MERCADO LABORAL
A realidade das mulheres em Moçambique The reality of women in Mozambique
30 MULHERES INFLUENTES

MULHERES EM ACÇÃO
Empreendendo







Enquanto houver imaginação, existirá sempre algo para inovar ou para fazer fusões de estilos.
- Badoxa

A realidade das mulheres em Moçambique The reality of women in Mozambique
Empreendendo
Enquanto houver imaginação, existirá sempre algo para inovar ou para fazer fusões de estilos.
- Badoxa
A música lusófona tem a capacidade única de atravessar fronteiras e unir os PALOP através da língua e da cultura. Como vês essa ligação e de que forma é que ela contribui para que as tuas músicas cheguem a tantos países, como acontece?
Sim, é uma grande verdade. Eu acho essa ligação superimportante e, sem dúvida, ajuda bastante a levar a minha música aos quatro cantos do mundo. Aliás, vou dar um pequeno exemplo disso: no YouTube, o segundo país que mais consome as minhas músicas é Timor-Leste, que, se não me engano, tem cerca de 1 milhão e quatrocentos mil habitantes e fica na Ásia. Para mim, saber que a minha música é ouvida em cerca de 180 países é um enorme orgulho. Mas também deixo um apelo para que haja ainda mais união na nossa indústria musical, pois, se houvesse, poderíamos estar ainda melhor.
As tuas músicas têm uma energia muito própria, seja para dançar, seja para sentir emoções mais profundas. Quando estás a compor, pensas mais no impacto que a música terá no público ou deixas que a melodia e a letra te guiem sem pensar nisso?
Em quase todas as músicas, começo por criar o refrão, pois acho que é uma das par-
tes mais importantes – talvez mesmo a mais importante. Para ser sincero, muitas vezes acabo por não pensar no impacto, e quem pensa nisso é o meu produtor executivo e manager, Ricardo Nóbrega.
Muitos artistas falam sobre a pressão da indústria musical. Já sentiste que precisaste de te reinventar para acompanhar as mudanças no mercado?
Esse é um tema bastante interessante, pois, de facto, é uma indústria onde existe imensa pressão. Mas, para ser sincero, desde o início que
tento reinventar-me todos os dias. Gosto de aprender, de produzir novos estilos, de criar novas sonoridades e de misturar estilos nas minhas produções e composições.
O que mais mudou na tua forma de criar música
desde o início da tua carreira até agora? Há algo que fazias antes e que já não faz sentido para ti hoje?
Há sempre coisas que mudam, porque, quanto mais experiência e maturidade temos, mais tentamos evoluir – sem nunca perder a nossa identidade musical.
A kizomba já passou por várias fases e evoluções ao longo dos anos. Ainda há espaço para inovação no género ou acreditas que ele atingiu o seu auge?
Acho que, enquanto houver imaginação, existirá sempre algo para inovar ou para fazer fusões de estilos. No entanto, nem sempre essa inovação pode ser benéfica para o género musical. Mas devemos sempre respeitar as regras-base de um estilo.
Muitos conhecem as tuas músicas de sucesso, mas há alguma canção tua que consideres especial e que achas não ter ainda recebido a atenção que merece?
Para mim, todas as minhas músicas são especiais. Eu digo sempre que a música mais especial que tenho é o "Tá-me Esperare". Mas, respondendo à tua pergunta, por vezes fazemos músicas para tentar abordar temas que consideramos importantes, mas nem sempre são valorizadas como gostaríamos. Destaco um tema meu chamado "Ninocolocolo", que fala sobre bullying. Esse tema faz parte do meu segundo álbum, Memórias, e talvez não tenha tido a atenção merecida.
Sabemos que muitas músicas nascem de histórias pessoais. Alguma vez lançaste uma canção de que, mais tarde, te tenhas arrependido de partilhar por ser demasiado íntima?
Muitas das minhas músicas foram criadas com base em histórias pessoais – minhas ou de outras pessoas. Mas não tenho nenhuma de que me tenha arrependido por ser demasiado íntima.
Há algum estilo musical inesperado que gostarias de experimentar? Algo que os teus fãs jamais imaginariam ouvir na tua voz? Sim, há imensos estilos. Aliás, quem me conhece sabe que sou bastante versátil. Se um dia fosses ao estúdio comigo, ouvirias muita música em estilos diferentes – ideias que foram criadas, mas que nunca foram lançadas.
A nova geração de artistas está a trazer
novas influências para a música lusófona. Se tivesses de escolher um jovem talento para apadrinhar na indústria, quem seria e porquê?
É difícil precisar apenas um jovem talento, porque neste momento existem dezenas, ou até mesmo centenas de jovens com imenso talento no panorama da música lusófona. Isso dá-me imenso gosto de ver, pois é esta nova geração de artistas que continuará a levar e elevar a música lusófona pelos quatro cantos do mundo.
E em Moçambique há algum nome que te tenha chamado a atenção ou com quem gostasses de vir a colaborar?
Moçambique tem um tesouro cultural enorme e muitos artistas de grande qualidade com quem, um dia, não teria problema em colaborar. Seria injusto da minha parte citar apenas alguns, pois há imensos artistas moçambicanos cujo trabalho aprecio.
Faz anos que actuaste em Moçambique. Será que podemos esperar para breve algum novo concerto teu?
Fui ver a data da última vez que estive em Moçambique e percebi que foi a 5 de Março de 2016 – já fez nove anos. Ao longo destes anos, têm surgido diversos convites, mas acabam por não se concretizar. Mas sim, podem contar que pretendo imenso voltar a Moçambique para fazer um grande concerto ao vivo com a minha banda. Tenho imensas saudades de Moçambique e deixei aí muitas boas amizades.
Gostarias de deixar alguma mensagem aos teus fãs moçambicanos?
A todos os meus fãs moçambicanos e a todo o povo de Moçambique, quero agradecer pela forma como, ao longo destes anos, me têm apoiado, incentivado e dado o vosso carinho e amor. Amo esse povo e essa cultura. Quero dizer-vos que vou continuar a dar-vos boa música, com todo o meu respeito e carinho. Obrigado a todos vocês! Ah, e quando voltar a Moçambique, irei gravar mais um ou dois videoclipes nesse magnífico país.
Lusophone music has the unique ability to cross borders and unite the PALOP through language and culture. How do you see this connection, and how does it help your music reach so many countries, as it does?
Yes, it’s absolutely true. I think this connection is extremely important and definitely helps to take my music to the four corners of the world. In fact, I’ll give a small example: on YouTube, the second country that consumes my music the most is Timor-Leste, which, if I’m not mistaken, has around 1.4 million inhabitants and is located in Asia. For me, knowing that my music is listened to in around 180 countries is a huge source of pride. But I also make an appeal for even greater unity within our music
industry, because if there were more, we could go even further.
Your songs have a very distinct energy, whether for dancing or for evoking deeper emotions. When you are composing, do you think more about the impact the music will have on the audience, or do you let the melody and lyrics guide you without thinking about that?
In almost all my songs, I start by creating the chorus, because I believe it’s one of the most important parts – perhaps even the most important. To be honest, many times I don’t really think about the impact; that’s something my executive producer and manager, Ricardo Nóbrega, takes care of.
Many artists speak about the pressure of the music industry. Have you ever felt the need to reinvent yourself to keep up with changes in the market?
That’s a very interesting topic, because it really is an industry with a lot of pressure. But, to be honest, since the beginning, I have tried to reinvent myself every day. I love learning, producing new styles, creating new sounds, and blending styles in my productions and compositions.
What has changed the most in the way you create music from the start of your career until now? Is there something you used to do that no
longer makes sense to you today? Things always change, because the more experience and maturity we gain, the more we strive to evolve – without ever losing our musical identity.
Kizomba has gone through various phases and evolutions over the years. Do you think there’s still room for innovation within the genre, or has it already reached its peak?
I think that as long as there is imagination, there will always be something new to innovate or new styles to fuse with. However, innovation isn’t always beneficial to the genre. But we must always respect the basic rules of the style.
Many know your hit songs, but is there a particular track that you consider special and feel hasn’t yet received the attention it deserves?
For me, all my songs are special. I always say that the most special song I have is Tá-me Esperare. But, to answer your question, sometimes we create songs to address important topics that we believe deserve attention, but they don’t always get the recognition we hope for. I would highlight a song of mine called Ninocolocolo, which talks about bullying. It’s part of my second album, Memórias, and perhaps it didn’t receive the attention it deserved.
We know many songs are born from
personal stories. Have you ever released a song you later regretted sharing because it was too intimate? Many of my songs are based on personal stories – either mine or other people’s. But I have never regretted any song for being too intimate.
Is there any unexpected musical style you would like to experiment with – something your fans would never imagine hearing from you?
Yes, there are plenty of styles. In fact, those who know me know that I am quite versatile. If you came to the studio with me one day, you would hear lots of different music styles – ideas that were created but never released.
Fotografia: Cortesia de Ekarga
The new generation of artists is bringing new influences to Lusophone music. If you had to choose a young talent to mentor in the industry, who would it be and why?
It’s hard to single out just one young talent, because at the moment there are dozens, if not hundreds, of young people with immense talent in the Lusophone music scene. That gives me great joy to see, because it is this new generation of artists who will continue to take and elevate Lusophone music across the world.
And in Mozambique, is there any name that has caught your attention or someone you would like to collaborate with?
Mozambique has a huge cultural treasure and many high-quality artists with whom I would have no problem collaborating one day. It would be unfair to mention only a few, as there are so many Mozambican artists whose work I admire.
It has been years since you performed in Mozambique. Can we expect a new concert soon?
I checked the date of the last time I was in Mozambique, and it was on 5 March 2016 – nine years ago now. Over the years, there have been several invitations, but they never came to fruition. But yes, you can definitely expect that I am very keen to return to Mozambique to perform a big live concert with my band. I miss Mozambique dearly and have many good friends there.
Would you like to leave a message for your Mozambican fans?
To all my Mozambican fans and to the people of Mozambique, I want to say thank you for the way you have supported me, encouraged me, and shown me your affection and love over the years. I love this people and this culture. I want you to know that I will continue to bring you good music, with all my respect and affection. Thank you all! Oh, and when I return to Mozambique, I intend to shoot one or two new music videos in that magnificent country.
Uma voz que une os PALOP e conquista o mundo
A voice uniting the PALOP countries and conquering the world
4
44 Millennium bim
Torneio Mini Basquete mobiliza 1.400 crianças
Mini Basketball Tournament mobilises 1.400 children
52 Expo Osaka 2025
Uma celebração do futuro colectivo
A celebration of our collective future
70 Bambuh
Onde a sustentabilidade ganha forma
Where sustainability takes shape
As 30 mulheres mais influentes na comunicação em Moçambique 2025
The 30 most influential women in communications in Mozambique 2025
86 Triland
Um impulso renovado ao turismo regional
A renewed boost for regional tourism
94 Money Savvy
Dicas financeiras para uma vida melhor
Financial tips for a better life
110 cinema 35mm
Iwájú – Cidade do amanhã
Iwájú – City of tomorrow
Como o empreendedorismo feminino transforma Moçambique
How female entrepreneurship is transforming Mozambique
“Chá de Conexões”, no BCI
A mulher na indústria extractiva Women in the extractive industry
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Abril é regularmente celebrado como o mês da mulher moçambicana, razão pela qual lhe atribuímos aqui o lugar de honra, destacando a força, visão e sensibilidade com que contribui para a sociedade.
Neste número marcado pelo feminino, damos voz à Associação Mulher Esperança, que se ergue com coragem para enfrentar um dos temas mais urgentes e negligenciados: a saúde feminina. Um movimento de mulheres para mulheres, em busca de uma nova perspectiva de vida. Falamos também do papel da mulher no mercado de trabalho — progressos, entraves e possibilidades num horizonte de mudança. E apresentamos a história inspiradora da Bambuh, onde Silsa Loforte nos prova que a sustentabilidade pode vestir-se com elegância e consciência. Damos ainda destaque ao lançamento do livro Mulheres em Acção, uma obra nascida de um sonho — literalmente — e que une empreendedoras na vontade de transformar o país.
No turismo, olhamos para fora e para dentro: Moçambique está na Expo Osaka 2025 com uma aposta em educação e tecnologia, enquanto Maputo acolhe a Triland, reforçando laços regionais por um turismo mais coeso e sustentável.
Como sempre, há muito por descobrir. As páginas que se seguem guardam encontros inesperados, talentos que se têm revelado e ideias que merecem ser partilhadas.
Votos de uma excelente leitura.
