Revista Xonguila Nº80

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IVANDRO

A música como espelho da alma e das origens

Music as a mirror of the soul and of origins

HEINEKEN

Aposta sustentável para empoderar comunidades

A sustainable bet to empower communities

VIDA IDEAL

Educação contra a violência sexual jovem Education against sexual violence among youth

CHIZAVANE

Uma

A música como espelho da alma e das origens

Sinto que a minha geração está a redefinir o som da lusofonia. Penso que já aconteceu, acho que temos uma identidade muito própria.

A música como espelho da alma e das origens

Nasceu em Angola em 1998, mas cresceu em Rio de Mouro, subúrbio da Linha de Sintra, em Portugal. Ivandro tem-se destacado como um dos artistas mais autênticos e versáteis da nova geração da música lusófona. Com uma carreira em ascensão e uma voz que atravessa fronteiras, traz nas suas composições a alma de um verdadeiro contador de histórias. Em entrevista exclusiva à Revista Xonguila, o artista fala sobre identidade, espiritualidade, processos criativos e a forte ligação que mantém com Moçambique — um país que, segundo ele, o fez viajar até à lua.

Tens uma forte ligação a África e às suas raízes musicais. De que forma essa herança africana moldou o teu percurso e a tua forma de sentir a música?

Herdei muita musicalidade de África graças aos meus pais, graças à minha família. Tivemos sempre o hábito de ouvir grandes músicos da nossa terra e, sem dúvida, isso influenciou a minha música. Até aos dias de hoje, as minhas maiores músicas são quase sempre ali perto do afro, ou senão mesmo afro. E estou também a voltar às raízes e a criar mais músicas nesse estilo

A tua música transmite muita emoção e autenticidade. Como consegues equilibrar a tua verdade pessoal com o que o público espera de ti?

Isso é uma boa pergunta e acho que, tanto para mim como para qualquer artista, sabermos o que é que as pessoas querem de nós pode causar uma certa pressão, mas acho que o segredo para passar por cima disso é criar, criar imenso, ter várias opções e, assim, sentir que estamos sempre a

lançar algo que tem a nossa verdade.

O teu álbum Trovador reflecte uma jornada introspectiva e já afirmaste que "as melodias surgiram onde as palavras não chegavam". Como é que a música te permitiu expressar emoções ou pensamentos que, de outra forma, seriam difíceis de comunicar?

Eu penso que a música, para mim, tornou-se uma ferramenta que faz mesmo isso que eu disse: ela consegue chegar onde as palavras não chegam.

A musicalidade, os instrumentos, tudo o que envolve uma canção permite-me transmitir o que está dentro do meu coração. Permite-me, muitas das vezes, mesmo — imagina — passar a quem eu quero passar, a mensagem que está aqui dentro. E, às vezes, é difícil numa conversa fazer isso. E, com a canção, a magia acontece, e é muito mais fácil entregar à pessoa um coração aberto a 100%. Sinto que as mensagens se tornam tão fortes que ecoam só em nós, e não só para a pessoa a quem queríamos falar, mas para todo o mundo, todo o universo de pessoas que também estão a passar pelo mesmo.

“O público de Moçambique agarrou-nos e levou-nos até à lua”

Na faixa "Give God Praises", há uma forte componente espiritual. Qual o papel da espiritualidade na tua vida e de que forma influencia a tua música?

A espiritualidade tem uma forte componente na minha música e em mim. Eu cresci num meio muito religioso, fui praticando até aos meus 17 anos de vida, e diria que comecei já na barriga da minha mãe, por assim

dizer, né? E sempre fui muito ligado a Deus, não só eu, mas também a minha família, e o cantar na igreja influenciou muito a minha musicalidade. E, mais tarde, eu próprio encontrei a minha verdade. Sei que Deus está na minha vida, sinto as suas bênçãos à minha volta e, por isso, influencia tudo, tudo… tudo… tudo… tudo à minha volta.

Na música Chakras, dizes "Vou deixar a minha marca, encher de orgulho a minha casa." Sentes que já conseguiste atingir esse objectivo ou ainda há algo maior que queiras conquistar? Eu diria que, dessa frase, já consegui, de certa forma, completar as duas coisas que eu disse, que é deixar a minha marca e encher de orgulho a minha casa. Mas acho que a marca ainda pode ser maior e o orgulho ainda pode ser maior também. Ou seja, acho que ainda há mais, ainda mais caminho para trilhar e fortalecer ainda mais isso que eu disse.

Em entrevistas anteriores, disseste que ainda não definiste bem o teu som na música. Após o lançamento de Trovador, sentes que encontraste a tua identidade musical ou ainda estás em busca dela?

Sim, eu no passado disse isso e continuo a sentir exactamente o mesmo. Claro que há estilos em que eu me sinto mais confortável, nomeadamente o afro — e talvez as pessoas até adorem mais ouvir-me nesse estilo — mas eu sinto que sou músico, sou polivalente, gosto de explorar várias vertentes minhas, gosto de ouvir

vários estilos de música, não me cinjo apenas a um. Então, ainda também não sei definir qual seria o meu estilo. Mas diria que tem uma praia, que é o afro. Mas gosto de explorar, e acho que a vida faz mesmo essa transformação. Nesse projecto Trovador, nota-se imenso. Foi um projecto extenso e levou-me anos a ser feito mesmo. E isso vê-se, vê-se várias fases minhas, várias alturas em que eu estava mais no afro, outras alturas em que eu estava mais no hip-hop, outras alturas em que eu estava mais ali, no “clássico”, diria assim — numa bossa nova, por exemplo, o Noite, com o Vitor Kley. E acho que é isso que me define como artista. Eu tento passar o que a vida me está a passar. Ou seja, nesta fase, a minha singularidade será uma, mas no futuro, talvez eu vá estar noutro estilo.

Houve algum momento no palco que tenha sido tão forte que te fez repensar a tua relação com a música?

Para responder a isto, eu talvez tenha de revisitar o meu primeiro concerto em que o público me abraçou.

Sem dúvida, isso fez-me repensar na minha relação com a música, fez-me perceber quantas pessoas é que também estavam ligadas pelas minhas palavras, quantas pessoas é que sentiam a minha música como se fosse delas, e fez-me agarrar a minha música com as duas mãos e acreditar que isto seria real, que um dia eu ia estar onde estou, e que ainda haveria muito mais por sonhar quando lá chegasse. E também, quando partilhei o palco do estádio com os Coldplay, com a Bárbara Bandeira, também tive outro momento em que repensei a minha relação com a música. Acho que a vida vai acontecendo, atingimos várias metas, e eu estava numa altura em que, digamos, estava a ver uma parede, por assim dizer, uma parede metafórica. O que quero dizer com isso: talvez imaginasse que sabia o que poderia vir amanhã e quais seriam os meus limites. Mas, naquele dia, a minha cabeça voltou a abrir, o meu coração também, e permitiu-me sonhar. Percebi que não sabemos o futuro, ainda há muito mais para acontecer, e que, se eu trabalhar mais, se eu me dedicar mais, se eu puser ainda mais o meu coração

cá fora, ainda há muita coisa que eu não sei que poderia acontecer… que vai acontecer.

A tua música já te levou a conhecer pessoas e culturas que mudaram a tua forma de ver a vida. Há alguma história marcante que queiras partilhar?

Sim, a minha música já me fez conhecer pessoas e culturas diferentes, e tive imensos momentos marcantes nesta jornada. Acho que posso falar de um momento: por exemplo, apercebi-me de que as canções já não são só minhas quando ouço histórias de pessoas como, por exemplo, alguém que teve que passar um momento de vida difícil — por exemplo, ver o seu pai num estado terminal e entre eles escolherem a minha música Lua para ser a despedida entre eles, porque era uma música que gostavam muito, tanto um como o outro. E decidiram ouvi-la até ao último dia. Isso foi muito forte, muito forte para mim. Percebemos que a música não é só minha, mas sim algo que agora é nosso. Quando eu digo “nosso”, minha e do mundo, e de toda a gente que estiver com o coração aberto para recebê-la.

Que planos se seguem ao Trovador? Podemos esperar novas sonoridades ou projectos diferentes?

Os planos para o futuro… ainda estou a pensar neles. Tenho feito imensa música. Após fazer um projecto tão extenso, quis dar-me o desafio de voltar a inovar-me e a soar ainda melhor do que aquilo que consegui fazer nesse projecto, que eu sinto que foi incrível, e acho que as pessoas abraçaram de uma maneira incrível. Quero conseguir sentir que me superei. E estou, neste momento, nesse trabalho — que é em estúdio, que é na vida —, por exemplo, estou a construir família e a viver esse momento da vida para aprender com ele e para poder trazer mensagens para a minha música que são realmente relevantes, não só para mim, mas também para quem estiver disposto a ouvir. Deixar aí o mesmo, assim como fiz com canções no meu projecto Trovador, deixar aqui outra vez músicas que, diria, são intemporais.

Haverá alguma emoção ou mensagem que ainda não conseguiste expressar em música, mas que gostarias de explorar?

Ainda existem emoções e mensagens que eu ainda quero expressar na minha música. O meu processo criativo envolve muito viver, viver e deixar a vida explicar-me o que é que eu devo passar na minha música. E como tem algumas experiências em estúdio que o público, em si, ainda não conhece, ainda estou a experimentar. Mas há aqui coisas que eu ainda sinto que a vida vai ensinar-me a pôr no papel e caneta e transformar em música, e estou à espera que isso aconteça.

A tua geração de artistas está a redefinir o som da música lusófona. Sentes que existe uma identidade nova a surgir ou ainda estamos num processo de descoberta?

Eu sinto que sim, sinto que a minha geração está a redefinir o som da lusofonia. Penso que já aconteceu, acho que temos uma identidade muito própria. E, claramente, têm

surgido sempre aquelas pessoas que trazem algo novo e continuam aqui a trilhar um caminho para isto se transformar ainda mais e ser ainda mais incrível. Ou seja, de certa forma, também é sempre um processo de descoberta. Mas, neste momento, acredito que a nova geração tem um som incrível, uma identidade incrível.

