizem, e bem, os responsáveis: “o nosso maior esforço está na confecção de todas as iguarias com qualidade, embora tenhamos consciência de que a atmosfera que envolve uma refeição tem também importância. Assim, este espaço é um convite à partilha, à celebração, e a uma verdadeira experiência gastronómica em Maputo.”

“Somos uma casa com muitos petiscos, e queremos que seja um espaço de partilha à mesa.”
Fotografia: Cortesia da Mercado do Petisco

Mercado do Petisco is a place where gastronomy and sharing come together in a warm and unpretentious environment. Located on Av. Patrice Lumumba, this project was born from a deep passion for culinary art, reflected in every detail of the space and, of course, in every dish that reaches the table.

The essence of the venue can be captured in a quote by Mia Couto, which the owners proudly highlight: "Cooking is not a service, it's a way of loving others." This is the spirit that drives the team, who see the space not merely as a business but as a way to share their passion with every customer who walks through the door.

The origin of this project is as simple as it is authentic. A strong appreciation for gastronomy brought together a team with diverse skills, ready to build something beautiful and, at the same time, profitable. "We realised that together we had all the ingredients to create something interesting and beautiful," reveal the founders, emphasising the strength of teamwork in creating the restaurant. The success of the space rests on two fundamental pillars: consistency and quality. The word "consistency" is almost a mantra for the team, who stress its importance in every aspect – from the food offering to the service. "We want to be a point of reference, and to achieve that, consistency is key to our project," they affirm with determination.

Here, food takes centre stage. The menu is a fusion of influences, ranging from Mozambique to Portugal and Goa, reflecting the diversity and richness of flavours that form the establishment's identity. "We are a house of many petiscos (small plates), and we want it to be a place for sharing around the table," they highlight. But beyond the petiscos, the restaurant also offers more substantial dishes, such as the classic peppered sirloin steak or a

Fotografia: Cortesia da Mercado do Petisco

bifana (pork sandwich), which has already become a must-try for regular customers.

"A meal is always associated with moments of celebration or, at times, of sadness, and we aim to welcome everyone who wants to share those moments with us," the team states, underscoring the restaurant’s role as a gathering place for celebrating life.

Although their current focus is entirely on the restaurant, future expansion plans are not off the table. The team does not rule out the possibility of offering catering services in the near future, allowing them to bring their flavours to other locations and occasions. And the ambitions don’t stop there. They also plan to introduce a new concept within the same building, with a distinct identity aimed at a different audience. This project is still under development, and for now, they prefer to maintain a sense of mystery.

Another aspect that sets this place apart is its commitment to sustainability and local produce. "All our ingredients are sourced locally, and whenever possible, we strive for local production," say the owners, who work closely with regional suppliers to ensure the freshness and quality of their products. The introduction of new dishes to the menu also follows this principle, with the team aiming to make the most of seasonal products, adjusting the culinary offering according to the time of year.

Customer feedback is taken very seriously. They acknowledge the importance of aligning the gastronomic offering with the majority’s tastes, without compromising the unique identity they are building. The restaurant maintains a strong digital presence, using social media platforms such as Instagram and WhatsApp, as well as Google Maps and TripAdvisor. They are also building an email database to improve communication with customers.

With a diverse offering and a clear passion for gastronomy, Mercado do Petisco promises to continue being a landmark in the capital. As the owners rightly say: “Our greatest effort goes into preparing all our dishes with quality, though we are fully aware that the atmosphere surrounding a meal is also important. Thus, this space is an invitation to share, to celebrate, and to experience a true gastronomic journey in Maputo.”

EspEranças REnovadas com a Campanha txil

EspEranças REnovadas com a Campanha txil

A HEINEKEN Moçambique, com a marca Txilar, lançou a inovadora campanha "TXIL", oferecendo aos consumidores uma oportunidade única de transformar as suas vidas com um aliciante prémio de 250.000 Meticais, bastando para tal encontrar uma carica vencedora. A campanha, que decorreu de 14 de Junho a 9 de Setembro, revelou-se uma oportunidade de mudança, assim como uma fonte de inspiração num contexto económico desafiador. Para além de promover a qualidade dos seus produtos, a HEINEKEN reafirmou o seu compromisso de apoio e valorização das comunidades locais.

Entre os vários consumidores premiados, os testemunhos de Télia Manuel Mucandze, da Matola, e Carlos Ricardo Ernesto, do Bairro das Mahotas, em Maputo, ilustram claramente o impacto profundo que este prémio teve nas suas vidas e nas suas comunidades.

Télia Manuel Mucandze, trabalhadora independente, viu a sua vida transformar-se com o prémio da Txilar. O valor recebido proporcionou-lhe uma estabilidade financeira que lhe permitiu apoiar a família em momentos de necessidade, algo que sempre desejou, mas nunca teve meios para alcançar. "Este prémio mudou a minha vida", confidencia, visivelmente emocionada. Com aquele montante, adquiriu um terreno para os seus filhos e reforçou o seu próprio negócio. Para Télia, o prémio teve um enorme significado pois foi a chave para garantir um futuro melhor para a sua família. "Consegui também apoiar os meus irmãos, que estavam a passar por dificuldades", partilha, evidenciando o impacto que se estendeu a todos à sua volta. Com planos para construir a sua própria casa, Télia vê o prémio como o início da concretização de sonhos maiores e deixa uma mensagem de esperança para aqueles que aguardam uma oportunidade semelhante: "Nunca percam a esperança. Hoje foi a minha vez, amanhã será a vossa."