April is regularly celebrated as the month of the Mozambican woman, which is why we are giving her the place of honour here, highlighting the strength, vision, and sensitivity with which she contributes to society.
In this issue, marked by the feminine, we give voice to the Mulher Esperança Association, which rises with courage to face one of the most urgent and neglected issues: women's health. A movement of women for women, in search of a new perspective on life. We also discuss the role of women in the labour market — progress, obstacles, and possibilities on the horizon of change. And we present the inspiring story of Bambuh, where Silsa Loforte shows us that sustainability can be clothed with elegance and consciousness. We also highlight the launch of the book Women in Action, a work born from a dream — literally — and which brings together entrepreneurs with the will to transform the country.
In tourism, we look both outward and inward: Mozambique will be at Expo Osaka 2025 with a focus on education and technology, while Maputo hosts Triland, strengthening regional ties for a more cohesive and sustainable tourism sector.
As always, there is much to discover. The following pages hold unexpected encounters, emerging talents, and ideas that deserve to be shared.
Wishing you an excellent read.
Nuno Soares Director
Na noite de 17 de Abril, a sede do Banco Comercial e de Investimentos (BCI) acolheu a cerimónia de distinção das 30 Mulheres Mais Influentes na Comunicação em Moçambique – 2025. A iniciativa, promovida pela COMARP – Comunicação, Marketing e Relações Públicas –, procurou reconhecer profissionais que, com trabalho contínuo e impacto visível, têm vindo a marcar presença no sector da comunicação, seja através do jornalismo, marketing, relações públicas ou da comunicação institucional.
Antes do acto solene, teve lugar um workshop sob o lema “Mulheres, Construindo Autoridade e Influência no Sector da Comunicação e Marketing”. Num ambiente participativo e enriquecedor, o público – composto maioritariamente por profissionais e estudantes da área – envolveu-se activamente nas discussões e trocas de ideias com as oradoras convidadas.
Entre os destaques do painel estiveram Lizete Mangueleze, reconhecida pelo seu trabalho pioneiro em personal branding nos PALOP, comunicação estratégica e antropologia aplicada; Stélia Neta, directora de Comunicação e Relações Institucionais da EDM, que trouxe a perspectiva da comunicação corporativa em grandes instituições públicas; Kátia Massarongo-Nguelume, com larga experiência em desenvolvi -
mento de negócios e vendas nos segmentos B2B e B2C; e Alima Sauji, estratega em comunicação e engajamento, que orientou a conversa com profundidade e sensibilidade, apoiada também no seu trabalho como criadora do podcast Para Elas.
Neste espaço de diálogo, falou-se de como as mulheres estão a conquistar novos territórios, a afirmar autoridade com autenticidade e a influenciar o sector com uma abordagem cada vez mais consciente, estratégica e orientada para resultados.
O ponto alto da noite foi o momento em que as 30 mulheres homenageadas subiram ao palco. Foi um verdadeiro desfile de fazedoras – profissionais que têm moldado o presente e o futuro da comunicação em Moçambique, cada uma com o seu estilo, percurso e contributo. A diversidade de experiên -
cias espelhou a vitalidade do sector e o lugar crescente da mulher como protagonista nos processos de comunicação e transformação social.
Para além das distinções principais, a COMARP atribuiu ainda três distinções de honra, reconhecendo contributos particularmente relevantes para o fortalecimento do sector. Receberam esta homenagem especial Ana Zara Fateally, Açucena Paul e Lizete Mangueleze, destacadas pelo seu empenho continuado na promoção da excelência, da inovação e da representatividade na comunicação em Moçambique.
A cerimónia reafirmou a importância de se criarem espaços de reconhecimento e partilha no sector, sublinhando a necessidade de se continuar a abrir caminho para uma comunicação mais inclusiva, estratégica e comprometida com os desafios do país.
A iniciativa promovida pela COMARP procurou reconhecer profissionais que têm vindo a marcar presença no sector da comunicação com trabalho contínuo e impacto visível.
The ceremony reaffirmed the importance of continuing to pave the way for communication that is more inclusive, strategic, and committed to addressing the country’s challenges.
On the evening of 17 April, the headquarters of Banco Comercial e de Investimentos (BCI) hosted the awards ceremony recognising the 30 Most Influential Women in Communication in Mozambique – 2025. The initiative, organised by COMARP – Communication, Marketing and Public Relations – aimed to honour professionals who, through consistent work and visible impact, have made their mark across the communication sector, whether through journalism, marketing, public relations, or institutional communications.
Prior to the formal awards ceremony, a workshop was held under the theme “Women: Building Authority and Influence in Communication and Marketing.”
In a lively and enriching atmosphere, the audience — composed largely of professionals and students from the field — engaged actively in discussions and exchanges of ideas with the guest speakers.
Among the panel highlights were Lizete Mangueleze, celebrated for her pioneering work in personal branding across the Portuguese-speaking African countries (PALOP), strategic communication, and applied anthropology; Stélia Neta, Director of Communication and Institutional Relations at EDM, who brought insights from corporate communications within major public institutions; Kátia Massarongo-Nguelume,
with extensive experience in business development and sales across both B2B and B2C sectors; and Alima Sauji, a strategist in communication and engagement, who guided the conversation with depth and sensitivity, drawing on her work as creator of the Para Elas podcast.
The dialogue focused on how women are claiming new spaces, asserting authority with authenticity, and influencing the sector with an increasingly conscious, strategic, and results-driven approach.
The highlight of the evening came when the 30 honoured women took to the stage — a true showcase of changemakers who have been shaping the present and future of communication in Mozambique, each with her own style, journey, and contribution. The diversity of experience reflected the vibrancy of the
sector and the growing role of women as leading figures in communication and social transformation processes.
In addition to the main recognitions, COMARP also presented three honorary awards, acknowledging particularly significant contributions to strengthening the sector. Special tribute was paid to Ana Zara Fateally, Açucena Paul, and Lizete Mangueleze for their sustained commitment to promoting excellence, innovation, and greater representation in Mozambique’s communication landscape.
The ceremony reaffirmed the importance of creating spaces for recognition and knowledge-sharing within the sector, highlighting the need to continue paving the way for communication that is more inclusive, strategic, and attuned to the country’s challenges.
Há histórias mais caricatas do que outras, e há projectos cuja origem merece ser contada. O lançamento do livro Mulheres em Acção: Elas Empreendem e Transformam Moçambique é um bom exemplo. Uma manhã, Patrícia Vasco enviou um áudio a Eliana Silva a contar que tinha sonhado com ela e que achava que iam fazer algo grandioso juntas; no dia seguinte, a segunda respondeu-lhe com a solução: “Tenho uma ideia, e tu és a pessoa perfeita para a implementar comigo”. Na prática, nenhuma das duas sabia onde se estava a meter.
Foi mais ou menos assim que Eliana Silva apresentou a Patrícia Vasco aquilo que daria corpo, um ano depois, ao livro Mulheres em Acção: Elas Empreendem e Transformam Moçambique, uma colectânea de 19 entrevistas a mulheres empreendedoras, dos mais diversos sectores e de várias províncias moçambicanas. Na prática,
os 11.990km que distanciam as duas amigas (ambas empreendedoras) não foram entraves para que, meses depois de ter falado sobre o projecto, tivessem o conteúdo feito e todas as outras empreendedoras fotografadas e animadas com a iniciativa. “Foi um processo bastante orgânico, e divertido até. Eu e a Patrícia já nos cruzámos noutros contextos, completamente diferentes, e aquela mensagem foi o empurrão de que precisava para
colocar esta ideia em prática. Nos últimos anos, relemos e ouvimos, em vários espaços, que há falta de narrativas africanas, especialmente sobre mulheres e escritas por mulheres. Então, por que não colocar mãos à obra?”, partilha Eliana Silva, que neste projecto assumiu o papel de escriba.
“Eu sou empreendedora há muitos anos. Já fiz e criei de tudo e sei o quão solitário é todo este processo: empreender é um salto de coragem. Um acto de fé. Como uma gestação, é espera, sonho, expectativa, futuro. E estes últimos meses foi o que andámos a fazer: a gerar um sonho”, comenta a produtora, Patrícia Vasco.
Desde o início que o objectivo de ambas era criar mais do que uma peça cultural. Nas suas palavras, nutridas de entusiasmo, vê-se que queriam criar um movimento. A sinergia entre as duas é notória: de um lado, a ponderação e a segurança de Patrícia, e, do outro, a ousadia (quase desmedida) de Eliana. “O empreendedorismo sempre fez parte das realidades das duas. E quisemos mostrar todos esses momentos: as gargalhadas de felicidade de um novo cliente, a ansiedade dos ordenados para pagar e o nervosismo de um novo pitch”, conta Patrícia.
“Eu digo, sem rodeios, que adoro dinheiro. Mesmo. E se há coisa na qual eu tenho muito orgulho, é que as minhas palavras consigam fa-
zer com que estas 19 empreendedoras consigam ganhar mais dinheiro, gerar mais renda para si e para os seus empregados e contribuir para um Moçambique mais forte e mais rico. Tanto eu como a Patrícia crescemos sob o conceito da mulher guerreira que resolve e próspera, muitas vezes sem o devido reconhecimento. Este livro, espero, é só o início. Queremos voltar a fazer 19 capítulos, mas com outras personagens, para que, a cada 5 anos, estejamos a citar Shaazia Adam em vez de Coco Chanel, ou Tamara Bhatt em vez de Óscar Niemeyer”, escreve Eliana.
Esta desenvoltura, misturada à vaidade e vontade de criar coisas bonitas e com impacto, levou a um processo incansável para angariar dinheiro para a publicação do livro. Depois de baterem a centenas de portas, o projecto teve o patrocínio do Nedbank Moçambique, da Ipanema Moçambique, da Pertence, e contou com um certo número de negócios que se juntaram, inclusivé para um evento de angariação de fundos que aconteceu durante o mês de Abril, no Sukri Café, em Maputo, onde todas as empreendedoras deram a sua contribuição, com os seus bens ou serviços.
“Quisemos construir algo que não fosse para nós: que fosse do mundo. Que este livro traga mais beleza e mais renda a cada uma destas mulheres. Ele não é nosso, é do mundo”, afirmam as promotoras, quase em uníssono.
Some stories are more unusual than others, and some projects have an origin story worth telling. The launch of the book Women in Action: They Undertake and Transform Mozambique is a good example. One morning, Patrícia Vasco sent a voice message to Eliana Silva saying she had dreamt about her and believed they were destined to do something grand together; the next day, Eliana replied with the solution: “I have an idea, and you are the perfect person to bring it to life with me.” In truth, neither of them really knew what they were getting into.
It was more or less like that when Eliana Silva introduced to Patrícia Vasco what would, a year later, take shape as the book Women in Action: They Undertake and Transform Mozambique — a collection of 19 interviews with female entrepreneurs from various sectors and different provinces across Mozambique. In practice, the 11,990 kilometres that separated the two friends (both entrepreneurs themselves) did not hinder the project; just months after discussing the idea, they had the content ready, and all the other entrepreneurs
had been photographed and were enthusiastic about the initiative.
“It was quite an organic and even fun process. Patrícia and I had crossed paths in completely different contexts before, and that message was the push I needed to put this idea into action. In recent years, we’ve read and heard in many forums that there is a lack
of African narratives, especially about women and written by women. So, why not get to work?” shares Eliana Silva, who took on the role of writer for this project.
“I have been an entrepreneur for many years. I’ve created all sorts of things, and I know how lonely this whole process can be: entrepreneurship is an act of courage. A leap of faith. Like a pregnancy, it is waiting, dreaming, hoping, and envisioning the future. And over these last months, that’s exactly what we have been doing: nurturing a dream,” comments the producer, Patrícia Vasco.
From the very beginning, their aim was to create more than just a cultural piece. In their words, filled with enthusiasm, it is clear they wanted to spark a movement. The synergy between them is evident: on one side, Patrícia’s thoughtfulness and steadiness; on the other, Eliana’s almost boundless boldness. “Entrepreneurship has always been part of both our realities. And we wanted to show all those moments: the laughter at gaining a new client, the anxiety of making payroll, and the nerves of preparing for a new pitch,” says Patrícia.
“I say it without hesitation: I love money. Truly. And if there is something I am very proud of, it’s that my words might help these 19 entrepreneurs earn more, generate more income for themselves and their employees, and contribute to a stronger, wealthier Mozambique. Both Patrícia and I grew up with the concept of the warrior woman who overcomes and prospers, often
without due recognition. This book, I hope, is just the beginning. We want to create another 19 chapters, with new characters, so that in five years’ time we’ll be quoting Shaazia Adam instead of Coco Chanel, or Tamara Bhatt instead of Oscar Niemeyer,” writes Eliana.