Se pudesses colaborar com um artista moçambicano, do presente ou do passado, quem escolherias e porquê?

Se eu tivesse oportunidade de colaborar com um artista moçambicano, eu penso que escolhia alguém do presente, muito provavelmente o Mark Exodus, porque, quando eu estive em Moçambique, ele recebeu-nos muito bem, tivemos ali uma conexão, falámos, trocámos ideias e estou à espera que a vida volte a juntar-nos e possamos trabalhar e colaborar numa música.

Os teus fãs moçambicanos acompanham-te de perto e muitos esperam ansiosamente por um concerto teu em Moçambique. Já há planos para actuares no país? Quando poderemos ver-te ao vivo por cá? E que mensagem gostarias de deixar para eles?

Eu já tive a oportunidade de tocar em Moçambique e os concertos foram incríveis. O público aí é muito forte, muito apaixonado. Agarraram-nos e levaram-nos até à lua. Acho que nós fomos tocar aí com eles, e eles é que nos fizeram viajar. São incríveis, mesmo. E, claro que gostava, num futuro próximo — talvez este ano, talvez no próximo ano —, vamos fazer todos os possíveis para conseguirmos ir aí e abraçar novamente o público, porque são incríveis, receberam-nos muito bem e eu só trouxe memórias incríveis daí de Moçambique. Então, para os meus fãs de Moçambique, espero que saibam que eu vos amo. Vocês são incríveis, e quero voltar a fazer uma viagem convosco, levar-vos até à lua, alinhar os vossos chakras, e, assim que for possível, estarei aí. Um grande abraço.

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Music as a mirror of the soul and of origins

Born in Angola in 1998, but raised in Rio de Mouro, a suburb in the Linha de Sintra, Ivandro has emerged as one of the most authentic and versatile artists of the new generation of Lusophone music. With a rising career and a voice that crosses borders, his compositions carry the soul of a true storyteller. In an exclusive interview with Revista Xonguila, the artist speaks about identity, spirituality, creative processes, and his deep connection with Mozambique — a country that, according to him, made him travel to the moon.

You have a strong connection to Africa and its musical roots. How has that African heritage shaped your path and your way of feeling music? I inherited a lot of musicality from Africa, thanks to my parents, thanks to my family. We’ve always had the habit of listening to great musicians from our land and, without a doubt, that influenced my music. Even today, my biggest songs are almost always close to afro, if not entirely afro. And I’m also going back to my roots and creating more songs in that style.

Your music conveys a great deal of emotion and authenticity. How do you balance your personal truth with what the public expects from you? That’s a good question, and I think that for me, and for any artist, knowing what people want from us can bring a certain pressure, but I think the secret to overcoming that is to create, to create a lot, to have lots of options and, in that way, to feel that we’re always releasing something

that carries our truth.

Your generation of artists is redefining the sound of Lusophone music.

Do you feel that a new identity is emerging, or are we still in a process of discovery?

I feel like yes, my generation is redefining the sound of Lusophony. I think it’s already happened — I believe we have a very distinct identity. And clearly, there are always people emerging who bring something new and keep paving the way for this to become even greater and more incredible. So, in a way, it’s always a process of discovery. But at this moment, I believe the new generation has an amazing sound, an amazing identity.

If you could collaborate with a Mozambican artist, from the past or present, who would you choose and why? If I had the chance to collaborate with a Mozambican artist, I think I’d choose someone from the present —

most likely Mark Exodus — because when I was in Mozambique, he welcomed us so warmly, we connected, we talked, exchanged ideas, and I’m waiting for the world to return... for life to bring us back together so we can work and collaborate on a track.

Is there an emotion or message that you haven’t yet managed to express through music, but that you’d like to explore in the future?

There are still emotions and messages I want to express in my music. My creative process involves living, living and letting life show me what I should convey in my songs. And since there are some studio experiences that the public hasn’t heard yet, I’m still experimenting. But there are things that I feel life will still teach me to put down on paper and turn into music, and I’m waiting for that to happen.

I realized that the song Lua isn’t just mine - it’s something that now belongs to  the world.

In the track "Give God Praises", there’s a strong spiritual element. What role does spirituality play in your life, and how does it influence your music?

Spirituality plays a huge role in my music and in me. I grew up in a very religious environment, practising until I was 17, and I’d say I started even in my mother’s womb, so to speak, right? I’ve always been very connected to God, not just me, but my family too, and singing in church had a big impact on my musicality. Later, I found my own truth. I know God is in my life, I feel His blessings around me, and so it influences everything — everything… everything… everything around me.

The album Trovador reflects an introspective journey, and you’ve mentioned that "melodies emerged where words couldn’t reach". How has music allowed you to express emotions or thoughts that would otherwise be hard to communicate? I think music, for me, became a tool that does exactly what I said: it reaches where words can’t. The musicality, the instruments — everything involved in a song lets me share what’s in my heart. It often allows me — imagine — to pass on a message to someone I want to reach. And sometimes it’s hard to do that in a conversation. But with a song, the magic happens, and it’s much easier to give someone a fully open heart. I feel the messages become so strong that they echo not only within us, but also to others who are going through the same.

Fotografia:
Cortesia de Coliflor Entertainment

In past interviews, you mentioned you haven’t quite defined your sound in music. After releasing Trovador, do you feel you’ve found your musical identity, or are you still searching?

Yes, I said that before and I still feel the same. Of course, there are styles where I feel more comfortable, namely afro — and maybe people even enjoy hearing me more in that style — but I feel like I’m a musician, I’m versatile, I like to explore different sides of myself, I like listening to different styles, I don’t limit myself to just one. So, I still don’t know how to define my style. But I’d say there’s a “beach” — afro. But I enjoy exploring, and I think life brings about that transformation. In Trovador, that’s very evident. It was a big project, and it took me years to make. And that’s clear — you can see different phases of me, times when I leaned more towards afro, other times more into hip-hop, and other times into the “classic” — like bossa nova, for example, Noite, with Vitor Kley. And I think that’s what defines me as an artist. I try to share what life is showing me. So, in this phase, my uniqueness may be one thing, but in the future, it might be another style.

Was there ever a moment on stage that was so powerful it made you rethink your relationship with music?

To answer that, I’d probably have to go back to my first concert where the audience embraced me. That definitely made me rethink my relationship with music. It made me realise how many people connected with my words, how many felt my music as if it were their own. It made me hold on tightly to my music and believe this was real — that one day I’d be where I am, and that there would be so much more to dream once I got there. And also, when I shared the stadium stage with Coldplay and Bárbara Bandeira, that was another moment where I reconsidered my relationship with music. I think life keeps unfolding, we reach various milestones, and I was at a point where I was facing a wall, so to speak — a metaphorical wall. What I mean is: maybe I

thought I knew what tomorrow would bring and what my limits were. But that day, my mind opened again, my heart too, and it let me dream. I realised that we don’t know the future, there’s still so much more to come, and that if I work harder, dedicate myself more, put even more of my heart out there, there are still so many things I don’t yet know that could happen… that will happen.

Has your music led you to meet people or cultures that changed the way you see life?

Is there a memorable story?

Yes, my music has introduced me to different people and cultures, and I’ve had many unforgettable moments on this journey. I think I can share one: I realised that my songs no longer belong solely to me when I hear stories from people like, for example, someone who had to go through a difficult life moment — like seeing their father in a terminal state — and they chose my song Lua as their farewell, because they both really loved it. And they listened to it until the very last day. That was incredibly powerful for me. I realized that the song Lua isn’t just mine — it’s something that now belongs to us. And when I say “us”, I mean me and the world, and everyone who has an open heart to receive it.

What are your future plans after releasing Trovador? Can we expect new sounds or different projects?

Future plans… I’m still thinking about them. I’ve been making a lot of music. After working on such an extensive project, I wanted to challenge myself to innovate again and to sound even better than what I did on that project, which I think was amazing — and I think people embraced it in an incredible way. I want to feel that I’ve outdone myself. And I’m currently working on that — in the studio, in life — for instance, I’m building a family and living that moment to learn from it and bring messages to my music that are truly meaningful, not just for me, but for anyone willing to listen. To leave something behind, as I did with songs on Trovador — to leave behind songs that, I’d say, are timeless.

Fotografia: Cortesia de Coliflor Entertainment

In the song Chakras, you say "I’ll leave my mark, make my home proud." Do you feel you’ve already achieved that goal, or is there still something greater you want to reach?

I’d say I’ve already managed, in a way, to fulfil both things I mentioned — to leave my mark and make my home proud. But I think the mark can be even bigger, and the pride even greater too. So I believe there’s still more, more path to walk, and more to strengthen what I said.

Your Mozambican fans follow you closely and many are eagerly awaiting one of your concerts in Mozambique. Are there any plans to perform in the country? When can we see you live here? And what message would you like to leave them? I’ve had the chance to perform in Mozambique and the concerts were incredible. The audience there is strong, passionate. They embraced us and took us to the moon. I think we went there to perform, and they were the ones who made us travel. They’re

amazing, really. And of course, I’d love, in the near future — maybe this year, maybe next — we’ll do everything we can to come back and embrace the audience again, because they’re amazing, welcomed us so well, and only brought back incredible memories from Mozambique. So, to my fans in Mozambique, I hope you know I love you. You’re amazing, and I want to go on another journey with you, take you to the moon, align your chakras, and as soon as possible, I’ll be there. A big hug.

“I inherited much of my musicality from Africa thanks to my parents, thanks to my family.”