Carlos Ricardo Ernesto, residente no Bairro das Mahotas, em Maputo, também experimentou uma mudança significativa na sua vida ao ser um dos vencedores. "Senti-me realizado", recorda, sublinhando que o valor ganho chegou num momento crucial para si e sua família. Graças ao prémio, Carlos conseguiu satisfazer necessidades básicas,

proporcionando um melhor bem-estar aos seus filhos. A descoberta de que era o vencedor aconteceu enquanto desfrutava da sua Txilar preferida num estabelecimento local, durante o lançamento da campanha pelos funcionários da marca. Foi uma surpresa inesperada que trouxe nova esperança para o futuro. Com espírito empreendedor, Carlos traçou planos para abrir um estabelecimento comercial, onde pretende vender produtos Txilar e outros bens de consumo, garantindo assim uma fonte de rendimento sustentável. Para a sua família, o prémio simboliza uma mudança positiva, representando não só uma melhoria na qualidade de vida, mas também uma oportunidade de construir um futuro melhor. A sua comunidade também vê o prémio como um sinal de que, mesmo quando menos se espera, os sonhos podem ser alcançados. Para Carlos, o que é preciso é ter paciência e, acima de tudo, saber valorizar o prémio quando ele chega, convertendo-o em mudanças positivas e duradouras na vida.

O concurso "TXIL" não foi uma experiência transformadora apenas para Télia e Carlos. Outros vencedores também viram os seus sonhos ganhar forma graças a esta iniciativa. Cada um, à sua maneira, impactou as suas famílias e comunidades, tornando o concurso numa verdadeira alavanca de transformação social.

Histórias como estas demonstram que, com determinação e a oportunidade certa, é possível mudar vidas. Num cenário de desafios económicos, esta campanha da HEINEKEN Moçambique provou que a sorte pode ser o ponto de partida para a construção de um futuro melhor, e que uma oportunidade pode fazer a diferença entre sonhar e realizar.

Com o valor do prémio recebido, Télia Mucandze adquiriu um terreno para os seus filhos e reforçou o seu negócio, além de ter conseguido apoiar os irmãos, que estavam a passar por dificuldades.

Fotografia: Cortesia da Télia Mucandze

Esta campanha da HEINEKEN Moçambique provou que a sorte pode ser o ponto de partida para a construção de um futuro melhor, e que uma oportunidade pode fazer a diferença entre sonhar e realizar.

Carlos Ernesto has mapped out plans to open a shop, thereby securing a sustainable source of income.

REnEwEd HopEs witH thE txil campaign

HEINEKEN Mozambique, through its brand Txilar, has launched the innovative "TXIL" campaign, offering consumers a unique opportunity to change their lives with an enticing prize of 250,000 Meticais, simply by finding a winning bottle cap. The campaign, which ran from 14th June to 9th September,X proved to be a beacon of change and inspiration in a challenging economic context. In addition to promoting the quality of its products, HEINEKEN reaffirmed its commitment to supporting and uplifting local communities.

Among the many prize winners, the testimonies of Télia Manuel Mucandze, from Matola, and Carlos Ricardo Ernesto, from Bairro das Mahotas in Maputo, clearly illustrate the profound impact this prize has had on their lives and within their communities.

Télia Manuel Mucandze, a self-employed worker, saw her life transformed by the Txilar prize.

The amount she received gave her the financial stability needed to support her family during times of hardship—something she had always hoped for but never had the means to achieve.

"This prize changed my life," she confides, visibly emotional. With the money, she purchased a plot of land for her children and strengthened her own business. For Télia, the prize held deep significance, as it became the key to securing a better future for her family. "I was also able to help my siblings, who were going through tough times," she shares, highlighting the ripple effect the prize had on those around her. With plans to build her own house, Télia sees the prize as the beginning of fulfilling even bigger dreams and leaves a hopeful message for those waiting for a similar opportunity: "Never lose hope. Today it was my turn, tomorrow it could be yours."

Carlos Ricardo Ernesto, a resident of Bairro das Mahotas in Maputo, also experienced a significant change in his life as one of the winners. "I felt fulfilled," he recalls, emphasising that the prize came at a crucial moment for him and his family. Thanks to the prize, Carlos was able to meet

essential needs, ensuring better well-being for his children. He discovered he was a winner while enjoying his favourite Txilar at a local establishment during the campaign launch by brand representatives. It was an unexpected surprise that brought new hope for the future. With an entrepreneurial spirit, Carlos has mapped out plans to open a shop, where he intends to sell Txilar products and other consumer goods, thereby securing a sustainable source of income. For his family, the prize symbolises positive change, representing not only an improvement in quality of life but also the chance to build a better future. His community also views the prize as a sign that dreams can come true, even when least expected. For Carlos, the key is patience and, above all, appreciating the prize when it arrives, turning it into positive, lasting changes in life.

The "TXIL" competition was not just a transformative experience for Télia and Carlos. Other winners also saw their dreams take shape thanks to this initiative. Each, in their own way, has impacted their families and communities, making the competition a true driver of social change.

Stories like these demonstrate that, with determination and the right opportunity, lives can be changed. In a context of economic challenges, this HEINEKEN Mozambique campaign has shown that luck can be the starting point for building a better future, and that a single opportunity can make the difference between dreaming and achieving.

DESAFIO DE EMPREENDEDORISMO

RECAVI

Promovendo segurança rodoviária e protecção infantil

A Recavi tem vindo a educar e sensibilizar condutores, peões, crianças e a comunidade em geral através de campanhas de consciencialização e formação.

Fotografia: Cortesia da Recavi

DESAFIO DE EMPREENDEDORISMO

Recavi - Promovendo segurança rodoviária e protecção infantil

Seguindo a nossa série de artigos sobre o Desafio de Empreendedorismo da CFAO em parceria com a Revista Xonguila, apresentamos o sétimo projecto seleccionado, a Recavi - Rede contra Acidentes de Viação e Protecção Infantil. Esta rubrica, que até ao final do ano terá destacado dez iniciativas focadas em mobilidade e segurança rodoviária, tem como objectivo inspirar e divulgar soluções inovadoras que impactem a vida dos moçambicanos.

ARecavi, uma organização sem fins lucrativos fundada em 2018, desempenha um papel crucial na prevenção de acidentes rodoviários, com um enfoque especial na protecção das crianças, que são muitas vezes as principais vítimas nas estradas. Com uma abordagem multissectorial, esta rede tem vindo a educar e sensibilizar condutores, peões, crianças e a comunidade em geral através de campanhas de consciencialização e formação.