This drive, combined with vanity and a desire to create beautiful, impactful things, led to an unrelenting process to raise funds for the book’s publication. After knocking on hundreds of doors, the project received sponsorship from Nedbank Mozambique, Ipanema Mozambique, and Pertence, and also benefitted from the support of various businesses, including a fundraising event held in April at Sukri Café in Maputo, where all the entrepreneurs contributed with their goods or services.
“We wanted to build something that was not for us: something for the world. We hope this book brings more beauty and more income to each of these women. It doesn’t belong to us; it belongs to the world,” affirm the promoters, almost in unison.
O “Chá de Conexões”, uma iniciativa da parceria
BCI-New Faces New Voices visando proporcionar uma tarde de ligações e empoderamento, inseriu-se nas celebrações do Mês da Mulher em Moçambique.
Francisco Costa, Presidente da Comissão Executiva do BCI, reiterou o compromisso do Banco com a inclusão da mulher na esfera empresarial e anunciou o lançamento de iniciativas focadas no empoderamento feminino.
Oevento “Chá de Conexões” — uma iniciativa promovida numa parceria entre o BCI e a New Faces New Voices (NFNV), inserida nas celebrações do Mês da Mulher, decorreu na Terça-feira, 15 de Abril, no auditório do BCI, em Maputo. O encontro contou com um painel dedicado ao tema “Mulheres na indústria extractiva: Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade”, que teve como oradoras Ludovina Bernardo, Presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos; Fáusia Gonçalves, empresária no ramo dos transportes; e Natália Camba, do Instituto Nacional de Petróleos.
Em notas de boas-vindas, o Presidente da Comissão Executiva (PCE) do BCI, Francisco Costa, manifestou o desejo de que o evento proporcionasse uma tarde de conexões e empoderamento, sublinhando “o papel imprescindível da mulher na sociedade ao longo da história”. Num outro momento, Francisco Costa instou as presentes a aproveitarem a ocasião “para que ela possa repetir-se, e realmente agregue valor. Que todas, em conjunto, possam contribuir de forma cada vez mais marcante para a construção de um Moçambique melhor — uma sociedade mais inclusiva, mais sustentável. E mesmo todas as que aqui estão não são suficientes. Precisamos de todas as que vierem”. Mais adiante, o PCE do BCI reiterou o compromisso do Banco com a inclusão da mulher na esfera empresarial e anunciou, em parceria com a New Faces New Voices, o lançamento de iniciativas focadas no empoderamento feminino, através da criação de competências, bem como de produtos e serviços direccionados para as mulheres.
A representante da New Faces New Voices,
Glayds Gande, destacou, por seu turno, a força e a determinação das mulheres moçambicanas em "fazer acontecer", especialmente em sectores exigentes como a indústria extractiva. Reconheceu que a presença feminina naquele sector representa resiliência, inovação e liderança silenciosa. Segundo Glayds Gande, “a NFNV acredita que a verdadeira transformação económica só será possível com a inclusão financeira das mulheres, e, por isso, actua em três pilares fundamentais”: acesso a serviços financeiros e capital, em parceria com o BCI; acesso a redes de influência, para que as vozes femininas sejam ouvidas nos espaços de decisão; assim como formação e capacitação, para preparar as mulheres a assumirem posições de liderança. Reforçou, ainda, o compromisso da NFNV em continuar a trabalhar por uma economia mais inclusiva e liderada por mulheres capacitadas e influentes.
“A New Faces New Voices acredita que a verdadeira transformação económica só será possível com a inclusão financeira das mulheres”
The "Chá de Conexões" event — an initiative organised through a partnership between BCI and New Faces New Voices (NFNV) as part of Women's Month celebrations — took place on Tuesday, 15 April, at the BCI auditorium in Maputo. The gathering featured a panel discussion on the theme "Women in the Extractive Industry: Entrepreneurship, Innovation and Sustainability", with speakers including Ludovina Bernardo, Chairperson of the Board at Em -
presa Nacional de Hidrocarbonetos; Fáusia Gonçalves, an entrepreneur in the transport sector; and Natália Camba, representing the Instituto Nacional de Petróleos. In his welcome remarks, BCI’s CEO, Francisco Costa, expressed his hope that the event would offer an afternoon of connections and empowerment, emphasising "the indispensable role of women throughout history". He encouraged attendees to make the most of the opportunity, stating: "Let this event be the first of many and tru -
ly add value. May all of you together contribute ever more meaningfully towards building a better Mozambique — a more inclusive and sustainable society. And even all those present here are not enough. We need every woman who is yet to come."
Mr Costa further reiterated the Bank’s commitment to promoting women's inclusion in the business sphere, announcing the launch of new initiatives in collaboration with NFNV. These initiatives will focus on empowering women through skills development as well as providing tailored products and services.
Speaking on behalf of New Faces New Voices, Glayds Gande highlighted the strength and determination of Mozambican wom -
en in "making things happen", particularly in demanding sectors such as the extractive industry. She acknowledged that the presence of women in this sector embodies resilience, innovation, and a quiet leadership. According to Ms Gande, "NFNV believes that true economic transformation can only be achieved through the financial inclusion of women. Therefore, we work across three key pillars: facilitating access to financial services and capital, in partnership with BCI; creating access to influential networks, ensuring women’s voices are heard in decision-making spaces; and offering training and capacity building to prepare women for leadership roles." She reaffirmed NFNV’s commitment to fostering a more inclusive, women-led economy.
A 17.ª Edição do Torneio Mini Basquete envolveu 1.400 crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 11 anos.
A17.ª Edição do Torneio Mini Basquete, promovido pelo Millennium bim, arrancou a 5 de Abril e abrangeu as cidades de Maputo, Matola, Xai-Xai, Inhambane, Nacala, Nampula, Chimoio, Beira, Lichinga, Quelimane, Pemba e Tete, reunindo cerca de 1.400 crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 11 anos.
Mantendo a sua tradição, o torneio continua a incentivar a prática desportiva e a promover o bem-estar das futuras gerações, proporcionando um ambiente de competição saudável e de formação integral para os participantes.
Para além dos jogos de basquetebol, a iniciativa conta com actividades lúdicas e educativas, incluindo
palestras sobre saúde oral, segurança rodoviária, expressão plástica, entre outras, garantindo uma experiência enriquecedora para todas as crianças envolvidas.
O Presidente do Conselho de Administração do Millennium bim, Moisés Jorge, destaca a importância deste torneio: “O Mini Basquete tem sido uma verdadeira plataforma de transformação para milhares de crianças em todo o país. Mais do que uma competição, é uma oportunidade para fomentar hábitos saudáveis, incentivar a prática do desporto a nível nacional e reforçar valores como a empatia, a solidariedade e o espírito de equipa. Orgulhamo-nos de, ao longo destes 17 anos, contribuir para a formação de cidadãos responsáveis e para o futuro do desporto moçambicano”.
Desde a sua criação, o Torneio Mini Basquete conta com o apoio da Federação Moçambicana de Basquetebol, do Comité Moçambicano de Mini Basquete e da Impar/ Fidelidade, numa iniciativa que já beneficiou cerca de 20.550 crianças, consolidando-se como uma referência na formação desportiva em Moçambique.
Esta iniciativa insere-se no programa de Responsabilidade Social “Mais Moçambique pra Mim”, que tem vindo a implementar diversas acções nas áreas social, cultural, desportiva, ambiental e educativa, sempre com o objectivo de promover o bem-estar dos moçambicanos, com especial atenção às camadas infantil e juvenil.
Para além dos jogos de basquetebol, esta iniciativa inclui outras actividades lúdicas e educativas, garantindo às crianças envolvidas uma experiência enriquecedora
O torneio Mini Basquete do Millennium bim proporciona um ambiente de competição saudável e deformação integral para os participantes.
The 17th edition of the Mini Basketball Tournament, organised by Millennium bim, kicked off on 5 April, taking place across the cities of Maputo, Matola, Xai-Xai, Inhambane, Nacala, Nampula, Chimoio, Beira, Lichinga, Quelimane, Pemba, and Tete. The event has brought together around 1,400 children aged between 8 and 11.
Remaining true to its tradition, the tournament continues to encourage sports participation and promote the wellbeing of future generations, offering a healthy competitive environment and a comprehensive developmental experience for all participants.
In addition to basketball matches, the initiative also features recreational and educational activities, including workshops on oral health, road safety, and visual arts, among others, ensuring an enriching experience for every child involved.
Moisés Jorge, Chairman of the Board at Millennium bim, emphasised the tournament’s significance: “Mini Basketball has
been a true platform for transformation for thousands of children across the country. More than just a competition, it is an opportunity to foster healthy habits, encourage sports participation nationwide, and strengthen values such as empathy, solidarity, and teamwork. We are proud that over the past 17 years, we have contributed to shaping responsible citizens and to the future of Mozambican sport.” Since its inception, the Mini Basketball Tournament has been supported by the Mozambican Basketball Federation, the Mozambican Mini Basketball Committee, and Impar/Fidelidade. The initiative has so far benefited around 20,550 children, establishing itself as a benchmark for sports development in Mozambique.
This project is part of the "Mais Moçambique pra Mim" Social Responsibility Programme, which has been implementing various initiatives across the social, cultural, sporting, environmental, and educational spheres, always aiming to promote the wellbeing of Mozambicans, with a special focus on children and young people.
Foi com uma cerimónia repleta de emoção e recursos tecnológicos de vanguarda que se inaugurou, no passado dia 12 de Abril, a aguardada exposição universal Osaka 2025, evento que decorrerá ao longo de 184 dias, estimando-se que venha a acolher cerca de 28,2 milhões de visitantes de todo o mundo.
Com o tema “Projectando a Sociedade do Futuro para as Nossas Vidas”, a exposição propõe-se a ser um fórum global de ideias, soluções e iniciativas em torno dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. A cerimónia de abertura decorreu no icónico pavilhão Shining Hat e contou com a presença de ilustres figuras do panorama internacional, entre as quais se destacam o Imperador Naruhito, a Imperatriz Masako, o Primeiro-Ministro japonês Shigeru Ishiba, bem como delegações de 158 países participantes.
Neste momento marcado por crescentes tensões e divisões, Ishiba inaugurou o evento sublinhando a necessidade urgente de se restaurarem os laços de solidariedade global: “O mundo enfrenta crises de divisão. Espero que esta Expo reconecte o mundo através da interacção entre países e visitantes”, declarou. E o elo entre o passado e o futuro que se pretende está simbolizado num espaço com 700 árvores transplantadas da Expo de 1970, também realizada em Osaka. Tal
espaço, denominado “Floresta da Tranquilidade”, é um dos pontos altos do evento.
A participação de Moçambique: Um futuro moldado pela inteligência e pelo engenho Entre os países presentes nesta grandiosa plataforma internacional, está Moçambique, com um pavilhão vibrante e cheio de propósito. Com foco no subtema “Emponderando Vidas: Educação e Trabalho utilizando a Inteligência Artificial e Robótica”, o país posiciona-se como um protagonista emergente na agenda global da inovação, da educação e do desenvolvimento sustentável.
A participação moçambicana, coordenada pelo Comissariado Geral de Moçambique para a Expo 2025 (COGEMO), resulta de um convite oficial do Governo do Japão, e traduz-se num esforço colectivo para projectar a imagem de uma nação dinâmica, criativa e visionária. Durante seis meses, o pavilhão nacional exibirá a diversidade e a riqueza de um país abençoado com terras férteis, abundantes recursos naturais, vasto potencial agrícola, reservas
pesqueiras, capacidade energética e uma herança cultural vibrante. Haverá ainda espaço para promover o turismo nacional, as práticas sustentáveis e o talento dos seus empreendedores. A Revista Xonguila associa-se a esta presença, estando representada no pavilhão de Moçambique, onde os visitantes poderão consultar algumas edições da publicação através de tablets interactivos estrategicamente posicionados.
Moçambique está empenhado em envolver amplamente a sociedade civil na preparação para o evento. Estão em curso campanhas de mobilização nas províncias com o objectivo de garantir que universidades, centros de investigação, instituições públicas e privadas e demais sectores participem activamente na construção de uma presença nacional robusta e representativa.
A Expo Osaka 2025 surge, assim, como uma oportunidade ímpar para Moçambique se afirmar como um destino turístico e cultural de excelência, assim como um centro emergente de inovação e desenvolvimento humano.