Ivandro

A música como espelho da alma e das origens

Music as a mirror of the soul and origins

20 BCI

Caminhada pela saúde

Walk for health

38 MMEC 2025

O papel do sector financeiro na mineração

The financial sector’s role in mining

46 Vida Ideal

Educação contra a violência sexual jovem

Education against sexual violence among youth

Sílvia Linha

One of the six finalists for Miss Africa 2025

Uma das seis finalistas do Miss África 2025

78 Kioni

Do papel para o ecrã

From page to screen

96 FES 2025

Beira celebra inovação e sustentabilidade

Beira celebrates innovation and sustainability

108 Laura Andrade

O jornalismo como serviço público

Journalism as public service

Chizavane

Uma reserva natural

A nature reserve

20

Clubhouse

Um restaurante com alma e velocidade

A restaurant with soul and speed

FICHA TÉCNICA/BIOS

Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Fátima Ribeiro, Omar Diogo • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Dércio Parker, Sany Weng, Emilia Gimo • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Pedro Sargaço • Fotografia/Photography: Helton Perengue • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Omar Diogo, Nuno Lopes, Ana Piedade • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/ Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Txelene LDA • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)

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The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine 86

Do Director / From the Director

A Xonguila assinala, nesta edição de Maio, um marco que nos enche de orgulho — oitenta edições publicadas, sem interrupções. Um número que não nos faz parar para celebrar, mas sim para continuar, com mais responsabilidade, a honrar o país e as suas gentes.

Desta vez, o cantor Ivandro empresta-nos a sua voz e desvela a sua alma numa entrevista íntima em que fala de identidade e espiritualidade, bem como da influência de Moçambique na sua arte. Por seu lado, Sílvia Linha, finalista do Miss África 2025, traz-nos uma história de superação que atravessa fronteiras e derruba estereótipos.

No domínio económico e do empreendedorismo, acompanhamos a presença do Millennium bim na MMEC 2025 realçando a importante relação entre o sector financeiro e o mineiro; trazemos o Festival de Empreendedorismo Sustentável 2025, que na cidade da Beira mostrou como inovação e impacto social podem andar de mãos dadas. Já no domínio social, damos destaque à Vida Ideal, organização empenhada na luta contra a violência sexual jovem, e ao voluntariado da associação UWC Moçambique, bem como a uma aposta da HEINEKEN para fortalecer as comunidades rurais.

Cada página deste número é um convite à descoberta. Leia sem pressa e desfrute das nossas sugestões.

Xonguila marks, in this May edition, a milestone that fills us with pride — eighty editions published, without interruption. A number that does not make us stop to celebrate, but rather to continue, with more responsibility, to honour the country and its people.

This time, the singer Ivandro lends us his voice and unveils his soul in an intimate interview in which he speaks about identity and spirituality, as well as the influence of Mozambique on his art. For her part, Sílvia Linha, finalist of Miss Africa 2025, brings us a story of resilience that crosses borders and breaks down stereotypes.

In the economic and entrepreneurship domain, we follow Millennium bim’s presence at MMEC 2025, highlighting the important relationship between the financial and mining sectors; we cover the 2025 Sustainable Entrepreneurship Festival, which in the city of Beira showed how innovation and social impact can go hand in hand. In the social domain, we spotlight Vida Ideal, an organisation committed to combating sexual violence among youth, and the volunteer work of the UWC Mozambique association, as well as an initiative by HEINEKEN to strengthen rural communities.

Each page of this issue is an invitation to discovery. Read at your leisure and enjoy our recommendations.

Em Chizavane, o mar é de um azul vibrante, e as praias de areia limpa abraçam-nos com uma beleza que quase parece de filme.

Fotografia: Cortesia de Miguel Peral

Escrito por: Miguel Peral

Chizavane é um dos locais que mais amo em Moçambique. Sempre que posso, com a família, sigo pela estrada até lá chegar. Não é uma reserva, não está “demarcado”, mas é uma reserva natural, pois é cuidado como tal!

Imaginem uma viagem de 3 a 4 dias para este paraíso. Não é só um distrito na província de Gaza; é um espaço onde a natureza parece ter criado o seu próprio mundo, um lugar que nos faz sentir que os limites não existem. Aqui, o mar é de um azul vi -

brante, e as praias de areia limpa abraçam-nos com uma beleza que quase parece de filme.

Ao caminharmos pela costa, encontramos recifes de pedra e coral que formam imensas piscinas naturais — seguras, tranquilas, perfeitas para

Ao

caminharmos pela costa, encontramos recifes de pedra e coral que formam imensas piscinas naturais, seguras, tranquilas, perfeitas para o banho ou simplesmente para relaxar enquanto ouvimos o som das ondas.

o banho ou simplesmente para relaxar enquanto ouvimos o som das ondas. É como se o mar nos convidasse a entrar e esquecer o resto do mundo. E, ao longo do ano, as gentes de Chizavane aproveitam os frutos do mar, colhendo ostras e mexilhões (a não perder, pois sabem a mar de verdade) nas rochas mais escondidas, sempre prontos a partilhar um pouco da sua riqueza com quem visita.

Na época das baleias, entre Julho e Novembro, tudo muda um pouco. O oceano transforma-se num palco vivo: saltos de baleias, machos a exibirem-se às fêmeas com saltos imprevisíveis. É um verdadeiro espectáculo natural, uma dança de sedução que não deixa ninguém indiferente. Assistir a esses momentos é quase como estar no meio de uma história de amor escrita pelo próprio mar.

Fotografia: Cortesia de Miguel Peral

Ao assistir à busca dos pescadores, podemos ver o esforço de homens e mulheres, jovens e idosos, que enfrentam o mar com coragem, sabendo que o tempo é rápido e o mar, por vezes, violento. Rostos marcados pelo sol, mãos calejadas, mas sempre com um sorriso aberto — são essas pessoas que alimentam os visitantes com mariscos e peixes frescos e histórias de uma vida ligada ao mar. É uma experiência que toca pela autenticidade e pela força de quem ali vive.

Mas Chizavane não é só mar. Existem as dunas gigantes, as lagoas interiores com uma fauna e flora incríveis, com cores e formas únicas, o incrível pôr-do-sol visto do cimo de um desses locais... Cada recanto revela um segredo, uma nova paisagem que vale a pena explorar, experimentar com os sentidos. Sim, suspiro porque sempre que me recordo deste local e destes momentos é como se estivesse lá, tal a intensidade com que toda aquela beleza natural pode ser vivida!

Cada recanto revela um segredo, uma nova paisagem que vale a pena explorar, experimentar com os sentidos.

A oferta de alojamento é variada, com opções de boa qualidade e um conforto que faz com que nos sintamos em casa. Quando chegamos ao Zona Braza, por exemplo, nem pensamos em descarregar o carro — vamos logo sentarnos na grande varanda do restaurante, sobranceira à praia, pedir um café ao Narciso, cujo sorriso de alma infantil contagia e faz esquecer qualquer stress. Aqui, fica claro que o que importa é a sensação de paz que o lugar oferece — um verdadeiro refúgio do dia-a-dia, um pedaço de paraíso acessível.

Chizavane revela-se assim: um espaço sem limites, onde a beleza natural, as pessoas acolhedoras e a tranquilidade se unem para criar uma experiência única. Um lugar que nos ensina, com a sua simplicidade, que o verdadeiro paraíso está na natureza, nas mãos que a preservam, nas histórias que ela guarda. E, no final, tudo o que queremos é ficar mais um pouco, até que a praia, o mar e as suas gentes nos levem de novo, com um sorriso no rosto e a alma renovada.

Fotografia: Cortesia de Miguel Peral

Chizavane, a natural reserve

Chizavane is one of the places I love most in Mozambique. Whenever I can, with the family, I take the road until we get there. It’s not a reserve, it’s not “demarcated”, but it is a natural reserve, as it is cared for as such!

Imagine a 3- to 4-day trip to this paradise. It’s not just a district in Gaza province; it’s a place where nature seems to have created its own world, a place that makes us feel like limits don’t exist. Here, the sea is a vibrant blue, and

the clean sandy beaches embrace us with a beauty that almost seems like a film.

As we walk along the coast, we find rock and coral reefs that form huge natural pools — safe, calm, perfect

Here, it becomes clear that what matters is the feeling of peace the place offers — a true escape from everyday life, an accessible piece of paradise.

for bathing or simply to relax while listening to the sound of the waves. It’s as if the sea is inviting us to enter and forget the rest of the world. And, throughout the year, the people of Chizavane enjoy the fruits of the sea, collecting oysters and mussels (not to be missed, as they truly taste of the sea) from the most hidden rocks, always ready to share a bit of their wealth with visitors.

During whale season, between July and November, everything changes a little. The ocean becomes a live stage: whale breaches, males showing off to females with unpredictable jumps. It’s a true natural spectacle, a dance of seduction that leaves no one indifferent. Watching those moments feels almost like being in the middle of a love story written by the sea itself.

Fotografia:
Cortesia de Miguel
Peral

When watching the fishermen at work, we see the effort of men and women, young and old, who face the sea with courage, knowing that time is quick and the sea, at times, violent. Faces marked by the sun, calloused hands, but always with an open smile — it’s these people who feed visitors with shellfish and fresh fish and with stories of a life connected to the sea. It’s an experience that moves you with the authenticity and strength of those who live there. But Chizavane is not just the sea. There

are the giant dunes, the inland lagoons with incredible fauna and flora, with unique colours and shapes, the amazing sunset seen from the top of one of those places... Each corner reveals a secret, a new landscape worth exploring, experiencing with the senses. Yes, I sigh because whenever I remember this place and these moments, it’s as if I’m there, such is the intensity with which all that natural beauty can be lived! The accommodation offer is varied, with good quality options and a

In the end, all we want is to stay a little longer, until the beach, the sea, and the people take us once again, with a smile on our face and our soul renewed.

comfort that makes us feel at home. When we arrive at Zona Braza, for example, we don’t even think about unloading the car — we go straight to sit on the big veranda of the restaurant, overlooking the beach, order a coffee from Narciso, whose childlike smile is contagious and makes us forget any stress. Here, it becomes clear that what matters is the feeling of peace the place offers — a true escape from everyday life, an accessible piece of paradise.

This is how Chizavane reveals itself: a place without limits, where natural beauty, welcoming people, and tranquillity come together to create a unique experience. A place that teaches us, through its simplicity, that true paradise lies in nature, in the hands that preserve it, in the stories it holds. And in the end, all we want is to stay a little longer, until the beach, the sea, and its people take us once again, with a smile on our face and our soul renewed.