As estradas moçambicanas, principalmente nas proximidades de escolas, sofrem com a falta de sinalização e a condução imprudente, que colocam em risco a vida de peões, especialmente das crianças. Ciente desta realidade, a Recavi intervém em pontos críticos, implementando soluções como a colocação de barricadas, lombas, passadeiras e sinais de trânsito verticais e horizontais. Complementando estas acções, são desenvolvidas campanhas

educativas e programas de formação para activistas de trânsito, capacitando-os com conhecimentos de primeiros socorros e medidas preventivas que visam a redução da sinistralidade.

Um dos projectos mais destacados da Recavi é "Um Município, Zero Acidentes", que tem como objectivo capacitar e mobilizar comunidades escolares para a adopção de boas práticas de segurança rodoviária. Este projecto, realizado em parceria com a polícia de trânsito, a polícia municipal e várias organizações locais, promove palestras, workshops e acções de sensibilização junto a peões e condutores, com especial foco nas crianças e adolescentes. Nas escolas, são formados núcleos de activistas e reguladores de trânsito, que envolvem tanto alunos como professores e encarregados de educação, numa verdadeira mobilização comunitária pela segurança nas estradas.

Para além de actuar em escolas, a Recavi estende as

suas iniciativas ao sector empresarial, oferecendo formações em prevenção rodoviária, com ênfase na condução defensiva e na adopção de práticas seguras nas estradas. Estas formações destinam-se não só a condutores profissionais, mas também àqueles que, de alguma forma, influenciam a segurança nas estradas.

Recentemente, a Recavi lançou campanhas de sensibilização pela rádio, televisão e redes sociais, atingindo um público mais vasto e promovendo a conscientização sobre a importância da segurança rodoviária. Sob o lema “Stop Sangue nas Estradas”, as iniciativas alertam para o uso do cinto de segurança e o respeito pelas passadeiras e pelos limites de velocidade.

Com uma visão clara de se tornar uma referência na prevenção de acidentes rodoviários e na protecção das crianças, a Recavi tem vindo a expandir as suas actividades e a estabelecer parcerias com instituições públicas e

Fotografia: Cortesia da Recavi

privadas, tanto a nível nacional como internacional.

Ao longo dos anos, a rede já formou dezenas de activistas, instalou sinais de trânsito em várias escolas e implementou inúmeras campanhas de sensibilização, com o objectivo de reduzir o número de aci -

dentes e salvar vidas.

Se, tal como a Recavi, tem uma iniciativa que contribua para a mobilidade ou segurança rodoviária em Moçambique, convidamo-lo a partilhar a sua apresentação através do e-mail geral@xon -

guila.co.mz. Junte-se a esta causa e ajude a criar soluções que façam a diferença na vida dos moçambicanos, tal como esta organização tem feito desde a sua fundação. Juntos, podemos construir um futuro mais seguro e acessível para todos.

Um dos projectos mais destacados da Recavi é “Um Município, Zero Acidentes”, que procura capacitar e mobilizar comunidades escolares para a adopção de boas práticas de segurança rodoviária.
Fotografia: Cortesia da Recavi

ENTREPRENEURSHIP CHALLENGE

Recavi - Promoting road safety and child protection

Continuing our series on the CFAO Entrepreneurship Challenge in partnership with Xonguila Magazine, we present the seventh selected project, Recavi - the Road Accident Prevention and Child Protection Network. This series, which will highlight ten initiatives focused on mobility and road safety by the end of the year, aims to inspire and showcase innovative solutions that have a positive impact on the lives of Mozambicans.

Recavi, a non-profit organisation founded in 2018, plays a crucial role in preventing road accidents, with a particular focus on child protection, as children are often the most vulnerable on the roads. Taking a multi-sectoral approach, this network has been educating and raising awareness among drivers, pedestrians, children, and the wider community through awareness campaigns and training programmes.

Mozambican roads, particularly those near schools, suffer from a lack of signage and reckless driving, endangering the lives of pedestrians, especially children. Aware of this reality, Recavi intervenes at critical points, implementing solutions such as barricades, speed bumps, pedestrian crossings, and vertical and horizontal traffic signs. These measures are complemented by educational campaigns and training programmes for traffic activists, equipping them with knowledge of first aid and preventive measures aimed at reducing accidents.

One of Recavi’s most notable

projects is "One Municipality, Zero Accidents," which aims to empower and mobilise school communities to adopt good road safety practices. This project, conducted in partnership with the traffic police, municipal police, and various local organisations, promotes talks, workshops, and awareness-raising activities for pedestrians and drivers, with a special focus on children and adolescents. In schools, traffic activist and regulator groups are formed, involving students, teachers, and parents, creating a true community mobilisation for road safety.

In addition to its work in schools, Recavi extends its initiatives to the corporate sector, offering road safety training with a focus on defensive driving and the adoption of safe road practices. These training sessions are designed not only for professional drivers but also for those who, in some way, influence road safety.

Recently, Recavi has launched awareness campaigns through radio, television, and social media, reaching a wider audience and promoting the importance

of road safety. Under the slogan “Stop Blood on the Roads,” the campaigns highlight the use of seat belts and the importance of respecting pedestrian crossings and speed limits.

With a clear vision of becoming a reference in road accident prevention and child protection, Recavi has been expanding its activities and establishing partnerships with public and private institutions, both nationally and internationally. Over the years, the network has trained dozens of activists, installed traffic signs at various schools, and carried out numerous awareness campaigns, all with the goal of reducing accidents and saving lives.

If, like Recavi, you have an initiative that contributes to mobility or road safety in Mozambique, we invite you to submit your proposal via email to geral@xonguila. co.mz. Join this cause and help create solutions that make a difference in the lives of Mozambicans, just as this organisation has done since its foundation. Together, we can build a safer and more accessible future for all.

Onde se recruta em Moçambique?

Uma análise da geografia das vagas publicadas na plataforma emprego.co.mz entre 2012 e 2024

Uma contratação errada pode custar entre 30-50% do salário anual para a posição pretendida, segundo vários estudos internacionais, além de danos reputacionais e de produtividade.

Onde se recruta em Moçambique?

Uma análise da geografia das vagas publicadas na plataforma emprego.co.mz entre 2012 e 2024

Este é primeiro de uma série de artigos sobre o mercado laboral em Moçambique criados pela equipa do emprego.co.mz com o objectivo de apoiar os processos e estratégias de recrutamento no País.