A Expo Osaka 2025 decorrerá ao longo de 184 dias, estimando-se que venha a acolher cerca de 28,2 milhões de visitantes de todo o mundo.
It was with a ceremony full of emotion and cutting-edge technology that the long-awaited Expo Osaka 2025 was inaugurated on 12 April. The event will run for 184 days and is expected to welcome around 28.2 million visitors from all over the world.
Under the theme "Designing Future Society for Our Lives", the exposition aims to serve as a global forum for ideas, solutions, and initiatives centred around the United Nations' Sustainable Development Goals. The opening ceremony took place at the iconic Shining Hat Pavilion and was attended by distinguished figures from the international stage, including Emperor Naruhito, Empress Masako, Japanese Prime Minister Shigeru Ishiba, and delegations from 158 participating countries.
In a moment marked by growing tensions and divisions, Ishiba opened the event by highlighting the urgent need to restore global solidarity: "The world is facing crises of division. I hope this Expo reconnects the world through interaction between countries and visitors," he declared. The link between the past and the future, which the Expo seeks to symbolise, is reflected in a space where 700 trees transplanted from the 1970 Expo, also held in Osaka, now
grow. This area, known as the "Forest of Tranquillity", is one of the event’s main highlights.
Mozambique’s Participation:
gence and Ingenuity
Among the nations present at this grand international platform is Mozambique, with a vibrant and purposeful pavilion. Focusing on the subtheme "Empowering Lives: Education and Work through Artificial Intelligence and Robotics", the country positions itself as an emerging player on the global stage of innovation, education, and sustainable development.
Mozambique’s participation, coordinated by the General Commission of Mozambique for Expo 2025 (COGEMO), follows an official invitation from the Government of Japan. It represents a collective effort to project the image of a dynamic, creative, and forward-thinking nation. Over the six months of the event, Mozambique’s pavilion will showcase the diversity and richness of a country blessed with fertile lands, abundant nat-
ural resources, vast agricultural potential, significant fishery reserves, energy capacity, and a vibrant cultural heritage. There will also be opportunities to promote national tourism, sustainable practices, and the talent of Mozambican entrepreneurs. Revista Xonguila is proud to be associated with Mozambique’s presence, with selected editions of the magazine available for visitors to browse via interactive tablets placed throughout the pavilion.
Mozambique is committed to involving civil society broadly in its preparations for the event. Mobilisation campaigns are underway across the provinces to ensure that universities, research centres, public and private institutions, and other sectors participate actively in building a strong and representative national presence.
Thus, Expo Osaka 2025 stands as a unique opportunity for Mozambique to establish itself as a premier tourist and cultural destination, as well as an emerging centre of innovation and human development.
Num país em que a arte luta por espaço e reconhecimento, Raquel Vedor tem vindo a traçar um percurso notável na valorização da criatividade moçambicana. De Maputo para o mundo, a curadora, artesã e empreendedora cultural tem sido uma das figuras mais activas na promoção da produção artística nacional, apostando numa abordagem integrada que funde tradição, inovação e sustentabilidade.
Àfrente da Galeria, espaço multicultural que acolhe exposições, performances e encontros criativos, Raquel tem assumido um papel de curadora empenhada em dar palco às diversas expressões da arte moçambicana.
“Foi-me lançado o desafio de trazer mais conteúdo cultural local, e aceitei com entusiasmo. Temos dinamizado o espaço com actividades que celebram a nossa identidade”, afirma.
Mas o seu compromisso com a cultura vai muito além da curadoria. O Atelier Dabanga, marca que existe há mais de uma década, tornou-se uma referência no design de joalharia artesanal em Moçambique. As criações da marca, feitas com materiais locais como madeira, cobre, tecidos e pedras naturais, combinam estética e consciência ambiental. “As nossas peças traduzem uma África elegante, com alma e respeito pelo meio
que nos rodeia”, diz Raquel, apontando a sustentabilidade como princípio essencial do seu processo criativo.
Outro projecto com forte impacto na cena cultural de Maputo é o Bazar na Noite, evento quinzenal que decorre ao fim da tarde de quinta-feira. Criado para unir artistas, instituições e pequenos empreendedores, o bazar tornou-se um espaço de descoberta e intercâmbio. “Que-
ríamos um ambiente onde todos pudessem mostrar o que se faz em Maputo — num só lugar, com música, poesia e partilha. É um movimento que queremos levar além da capital”, explica.
Raquel Vedor não trabalha isoladamente. A sua actividade tem sido marcada por colaborações com outros artistas e instituições, tanto em Moçambique como no estrangeiro. Já expôs ou representou o país em eventos em Paris, Portugal, África do Sul, Itália, Macau, Brasil, USA, México e Ilha da Reunião. “Estas representações são especiais. Carrego comigo as histórias da nossa arte e mostro ao mundo aquilo que somos capazes de criar.”
Apesar dos avanços, reconhece que o sector artístico nacional continua a enfrentar obstáculos. A falta de patrocínios, a escassa comunicação entre galerias e instituições culturais, e a pouca valorização dos artistas são desafios constantes. “É urgente trabalharmos em conjunto. O futuro das artes em Moçambique depende da colaboração entre os vários actores da cultura, do turismo e do empreendedorismo criativo.”
Sustentabilidade, inclusão e impacto comunitário são palavras-chave no universo de Raquel. A sua rotina intensa — que inclui curadoria, criação artística e gestão de pro-
jectos — é orientada pelo desejo de mostrar que é possível viver das artes em Moçambique. “Os projectos surgem-me em sonhos, em conversas, em desafios. Vivo para isto. É uma loucura, mas uma loucura bela.”
Fruto do seu envolvimento directo com jovens criadores, começa a ver os resultados do seu investimento. Muitos dos artistas com quem colabora ganham visibilidade e autonomia, e há casos em que o apoio de Raquel tem sido determinante para a formação académica de novos talentos. “Quando vejo um jovem que ajudei a formar-se ou a lançar-se no mercado, sinto orgulho e uma luz de esperança em nosso futuro.”
Os próximos passos não estão fechados. Pelo contrário, multiplicam-se como ramos de uma árvore em constante crescimento. “Os meus sonhos vão nascendo das experiências que já tive. Eu sou Moçambique — e o meu legado será feito de cultura, arte e partilha.”
Na intersecção entre tradição e inovação, Raquel Vedor representa uma geração de fazedores culturais que não espera por oportunidades: cria-as. E é nessa capacidade de fazer acontecer, com autenticidade e visão, que reside o verdadeiro poder transformador da arte moçambicana.
In a country where art struggles for space and recognition, Raquel Vedor has been forging a remarkable path in championing Mozambican creativity. From Maputo to the world, the curator, artisan and cultural entrepreneur has become one of the most active figures in promoting the national artistic scene, adopting an integrated approach that blends tradition, innovation and sustainability.
At the helm of A Galeria—a multicultural space that hosts exhibitions, performances and creative encounters—Raquel has taken on the role of curator with a mission to spotlight the many facets of Mozambican art. “I was challenged to bring more local cultural content, and I accepted with enthusiasm. We’ve been energising the space with activities that celebrate our identity,” she says.
But her commitment to culture extends far beyond curating. Atelier Dabanga, a brand that has existed for over a decade, has become a reference point in handcrafted jewellery design in Mozambique. The brand’s creations—crafted using local materials such as wood, copper, fabrics and natural stones—combine aesthetics with environmental consciousness. “Our pieces reflect an elegant Africa, with
soul and respect for the world around us,” Raquel notes, highlighting sustainability as a core principle of her creative process.
Another initiative making a significant impact on Maputo’s cultural scene is Bazar na Noite, a fortnightly event held on Thursday evenings. Created to bring together artists, institutions and small-scale entrepreneurs, the bazaar has evolved into a vibrant hub of discovery and exchange. “We wanted a setting where everyone could showcase what’s being created in Maputo—all in one place, with music, poetry and sharing. It’s a movement we hope to take beyond the capital,” she explains.
Raquel Vedor does not work in isolation. Her efforts have been marked by collaborations with fellow artists and institutions, both within Mozambique and internationally. She has exhibited
or represented the country at events in Paris, Portugal, South Africa, Italy, Macau, Brazil, the USA, Mexico and Réunion Island. “These opportunities are special. I carry with me the stories of our art and show the world what we are capable of creating.”
Despite progress, she acknowledges that the national art sector still faces challenges. The lack of sponsorship, poor communication between galleries and cultural institutions, and the undervaluation of artists remain persistent issues. “It’s urgent that we work together. The future of the arts in Mozambique depends on collaboration between players in culture, tourism and creative entrepreneurship.”
Sustainability, inclusion and community impact are key concepts in Raquel’s world. Her intense schedule—balancing curatorial work, artistic creation and project
management—is driven by a belief that it is possible to make a living from the arts in Mozambique. “Projects come to me in dreams, in conversations, in challenges. I live for this. It’s madness—but a beautiful kind of madness.”
Through her direct involvement with young creators, Raquel is beginning to see the fruits of her investment.
Many of the artists she collaborates with are gaining visibility and independence, and in some cases, her support has been pivotal in enabling academic opportunities for emerging talent. “When I see a young person I helped to train or launch into the market, I feel pride and a flicker of hope for our future.”
Her next steps remain open-ended, branching out like a tree in constant growth. “My dreams are born from the experiences I’ve already had. I am Mozambique—and my legacy will be one of culture, art and sharing.”
At the intersection of tradition and innovation, Raquel Vedor embodies a generation of cultural makers who don’t wait for opportunities: they create them. And in that ability to make things happen—with authenticity and vision—lies the true transformative power of Mozambican art.
A participação da mulher no mercado de trabalho em Moçambique tem vindo a crescer,impulsionada por factores como a evolução de dinâmicas sociais, avanços na educação e políticas inclusivas.
O peso da mulher no mercado de trabalho tem vindo a crescer em Moçambique, impulsionado por diversos factores, tais como evolução de dinâmicas sociais, avanços na educação ou aumento de políticas inclusivas. No entanto, ainda persistem desafios significativos para uma maior equidade.
No presente artigo abordaremos esta temática analisando alguns prismas, nomeadamente as indústrias, o nível de experiência e as qualificações, e os seus impactos. O horizonte temporal de análise é de cinco anos (20202024), para um universo de profissionais cadastrados na plataforma emprego.co.mz.
Distribuição por Indústria
Analisando um universo de 40 categorias de profissões, constatou-se que as áreas tradicionalmente dominadas por homens continuam
a ter uma maior preponderância, reflectindo barreiras culturais e estruturais que limitam o acesso e progressão das mulheres. As categorias de Engenharia e Construção (7.657 cadastrados) e Tecnologias de Informação e Comunicação (7.156 cadastrados) têm um peso de 9% e 8%, respectivamente, no universo masculino, contrastando com o peso de 3% verificado nas mulheres cadastradas (1.250 e 1.177, respectivamente).
Experiência Profissional
A análise dos perfis de mulheres cadastradas na plataforma mostra uma maior concentração de profissionais em início de carreira, reflectindo uma tendência de crescimento da presença feminina no mercado. Analisando o peso do universo feminino em cada fase da carreira, se na fase Júnior (até 2 anos) o peso das mulheres é de 29% (10.872 cadastradas), ele reduz acentuadamente na fase Intermédia (2 a 5 anos), para 23% (10.737 cadastradas), acentuando-se ainda mais a tendência decrescente na fase Sénior (período superior a 5 anos), que atinge os 20% (4.869 cadastradas).
A maioria das mulheres cadastradas na plataforma emprego.co.mz que se candidataram a vagas formais possuem pelo menos o ensino médio ou superior. O superior excedeu largamente o ensino médio.
Nível de Educação
A taxa de inscrição feminina no ensino superior tem vindo a crescer em Moçambique, e os dados do emprego. co.mz mostram que a maioria das mulheres cadastradas a vagas formais possuem pelo menos o ensino médio ou superior. O ensino superior apresentou, no período em análise, 30.713 cadastradas (60%), superando largamente o ensino médio, com 13.025 cadastradas (25%).
Desafios e Oportunidades
Apesar do acentuar do peso da mulher no sector laboral, é importante referir que, à medida que o nível de experiência aumenta, observa-se uma redução na proporção de mulheres em cargos de
liderança e gestão, tornando patentes os desafios relacionados com a desigualdade salarial, acesso a cargos de liderança e segregação por indústria, que ainda persistem. O "glass ceiling", barreiras invisíveis que dificultam a ascensão profissional das mulheres, ainda constitui um obstáculo muito presente.
De salientar que a área de Gestão e Acessoria detém o maior peso (8,52%) no historial das publicações de vagas efectuadas na plataforma.