Fotografia: Cortesia de Miguel Peral

Heineken aposta em agricultura regenerativa para fortalecer comunidades rurais

Mais

do que um projecto agrícola, o PRASL é um compromisso com o futuro das comunidades rurais.

Heineken aposta em agricultura regenerativa para fortalecer comunidades rurais

A Fundação HEINEKEN África, em colaboração com a HEINEKEN Moçambique, a Solidaridad Southern Africa, a Kvuno e a Hiveonline, lançou recentemente o projecto “Promovendo a Agricultura Regenerativa para Subsistência Sustentável” (PRASL). Trata-se de uma iniciativa ambiciosa, com a duração de três anos, que visa transformar profundamente a agricultura de subsistência em Moçambique, tornando-a mais sustentável, inclusiva e resiliente face às alterações climáticas. O projecto contempla um investimento de 1,5 milhões de euros e promete impactar directamente 4.000 pequenos agricultores moçambicanos.

Com implementação prevista no distrito de Boane, na província de Maputo, o PRASL propõe-se a capacitar, sobretudo, mulheres e jovens adultos, através da introdução de práticas agrícolas regenerativas que visam restaurar solos degradados, revitalizar ecossistemas e reforçar a autonomia das comunidades rurais. Ao colocar a regeneração ambiental no centro da acção, o projecto aposta numa abordagem que alia sustentabilidade, inovação e justiça social.

A iniciativa nasce como resposta directa aos múltiplos desafios que afectam os pequenos agricultores moçambicanos, como a variabilidade das chuvas, a exaustão dos solos e o acesso precário aos

mercados formais. Para enfrentar essas dificuldades, o PRASL contempla também a introdução de ferramentas digitais e soluções de inclusão financeira, permitindo aos produtores maior controlo sobre os seus processos produtivos, bem como acesso facilitado ao crédito e a canais de comercialização.

Um dos pilares do projecto é a promoção da equidade: pelo menos 60% dos beneficiários serão mulheres e 30% jovens adultos. A aposta passa pela criação de programas de mentoria, formação técnica e desenvolvimento de competências de liderança, com o objectivo de fortalecer o papel da mulher nas comunidades agrícolas e atrair a juventude para um sec -

tor tradicionalmente envelhecido.

A decorrer até 2027, o PRASL pretende deixar um impacto duradouro que ultrapasse os limites do próprio projecto. Ao fomentar práticas sustentáveis e criar estruturas de apoio contínuo ao desenvolvimento rural, esta acção conjunta entre a HEINEKEN e os seus parceiros quer assegurar que os benefícios se prolonguem no tempo e sirvam de modelo replicável em outras regiões do país.

Mais do que um investimento agrícola, trata-se de um compromisso com o futuro — um futuro onde comunidades mais resilientes, informadas e empoderadas poderão cultivar não só alimentos, mas também esperança.

A iniciativa da Heineken promove práticas regenerativas para restaurar ecossistemas e revitalizar a economia local.

Fotografia: Cortesia de Heineken

Heineken backs regenerative agriculture to strengthen rural communities

The HEINEKEN Africa Foundation, in partnership with HEINEKEN Mozambique, Solidaridad Southern Africa, Kvuno, and Hiveonline, has recently unveiled the “Promoting Regenerative Agriculture for Sustainable Livelihoods” (PRASL) project. This bold three-year initiative aims to drive a transformative shift in subsistence farming practices across Mozambique, making them more sustainable, inclusive, and resilient to climate change. With an investment of €1.5 million, the project is set to directly benefit 4,000 smallholder farmers throughout the country.

Set to be implemented in Boane district, Maputo province, PRASL is focused on empowering rural communities—particularly women and

young adults—by introducing regenerative agricultural practices. These methods seek to restore degraded soils, revitalise ecosystems, and strengthen community self-reliance, placing environmental regeneration at the heart of

the project’s approach. It is a model that combines sustainability, innovation, and social justice.

The initiative responds directly to the numerous challenges facing smallholder farmers in Mozambique, including

erratic rainfall, soil depletion, and limited access to formal markets. To address these issues, PRASL will also introduce digital tools and financial inclusion solutions, enabling farmers to gain greater control over their production processes, access credit more easily, and connect with market channels.

A key pillar of the project is the promotion of equity: at least 60% of beneficiaries will be women and

30% young adults. The strategy includes mentoring programmes, technical training, and leadership development, aiming to strengthen the role of women in agricultural communities and attract younger generations to a sector traditionally seen as ageing.

Running through to 2027, PRASL aspires to leave a lasting legacy that goes beyond the project itself. By promoting sustainable practices and

establishing enduring support structures for rural development, this joint effort by HEINEKEN and its partners seeks to ensure longterm benefits and provide a replicable model for other regions across the country.

More than just an agricultural investment, this is a commitment to the future— one in which more resilient, informed, and empowered communities can cultivate not only food, but also hope.

The project aims to strengthen the role of women in agricultural communities and to attract younger generations to a sector traditionally viewed as ageing.
Fotografia: Cortesia de Heineken

A participação no MMEC 2025 consolidou o Millennium bim como parceiro estratégico do sector mineiro.

MMEC 2025

Millennium bim reforça papel estratégico do sector financeiro no desenvolvimento mineiro

O Millennium bim encerrou a sua participação na 11.ª Conferência e Exposição de Mineração de Moçambique (MMEC 2025), reafirmando uma convicção clara: o sector financeiro é uma peça chave para transformar o potencial mineiro de Moçambique em prosperidade partilhada e sustentável.

Nos dois dias de debates que decorreram no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano, em Maputo, de 7 a 8 de Maio, o Banco destacou-se como facilitador de soluções inclusivas, com foco no fortalecimento do conteúdo local, na responsabilidade social corporativa e em parcerias estratégicas entre a Banca e a indústria extractiva.

Durante a conferência, representantes do Millennium bim defenderam que o sector financeiro pode e deve impulsionar a industrialização do país, assegurando uma participação moçambicana decisiva em projectos de grande escala, nomeadamente no sector da mineração.

Nesse contexto, Aly Faruque, Director da Banca Corporativa e de Investi-

mento, destacou o papel do Banco como agente activo no desenvolvimento do conteúdo local: “O Millennium bim é, efectivamente, o Banco do conteúdo local. Estamos totalmente disponíveis para apoiar as empresas moçambicanas ao longo de toda a cadeia de valor, com soluções financeiras alinhadas às suas necessidades reais. Só com união entre bancos, empresas e instituições, poderemos transformar o potencial do país em prosperidade partilhada”, afirmou.

João Milheiro, Director da Banca Corporativa, reforçou a necessidade de se estreitarem relações entre a Banca e a indústria mineira: “O sector financeiro e a indústria mineira devem andar de mãos dadas. O Millennium bim está pronto para apoiar as empresas e os seus fornecedores com soluções simples, rápidas e ajustadas

à realidade local e, assim, contribuir para o crescimento sustentável da nossa economia”.

Na vertente social, Christine Ramela, Directora de Responsabilidade Social Corporativa, reforçou a abordagem do Banco orientada para as comunidades: “Para o Millennium bim, a responsabilidade social é um pilar estratégico de desenvolvimento. Não se trata de dar, mas de construir soluções duradouras com e para as comunidades. Ouvimos, colaboramos e actuamos para promover inclusão, educação e sustentabilidade social.”.

A participação no MMEC 2025 consolidou o posicionamento do Millennium bim como parceiro estratégico do sector mineiro e agente catalisador de desenvolvimento sustentável e industrialização nacional.

Fotografia: Cortesia do Millennium bim
“Só com união entre bancos, empresas e instituições, poderemos transformar o potencial do país em prosperidade partilhada.”
Aly Faruque, Director da Banca Corporativa e de Investimento do Millennium bim.

O sector financeiro é uma peça chave para transformar o potencial mineiro de Moçambique em prosperidade partilhada e sustentável.

Fotografia: Cortesia do Millennium bim

MMEC 2025

Millennium bim highlights strategic role of finance in mining sector development

Millennium bim concluded its participation in the 11th Mozambique Mining and Energy Conference & Exhibition (MMEC 2025) with a clear message: the financial sector is pivotal in transforming Mozambique’s mining potential into shared and sustainable prosperity.

Held from 7–8

May at the Joaquim Chissano International Conference Centre in Maputo, the two-day event featured extensive discussions in which Millennium bim positioned itself as a key enabler of inclusive financial solutions. The bank emphasised its commitment to strengthening local content, fostering corporate social responsibility, and promoting strategic partnerships between financial institutions and the extractive industry.

Throughout the conference, Millennium bim representatives underscored the critical role of finance in driving industrialisation and ensuring meaningful Mozambican participation in largescale mining ventures. Aly Faruque, Director

of Corporate and Investment Banking, affirmed the bank’s dedication to supporting local enterprise: “Millennium bim is truly the bank of local content. We are fully committed to supporting Mozambican businesses across the entire value chain, providing financial solutions tailored to their real needs. Only through collaboration between banks, businesses, and institutions can we unlock the nation’s potential and turn it into shared prosperity.”

João Milheiro, Director of Corporate Banking, echoed this sentiment, calling for closer ties between the financial and mining sectors: “Finance and mining must go hand in hand. Millennium bim is ready to support companies and their suppliers with simple,

swift, and locally adapted solutions, contributing to the sustainable growth of our economy.”

On the social front, Christine Ramela, Director of Corporate Social Responsibility, outlined the bank’s community-centred approach: “For Millennium bim, social responsibility is a strategic pillar of development. It’s not about handouts, but about building lasting solutions with and for communities. We listen, collaborate, and act to promote inclusion, education, and social sustainability.”

Millennium bim’s presence at MMEC 2025 reinforced its role as a strategic partner in the mining sector and a catalyst for sustainable development and national industrialisation.

Vida Ideal Educação, diálogo e acção contra a violência sexual jovem

Num país onde o silêncio sobre temas delicados ainda se impõe como regra, e o estigma e o desconhecimento ainda ditam o rumo de muitas histórias de dor, nasce uma iniciativa com um propósito claro e urgente: educar para prevenir.