Orecrutamento é uma actividade que pode causar danos financeiros às empresas e à economia, visto que uma contratação errada pode custar entre 30-50% do salário anual para a posição pretendida, segundo vários estudos internacionais, e danos reputacionais e de produtividade que são mais difíceis de quantificar. Em Moçambique, muitos recrutadores ainda não têm processos transparentes e seguros, contribuindo assim para a prevalência do nepotismo, favoritis -

mo e corrupção, que tem crescido no mercado laboral, e afectando negativamente valores como a competência, o merecimento, e a honestidade.

O emprego.co.mz apresenta aqui dados gerados pelas empresas e organizações que recrutam de forma transparente e segura através daquela plataforma, correspondentes a cerca de 10% de todas as vagas de emprego no sector formal de 2012 a 2024, num universo de N=21590.

Segundo estes dados, mais de metade de todas as oportunidades de emprego formal em Moçambique estão na cidade de Maputo (53%), seguida de Cabo Delgado (8%), cabendo às restantes províncias entre 2% a 5%. As vagas que requerem deslocações para vários locais são cerca de 9% do total, e apenas 0,1% das vagas são para candidatos moçambicanos irem trabalhar em outros países.

Isto aparenta indicar que o mercado laboral formal está concentrado maioritariamente na capital (Maputo Cidade), e, pontualmente, nas províncias onde operam os grandes projectos extractivos (Cabo Delgado e Tete) e nos grandes portos (Sofala e Nampula). Nas províncias de Gaza, Inhambane, Manica e Niassa existe muito pouco emprego formal disponível no mercado laboral. Adicionalmente, poderá indicar também uma potencial falta de investimento por parte das multinacionais a operar em Moçambique na criação de oportunidades de carreira para profissionais moçambicanos a serem sediados no estrangeiro (como vimos, presentemente apenas 0,1% das vagas).

Quando analisada a disponibilidade de emprego nas capitais provinciais (urbanas) e nos distritos (rurais) vemos uma média de 61% de todas as vagas concentradas nas zonas urbanas, com exemplos de mais de 90% em Tete e Nampula, e excepções desta tendência em Gaza e Niassa, onde existem proporcionalmente mais oportunidades de emprego nas zonas rurais. A concentração do emprego em áreas urbanas é uma tendência mundial da qual Moçambique não é excepção, porém, a grande concentração de emprego formal na capital Maputo, bem como nas capitais provinciais, evidencia o trabalho que tem de ser feito na criação e divulgação de empregos formais que possam atrair jovens profissionais moçambicanos para oportunidades de carreira e de desenvolvimento nas zonas rurais.

Para concluir, reiteramos que estes dados são apenas das vagas de emprego formal divulgadas por recrutadores que usam processos transparentes no emprego.co.mz, e, portanto, representam apenas uma amostra das vagas disponíveis em Moçambique.

Em Moçambique, muitos recrutadores ainda não têm processos transparentes e seguros, contribuindo assim para a prevalência do nepotismo, favoritismo e corrupção,

An analysis of job vacancies posted on the emprego.co.mz platform between 2012 and 2024

This is the first in a series of articles on the Mozambican labour market, created by the team at emprego.co.mz with the aim of supporting recruitment processes and strategies in the country.

Recruitment is an activity that can have financial consequences for companies and the economy, as a poor hiring decision can cost between 30-50% of the annual salary for the role, according to various international studies. Moreover, there are reputational and productivity damages that are harder to quantify. In Mozambique, many recruiters still lack transparent and secure processes, contributing to the prevalence

of nepotism, favouritism, and corruption. This has become more widespread in the job market, negatively impacting values such as competence, merit, and integrity.

Emprego.co.mz presents data generated by companies and organisations that recruit transparently and securely through the platform, representing around 10% of all formal job vacancies between 2012 and 2024, from a total of N=21,590 vacancies.

According to this data, over half of all formal job opportunities in Mozambique are located in the city of Maputo (53%), followed by Cabo Delgado (8%), with the remaining provinces accounting for between 2% to 5%. Jobs requiring travel to multiple locations make up about 9% of the total, while only 0.1% of vacancies are for Mozambican candidates to work abroad.

This suggests that the formal labour market is largely concentrated in the capital (Maputo City), with occasional opportunities in provinces hosting major extractive projects (Cabo Delgado and Tete) and in the major ports (Sofala and Nampula). There is very little formal employment available in the labour market in provinces such as Gaza, Inhambane, Manica, and Niassa. Additionally, this could indicate a potential lack of investment by multinational companies operating in Mozambique to create career opportunities for Mozambican professionals to be based abroad (as currently, only 0.1% of vacancies offer this).

When analysing job availability in provincial capitals (urban areas) and districts (rural areas), we observe an average of 61% of all vacancies concentrated in urban areas, with over 90% in Tete and Nampula. There are exceptions to this trend in Gaza and Niassa, where proportionally more employment opportunities exist in rural areas. The concentration of jobs in urban areas is a global trend, and Mozambique is no exception. However, the significant concentration of formal employment in the capital, Maputo, as well as in

provincial capitals, highlights the need for more work in creating and promoting formal jobs that could attract young Mozambican professionals to career and development opportunities in rural areas.

In conclusion, we reiterate that this data pertains only to formal job vacancies posted by recruiters using transparent processes on emprego.co.mz and, therefore, represents just a sample of the available job vacancies in Mozambique.

Conquistámos mais um prémio da International Finance Awards

/ Somos o Banco com a Iniciativa de Responsabilidade Social mais Inovadora em 2024

A International Finance Awards distinguiu-nos com o prémio Iniciativa de Responsabilidade Social Corporativa mais Inovadora em 2024, uma conquista que reflete o impacto das nossas acções e a capacidade de inovar em soluções que beneficiam a comunidade.

Este reconhecimento é um testemunho do nosso empenho em criar iniciativas que realmente fazem a diferença e impulsionam mudanças positivas.

Temos a felicidade de ter impactado, até então, mais de 40 mil pessoas em todo o país, com a promessa de continuamos comprometidos em fazer a diferença para o bem-estar das comunidades.