A implementação de estratégias voltadas para o incentivo à formação especializada em áreas onde a mulher tem pouca relevância quantitativa, programas de mentorias
e políticas de equidade são fundamentais para promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e equilibrado. Em suma, uma combinação entre medidas que tenham impacto social, cultural e de qualificação.
Os dados apresentados são reflexo de informações extraídas da plataforma emprego.co.mz e representam uma parte do mercado formal moçambicano. A evolução da presença feminina no mercado de trabalho depende do contínuo esforço na promoção da igualdade de oportunidades, criando condições para que mais mulheres possam ingressar, permanecer e crescer em todas as áreas da economia moçambicana.
Apesar do acentuar do peso da mulher no sector laboral, persistem desafios relacionados com desigualdade salarial, acesso a cargos de liderança e segregação por indústria.
The role of women in Mozambique’s labour market has been steadily increasing, driven by a range of factors including evolving social dynamics, advances in education, and the growth of inclusive policies. Nevertheless, significant challenges to achieving greater equity persist.
This article explores the topic through several lenses, namely industries, levels of experience, and qualifications, and examines their impacts. The analysis covers a five-year period (2020–2024), based on a sample of professionals registered on the platform emprego.co.mz.
Across a sample of 40 professional categories, traditionally male-dominated sectors continue to show greater representation, reflecting cultural and structural barriers that limit women’s access and career progression. The fields of Engineering and Construction (7,657 registrants) and Information and Communication Technologies (7,156 registrants) account for 9% and 8%, respectively, of the male workforce, compared to just 3% among female registrants (1,250 and 1,177, respectively).
An analysis of female profiles registered on the platform reveals a higher concentration of women at the early stages of their careers, indicating a growing trend of female participation in the workforce. When examining the female proportion at different career stages, women represent 29% (10,872 registrants) at the Junior level (up to two years’ experience), but this share drops sharply to 23% (10,737 registrants) at the Intermediate level (two to five years’ experience), and declines further to 20% (4,869 registrants) at the Senior level (more than five years’ experience).
Women’s enrolment in higher education has been rising in Mozambique, and data from emprego.co.mz show that most women registered for formal job vacancies possess at least a secondary or tertiary education qualification.
Over the period analysed, 60% (30,713 registrants) held a higher education qualification, significantly surpassing the 25% (13,025 registrants) with a secondary school education.
Despite the growing presence of women in the labour market, it is notable that as experience levels rise, the proportion of women occupying leadership and management positions diminishes, highlighting ongoing challenges related to wage inequality, access to leadership roles, and industry-based segregation. The 'glass ceiling'—the invisible barriers that hinder women's professional advancement—remains a significant obstacle.
It is worth noting that the Management and Consultancy sector accounts for the highest share (8.52%) of job postings historically on the platform.
Implementing strategies to encourage specialised training in sectors where women are underrepresented, mentorship programmes, and equity policies will be crucial for fostering a more inclusive and balanced workplace environment. Ultimately, a combi-
nation of initiatives targeting social, cultural, and educational improvements will be essential.
The data presented are drawn from the emprego.co.mz platform and reflect a segment of Mozambique’s formal la-
bour market. The continued growth of women’s participation in the workforce will depend on sustained efforts to promote equal opportunities, ensuring that more women can enter, remain, and thrive across all sectors of the Mozambican economy.
A Bambuh é um testemunho da criatividade moçambicana com uma missão: transformar hábitos e inspirar escolhas mais conscientes.
Num mundo cada vez mais consciente do impacto ambiental das escolhas do quotidiano, a marca moçambicana Bambuh destaca-se como uma resposta criativa e sustentável. Fundada por Silsa Loforte, funde consciência ecológica, design apelativo e qualidade, representando um convite a repensar os nossos hábitos de consumo com responsabilidade e estilo.
O nome "Bambuh", explica a fundadora, nasceu naturalmente. “Foi escolhido por ser inspirado num dos principais materiais que usamos — o bambu. É um vegetal resistente e durável, e isso representa aquilo que somos enquanto marca”, afirma Silsa, com um brilho nos olhos de quem sabe o que quer. A proposta da marca assenta na utilização de matérias-primas amigas do ambiente, e os seus produtos, que vão desde óculos e relógios de madeira e bolsas de cortiça até palhinhas reutilizáveis, escovas de dentes e talhe-
res em madeira, têm conquistado um público cada vez mais consciente. “Trabalhamos essencialmente com bambu, madeira, cortiça e também algum couro. Queremos oferecer alternativas ecológicas ao plástico, que sejam biodegradáveis, duráveis e, ao mesmo tempo, esteticamente agradáveis”, sublinha a empreendedora.
Apesar de não ter formação académica em design ou sustentabilidade, Silsa Loforte é movida por um forte sentido cívico e ambiental. “Como boa cidadã, preocupo-me com o meio ambiente onde vivemos. A minha vontade de empreender já existia antes da Bambuh, mas foi quando comecei a interessar-me por sustentabilidade que senti a necessidade de criar algo que contribuísse para um mundo melhor.” Actualmente, o processo de produção ainda é feito fora do país, devido às limitações técnicas actuais, mas a ambição é clara: “Queremos, no futuro, produzir internamente, com a qualidade que exigimos. O
nosso sonho é ter produtos feitos em Moçambique, com selo de excelência.”
A Bambuh ainda não possui uma loja física, mas os produtos estão disponíveis através das redes sociais e em alguns pontos estratégicos, como a Duty Free do Aeroporto Internacional de Maputo, o Hotel Southern Sun, clínicas como a Oral Premium e a Clinic Aesthetic. Além disso, a presença regular em feiras e mercados locais reforça a proximidade com o público e permite uma divulgação orgânica da marca. “Anunciamos sempre no nosso Instagram quando estamos em eventos. É lá que os nossos seguidores se mantêm actualizados.”
A resposta do público tem sido francamente positiva. “Os nossos clientes voltam. Isso diz muito. A durabilidade dos produtos é uma das nossas maiores mais-valias”, afirma Silsa com orgulho. A clientela é diversificada, mas destaca-se um segmento jovem-adul-
to, urbano e preocupado com questões ambientais. “Temos também pessoas que procuram peças diferenciadas, com estilo e consciência.” Contudo, o percurso não tem sido isento de desafios. “O maior obstáculo é, sem dúvida, a consciencialização. Embora tenhamos notado progressos, a maioria da população ainda não dá a devida importância às questões ecológicas”, lamenta a empreendedora, acrescentando que competir com produtos convencionais — mais baratos, mas menos sustentáveis — é uma batalha constante. “Os nossos custos de produção são naturalmente mais elevados, e isso reflecte-se no preço
final. Mas acredito que, com educação e persistência, podemos mudar mentalidades.”
Com os olhos postos no futuro, os planos são ambiciosos. “Queremos expandir-nos por todo o país e até além-fronteiras. Pretendemos diversificar a nossa linha de produtos e investir em plataformas de e-commerce para alcançar mais pessoas. Também temos interesse em parcerias com marcas e ONGs que partilhem dos nossos valores.”
Àqueles que desejam iniciar um negócio semelhante, Silsa deixa um conselho simples, mas poderoso: “Aposte em
algo de que realmente goste e abrace a causa. Comece pequeno, com paciência e persistência. Ofereça produtos que façam a diferença, tanto na vida das pessoas como no ambiente.”
A Bambuh é um testemunho da criatividade moçambicana posta ao serviço do planeta. Uma pequena empresa com uma grande missão: transformar hábitos e inspirar escolhas mais conscientes, um acessório de cada vez.
Para conhecer e adquirir os produtos da Bambuh, pode seguir a página de Instagram @ eco.amigavel.
“Trabalhamos essencialmente com bambu, madeira, cortiça e também algum couro. Queremos oferecer alternativas ecológicas ao plástico, que sejam biodegradáveis, duráveis e esteticamente agradáveis” – Silsa Loforte, empreendedora.
In a world increasingly aware of the environmental impact of daily choices, the Mozambican brand Bambuh stands out as a creative and sustainable response. Founded by Silsa Loforte, it blends environmental awareness, appealing design, and quality—offering an invitation to rethink our consumption habits with responsibility and style.
The name Bambuh, as the founder explains, came about naturally. “It was chosen because it’s inspired by one of the main materials we use— bamboo. It’s a strong and du-
rable plant, and that reflects who we are as a brand,” says Silsa, her eyes shining with the confidence of someone who knows what she wants. The brand is built around the use of environmentally friendly raw materials. Its products— from wooden sunglasses and watches, cork handbags and reusable straws to bamboo toothbrushes and cutlery—have won over a growing audience of conscious consumers. “We mainly work with bamboo, wood, cork, and some leather. We aim to offer eco-friendly alternatives to plastic that are biodegradable, durable, and visually appealing,” the entre-
preneur emphasises.
Though she has no academic background in design or sustainability, Silsa Loforte is driven by a strong civic and environmental sense. “As a responsible citizen, I care about the environment we live in. I had always wanted to start a business, but when I became interested in sustainability, I felt the need to create something that could contribute to a better world.” Currently, the production process still takes place outside the country due to technical limitations, but the ambition is clear: “In future, we want to manufacture locally, while maintaining
the quality we demand. Our dream is to have products made in Mozambique, bearing a mark of excellence.”
Bambuh does not yet have a physical shop, but its products are available via social media and at a few key locations, including the Duty Free at Maputo International Airport, the Southern Sun Hotel, and clinics such as Oral Premium and Clinic Aesthetic. The brand also maintains regular presence at fairs and local markets, strengthening its connection with the public and enabling organic brand growth. “We always announce our events on Instagram. That’s where our followers stay up to date.”
The response from the public has been overwhelmingly positive. “Our customers come back. That says a lot. Product durability is one of our biggest strengths,” Silsa says proudly. The clientele is diverse, with a strong presence of young, urban adults who are environmentally conscious. “We also have customers looking for distinctive pieces, with style and a conscience.” However, the journey hasn’t been without its challenges. “The biggest obstacle is, without doubt, awareness. While we’ve seen progress, most of the population still doesn’t give enough importance to environmental issues,” laments
the entrepreneur, adding that competing with conventional products—cheaper, but less sustainable—is an ongoing battle. “Our production costs are naturally higher, and that’s reflected in the final price. But I believe that with education and persistence, we can shift mindsets.”
Looking ahead, the plans are ambitious. “We want to expand across the country and beyond borders. We intend to diversify our product line and invest in e-commerce platforms to reach more people. We’re also interested in partnerships with brands and NGOs that share our values.”
To those thinking about starting a similar business, Silsa offers a simple but powerful piece of advice: “Invest in something you truly love and embrace the cause. Start small, with patience and persistence. Offer products that make a difference—both in people’s lives and for the planet.”
Bambuh is a testament to Mozambican creativity in service of the Earth. A small business with a big mission: to transform habits and inspire more conscious choices, one accessory at a time.
To explore and purchase Bambuh products, follow the Instagram page @eco. amigavel.
Por uma nova perspectiva de vida para as mulheres
Num país onde os desafios da saúde feminina continuam a ser uma realidade pouco visível e muitas vezes negligenciada, ergue-se com firmeza e sensibilidade uma nova força: a Associação Mulher Esperança (AME). Recém-formalizada, esta organização sem fins lucrativos nasce da união de mulheres moçambicanas provenientes de diversas áreas profissionais — mães, engenheiras, médicas, advogadas, contabilistas, economistas — todas elas movidas por uma causa comum: transformar a forma como as mulheres compreendem, enfrentam e superam os seus problemas de saúde.
Afundadora da AME, Paula Alves, é exemplo vivo da realidade que tantas mulheres enfrentam em silêncio.
Depois de ter sofrido profundamente com miomas uterinos, submetendo-se a três tratamentos de fertilização e quase perdendo o útero devido a hemorragias severas, encontrou uma solução através da embolização das artérias uterinas (UFE), realizada na África do Sul. Esta experiência transformadora salvou-lhe não apenas o útero, mas também a esperança de vida plena, levando-a a fundar a Associação Mulher Esperança com o objectivo de partilhar essa possibilidade com outras mulheres moçambicanas. Com determinação e empatia, Paula Alves decidiu canalizar a sua história pessoal para criar uma rede de apoio e informação, abrindo caminho para que outras mulheres não tivessem de
enfrentar sozinhas os mesmos desafios.
Sob o lema inspirador "Escolha viver e dar vida", a AME propõe-se a abrir caminhos de consciência e esperança, trazendo à luz questões muitas vezes silenciadas no universo feminino, como os miomas uterinos. Esta condição, que afecta inúmeras mulheres em Moçambique, é frequentemente encarada com receio ou desinformação, o que agrava o sofrimento físico e emocional de quem a vive. A missão da Associação passa por quebrar esse silêncio, oferecendo informação clara e acessível, fomentando o diálogo e a empatia entre mulheres.