Aorganização Vida Ideal tem vindo a erguer-se como uma voz firme e empática na luta contra a violência sexual entre jovens em Moçambique. Através da educação, da consciencialização e da acção concreta, esta organização aposta na formação de comunidades mais seguras, informadas e preparadas para proteger as suas crianças e adolescentes.

Educar para proteger: a missão da Vida ideal

A Vida Ideal é uma organização comprometida com a promoção de ambientes saudáveis para o crescimento da juventude moçambicana. Reconhecendo que a violência sexual continua a ser uma realidade dolorosa e persistente no país, decidiu centrar os seus esforços na prevenção — entendida não como um acto isolado, mas como um processo contínuo de educação e diálogo. A missão é clara: capacitar jovens, pais, educadores e líderes comunitários para que saibam abordar a questão de forma segura, clara e empática. Numa sociedade onde o tabu muitas vezes impede a denúncia e o apoio, a Vida Ideal oferece ferramentas

práticas para romper com o ciclo da desinformação. A sua actuação estende-se a escolas públicas, bairros suburbanos, centros juvenis e fóruns comunitários, levando consigo materiais de apoio cuidadosamente elaborados: manuais para pais, guias para educadores, cartilhas para jovens e orientações específicas para líderes comunitários. Tudo com uma linguagem acessível, pedagógica e culturalmente sensível.

Um workshop que abre portas ao diálogo

Recentemente, a organização promoveu o workshop intitulado “Como Falar sobre Violência Sexual com Jovens”, uma iniciativa marcante que reuniu jovens, educadores, activistas e representantes comunitários num espaço de partilha, escuta activa e construção colectiva de soluções. Mais do que uma sessão formativa, foi um verdadeiro laboratório de ideias e experiências, onde se discutiram estratégias eficazes para abordar o tema da violência sexual junto da juventude. A linguagem apropriada, o acolhimento empático e o papel dos adultos como guias seguros foram alguns dos

pontos de destaque. A experiência foi, profundamente enriquecedora e transformadora, deixando clara a necessidade de multiplicar este tipo de encontros por todo o país.

Uma Campanha que se expande

Mas a Vida Ideal não fica por aqui. A organização está a impulsionar uma campanha nacional de mobilização comunitária, que visa influenciar políticas públicas, fortalecer respostas institucionais e dotar os cidadãos de ferramentas para intervir e apoiar vítimas. O objectivo é claro: transformar realidades.

Carla Freia, Fundadora e Directora

Executiva da Vida Ideal, explicou que a nova campanha da organização, tem como principal objectivo promover conversas abertas, seguras e informadas sobre o fenómeno da violência sexual. “Queremos criar um ambiente onde os jovens se sintam à vontade para falar, questionar e aprender sobre o que é a violência sexual e como se podem proteger”, afirmou. A campanha procura explicar de forma clara o que constitui este tipo de violência, como ocorre, quais os sinais de alerta e os caminhos disponíveis para denúncia.

“Estamos a trabalhar para desmistificar o tema e quebrar o silêncio que ainda o envolve, especialmente nas comunidades onde impera o medo ou a vergonha”, acrescentou. A iniciativa inclui workshops interactivos, distribuição de manuais educativos e formações específicas, adaptadas a diferentes públicos, com a missão de capacitar adolescentes, pais, educadores e líderes comunitários com ferramentas práticas e uma linguagem acessível.

No que diz respeito à colaboração com o Estado e outras organizações, Carla Freia destacou a importância de uma acção conjunta e estruturada. “Nenhuma entidade, por si só, consegue combater este problema. A nossa força está na união de esforços”, sublinhou. A Vida Ideal pretende trabalhar de forma articulada com instituições públicas — escolas, centros de saúde, serviços sociais e gabinetes de apoio à criança e à mulher — para que a prevenção da violência sexual seja efectivamente incorporada nos currículos escolares e nas políticas de protecção infantil. “Estamos também a estabelecer parcerias com redes da sociedade civil, defensores dos direitos humanos e instituições religiosas, porque acreditamos que a mudança precisa de ser construída a partir das bases, respeitando os contextos locais”, referiu. Para reforçar esta acção conjunta, a Vida Ideal compromete-se a disponibilizar dados relevantes, formações especializadas e recomendações técnicas, contribuindo assim para políticas públicas mais eficazes e verdadeiramente humanizadas.

Quanto à expansão da campanha para outras províncias, Carla Freia partilhou a sua visão a médio prazo. “Queremos chegar a mais de 5.000 jovens e adolescentes directamente, e impactar cerca de 15.000 pessoas de forma indirecta, através das nossas acções comunitárias e materiais educativos”, explicou. Um dos principais pilares desta expansão é a formação de facilitadores comunitários: “Planeamos capacitar 300 pessoas — entre professores, técnicos de saúde, assistentes sociais e líderes comunitários — para que sejam agentes de mudança nas

suas próprias localidades”. Carla reforçou que o verdadeiro impacto se mede não apenas pelos números, mas pela mudança cultural que se pretende promover. “O nosso objectivo é que a violência sexual deixe de ser normalizada e que o respeito pelo corpo e pela dignidade humana seja uma norma, e não a excepção”, afirmou convictamente.

Por fim, sublinhou o papel essencial da sociedade civil neste processo. “A mudança começa com cada um de nós. Não podemos continuar a tratar este problema como se fosse apenas do outro”, declarou. Carla destacou várias formas de envolvimento activo: desde a promoção de espaços de diálogo em bairros, escolas, igrejas e famílias, à participação em workshops, passando pela disseminação de conteúdos informativos e pela advocacia por políticas públicas mais justas e inclusivas. “Contamos com voluntários, doadores e instituições que possam contribuir com recursos, tempo e conhecimento. Cada gesto conta”, afirmou. E concluiu: “Não basta condenar a violência — é preciso agir com coragem e persistência para preveni-la e, um dia, erradicá-la completamente”.

Num país onde o futuro depende, em grande parte, da protecção da juventude, iniciativas como as da Vida Ideal são imprescindíveis. Educar é prevenir. Falar é proteger. Agir é transformar. E é justamente isso que esta organização tem feito — com seriedade, coragem e esperança.

Fotografia: Cortesia de Vida Ideal

A organização Vida Ideal tem vindo a erguer-se como uma voz firme e empática na luta contra a violência sexual entre jovens em Moçambique.

Vida Ideal Education, dialogue and action against youth sexual violence

In a country where silence on sensitive issues still tends to prevail, and where stigma and ignorance continue to dictate the course of many painful stories, an initiative with a clear and urgent purpose emerges: to educate in order to prevent.

The organisation Vida Ideal has become a firm and empathetic voice in the fight against sexual violence among young people in Mozambique. Through education, awareness-raising and concrete action, this organisation is committed to building safer, more informed communities prepared to protect their children and adolescents.

Educating to protect: Vida Ideal’s mission

Vida Ideal is an organisation committed to promoting healthy environments for the growth of Mozambican youth. Acknowledging that sexual violence remains a painful and persistent reality in the country, it has focused its efforts on prevention — understood not as an isolated act, but as a continuous process of education and dialogue. The mission is clear: to empower young people, parents, educators and community leaders to address the issue in a safe, clear and empathetic manner. In a society where taboos often hinder reporting and support, Vida Ideal offers practical tools to break the cycle of misinformation. Its work extends to public schools, suburban neighbourhoods, youth centres and community forums, delivering carefully prepared support materials: manuals for parents, guides for educators, booklets for young people and specific guidance for community lead-

ers — all using accessible, pedagogical and culturally sensitive language.

A workshop that opens the door to dialogue

Recently, the organisation held a workshop entitled “How to Talk About Sexual Violence with Young People”, a landmark initiative that brought together young people, educators, activists and community representatives in a space of sharing, active listening and collective problem-solving. More than just a training session, it was a genuine laboratory of ideas and experiences, where effective strategies for addressing sexual violence among youth were discussed. Appropriate language, empathetic support, and the role of adults as safe guides were among the highlights. The experience was deeply enriching and transformative, clearly revealing the need to replicate such gatherings across the country.

An Expanding Campaign

But Vida Ideal is not stopping there. The organisation is driving a national campaign for community mobilisation aimed at influencing public policy, strengthening institutional responses, and equipping citizens with tools to intervene and support victims. The goal is clear: to transform realities.

tor of Vida Ideal, explained that the organisation’s new campaign primarily aims to promote open, safe and informed conversations about the phenomenon of sexual violence. “We want to create an environment where young people feel comfortable speaking, asking questions and learning about what sexual violence is and how they can protect themselves,” she said. The campaign seeks to clearly explain what constitutes this type of violence, how it occurs, what warning signs to look out for, and what avenues are available for reporting. “We are working to demystify the issue and break the silence that still surrounds it, especially in communities where fear or shame prevails,” she added. The initiative includes interactive workshops, the distribution of educational manuals, and tailored training sessions for different audiences, with the aim of equipping adolescents, parents, educators and community leaders with practical tools and accessible language.

Regarding collaboration with the State and other organisations, Carla Freia highlighted the importance of joint and structured action. “No single entity can tackle this problem alone. Our strength lies in unity,” she emphasised. Vida Ideal aims to work in close coordination with public institutions — schools, health centres, social services, and child and women’s support offices — so that the prevention of sexual violence is effectively embedded in school curricula and child protection policies. “We are also establishing partnerships with civil society networks, human rights advocates and religious institutions because we believe change must be built from the ground up, respecting local contexts,” she noted. To reinforce this collective action, Vida Ideal is committed to providing relevant data, specialised training and technical recommendations, thus contributing to more effective and genuinely human-centred public policies.

As for expanding the campaign to other provinces, Carla Freia shared her medium-term vision: “We want to reach over 5,000 young people and adolescents directly, and impact around 15,000 people indirectly through our community actions and educational materials,” she explained. One of the main pillars of this expansion is the training of community facilitators: “We plan to train 300 individuals — including teachers, health workers, social workers and community leaders — so they can act as agents of change in their own communities.” Carla emphasised that true impact is measured not only in numbers, but in the cultural shift that the initiative seeks to bring about. “Our goal is for sexual violence to no longer be normalised and for respect for the body and human dignity to become the norm, not the exception,” she stated with conviction.