Agradecemos a todos os nossos parceiros e Clientes pelo apoio constante e pela confiança! Juntos seguimos rumo à construção de um mundo melhor!

A NOSSA MAIOR INSPIRAÇÃO É A NOSSA CULTURA

Quer seja na dança, no cinema, na música ou até na publicidade, não estamos simplesmente a imitar as tendências internacionais – estamos a criar algo novo e atraente, com uma perspectiva que nos é muito própria.

Escrito por: Mitchell Collinson , Executive Creative Director - Create Moçambique

A NOSSA MAIOR INSPIRAÇÃO É A NOSSA CULTURA

Moçambique tem uma cultura vibrante, com cores e tradições muito ricas. A nossa presença em palcos internacionais tem crescido exponencialmente. Das nossas ruas coloridas aos festivais internacionais, a nossa cultura está cada vez mais reconhecida lá fora. Mas o que tem o nosso talento criativo nacional que funciona tão bem com esta audiência internacional?

AS NOSSAS RAÍZES

A resposta pode estar nesta combinação única entre a nossa cultura e a nossa capacidade de inovação. A nossa criatividade bebe de um poço profundo de histórias, línguas e tradições, mas tem também um sabor distinto que é simultaneamente autêntico e universal. Quer seja na dança, no cinema, na música ou até na publicidade, não estamos simplesmente a imitar as tendências internacionais – estamos a criar algo novo e atraente, com uma perspectiva que nos é muito própria. Tomemos como exemplo o Taibo Bacar, a Shaazia Adam e outros estilistas moçambicanos, que têm misturado elementos tradicionais com silhuettes que apelam a gostos mais globais. Cada vez mais moçambicanos aparecem em Fashion Weeks por todo o mundo, mostrando como a nossa criatividade pode cativar estas audiências. Ou o DJ Tarico, que colaborou com Burna Boy num hit que fez sucesso em todo o lado. Mesmo no cinema, temos o exemplo do filme Resgate, de Mickey Fonseca e Pipas Forjaz, que hoje podemos ver nas plataformas de streaming internacionais. Estes são apenas alguns de vários exemplos.

O PAPEL DAS AGÊNCIAS DE

COMUNICAÇÃO

Este alcance global não é acidental. Agências como a Dentsu e a Create Moçambique têm tido um papel crucial nesta ponte entre o talento criativo e as marcas. Usando a network da Dentsu, temos acesso a plataformas e tools que elevam o trabalho criativo a palcos muito maiores. As campanhas que desenvolvemos são enraizadas na nossa cultura e captam a essência dos moçambicanos no seu dia-a-dia. Contamos histórias através de colaborações entre as marcas e o talento criativo que existe no nosso país. Estas histórias, apesar do contexto específico, são contadas de uma forma que qualquer pessoa consegue perceber. Um bom exemplo disto é como o nosso trabalho – e o trabalho de cada vez mais agências moçambicanas – tem ganho vários prémios em festivais internacionais. Estas campanhas não são só sobre as imagens bonitas ou os copies que ficam na cabeça. São também uma exposição desta essência dos moçambicanos – da nossa cultura, das nossas cores vibrantes e da nossa sociedade. O nosso trabalho com marcas como a Cerveja 2M, o Millennium bim ou a Vodacom tem sido referência neste espaço. Esta capacidade de traduzir

histórias locais em mensagens universais é o que diferencia a nossa criatividade.

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

Alcançar este reconhecimento internacional tem alguns desafios. Como criativos, muitas vezes enfrentamos limitações: escassez de recursos, um mercado ainda pouco desenvolvido e a complexidade de navegar por diferentes contextos culturais. No entanto, esses desafios são também oportunidades – oportunidades de inovar, de encontrar outras formas de contar as nossas histórias, de superar as nossas limitações e de estabelecer conexões com as pessoas de forma significativa e impactante. O crescimento das plataformas digitais é o melhor exemplo disso. Abriram novas portas para jovens criativos que, através dos meios tradicionais, não chegariam a certas audiências. As redes sociais democratizaram esta indústria, levando o nosso talento a patamares ainda maiores. Hoje, temos cada vez mais talento em exposição, e cabe às agências e às marcas com que trabalham criar oportunidades para que continuemos a crescer.

OLHANDO PARA A FRENTE

Quando pensamos no nosso

Escrito por: Mitchell Collinson, Executive Creative Director - Create Moçambique
Fotografia: Cortesia da Create Moçambique

futuro, está claro que a criatividade moçambicana vai atingir palcos ainda maiores. É uma questão de tempo. O mundo inteiro está com fome de novas histórias, novas perspectivas e novas vozes. Nós, em Moçambique, temos isso em abundância. Ao continuarmos a investir e a apoiar o nosso talento local,

criando oportunidades para colaboração entre este talento e as marcas com que trabalhamos, vamos conseguir que a criatividade moçambicana não só sobreviva, mas também brilhe nos maiores palcos do mundo.

Este crescente reconhecimento

da criatividade moçambicana não é uma trend, mas sim um movimento. Um movimento que celebra a nossa cultura, as nossas histórias e a nossa forma única de olhar para o mundo. E quanto maior for este movimento, maior será a importância da nossa criatividade no cenário global.

OUR GREATEST INSPIRATION IS OUR CULTURE

Mozambique has a vibrant culture, rich in colours and traditions. Our presence on international stages has been growing exponentially. From our colourful streets to international festivals, our culture is increasingly recognised abroad. But what is it about our national creative talent that resonates so well with this international audience? OUR ROOTS

The answer may lie in this unique blend of our culture and our capacity for innovation. Our creativity draws from a deep well of stories, languages, and traditions, yet it also has a distinct flavour that is both authentic and universal. Whether

it's in dance, film, music, or even advertising, we’re not simply copying international trends – we’re creating something new and captivating, with a perspective that’s uniquely our own. Take, for example, designers like Taibo Bacar, Shaazia Adam, and others from Mozambique, who have blended traditional elements with silhouettes that appeal to more global tastes. More and more Mozambicans are appearing at Fashion Weeks around the world, showcasing how our creativity can

The growing recognition of Mozambican creativity is not a trend but a movement that celebrates our culture, our stories, and our unique way of seeing the world.

captivate these audiences. Or DJ Tarico, who collaborated with Burna Boy on a hit that was a success everywhere. Even in film, we have the example of Resgate, directed by Mickey Fonseca and Pipas Forjaz, which can now be seen on international streaming platforms. These are just a few of many examples.