Para alcançar esse propósito, a AME tem apostado fortemente em campanhas de sensibilização, utilizando diversos meios — desde palestras a redes
sociais — para chegar às comunidades e partilhar conhecimentos. Ao tocar o íntimo de cada mulher, procura mostrar-lhe que não está sozinha, promovendo o reconhecimento dos diferentes problemas que afectam a saúde feminina, a sua correcta classificação e a apresentação de opções terapêuticas eficazes, sempre que possível não invasivas.
A pensar na eficácia dos tratamentos e na qualidade dos cuidados prestados, a Associação estabeleceu parcerias com entidades que partilham a mesma visão humanizada da saúde. A colaboração com a Clínica Apex, na África do Sul, permite que as mulheres moçambicanas tenham acesso a procedimentos inovadores, como a Embolização das Artérias Uterinas — uma técnica que trata os miomas sem necessidade de cirurgia e que preserva o útero, representando uma alternativa menos agressiva e com recuperação mais rápida.
Sabendo que o acesso aos cuidados de saúde especializados representa, para muitas mulheres, uma barreira intransponível, a AME criou também pontes com instituições financeiras. Em parceria com o banco Access e a sua carteira Crédito Neneca, facilita-se o financiamento de tratamentos de saúde, tornando-os mais acessíveis. Para as pacientes que necessitem de deslocar-se à África do Sul, a Associação assegura um acompanhamento completo que inclui transporte, alojamento e apoio emocional ao longo de todo o processo.
Contudo, a AME vai além da medicina. Reconhece que os problemas de saúde, especialmente quando envolvem questões íntimas como a fertilidade ou a remoção do útero, deixam marcas profundas no bem-estar emocional das mulheres. Por isso, aposta também num forte apoio psicológico e no aconselhamento individualizado, ajudando a lidar com o trauma, o medo e a solidão que tantas vezes acompanham estas situações.
A missão da Associação estende-se ainda à promoção da autonomia feminina no planeamento familiar após o tratamento de miomas, bem como ao futuro desenvolvimento de programas de apoio
à fertilização, dirigidos a mulheres que enfrentam dificuldades de concepção. Acreditando que a saúde da mulher deve ser compreendida de forma holística e contínua, a AME quer construir pontes com outras organizações da área da saúde e das finanças, fomentando intercâmbios que tragam soluções sustentáveis e inclusivas.
Ao difundir o conhecimento sobre alternativas terapêuticas e ao defender o acesso a cuidados de qualidade, a Associação Mulher Esperança pretende que cada mulher moçambicana possa tomar decisões informadas, livres e conscientes. O tratamento não invasivo dos miomas, a preservação do útero, o apoio emocional, a educação em saúde e a solidariedade entre mulheres são as pedras basilares desta visão.
Num contexto em que, durante demasiado tempo, os problemas de saúde da mulher foram remetidos ao silêncio ou encarados como inevitáveis, a AME ergue-se como um farol de mudança. Com coragem, empatia e determinação, está a abrir caminho para que milhares de moçambicanas possam, finalmente, escolher viver com dignidade, confiança e esperança.
Porque a esperança não é apenas um nome. É uma escolha. E a Associação Mulher Esperança está aqui para garantir que cada mulher saiba que tem essa escolha nas suas mãos.
In a country where women's health challenges remain largely invisible and often neglected, a new force rises with determination and compassion: Associação Mulher Esperança (AME). Recently formalised, this non-profit organisation was born from the union of Mozambican women from diverse professional backgrounds — mothers, engineers, doctors, lawyers, accountants, economists — all driven by a shared cause: to transform the way women understand, confront, and overcome their health issues.
AME’s founder, Paula Alves, is a living testament to the silent struggles faced by so many women. After enduring the pain of uterine fibroids, undergoing three rounds of fertility treatment, and nearly losing her uterus due to severe haemorrhaging, she finally found a solution through uterine fibroid embolisation (UFE) in South Africa. This transformative experience not only saved her uterus but also restored her hope for a full life, inspiring her to create Associação Mulher Esperança to offer the same possibility to other Mozambican women. With determination and empathy, Paula Alves has channelled her personal journey into building a support and information network, paving the way so that other women would not have to face the same challenges alone.
Under the inspiring motto "Choose to live and give life," AME seeks to open new paths of awareness and hope, shining a light on issues often silenced in women’s lives, such as uterine fibroids. This condition, affecting countless women in Mozambique, is frequently met with fear and misinformation, exacerbating both physical suffering and emotional distress. The association’s mission is to break this silence, offering clear and accessible information, encouraging dialogue, and fostering empathy among women.
To achieve its aims, AME has invested heavily in awareness campaigns, using a variety of channels — from public talks to social media — to reach communities and share knowledge. By touching the inner lives of women, it shows each one that she is not alone, promoting recognition of the diverse problems affecting women’s health, properly classifying these conditions, and presenting effective, whenever possible non-invasive, treatment options.
With a focus on treatment efficacy and quality of care, AME has forged partnerships with institutions that share its human-centred vision of healthcare. Collaboration with Apex Clinic in South Africa enables Mozambican women to access innovative procedures such as Uterine Fibroid Embolisation — a technique that treats fibroids without the need for surgery, preserving the uterus and offering a less invasive alternative with a quicker recovery time.
Understanding that access to specialised healthcare remains an insurmountable barrier for many women, AME has also built bridges with financial institutions. Through a partnership with Access Bank and its Crédito Neneca scheme, treatment financing has been made more accessible. For patients needing to travel to South Africa, the Association provides comprehensive support, including trans-
port, accommodation, and emotional assistance throughout the process.
However, AME’s work goes beyond medical treatment. The organisation recognises that health issues, especially those involving intimate matters such as fertility or hysterectomy, leave profound emotional scars. Therefore, it also offers strong psychological support and personalised counselling, helping women cope with trauma, fear, and the loneliness that so often accompany these experiences.
The Association’s mission extends to promoting women’s autonomy in family planning following fibroid treatment, as well as the future development of fertility support programmes for those facing conception difficulties. Believing that women’s health must be understood holistically and continuously, AME aims to build partnerships with other health and financial organisations, fostering exchanges that offer sustainable, inclusive solutions.
By disseminating knowledge about alternative treatments and advocating for access to quality healthcare, Associação Mulher Esperança strives to empower every Mozambican woman to make informed, free, and conscious decisions. Non-invasive fibroid treatments, uterine preservation, emotional support, health education, and female solidarity are the cornerstones of its vision.
In a context where, for too long, women’s health issues were shrouded in silence or regarded as inevitable, AME stands as a beacon of change. With courage, empathy, and determination, it is opening the way for thousands of Mozambican women to finally choose to live with dignity, confidence, and hope.
Because hope is not just a name. It is a choice. And Associação Mulher Esperança is here to ensure that every woman knows she has that choice in her own hands.
O ciclone Dikeledi passou pela Ilha de Moçambique e foi devastador, deixando cerca de 80 mil pessoas sem abrigo na ilha e áreas circundantes.
Os mais afectados foram os que menos têm.
Escrito por: Miguel Peral
Janeiro de 2025. Mais uma vez, retorno à Ilha de Moçambique. Nos últimos dois anos, as minhas visitas a este lugar mágico têm sido frequentes. Aqui, as pessoas encantam-nos com os seus sorrisos, e os momentos vividos são jóias sem princípio ou fim, experiências inesquecíveis que sempre estão presentes em mim.
Contudo, esta viagem é diferente. É uma experiência única. O que aconteceu há poucos dias na Ilha de Moçambique afectou-me de forma significativa – sinto que foi um momento de mudança.
O ciclone Dikeledi passou pela ilha e foi devastador. Numa realidade desafiadora onde a economia local gira em torno de escasso turismo, ofícios artesanais e construção, e onde o salário mínimo é uma promessa sempre adiada, a Ilha de Moçambique foi, mais uma vez, assolada por um ciclone. No dia 13 de Janeiro de 2025, o Dikeledi fez sentir a sua fúria, após o Ciclone Gombe ter deixado o seu rasto de destruição em 11 de Março de 2022.
Ainda existiam famílias que não tinham conseguido recuperar do Gombe quando foram fustigadas
pelo Dikeledi. O cenário que encontrei era terrível, com cerca de 80 mil estimadas sem abrigo, não apenas na Ilha de Moçambique, mas também em áreas circundantes, abrangendo um vasto território continental.
As casas, muito frágeis, pareciam montes de areia ou terra macia; mais robustas, algumas com mais de 100 anos, perderam parte dos seus alicerces e ficaram parcialmente destruídas. Calcula-se que 80% das habitações da Ilha foram afectadas.
Com a queda de mais de 90 postes de electricidade, a Ilha ficou sem energia durante cerca de 10 dias, o que interrompeu o abastecimento de peixe, marisco e frango, pois não havia como os conservar. As noites tornaram-se muito mais escuras que anteriormente, excepto em 2 ou 3 locais onde os proprietários tinham
geradores, que proporcionavam um pouco de luz no breu nocturno, levando à junção de algumas pessoas. As redes de telecomunicações estiveram sem funcionar durante 3 ou 4 dias. Num mundo globalizado em que se comunica com o outro lado do planeta com apenas alguns toques num teclado, as notícias sobre o que realmente se passava na Ilha ficaram retidas, aguardando o sinal voltar para que pudessem alcançar aqueles que estavam preocupados com os seus.
Todos sofreram, mas os mais afectados foram os que menos têm. É aqui que sinto um enorme orgulho por esta gente humilde, mas repleta de força. Não é fácil sorrir perante a adversidade, nem tão pouco acreditar que amanhã será um dia melhor.
Aqui ficam três pequenas histórias que acompanhei durante os dias
que passei na Ilha após a passagem do Dikeledi. Ali, amigos uniram-se e ajudaram algumas famílias a cobrir parcialmente os seus telhados, permitindo-lhes voltar a dormir com alguma protecção. E logo surgiram manifestações de gratidão.
Mamacha Issufo
É uma bisavó resiliente, que desde o Gombe não tem uma única divisão completamente coberta para poder dormir em segurança, ao lado do seu marido. Os traços profundos do seu rosto contam uma história de vida dura, marcada pela ausência de sorrisos. Quando o genro soube que havia pessoas a tentar ajudar algumas famílias, não hesitou em pedir apoio para a sogra.
As imagens que captei mostram claramente como esta senhora tem vivido nos últimos quase dois anos. Agora, Manacha, finalmente, terá a oportunidade de dormir tranquila, sabendo que está protegida. Embora não seja uma mulher de muitas palavras, o rápido e sincero abraço que deu a cada um de nós foi depoimento suficiente de gratidão – vale por uma infinidade de sorrisos.
Nelson Amito
Nelson Amito é um adolescente com um talento especial e um coração generoso. Para ajudar a sua família, dedica-se a fazer desenhos que vende aos poucos turistas que visitam a ilha. Dos seus desenhos, transborda sentimento, reflectindo a sua visão do mundo. Seu sorriso contagiante é um raio de luz; é um bom rapaz que, como qualquer jovem da sua idade, comete alguns excessos, mas parece ter o coração
sempre no lugar certo. Nelson e a família vivem numa casa inacabada, com apenas dois quartos. O Dikeledi não foi gentil com eles, levando as chapas do telhado e danificando parte da estrutura. Embora a ajuda tenha sido útil para cobrir os quartos, a sala e outras áreas ficaram sem protecção. Acredito, no entanto, que em breve teremos novos desenhos de Nelson, e espero que os turistas regressem para os adquirir.
Agira Luciano
De todos os casos que acompanhei, aquele que mais me tocou foi o de Agira e Carlos. Eles vivem à beira-mar, cercados pelas águas que tanto amam, enquanto os seus seis filhos brincam diariamente, indiferentes às condições precárias da sua “casa”. Vítimas do Gombe, possuíam cerca de 25m² da casa cobertos, mas o Dikeledi levou quase tudo, deixando-os mais vulneráveis do que como já se encontravam.
A gratidão que Carlos demonstrou ao receber ajuda foi de partir o coração. Homem especial, é evidente o amor genuíno que sente por Agira. Ele trabalha num restaurante próximo e trata todas as crianças da casa como se fossem suas. Duas têm origem em relações anteriores de Agira, mas isso não diminui o carinho que lhes dedica. A cumplicidade entre eles é inspiradora e incrementa a força que encontram uns nos outros, mesmo nas circunstâncias mais desafiadoras.