Finally, she underlined the essential role of civil society in this process. “Change starts with each of us. We can no longer treat this problem as if it only belongs to someone else,” she declared. Carla pointed out several ways to get actively involved: from promoting dialogue spaces in neighbourhoods, schools, churches and families, to participating in workshops, disseminating informational content, and advocating for fairer and more inclusive public policies. “We rely on volunteers, donors and institutions that can contribute resources, time and knowledge. Every gesture counts,” she said. And she concluded: “It is not enough to condemn violence — we must act with courage and perseverance to prevent it and, one day, eradicate it entirely.”

In a country where the future depends largely on the protection of its youth, initiatives like those of Vida Ideal are indispensable. To educate is to prevent. To speak is to protect. To act is to transform. And that is precisely what this organisation has been doing — with seriousness, courage and hope.

Fotografia: Cortesia de Vida Ideal

realiza

caminhada

nacional pela saúde e bem-estar

“Esta Caminhada tem um grande objectivo: juntar a família BCI num momento como este, promovendo qualidade de vida e incentivando hábitos saudáveis.”

Francisco Costa - Presidente da Comissão Executiva do BCI

Mais de 270 colaboradores participaram na “Caminhada Daqui”, promovendo saúde, união e cultura organizacional em várias províncias do país

No Sábado, 10 de Maio, o Banco Comercial e de Investimentos (BCI) realizou a “Caminhada Daqui”, uma iniciativa nacional que mobilizou colaboradores de norte a sul de Moçambique, em prol da saúde, do bem-estar e da coesão interna. A Caminhada decorreu em simultâneo nas cidades de Maputo e Matola e nas províncias de Gaza, Sofala, Zambézia, Tete, Cabo Delgado e Niassa, reunindo mais de 270 Colaboradores num momento de exercício físico, convívio e celebração do espírito de equipa.

Em Maputo, a capital moçambicana, os participantes percorreram cerca de 10 quilómetros ao longo da icónica Avenida da Marginal, entre o nascer do sol e o brilho do mar, com partida e chegada no Edifício-Sede do Banco.

Entre passos firmes e sorrisos contagiantes, o Presidente da Comissão Executiva (PCE) do BCI, Francisco Costa, caminhou lado a lado com os demais membros da Comissão Executiva e Colaboradores, trajados de laranja, enchendo as ruas com a energia e o espírito de união que caracteriza a família BCI.

“Esta Caminhada tem um grande objectivo: juntar a família BCI num momento como este, promovendo qualidade de vida e incentivando hábitos saudáveis”, afirmou o PCE. “A história do BCI é feita de percursos, desafios e resiliência. E o desporto, como esta Caminhada, é um bom exemplo para nos inspirar.”

A manhã foi marcada por um ambiente animado e descontraído, com sessões de aeróbica, distribuição de água de coco, abraços, sorrisos e uma

grande dose de energia positiva. O evento reforçou os laços entre os Colaboradores e destacou a valorização da saúde física como componente essencial do bem-estar integral.

“Organizámos esta Caminhada a nível nacional e a adesão foi boa. Caminhámos juntos de norte a sul do país”, destacou Paula Boca, Directora Central da Direcção de Pessoas, Talento e Cultura do BCI.

Mais do que uma simples actividade desportiva, a “Caminhada Daqui” revelou-se um momento de fortalecimento pessoal e colectivo, promovendo a integração, o equilíbrio emocional e o orgulho de pertencer à família BCI.

Uma das Colaboradoras presentes partilhou a sua experiência: “a Caminhada foi simultaneamente enriquecedora e

Fotografia: Cortesia de BCI

relaxante. Permitiu-nos materializar práticas saudáveis para manter uma boa forma física e mental.”

Com esta iniciativa, o BCI reafirma o seu compromisso com o bem-estar dos seus Colaboradores, criando espaços de

partilha, saúde e motivação. A expectativa volta-se agora para a próxima edição, já ansiosamente aguardada.

BCI reafirma compromisso com o bem-estar dos seus Colaboradores

Fotografia: Cortesia de BCI

hosts nationwide walk for health and wellbeing

Over 270 employees take part in the “Caminhada Daqui”, promoting wellness, unity, and organisational culture across Mozambique

On Saturday, 10 May, the Banco Comercial e de Investimentos

(BCI) held its nationwide “Caminhada Daqui” initiative, uniting employees from across Mozambique in support of health, wellbeing, and internal cohesion. The event took place simultaneously in Maputo and Matola, as well as in the provinces of Gaza, Sofala, Zambézia, Tete, Cabo Delgado, and Niassa, drawing over 270 participants for a morning of physical activity, camaraderie, and celebration of team spirit.

In the capital city of Maputo, participants covered a 10-kilometre route along the iconic Avenida da Marginal, walking from sunrise to the shimmer of the sea, with the BCI Headquarters serving as both starting and finishing point. Clad in bright orange, the walkers—including BCI's Chief Executive Officer, Francisco Costa,

alongside fellow Executive Committee members— brought vibrant energy and a sense of unity to the streets, reflecting the strong bond of the BCI family.

“This walk has a clear purpose: to bring the BCI family together in a moment that promotes quality of life and encourages healthy habits,” said Costa. “BCI's story is one of journeys, challenges, and resilience. And sport— such as this walk—is a powerful source of inspiration.”

The morning featured a lively, relaxed atmosphere, with aerobic sessions, coconut water, warm embraces, smiles, and an infectious dose of positivity. The event strengthened ties among colleagues and underscored the importance of physical health as a key pillar of holistic wellbeing.

“We organised this walk

on a national scale and saw great participation. We walked together from north to south,” noted Paula Boca, BCI’s Central Director of People, Talent, and Culture.

More than just a sporting activity, the “Caminhada Daqui” served as a moment of personal and collective enrichment, fostering integration, emotional balance, and a deep sense of pride in being part of the BCI family.

One employee shared her thoughts: “The walk was both enriching and relaxing. It allowed us to put healthy habits into practice, which are essential for maintaining good physical and mental condition.”

With this initiative, BCI reaffirms its commitment to employee wellbeing, cultivating spaces for connection, health, and motivation. Anticipation is already building for the next edition.

Fotografia: Cortesia de BCI
“BCI's story is one of journeys, challenges, and resilience. And sport—such as this walk —is a powerful source of inspiration.”

Esperava trazer o título para Moçambique e esforcei-me bastante para isso, mas, ainda assim, sinto orgulho por ter conseguido chegar ao Top 6.

Fotografia: Cortesia de Sílvia Linha

Uma das seis finalistas do Miss África 2025

Do bairro da Polana Caniço às passarelas internacionais, da sala de aula à mesa de reuniões, Sílvia Ernesto Linha é o exemplo vivo de como talento e disciplina podem andar de mãos dadas. Aos 26 anos, esta jovem natural de Maputo carrega uma história de coragem, versatilidade e autenticidade. Modelo desde os 12 anos, profissional de marketing, técnica de seguros, e uma das seis finalistas do prestigiado concurso Miss África 2025, Sílvia tem vindo a afirmar-se como uma voz de representação e inspiração para a juventude moçambicana. Com uma postura irrepreensível, uma inteligência marcada pela formação académica em Marketing na Universidade Eduardo Mondlane e uma presença que transcende a moda, Sílvia desafia os rótulos e revela-se como uma mulher de múltiplas dimensões.

Nesta conversa exclusiva com a Revista Xonguila, viajamos pela sua infância, o despertar para o mundo da moda, a experiência nos bastidores dos concursos de beleza e o seu percurso profissional fora dos holofotes.

Cresceste em Maputo e começaste muito cedo a mostrar interesse pela moda e comunicação. Que memórias guardas da tua infância e de como esses interesses começaram a formar-se?

A minha infância foi em Maputo. Através da minha irmã mais velha, que trabalhava na área da moda e também como protocolo, comecei a acompanhar, ocasionalmente, os seus castings. Foi assim que nasceu o meu amor pela moda, pois muitas pessoas, devido à minha fisionomia alta e magra, incentivavam-me a experimentar esta área.

Começaste a tua carreira de modelo aos 12 anos. Como foi esse primeiro contacto com o mundo da moda e quais foram os principais desafios que enfrentaste tão jovem?

O meu primeiro contacto foi no casting da Elite Model, onde, infelizmente, não fui seleccionada por não ter a

altura adequada e por não ter a estrutura corporal exigida. Depois disso, optei por ser modelo para um amigo que adorava fotografia. O pai ofereceu-lhe uma câmara fotográfica e ele passou a fazer sessões de rua comigo e com uma amiga. A partir daí, comecei a ganhar visibilidade e fui sendo convidada para diferentes trabalhos, como sessões fotográficas com fotógrafos conceituados da época, campanhas publicitárias e participações em vídeos. Nesta fase inicial, realizava mais trabalhos fotográficos do que de passerelle.

No ensino superior, o que te motivou a escolher o curso de Marketing na Universidade Eduardo Mondlane e de que forma ele se cruza com a tua carreira? À medida que fui crescendo, decidi fazer o curso de Marketing pois estimula o meu lado criativo e comunicativo, além de ser uma área bastante versátil.

Fotografia: Cortesia de Sílvia Linha

O que significou para ti representar Moçambique no Miss África 2025 e alcançar o Top 6?

Representar Moçambique no Miss África foi uma experiência profundamente emocionante e enriquecedora. O que mais me surpreendeu, ao longo deste percurso, foi a minha capacidade de resolução de problemas, a força que possuía sem sequer ter plena consciência disso, e a forma como consegui

gerir as actividades que tinha antes da viagem para Abuja. Durante o concurso, essa mesma força ajudou-me a permanecer determinada até ao final.

Como foi a preparação para o Miss Moçambique e, depois, para o Miss África? O que é que mais te surpreendeu ao longo desses processos?