THE ROLE OF COMMUNICATION AGENCIES

This global reach is no accident. Agencies like Dentsu and Create Mozambique have played a crucial role in bridging the gap between creative talent and brands. Through Dentsu’s network, we have access to platforms and tools that elevate creative work to much larger stages. The campaigns we develop are rooted in our culture and capture the essence of Mozambicans in their everyday lives. We tell stories through collaborations between brands and the creative talent that exists in our country. These stories, despite being set in a specific context, are told in a way that anyone can understand. A good example of this is how our work – and the work of more and more Mozambican agencies – has won several awards at international festivals. These campaigns are not just about beautiful images or catchy taglines. They are also an expression of the essence of Mozambicans – of our culture, our vibrant colours, and our society. Our work with brands like 2M beer, Millennium bim, and Vodacom has set a benchmark in this space. This ability to translate local stories into universal messages is what sets our creativity apart.

CHALLENGES AND OPPORTUNITIES

Achieving this international recognition comes with challenges. As creatives, we often face limitations: a scarcity of resources, a still-developing market, and the complexity of navigating different cultural contexts. However, these challenges are also opportunities – opportunities to innovate, to find new ways of telling our stories, to overcome

our limitations, and to forge meaningful, impactful connections with people. The growth of digital platforms is the best example of this. They have opened new doors for young creatives who, through traditional means, might not have reached certain audiences. Social media has democratised this industry, taking our talent to even greater heights. Today, more and more talent is being showcased, and it’s up to agencies and the brands they work with to create opportunities for us to continue growing.

LOOKING AHEAD

When we think about our future, it’s clear that Mozambican creativity is going to reach even bigger stages. It’s only a matter of time.

The world is hungry for new stories, new perspectives, and new voices. Here in Mozambique, we have these in abundance. By continuing to invest in and support our local talent, creating opportunities for collaboration between this talent and the brands we work with, we will ensure that Mozambican creativity not only survives but thrives on the world’s biggest stages.

This growing recognition of Mozambican creativity is not a trend, but a movement. A movement that celebrates our culture, our stories, and our unique way of seeing the world. And the bigger this movement becomes, the greater the impact our creativity will have on the global stage.

Uma performance inspirada em Álvaro Taruma

Uma nova maneira de experienciar a poesia

Numa noite que misturou literatura e outras artes de forma inovadora, a cidade de Maputo foi palco da performance “Não deixa arder até tarde o fogo”, uma adaptação multidisciplinar da obra “Criação do fogo” do poeta moçambicano Álvaro Fausto Taruma. Apresentada no Estúdio Criativo Anima, a performance reuniu um talentoso grupo de artistas que exploraram, através de diferentes linguagens artísticas, temas contemporâneos e urgentes, trazendo à tona uma nova maneira de experienciar a poesia.

“Não deixa arder até tarde o fogo” destacou-se pela sua abordagem inovadora, indo além da leitura tradicional de textos e transformando a obra “Criação do fogo” em uma experiência sensorial única. A performance combinou elementos de dança, teatro, música, poesia e projecções visuais para criar uma narrativa imersiva que prendeu a atenção do público do início ao fim.

Sob a direcção do próprio Álvaro Taruma, o espectáculo trouxe à tona questões centrais do livro, como os desafios ligados à violência, com foco no terrorismo em Cabo Delgado, além de ampliar o olhar para os conflitos armados que afligem outras regiões do mundo. A metáfora do fogo, central tanto no livro quanto na performance, foi explorada de modo a simbolizar a destruição, mas também a resistência e a renovação, reflectindo a complexidade do tema.

O espectáculo contou com as marcantes actuações do actor Mateus Nhamuche, da bailarina e coreógrafa Afifah Zualo, e do malabarista de fogos Filimão Francisco. A trilha sonora, composta por Fu da Siderurgia, envolveu o público, enquanto as projecções visuais de João Roxo criaram uma atmosfera que complementou a profundidade emocional das interpretações. Com uma duração de cerca de uma hora, “Não deixa arder até tarde o fogo” ofereceu uma imersão completa no universo literário e poético de Taruma, transformando a obra em algo que podia ser não apenas lido, mas também visto, ouvido e sentido.

A performance foi um exemplo notável de como as artes se podem entrelaçar para enriquecer a compreensão e a vivência da litera -

tura. Taruma inovou transportando a sua obra para o palco de forma muito bem integrada com outras expressões artísticas. Em suas palavras, a ideia era criar uma forma de leitura que, não se limitando ao livro em si, integrasse diferentes disciplinas artísticas — música, dança, teatro, slam poetry — para ajudar os leitores a experimentar a poesia da maneira mais sensorial e visível possível. O título da peça, derivado do seu livro lançado em Abril deste ano, ecoa um apelo à cessação dos conflitos, simbolizado pelo fogo que não deve arder até tarde.

O processo de criação foi cuidadosamente pensado, desde a escolha dos artistas até a composição das trilhas sonoras e projecções visuais, com o objectivo de oferecer uma proposta nova ao público. Taruma também expressou o desejo de levar o espectáculo para outros espaços e públicos, ampliando o seu impacto cultural e social.

Com “Criação do fogo” recentemente nomeado como semifinalista do prestigiado Prémio Oceanos, ao lado de outras importantes obras de autores moçambicanos, lusófonos e não só, a performance “Não deixa arder até tarde o fogo” mostrou-se um marco cultural, sublinhando a capacidade de Taruma de provocar reflexão profunda e diálogo através de múltiplas formas de expressão artística. Este espectáculo inovador não só honrou a rica tradição literária do país, mas também mostrou como ela pode ser revitalizada e expandida por meio da colaboração artística e da exploração de novas formas de expressão. O impacto deixado certamente ecoará por muito tempo, inspirando novas formas de se pensar e vivenciar a literatura e a arte.