Três histórias que ilustram a capacidade de resiliência humana, sem dúvida facilitada pela solidariedade, compreensão e harmonia no lar.
Written by: Miguel Peral
January 2025. Once again, I return to the Island of Mozambique. Over the past two years, my visits to this magical place have become frequent. Here, people captivate with their smiles, and the moments lived are timeless jewels — unforgettable experiences that remain deeply within me. However, this journey is different. It is a unique experience. What happened just a few days ago on the Island of Mozambique affected me profoundly — it feels like a turning point.
Cyclone Dikeledi swept across the island with devastating force. In a fragile reality where the local economy relies on meagre tourism, artisanal crafts, and construction — and where the minimum wage remains a perpetually unfulfilled promise — the Island of Mozambique has once again been ravaged by a cyclone. On 13 January 2025, Dikeledi unleashed its fury, following the destruction left by Cyclone Gombe on 11 March 2022.
Many families had still not recovered from Gombe when they were struck once more by Dikeledi. The scene I encountered was harrow-
ing, with an estimated 80,000 people left homeless, not only on the Island itself but also across neighbouring mainland areas.
The homes, many already fragile, resembled little more than piles of sand or soft earth; more robust structures, some over 100 years old, had their foundations severely weakened and were partially destroyed. It is estimated that 80% of the island’s housing was affected.
With the collapse of more than 90 electricity poles, the island was left without power for around 10 days, interrupting supplies of fish, seafood, and poultry, as there was
no means of refrigeration. Nights became darker than ever, except in two or three locations where generators provided a flicker of light, drawing small gatherings of people. Telecommunications networks were down for three or four days. In a globalised world where communication across continents usually takes only a few keystrokes, news from the island was delayed, leaving loved ones anxious for updates until the signals returned.
Everyone suffered, but those with the least bore the brunt. It is here that I feel an immense pride in these humble, yet incredibly resilient people. Smiling in the
face of adversity is no easy feat, nor is holding on to the belief that tomorrow will be better.
Here are three small stories I witnessed during the days I spent on the Island after Dikeledi passed. Friends came together to help some families cover their roofs, offering a degree of shelter and restoring a sense of security — and in return, heartfelt gratitude shone through.
Mamacha Issufo
Mamacha Issufo is a resilient great-grandmother who has not had a fully covered room to sleep in safely with her husband since Cyclone Gombe. The deep lines on her face tell the story of a life shaped by hardship, marked by few smiles. When her son-in-law heard that some people were helping families repair their homes, he did not hesitate to seek assistance for her. The images I captured clearly show the difficult conditions Mamacha has endured for nearly two years. Now, finally, she will be able to sleep peacefully, protected from the elements. Though not a woman of many words, the quick, sincere hug she gave each of us spoke volumes — a heartfelt thanks worth more than a thousand smiles.
Nelson Amito
Nelson Amito is a talented and kind-hearted teenager. To support his family, he creates and sells drawings to the few tourists who visit the island. His artwork overflows with emotion, reflecting his view of the world. Nelson’s radiant smile is a beacon of hope; he is a good-natured boy
who, like many his age, occasionally missteps but always seems to have his heart in the right place. Nelson and his family live in a half-finished house with only two rooms. Cyclone Dikeledi tore off their roofing sheets and damaged part of the structure. Thanks to some assistance, the bedrooms have been covered once more, but the living area and other spaces remain exposed. Nevertheless, I believe we will soon see new drawings from Nelson — and I hope tourists return to support his art.
Agira Luciano
Of all the stories I encountered, the one that touched me most deeply was that of Agira and Carlos. They live by the sea, surrounded by the waters they love, while their six children play daily, seemingly oblivious to their precarious living conditions. Victims of Gombe, they had managed to cover about 25m² of their home — but Dikeledi took almost everything, leaving them even more vulnerable. The gratitude Carlos expressed upon receiving help was heart-wrenching. A remarkable man, his deep and genuine love for Agira is clear to see.
Carlos works at a nearby restaurant and treats all the children as his own, even though two of them are from Agira’s previous relationships. The bond between them is inspiring, a source of strength in the most challenging circumstances.
These three stories are a testament to the incredible resilience of the human spirit — strengthened by solidarity, understanding, and the harmony found within a loving home.
Triland é uma iniciativa que reflecte uma visão comum: transformar as fronteiras em pontos de ligação, e a diversidade cultural e ambiental em trunfos partilhados.
Depois de, há algumas edições, termos acompanhado a visita das delegações moçambicana e sul-africana ao Reino de ESwatini no âmbito do projecto Triland, foi agora a vez de Moçambique receber os parceiros regionais, reforçando o compromisso conjunto pelo desenvolvimento de um turismo integrado na África Austral. Durante três dias, a cidade de Maputo acolheu um vasto programa de actividades que combinou visitas técnicas, acções promocionais, eventos de networking e encontros institucionais de elevado nível.
Oprograma teve como objectivo central o aprofundamento das estratégias de cooperação entre os três países para a promoção da região como destino turístico diversificado, competitivo e sustentável. Entre os vários momentos marcantes, destacou-se um encontro de negócios que contou com a presença de representantes dos respectivos governos,
empresários do sector turístico e outros actores-chave da indústria.
Triland é uma iniciativa que tem vindo a ser construída ao longo de vários anos e que reflecte uma visão comum: a de transformar as fronteiras em pontos de ligação, e a diversidade cultural e ambiental em trunfos partilhados. O Secretário de Estado do Turismo de Moçambique, Fredson Bacar, foi claro ao afirmar que esta cooperação vai além das formalidades diplomáticas. “Estamos reunidos não como três nações isoladas, mas como uma entidade coesa – Triland – que promove experiências autênticas, interliga destinos e gera valor para os nossos povos”, destacou. “O verdadeiro turismo faz-se no terreno. O papel dos governos é o de criar condições, mas cabe ao sector privado transformar
ideias em experiências concretas, em postos de trabalho e em rendimento para as comunidades”, reforçou.
O programa em Maputo permitiu que os participantes conhecessem de perto as potencialidades do destino Moçambique, promovendo a partilha de boas práticas, o estabelecimento de parcerias e o debate sobre os desafios comuns enfrentados pelos três países. Entre os principais temas abordados estiveram a necessidade de facilitar os processos de travessia de fronteiras, a criação de percursos turísticos integrados, a valorização do património partilhado e a inclusão das comunidades locais nos benefícios gerados pelo turismo.
Richard Baulene, director-geral do Instituto Nacional do Turismo (INATUR), reforçou o papel estratégico deste tipo de encontros no fortalecimento da cooperação regional. Sublinhou ainda que está em análise a possibilidade de se alargar a iniciativa a outros países da África Austral, criando uma rede mais abrangente de destinos interligados.
A realização desta iniciativa no nosso país constitui, assim, mais um passo firme na consolidação de uma rota turística integrada e inovadora, que propõe aos viajantes uma viagem por três países, múltiplas culturas e infinitas paisagens.
Facilitar os processos de travessia de fronteiras, a criação de percursos turísticos integrados e a valorização do património partilhado foram alguns dos principais temas abordados no Triland.
Following our previous coverage of the Mozambican and South African delegations' visit to the Kingdom of Eswatini as part of the Triland project, it was now Mozambique's turn to host its regional partners, strengthening the shared commitment to fostering integrated tourism across Southern Africa. Over the course of three days, the city of Maputo staged a packed programme of activities combining technical visits, promotional events, networking sessions and high-level institutional meetings.
At the heart of the programme was the aim of deepening cooperation strategies between the three nations to promote the region as a diverse, competitive and sustainable tourism destination. Among the many highlights was a business forum attended by government representatives, tourism entrepreneurs and oth-
er key industry players.
Triland is an initiative that has been steadily developed over several years and embodies a shared vision: transforming borders into bridges, and cultural and environmental diversity into shared assets. Mozambique’s Secretary of State for Tourism, Fredson Bacar, underlined that this cooperation extends beyond
diplomatic formalities. “We are gathered not as three separate nations, but as a cohesive entity — Triland — promoting authentic experiences, linking destinations, and creating value for our peoples,” he stated.
“True tourism is built on the ground. Governments have a role in creating the right conditions, but it is the private sector that must drive transformation.”
Escrito por: Sany Weng
Desde que começou o primeiro confinamento há quatro anos, comecei a gerir o meu próprio orçamento com muito controlo. Com alguns meses com metade do rendimento, e forçada a gastar as minhas poupanças, sabia o que precisava de fazer primeiro, para ter a certeza de que não estava a gastar mais do que ganhava. Fiz a revisão do meu orçamento, e fui implacável a cortar custos. Cheguei mesmo a reduzir para metade do meu orçamento alimentar, e a gastar mais tempo a cozinhar, e a planear melhor as minhas refeições.
Quando foi a última vez que fez a revisão do seu orçamento? Com que frequência verifica os seus extractos bancários para ter a certeza de para onde está a ir o seu dinheiro?
Fiquei chocada quando percebi que estava a pagar 1.500MZN por mês em taxas bancárias, por todas as contas bancárias que tinha. Uma despesa que nem
Porque é que deve
sequer tinha no meu orçamento. Já verificou quanto dinheiro está a ser gasto em despesas reais? Regista cada cêntimo que gasta? Orçamentar e cumprir com o nosso orçamento pode ajudar-nos a poupar mais, a pagar dívidas mais rapidamente e a gerir o dinheiro que temos.
O que é um orçamento? Um orçamento é um plano de gastos para o nosso dinheiro. Ajuda-nos a gerir as nossas receitas
• Revela os seus hábitos de consumo
• Ajuda-o a ser proactivo em vez de reactivo.
• Ajuda-o a identificar os seus maus hábitos de consumo. Seja honesto consigo mesmo sobre o que gasta.
• Ajuda-o a não gastar mais do que ganha.
e despesas para garantir que não estamos a gastar mais do que ganhamos. Ter um orçamento ajudá-lo-á a identificar se tem dinheiro excedente (a mais) ou excesso de dívidas no final de cada mês. O dinheiro excedente irá permitir-lhe poupar e investir todos os meses, enquanto, com excesso de dívidas a sua atenção irá centrar-se no pagamento dessa dívida, e em não falhar os pagamentos necessários.
• Ajuda-o a priorizar o pagamento das suas dívidas.
• Ajuda-o a poupar para se preparar não só para emergências, mas também para a reforma.
• Seguir um orçamento pode dar-lhe tranquilidade, porque sabe sempre onde se encontra.
Fazemos orçamentos para que possamos manter o foco e alcançar os nossos objectivos financeiros.
Fazer um orçamento é a coisa mais importante que pode fazer para gerir o seu dinheiro.
Written by: Sany Weng
Since the first lockdown began four years ago, I have been managing my personal budget with great discipline. After several months of earning half my usual income and being forced to dip into my savings, I knew I had to act quickly to ensure I was not spending more than I earned. I thoroughly reviewed my budget and was ruthless in cutting costs. I even managed to halve my grocery budget, dedicating more time to cooking and planning meals more carefully.
When was the last time you reviewed your budget? How often do you check your bank statements to make sure you know exactly where your money is going?
I was shocked to discover that I was paying 1,500 MZN per month in bank charges across various accounts
— an expense that wasn’t even listed in my budget. Have you checked how much you’re actually spending on hidden fees? Do you track every penny you spend? Budgeting — and sticking to that budget — can help you save more, pay off debt faster, and manage your money more effectively.
A budget is a spending plan for your money. It helps you
• It reveals your spending habits.
• It enables you to be proactive rather than reactive.
• It helps you identify and address poor spending habits — honesty with yourself is key.
manage your income and expenses to ensure you are not spending beyond your means. Having a budget allows you to identify whether you have a surplus (extra money) or a shortfall (excess debt) at the end of each month. A surplus enables you to save and invest consistently, whereas a shortfall means you need to focus on repaying your debt and ensuring you meet essential payments.
• It prevents you from spending more than you earn.
• It helps you prioritise debt repayments.
• It encourages saving, not just for emergencies but also for retirement.
• Following a budget provides peace of mind, as you always know exactly where you stand financially.
We create budgets to stay focused and achieve our financial goals. Budgeting is the single most important step you can take to take control of your finances.
NOVA GAMA CITADINA NO TOYOTA GALLERY, EXPLORE OS SEUS SENTIDOS. A cidade exige agilidade, conforto e e ciência. A renovada gama citadina da Toyota oferece-lhe tudo isso, com preços imbatíveis e a qualidade lendária que só a Toyota garante. E porque a sua tranquilidade é a nossa prioridade, todos os modelos citadinos incluem 5 anos de garantia e um novo plano de revisão até 2 anos ou 20.000 kms. Descubra o Toyota perfeito para o seu estilo de vida. Visite-nos no Toyota Gallery, o showroom dos 5 sentidos, e perceba porque, em Moçambique, todos sabem que Toyota é Toyota.