Foi uma grande satisfação poder representar o meu país e a nossa cultura. Esperava trazer o título para Moçambique e esforcei-me bastante para isso, mas, ainda assim, sinto orgulho por ter conseguido chegar ao Top 6.

humanos. Como consegues equilibrar tantas funções com a tua vida pessoal e a moda?

Infelizmente, a moda ainda não é devidamente valorizada em África, o que torna difícil depender exclusivamente desta profissão. Compreender esta realidade levou-me a explorar oportunidades no mercado de trabalho e a integrar uma das melhores empresas do país. Graças a Deus, essa experiência contribuiu imensamente para a minha evolução no mundo corporativo. Além disso, a empresa apoia-me ao conceder licenças para trabalhos urgentes de moda. Nos finais de semana, dedico-me a outros projectos, respondendo a mensagens e organizando agendas de actividades relacionadas com moda.

Representar Moçambique no Miss África foi uma experiência profundamente emocionante e enriquecedora.

Tens uma carreira diversificada que passa pelo marketing, seguros, secretariado executivo e recursos

Sentes que és um modelo de inspiração para as jovens moçambicanas?

Que mensagem procuras passar com a tua imagem e trajectória?

Sinto que inspiro muitas jovens através da minha persistência na moda e da minha determinação. Com a minha imagem, procuro ser o mais autêntica possível e deixar clara a minha essência enquanto pessoa.

Que importância tem para ti representar a cultura moçambicana em eventos internacionais, tanto na moda como no mundo empresarial?

Representar a cultura moçambicana, tanto na moda como no mundo empresarial, é essencial, pois torna-me um veículo para promover aquilo que temos de melhor. Infelizmente, Moçambique é, muitas vezes, esquecido, e isso entristece-me.

Houve algum momento em que pensaste desistir de tudo? Como superaste esses momentos de dúvida ou cansaço, e o que te motivou a continuar?

O primeiro momento em que pensei em desistir foi quando a produção anunciou oficialmente as participantes do Miss África 2025. Tive receio de não conseguir cumprir a missão devido a várias limitações, principalmente financeiras. Também pensei em desistir um dia antes da gala final, em Abuja, pois fiquei doente e temi não conseguir apresentar-me da melhor forma.

Sentiste que, ao longo do processo, contaste com o apoio do povo moçambicano e de instituições do país para a participação neste evento?

Recebi muito apoio do povo moçambicano, através das redes sociais, ao longo de todo o processo. Também tive o suporte da Emose SA, da Taussy Daniel, do

Kamana Félix e de amigos e familiares.

O que ainda ambicionas alcançar, tanto na moda como na tua carreira profissional e académica?

Acredito num mundo cheio de possibilidades infinitas. Quero continuar a levar Moçambique ao mundo, crescer ainda mais na moda e explorar oportunidades internacionais. No futuro próximo, pretendo concluir projectos sustentáveis para apoiar crianças e mulheres, além de aprofundar os meus conhecimentos em Marketing. Quem sabe, talvez faça uma especialização em moda e autoconhecimento.

E, por fim, se tivesses de deixar uma mensagem à pequena Sílvia de 12 anos que sonhava com as passarelas, o que lhe dirias hoje?

Diria: Confia sempre em Deus, controla as emoções, mantém a calma e segue a tua intuição. Tu consegues!

Among the six finalists of Miss Africa 2025

From the streets of Polana Caniço to international catwalks, from the classroom to the boardroom, Sílvia Ernesto Linha is a living testament to the power of talent and discipline combined. At just 26, this Maputo-born young woman carries a story of courage, versatility, and authenticity. A model since the age of 12, a marketing professional, insurance technician, and one of the six finalists of the prestigious Miss Africa 2025 pageant, Sílvia has become a symbol of representation and inspiration for Mozambican youth. With impeccable poise, academic intelligence honed through a degree in Marketing from Eduardo Mondlane University, and a presence that goes beyond fashion, Sílvia defies labels, presenting herself as a multifaceted woman.

In this exclusive interview with Revista Xonguila, we explore her childhood, her first encounters with the fashion world, behind-the-scenes experiences in beauty pageants, and her professional journey beyond the spotlight.

You grew up in Maputo and showed an early interest in fashion and communication. What memories do you have of your childhood and how those interests began to take shape?

I grew up in Maputo. Through my older sister, who worked in fashion and also in protocol, I occasionally accompanied her to castings. That’s where my love for fashion was born, as many people encouraged me to explore it due to my tall and slim build.

You began modelling at 12. What was that first experience like, and what were the main challenges you faced at such a young age?

My first encounter was at an Elite Model casting, but unfortunately, I wasn’t selected because I didn’t meet the height and body structure requirements. After that, I modelled for a friend who was passionate about photography—his father had given him a camera, and he started doing street photoshoots with me and another friend. That’s how I began to gain visibility and was later invited to various jobs,

including photoshoots with established photographers, advertising campaigns, and appearances in music videos. Early on, my work was more focused on photography than runway modelling.

Why did you choose to study Marketing at Eduardo Mondlane University, and how does it tie into your career?

As I grew older, I chose Marketing because it brings out both my creative and communicative sides. It’s also a highly versatile field.

What did it mean to you to represent Mozambique in Miss Africa 2025 and reach the Top 6?

Representing Mozambique in Miss Africa was deeply emotional and enriching. What surprised me most throughout this journey was my ability to solve problems, the strength I discovered within myself, and how I managed to handle all my responsibilities even before travelling to Abuja. That strength kept me going right to the end.

What was the preparation like for Miss Mozambique and later for Miss Africa?

What surprised you during these experiences?

It was incredibly fulfilling to represent my country and culture. I had hoped to bring the title home and gave it my all, but I’m still proud of reaching the Top 6.

You have a diverse career spanning marketing, insurance, executive assistance, and HR. How do you balance these roles with your personal life and fashion commitments?

Unfortunately, fashion still isn’t fully appreciated in Africa, making it hard to rely on it as a sole profession. Understanding this reality pushed me to explore the job market, and I’ve since joined one of the top companies in the country. Thankfully, this experience has greatly contributed to my growth in the corporate world. The company also supports me by granting leave when urgent modelling work arises. At weekends, I dedicate myself to other projects, responding to messages and managing fashion-related activities.

Do you see yourself as a role model for young Mozambican women? What message do you hope to convey through your image and journey?

I do feel that I inspire many young women through my persistence in fashion and my determination. I aim to be as authentic as possible, always staying true to who I am.

How important is it for you to represent Mozambican culture internationally— both in fashion and business?

Representing Mozambican culture, in both fashion and the corporate world, is essential to me—it allows me to showcase the best of what we have to offer. Sadly, Mozambique is often overlooked, which is disheartening.

Were there moments when you thought about giving up? How did you overcome those doubts or moments of exhaustion? What motivated you to keep going?

The first time I considered giving up was when the official list of Miss Africa 2025 contestants was announced. I was worried about not being able to fulfil the mission, especially due to financial constraints. I also thought of quitting the day before the final gala in Abuja because I fell ill and feared I wouldn’t perform at my best.

Did you feel supported by the Mozambican public and institutions during your participation in the event?

I received tremendous support from the Mozambican public through social media throughout the entire process.

I also had backing from Emose SA, Taussy Daniel, Kamana Félix, and many friends and family members.

What are your aspirations going forward, both in fashion and in your professional and academic career?

I believe in a world of endless possibilities. I want to continue taking Mozambique to the world stage, grow further in fashion, and explore international opportunities. In the near future, I aim to complete sustainable projects to support women and children, and deepen my knowledge of Marketing—perhaps even pursue a specialisation in fashion and self-development.

And finally, if you could leave a message for the 12-year-old Sílvia who once dreamed of the catwalk, what would you say today?

I would say: Always trust in God, control your emotions, stay calm, and follow your intuition. You can do it!

Fotografia: Cortesia de Sílvia Linha
Fotografia: Cortesia de Melchior Ferreira

Vândalos, espelho cru da juventude urbana moçambicana

Vândalos é uma curta-metragem moçambicana de 15 minutos que, apesar da sua brevidade, carrega uma força emocional profunda e incontornável. Realizada por Melchior Ferreira e Bill Boy (Américo Bila), esta obra de drama social mergulha, com honestidade crua, no quotidiano de muitos jovens moçambicanos empurrados para a margem da sociedade.

No centro da narrativa está Lembranço, um jovem vendedor ambulante — um chips boy — que carrega o fardo de ser visto como um molwene, um vândalo sem futuro.

Mas por detrás do rótulo esconde-se um ser humano com talento, coragem e um desejo legítimo de viver com dignidade. Através do seu olhar, o filme revela os dilemas, as esperanças e as pequenas batalhas de uma juventude muitas vezes invisível aos olhos do poder e da sociedade.

Produzido de forma independente, Vândalos é fruto da colaboração entre dois criadores que estão a redefinir a paisagem artística nacional. Melchior Ferreira, cineasta, storyteller e director criativo, junta forças

com Bill Boy, realizador e storyteller visual, para construir uma obra intensa, visualmente expressiva e socialmente pertinente.

“O que começou como uma ideia solta transformou-se num filme que me desafiou profundamente. Quis contar uma história real, visceral, sobre quem somos e quem tantas vezes é deixado para trás. Vândalos é sobre os nossos jovens, os nossos sonhos e as nossas dores. É um espelho do presente, mas também uma janela para um futuro possível.” — referiu Melchior Ferreira, sublinhando a motivação pessoal e emocional que está na génese do filme.

Vândalos é um apelo, um convite à reflexão sobre o modo como a juventude é retratada e tratada, especialmente nos contextos urbanos e periféricos. Com o objectivo de estimular o diálogo sobre exclusão social, os seus criadores pretendem levar o filme a festivais de cinema independente, promover exibições comunitárias acompanhadas de debates, e firmar parcerias com plataformas de streaming, órgãos de comunicação e instituições culturais. No fundo, Vândalos é uma obra que toca e inquieta. Um lembrete de que, por detrás de cada olhar julgado e cada nome imposto, existe uma história que merece ser contada — com verdade, com sensibilidade e com arte.