A performance combinou elementos de dança, teatro, música, poesia e projecções visuais para criar uma narrativa imersiva que prendeu a atenção do público do início ao fim.

A Performance Inspired by Álvaro Taruma

A new way to experience poetry

In an evening that blended literature and other art forms in an innovative way, the city of Maputo hosted the performance “Don't Let the Fire Burn Too Late”, a multidisciplinary adaptation of the work “Criação do Fogo” by Mozambican poet Álvaro Fausto Taruma. Presented at the Anima Creative Studio, the performance brought together a talented group of artists who explored contemporary and pressing themes through various artistic languages, offering a fresh way to experience poetry.

“Don’t Let the Fire Burn Too Late” stood out for its innovative approach, going beyond the traditional reading of texts and transforming “Criação do Fogo” into a unique sensory experience. The performance combined elements of dance, theatre, music, poetry, and visual projections to create an immersive narrative that captivated the audience from start to finish.

Directed by Álvaro Taruma himself, the show brought to light central themes from the book, such as the challenges related to violence, focusing on terrorism in Cabo Delgado, while broadening the view to encompass armed conflicts afflicting other regions of the world. The metaphor of fire, central to both the book and the performance, was explored as a symbol of destruction, but also of resistance and renewal, reflecting the complexity of the subject matter.

The show featured outstanding performances from actor Mateus Nhamuche, dancer and choreographer Afifah Zualo, and fire juggler Filimão Francisco. The soundtrack, composed by Fu da Siderurgia, enveloped the audience, while João Roxo’s visual projections created an atmosphere that complemented the emotional depth of the performances. Lasting around an hour, “Don’t Let the Fire Burn Too Late” offered a complete immersion into Taruma’s literary and poetic universe, transforming his work into something not just to be read, but also seen, heard, and felt.

The performance was a remarkable example of how the arts can intertwine to enrich the understanding and experience of literature. Taruma innovated by bringing his work to the stage in a seamless integration with other artistic expressions. In his words, the idea was to create a

The title of the piece echoes a call for the cessation of conflicts, symbolised by the fire that must not burn on too late.

form of reading that, beyond the book itself, incorporated different artistic disciplines—music, dance, theatre, slam poetry—to help the audience experience poetry in the most sensory and visual way possible. The title of the piece, derived from his book released in April this year, echoes a call for the cessation of conflicts, symbolised by the fire that must not burn on for too long.

The creative process was carefully crafted, from the choice of artists to the composition of the soundtracks and visual projections, all aimed at offering a novel proposal to the audience. Taruma also expressed his desire to take the show to other spaces and audiences, broadening its cultural and social impact.

With “Criação do Fogo” recently named a semifinalist for the prestigious Oceanos Prize, alongside other important works by Mozambican and Lusophone authors, the performance “Don’t Let the Fire Burn Too Late” proved to be a cultural milestone. It underlined Taruma’s ability to provoke deep reflection and dialogue through multiple forms of artistic expression. This innovative show not only honoured the country's rich literary tradition but also demonstrated how it can be revitalised and expanded through artistic collaboration and the exploration of new forms of expression. The impact left will undoubtedly resonate for a long time, inspiring new ways of thinking about and experiencing literature and art.

Fotografia: Cortesia da Aydan Andersson-Nordine

Desfile "Capas que Contam Histórias" da Revista Xonguila

Moda Baía 2024 - Baia Mall

Um parceria como o Mozambique Fashion Week

No passado dia 20 de Setembro, a Xonguila teve a honra de marcar presença num desfile no Moda Baía, em parceria com o Mozambique Fashion Week. Pela passarela, apresentando dez capas da revista, desfilaram figuras de destaque em Moçambique nas áreas da música, moda, literatura, artes plásticas, negócios e comunicação, todos já reconhecidos nas páginas da revista. Graças ao contributo destes fazedores e de muitos outros como eles, a Xonguila tem, mês após mês, a oportunidade de apresentar o que de melhor se faz em Moçambique. O evento contou ainda com desfiles das lojas do Baía Mall: Areia Branca Moda, Mó, Mr. Price, Ipanema, Fashion World, PEP Mozambique, assim como dos estilistas Sabatha, Kamana Felix e Omar Adelino. Foram também oferecidos prémios especiais pela Più Bella e Safira Jewellery, entregues pelo escritor Danilo Teixeira, enriquecendo ainda mais a experiência. A revista Xonguila agradece a todos os que contribuíram para tornar este evento inesquecível!

"Covers that Tell Stories" Fashion Show by Xonguila Magazine

Moda Baía 2024 - Baia Mall In partnership with Mozambique Fashion Week

On the 20th of September, Xonguila had the honour of participating in a fashion show at Moda Baía, in partnership with Mozambique Fashion Week. Ten magazine covers were showcased on the catwalk by prominent figures in Mozambique from the worlds of music, fashion, literature, visual arts, business, and media, all of whom have previously featured on the magazine's covers. Thanks to the contributions of these trailblazers, and many others like them, Xonguila is able to showcase the very best of Mozambique, month after month. The event also included runway shows from Baía Mall’s stores: Areia Branca Moda, Mó, Mr Price, Ipanema, Fashion World, PEP Mozambique, along with designers Sabatha, Kamana Felix, and Omar Adelino. Special prizes were also awarded by Più Bella and Safira Jewellery, presented by writer Danilo Teixeira, further enhancing the experience. Xonguila magazine extends its heartfelt thanks to all those who contributed to making this event unforgettable!

Moda Baía 2024 - Baia Mall

Um parceria como o Mozambique Fashion Week

Fotografia: Cortesia da DDB / Mozambique Fashion Week

No Silêncio das Palavras

Em cada olhar perdido, há um grito que ninguém escuta. No silêncio das ruas, nos gestos que se disfarçam de rotina, esconde-se a dor invisível de quem já não encontra chão. Setembro chega, pintado de amarelo, como um sol que teima em atravessar a escuridão das almas. É o mês em que se rasgam as sombras e se estendem pontes para os que caminham à beira do abismo.