Em Moçambique, é comum, talvez mais comum do que se pense, encontrar-se quem use ao pescoço um pequeno embrulho ou saqueta de aparência modesta, frequentemente feito de tecido, couro ou metal. Trata-se do ta’wiz, um amuleto usado por crentes como forma de protecção contra males espirituais, doenças ou azares, ou ainda como auxílio para alcançar bênçãos e boa fortuna. É também conhecido como hirizi ou hirz, entre outras designações.
Oque muitos também desconhecem é que este amuleto não é exclusivo de líderes religiosos ou anciãos das comunidades. Está, na verdade, presente um pouco por todo o país, pendurado discretamente ao pescoço de homens, mulheres e crianças, sobretudo nas regiões com forte presença muçulmana, como Nampula, Cabo Delgado, Niassa, ou mesmo Maputo.
O segredo do ta’wiz está no seu interior. Contém, geralmente, um pedaço de papel com versículos, nomes sagrados ou orações específicas, escritos à mão por um fundi ou líder espiritual. Acredita-se que essas palavras contenham um poder invisível — uma espécie de escudo místico — capaz de proteger o portador contra o temido “mau-olhado”, feitiçarias ou energias negativas.
Ao longo do nosso país, entre diversas
tradições culturais, encontramos outros amuletos com propósitos semelhantes. Os muti, utilizados por praticantes da medicina tradicional, os amuletos feitos com búzios, sementes, penas ou contas coloridas, são igualmente considerados poderosos por quem acredita no seu efeito. Cada um possui uma função específica: afastar espíritos malignos, atrair o amor, garantir fertilidade, assegurar o sucesso ou manter o equilíbrio espiritual, tal como muitos outros amuletos – figas, cruzes, ferraduras, certas pedras, entre outros – de que, num artigo mais abrangente, poderíamos também aqui falar.
Apesar das diferenças nas formas, materiais ou rituais, todos estes amuletos partilham uma característica comum: são expressões culturais que reflectem a forma como diferentes sociedades procuram lidar com o desconhecido e encontrar sentido ou protecção no seu quotidiano.
In Mozambique, it is a common – perhaps more common than one might think – sight to encounter someone wearing a small bundle or pouch around their neck, often made from cloth, leather, or metal. This is a ta’wiz, an amulet worn by believers as a means of protection against spiritual harm, illness, or misfortune, or as a way to seek blessings and good fortune. It is also known as hirizi or hirz, among other names.
What many may not realise is that this amulet is not reserved for religious leaders or community elders. In fact, it can be found throughout the country, discreetly worn by men, women, and children alike, particularly in regions with a strong Muslim presence, such as Nampula, Cabo Delgado, Niassa, and even Maputo.
The secret of the ta’wiz lies within. It typically contains a piece of paper inscribed by hand with verses, sacred names, or specific prayers, written by a fundi or spiritual leader. These words are believed to carry an invisible power — a kind of mystical shield — capable of protecting the wearer against the feared "evil eye," witchcraft, or negative energies.
Across Mozambique, among various cul-
tural traditions, we find other amulets with similar purposes. Muti, used by traditional healers, and charms crafted from cowrie shells, seeds, feathers, or colourful beads, are also regarded as powerful by those who believe in their efficacy. Each one serves a specific purpose: warding off malevolent spirits, attracting love, ensuring fertility, guaranteeing success, or maintaining spiritual balance, much like many other amulets — lucky charms, crosses, horseshoes, certain stones, and so on — that we could explore further in a more comprehensive article.
Despite differences in form, material, or ritual, all these amulets share a common thread: they are cultural expressions that reflect how different societies seek to cope with the unknown and find meaning or protection in their everyday lives.
OMillennium bim e o Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) inauguraram, na terça-feira, 22 de Abril, a exposição “Diálogo entre dedos do barro e da tinta”, um encontro artístico inédito entre a ceramista Reinata Sadimba e o pintor Sebastião Coana — dois nomes incontornáveis da arte moçambicana.
A mostra, integrada no programa de Responsabilidade Social Mais Moçambique Pra Mim, estará patente até Junho no CCFM e apresenta uma proposta inovadora: um diálogo artístico entre cerâmica e pintura, marcado por um momento especial de criação conjunta ao vivo, protagonizado pelos dois artistas durante o pré-vernissage.
Nessa ocasião única, o público foi convida -
do a testemunhar a construção simultânea de obras, num processo silencioso que dispensou palavras e se revelou através dos gestos, das texturas e das cores.
O espaço expositivo transformou-se, assim, num território de encontro e experimentação entre duas linguagens visuais distintas, mas profundamente enraizadas na cultura moçambicana.
A tradição Makonde, que molda a obra de Sadimba, entrelaça-se com a pintura intensa e socialmente engajada de Coana, num exercício artístico que celebra a identidade, a memória colectiva e o imaginário do país.
“Este projecto reflecte o nosso compromisso com a valorização da arte e da cultura moçambicana. É um privilégio, no ano em
que celebramos 30 anos de existência, proporcionar este encontro entre duas gerações que, através da arte, partilham experiências e projectam o futuro”, afirmou Moises Jorge, Presidente do Conselho de Administração do Millennium bim.
Reinata Sadimba, nascida em Mueda, é uma das mais reconhecidas ceramistas africanas, com uma obra marcada por temas como a feminilidade, a maternidade e o universo espiritual, sempre com base na matriz cultural Makonde.
Sebastião Coana, natural da Manhiça, é um artista plástico de forte intervenção social, com presença consolidada no circuito internacional. Foi recentemente distinguido pela Divine Academy of Arts (Paris) e incluído na lista das 100 personalidades mais influentes da lusofonia pela revista Bantumen.
De 11 de Abril a 12 de Maio de 2025, estarão abertas as inscrições para a 3ª edição do Prémio Literário Mia Couto, uma iniciativa da Cornelder de Moçambique (CdM), em parceria com a Associação Kulemba, que visa premiar as melhores obras literárias de autores moçambicanos.
Para esta edição, são elegíveis obras publicadas entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2024, na categoria de romance, que serão avaliadas por um júri especializado e idóneo, com base em critérios como originalidade, qualidade literária e relevância cultural. Diferentemente das
edições anteriores, nesta edição as inscrições serão feitas, de forma online, directamente no site da Associação Kulemba.
Desde a 1ª edição, já foram laureadas com o Prémio Literário Mia Couto as obras “No verso da cicatriz”, de Bento Baloi, “Pétalas negras ou a sombra do inanimado”, de Belmiro Mouzinho, e “Estórias trazidas pela ventania”, de Adelino Albano Luís. Cada um dos vencedores recebeu um valor monetário de 400.000 MZN (quatrocentos mil meticais).
Consulte o regulamento do prémio no site: https://kulemba.org/plmc
Imaginaram alguma vez o inusitado de, em noites de insónia, acabarem a conversar com um gato preto?
O gato preto empoleirado na janela interpela: «A que sabe o amor?» «Podemos cheirar?»
Que pergunta!
Amor tem cheiro, sabor, timbre ou tacto? Fórmula físico-química?
O que leva alguém sexagenário a escrever poesia ou pro-
Have you ever imagined the unusual scenario of ending up talking to a black cat on sleepless nights?
The black cat, perched on the window, asks
"What does love taste like?"
"Can we smell it?"
What a question!
Does love have a scent, a flavour, a tone, or a touch?
A physicochemical formula?
What leads someone in their sixties to write poetry or poetic prose for the first time? And why do they do so only at dawn, in the unlikely setting of their kitchen window?
This is what José Paulo invites us to discover in his collection of poetic texts about love, memories of the past, anxieties and fears, the certainties of the pres-
sa poética pela primeira vez? Porque o faz apenas de madrugada e num local improvável, à janela da sua cozinha?
É o que José Paulo nos propõe, que descubramos nesta sua colectânea de textos poéticos sobre o Amor, as memórias do passado, as inquietações e angústias, as certezas do presente e as esperanças do futuro.
Descubra nesta jornada através do Amor, o Gato Preto e Outras Insónias, o valor das escolhas, das emoções e sentimentos de uma vida dividida entre dois continentes.
ent, and the hopes for the future.
Embark on this journey through Love, the Black Cat, and Other Insomnias, and discover the value of choices, emotions, and feelings in a life divided between two continents.
Iwájú – Cidade do Amanhã é uma mini-série de animação que marca uma colaboração inédita entre os Walt Disney Animation Studios e a editora pan-africana Kugali Media. Ambientada numa Lagos futurista, na Nigéria, a série explora temas de desigualdade social, tecnologia e o percurso de crescimento de duas crianças que aprendem a navegar um mundo complexo e dividido. Essa jornada é contada através da história de Tola, uma rapariga proveniente de uma zona abastada da cidade, e do seu melhor amigo, Kole, um jovem engenhoso e autodidacta em tecnologia que vive numa área marcada por dificuldades económicas. Juntos, embarcam numa aventura que os leva a desvendar os segredos e a enfrentar os perigos escondidos nas realidades contrastantes que habitam.
A série conta com seis episódios, cada um com duração entre 17 e 23 minutos, e está disponível exclusivamente no Disney+. O elenco de vozes inclui Simisola Gbadamosi como Tola Martins, Siji Soetan como Kole Adesola, Dayo Okeniyi como Tunde Martins, Femi Branch como Bode DeSousa, e Weruche Opia como Otin.
A produção destaca-se pela sua estética afrofuturista, combinando elementos culturais africanos com tecnologia avançada. A animação foi realizada pelos estúdios Cinesite em Montreal e Londres, com supervisão da Disney em Burbank e Vancouver. Composta por Ré Olunuga, a banda sonora incorpora influências africanas autênticas.
A série foi lançada a 28 de Fevereiro de 2024 e, para além da animação, a Disney lançou um documentário intitulado "Iwájú: A Day Ahead", que narra o processo de criação da série e a parceria entre a Disney e a Kugali Media. ájú é uma obra que oferece uma reflexão profunda sobre as disparidades sociais e o impacto da tecnologia na sociedade. É uma valiosa adição ao catálogo da Disney+, representando um passo significativo na diversificação das narrativas e na celebração da cultura africana.
Iwájú – City of Tomorrow is an animated ini-series marking an unprecedented collaboration between Walt Disney Animation Studios and pan-African publisher Kugali Media. Set in a futuristic Lagos, Nigeria, the series explores themes of social inequality, technology, and the coming-of-age journeys of two children learning to navigate a complex and divided world. Their story unfolds through the characters of Tola, a girl from an affluent part of the city, and her best friend, Kole, a resourceful, self-taught tech enthusiast living in an economically challenged area. Together, they embark on an adventure that reveals the secrets and dangers hidden within their contrasting realities.
The series comprises six episodes, each running between 17 and 23 minutes, and is available exclusively on Disney+. The voice cast features Simisola Gbadamosi as Tola Martins, Siji Soetan as Kole Adesola, Dayo Okeniyi as Tunde Martins, Femi Branch as Bode DeSousa, and Weruche Opia as Otin.
The production stands out for its Afro-futurist aesthetic, blending African cultural elements with advanced technology. Animation was handled by Cinesite studios in Montreal and London, with supervision from Disney teams in Burbank and Vancouver. The soundtrack,
composed by Ré Olunuga, authentically incorporates African musical influences.
Released on 28 February 2024, the series is accompanied by a documentary titled Iwájú: A Day Ahead, which chronicles the making of the project and the partnership between Disney and Kugali Media.
Iwájú offers a profound reflection on social disparities and the impact of technology on society. It is a valuable addition to the Disney+ catalogue, representing a significant step towards diversifying narratives and celebrating African culture.
Mulher de força, filha da terra, raiz profunda de Moçambique, Embala vidas atadas com o nó do amor, amarradas com a sua capulana.
Guerreira incansável, batalhadora, mãe e pai no lar que sustenta, moendo o milho com mãos firmes, moldando a chima com carinho, acompanhada do caril de matapa, sabor de tradição, força e história.
Mulher moçambicana, bela e forte, É a sua própria vida que a celebra Hoje e sempre, motivo de festa. Parabéns!
Sempre pronta, com a mão na enxada, segue e segue, rumo à machamba onde cultiva a batata-doce, para adoçar a vida com um chá balacate, e assim alimentar o amanhã.
Laura Andrade