Falar sobre o que nos dói não devia ser um acto de coragem, mas de sobrevivência. No entanto, carregamos o peso de séculos em que o sofrimento foi enterrado nas profundezas do peito, sem direito a nome, sem direito a voz. Mas há luz no diálogo. Há cura na escuta.

Neste mês, mais do que nunca, é tempo de reflexão. Um chamamento para que olhemos uns pelos outros, para que sejamos faróis na tempestade de quem se perdeu. Que o amarelo nos lembre que, por mais sombria que seja a noite, há sempre uma manhã à espera de nascer.

Não é fraqueza pedir ajuda, nem fraqueza é reconhecer a própria dor. Na verdade, é um acto de profunda humanidade. Quebrar o silêncio é o primeiro passo para reerguer pontes para a vida. Porque viver é um direito, e há que lutar por ele, com todas as palavras que não podem ser caladas.

Pintado Gaspar

LEITE ASSOCIATED HEALTH

Mami Wata

“Mami Wata”, o mais recente filme do realizador nigeriano C. J. Obasi, destaca-se como uma obra visualmente impressionante, filmada a preto e branco, o que lhe confere uma atmosfera hipnótica e única. Esta escolha estética valeu à directora de fotografia, a brasileira Lílis Soares, o prémio de Melhor Fotografia no Festival de Sundance de 2023.

O enredo desenrola-se em Iyi, uma aldeia costeira localizada na África Ocidental onde a presença de modernidade é praticamente inexistente. Mama Efe (Rita Edochie) é a ponte entre a deusa Mami Wata e os aldeões, mantendo a paz através da veneração. No entanto, a morte misteriosa de uma criança faz a comunidade começar a questionar as suas crenças, sentimento que se intensifica com a chegada de Jasper (Kelechi Udegbe), um forasteiro cuja promessa de progresso acaba por semear caos e violência.

O realizador Obasi, com mestria, entrelaça temas políticos, espirituais e sociais, explorando o conflito entre tradição e modernidade. Profundamente enraizado em tradições africanas, o filme aborda dilemas geracionais e questões de poder. A oposição entre patriarcado e matriarcado simboliza os desafios internos que muitas sociedades africanas enfrentam.

Para além do enredo, o filme distingue-se pelo seu visual extraordinário. A maquilhagem, os penteados e os figurinos são meticulosamente elaborados, criando um impacto visual marcante. O contraste entre as roupas brancas e a pele escura das personagens intensifica ainda mais a beleza das imagens captadas.

Nomeado para o Óscar de Melhor Filme Internacional em 2024, “Mami Wata” tem sido amplamente aclamado em festivais. Com personagens femininas fortes e complexas, como Prisca (Evelyne Ily) e Zinwe (Uzoamaka Aniunoh), a longa-metragem desafia as representações convencionais. Ambicioso em termos estéticos e narrativos, o filme oferece uma reflexão profunda sobre fé, comunidade e o poder simbólico da água.

Disponível no Amazon Prime, “Mami Wata” é uma experiência cinematográfica obrigatória para os apreciadores de cinema africano que procuram uma história envolvente e visualmente cativante.

Mami Wata

"Mami Wata", the latest film by Nigerian director C.J. Obasi, stands out as a visually striking work, filmed in black and white, which lends it a hypnotic and unique atmosphere. This aesthetic choice earned Brazilian cinematographer Lílis Soares the Best Cinematography award at the 2023 Sundance Festival.

The plot unfolds in Iyi, a coastal village in West Africa where modernity is almost non-existent. Mama Efe (Rita Edochie) serves as the bridge between the goddess Mami Wata and the villagers, maintaining peace through devotion. However, the mysterious death of a child causes the community to begin questioning their beliefs, a sentiment intensified by the arrival of Jasper (Kelechi Udegbe), a stranger whose promise of progress eventually sows chaos and violence.

Director Obasi expertly intertwines political, spiritual, and social themes, exploring the conflict between tradition and modernity. Deeply rooted in African traditions, the film addresses generational dilemmas and issues of power. The opposition between patriarchy and matriarchy symbolises the internal challenges faced by many African societies.

Beyond its plot, the film is distinguished by its extraordinary visual style. The makeup, hairstyles, and costumes are meticulously crafted, creating a powerful visual impact. The contrast between the characters’ white clothing and dark skin further enhances the beauty of the captured images.

Nominated for the 2024 Academy Award for Best International Feature, "Mami Wata" has been widely acclaimed at festivals. With strong and complex female characters like Prisca (Evelyne Ily) and Zinwe (Uzoamaka Aniunoh), the film challenges conventional representations. Ambitious in both aesthetic and narrative terms, the film offers a deep reflection on faith, community, and the symbolic power of water.

Available on Amazon Prime, "Mami Wata" is a must-watch for lovers of African cinema seeking an engaging and visually captivating story.

GODA LA KU BOLA

De Elísio Macamo

“Diálogos cívicos para menores” é uma proposta de educação política para os mais novos. Ser membro de uma comunidade política faz de cada um de nós cidadão. Isso implica que temos direitos e obrigações. Para melhor usufruirmos desses direitos e cumprirmos as nossas obrigações, precisamos de entender certos conceitos centrais, tais como a sabedoria, a própria cidadania e ainda a coerência política. Cada um destes conceitos é apresentado em forma de diálogo socrático entre avós e netos. Isto é, os avós encorajam os seus netos a usar o seu raciocínio para se apropriarem do significado profundo da sua condição cidadã. O livro foi escrito para menores, mas é também útil para maiores.

GODA LA KU BOLA

“Civic Dialogues for Minors” is a proposal for political education aimed at younger generations. Being a member of a political community makes each one of us a citizen. This means we have both rights and responsibilities. To fully enjoy these rights and meet our obligations, we must understand certain key concepts, such as wisdom, citizenship itself, and political coherence. Each of these concepts is introduced through a Socratic dialogue between grandparents and grandchildren. In other words, the grandparents encourage their grandchildren to use their reasoning skills to grasp the deeper meaning of their role as citizens. Although the book is written for younger readers, it is also valuable for adults.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.