Melchior Ferreira Cineasta e Diretor Criativo
Americo Bila Realizador

Vandals, a stark reflection of Mozambican urban youth

Vandals is a 15-minute Mozambican short film that, despite its brevity, carries a profound and undeniable emotional weight. Directed by Melchior Ferreira and Bill Boy (Américo Bila), this social drama dives, with raw honesty, into the daily reality of many Mozambican youths pushed to the margins of society.

At the heart of the story is Lembranço, a young street vendor — a chips boy — who bears the burden of being seen as a molwene, a good-for-nothing vandal. Yet behind the label lies a human being with talent, courage, and a genuine desire to live with dignity. Through his eyes, the film unveils the dilemmas, hopes, and small struggles of a youth so often invisible to those in power and to society at large.

Independently produced, Vandals is the result of collaboration between two creators reshaping the national artistic landscape. Melchior Ferreira, filmmaker, storyteller and creative director, joins forces with Bill Boy, direc-

tor and visual storyteller, to craft a work that is intense, visually expressive, and socially relevant.

“What began as a loose idea turned into a film that deeply challenged me. I wanted to tell a real, visceral story about who we are and those who are so often left behind. Vandals is about our youth, our dreams, and our pain. It’s a mirror of the present, but also a window into a possible future,” said Melchior Ferreira, highlighting the personal and emotional drive behind the film.

Vandals is a call to action, an invitation to reflect on how youth is portrayed and treated, particularly in urban and peripheral contexts. Aiming to spark dialogue around so-

cial exclusion, the filmmakers plan to submit the film to independent film festivals, promote community screenings with discussions, and establish partnerships with streaming platforms, media outlets, and cul-

tural institutions. At its core, Vandals is a moving and unsettling work. A reminder that behind every judged gaze and every imposed label lies a story worth telling — with truth, with sensitivity, and with artistry.

Fotografia: Cortesia

salta do papel para o ecra

Kioni é um tributo à herança africana, com orgulho, ginga e muita imaginação.

salta do papel para o ecra

Foi lançado no passado dia 9 de Maio de 2025, no Instituto Guimarães Rosa, em Maputo, o novo capítulo do projecto Kioni, uma iniciativa da escritora e capoeirista Joana Carneiro Vasconcelos em parceria com a Kvhona Produções. O evento marcou a estreia oficial da série de animação 3D “Kioni – a lenda da capoeira” e o lançamento do terceiro volume da colecção infantil afro-brasileira “Kioni, a pequena mandingueira”, intitulado “Chama São Bento Grande”.

Kioni é um projecto multidisciplinar que combina literatura, animação e educação, inspirado nas tradições africanas e na capoeira como expressão cultural. A personagem principal, Kioni, é uma menina moçambicana de 12 anos que descobre a magia da capoeira através de jogos, ritmos e histórias da sua terra. Com mais de 10 mil livros vendidos em mais de 30 países, traduzidos para

inglês, francês, espanhol e alemão, Kioni tem vindo a conquistar leitores e educadores pelo mundo fora.

O projecto já conta com materiais educativos, audiobooks, peças de teatro e conteúdos audiovisuais, com distribuição em Moçambique, Brasil e Portugal. Com forte componente educativa e cultural, Kioni promove valores como a amizade, respeito, identidade e partilha.

A meta é clara: levar uma narrativa inspi -

A série de animação agora apresentada é a primeira no mundo inteiramente dedicada à capoeira. O episódio-piloto, “O caminho dos elefantes”, será produzido ainda este ano, com um orçamento de cerca de 100 mil euros. Seguem-se mais seis episódios, com previsão de produção em 2026, num investimento global superior a meio milhão de euros.

radora a crianças moçambicanas, brasileiras e de todo o mundo, dando visibilidade às suas raízes e criando um espaço para con -

teúdos afrocentrados no universo infanto-juvenil. Kioni é um tributo à herança africana, com orgulho, ginga e muita imaginação —

uma história que também pertence ao Brasil, berço da capoeira, e que queremos ver abraçada por todos os que nela se revejam.

Kioni é um projecto multidisciplinar que combina literatura, animação e educação, inspirado nas tradições africanas e na capoeira como expressão cultural.

Leaps from page to screen

On 9 May 2025, the Instituto Guimarães Rosa in Maputo hosted the launch of the latest chapter in the Kioni project—an initiative spearheaded by author and capoeirista Joana Carneiro Vasconcelos in collaboration with Kvhona Produções. The event marked the official premiere of the 3D animated series Kioni – The Legend of Capoeira and the release of the third volume in the Afro-Brazilian children's collection Kioni, the Little Mandingueira, titled Chama São Bento Grande.

Kioni is a multidisciplinary project that weaves together literature, animation and education, drawing inspiration from African traditions and capoeira as a cultural art form. At its heart is Kioni, a spirited 12-yearold Mozambican girl who discovers the enchantment of capoeira through games, rhythms and stories rooted in her homeland. With over 10,000 books sold across more

than 30 countries—and translations in English, French, Spanish and German—Kioni has captivated readers and educators worldwide.

The newly unveiled animation series is the first of its kind to be wholly dedicated to capoeira. The pilot episode, The Path of the Elephants, is slated for production later this year with a budget of approximately €100,000. A further six episodes are planned for 2026,

with a total projected investment exceeding half a million euros.

The Kioni project already encompasses educational materials, audiobooks, theatre productions and audiovisual content, currently distributed in Mozambique, Brazil and Portugal. Strongly rooted in education and culture, it champions values such as friendship, respect, identity and community.

Its mission is clear: to

bring an inspiring story to children in Mozambique, Brazil and around the globe, celebrating their heritage and creating space for

Afrocentric narratives in children's media. Kioni is a vibrant tribute to African legacy— proud, rhythmic and richly imaginative. It

is a story that also belongs to Brazil, the birthplace of capoeira, and one we hope resonates with all who see themselves in it.

...num recanto privilegiado da cidade de Maputo, entre curvas ousadas e motores em aceleração.

Clubhouse, um restaurante com alma e velocidade

Num recanto privilegiado da cidade de Maputo, entre curvas ousadas e motores em aceleração, encontra-se um espaço onde a paixão pelas corridas se funde harmoniosamente com o prazer da gastronomia: o Clubhouse, restaurante e bar inserido no emblemático Automóvel & Touring Clube de Moçambique (ATCM).

Fundado em 1949, o ATCM é uma das instituições mais prestigiadas do país no domínio do desporto motorizado, tendo assumido, desde 2005, o papel de Autoridade Desportiva Nacional junto da Fédération Internationale de l’Automobile (FIA). Ao longo das últimas décadas, o clube não só formou gerações de apaixonados pelo automobilismo como se tornou palco de competições nas mais variadas modalidades: rally, karting, drifting, corrida em circuito e muito mais. Foi neste ambiente de velocidade, tradição e camaradagem que o Clubhouse nasceu e se desenvolveu.

“A alma do nosso restaurante é a mistura dos motores a rugir e dos bons pratos”, resumem os responsáveis. E, de facto, sentar-se numa das mesas deste local é muito mais do que uma experiência gastronómica — é

viver um ambiente onde os sabores se misturam com o som dos carros na pista, a conversa entre amigos e uma vista aberta sobre o circuito que serpenteia mesmo à frente da esplanada.

A cozinha, essa, embora com raízes firmemente ancoradas na tradição portuguesa, abre-se a outras influências e preferências, com um cardápio que inclui pizzas, hambúrgueres e outras opções que agradam a todos os paladares. O objectivo é proporcionar uma experiência completa, onde cada prato é apenas uma parte do todo.

O espaço está preparado para acolher eventos de diversos tipos: festas de aniversário, encontros corporativos, convívios familiares ou parcerias especiais. A filosofia é de abertura, criatividade e adaptação — sempre com o intuito de fortalecer a ligação com a comunida -

de e oferecer momentos memoráveis.

E quanto ao futuro? A visão é clara: continuar a crescer e a inovar. Um dos projectos mais próximos é a construção de um parque infantil, tornando o restaurante ainda mais inclusivo e acolhedor para famílias com crianças. “Queremos que o nosso espaço seja divertido e acolhedor para todas as idades”, afirmam, deixando transparecer um espírito de constante evolução.

Não perca a oportunidade de conhecer este espaço com alma, recomendado pela revista Xonguila — um lugar onde a velocidade e a boa mesa se encontram numa simbiose rara e memorável. E estacionamento não falta — há de sobra. Para reservas, ligue para o 840660116 e siga @ clubhouse_atcm no Instagram para ficar a par de todas as novidades.

Sentar-se numa das mesas deste local é muito mais do que uma experiência gastronómica — é viver um ambiente onde os sabores se misturam com o som dos carros na pista.

A cozinha abre-se a outras influências e preferências, com um cardápio que inclui pizzas, hambúrgueres e outras opções que agradam a todos os paladares.

Fotografia: Helton Perengue

Clubhouse, a restaurant with soul and speed

In a prime corner of Maputo, where daring curves and roaring engines set the scene, lies a venue where the thrill of racing merges seamlessly with the pleasures of the table: Clubhouse, the restaurant and bar housed within the iconic Automóvel & Touring Clube de Moçambique (ATCM).

Founded in 1949, the ATCM stands as one of Mozambique’s most prestigious motorsport institutions. Since 2005, it has served as the country’s National Sporting Authority under the Fédération Internationale de l’Automobile (FIA). Over the decades, the club has cultivated generations of motorsport enthusiasts and played host to a broad array of competitions — from rally and karting to drifting and circuit racing. It’s in this spirited environment of speed, tradition and camaraderie that Clubhouse came into being and continues to thrive.

“The soul of our restaurant is the blend of roaring engines and great food,” say its founders. Indeed, dining at one of Clubhouse’s tables is more than a meal

— it’s an experience, where flavours mingle with the sound of engines on the track, the hum of conversation, and a panoramic view of the circuit that winds just beyond the terrace.

The menu, while firmly rooted in Portuguese culinary tradition, embraces a variety of international influences, offering pizzas, burgers and other dishes to suit every palate. The aim is to deliver a complete experience, where each plate is but one part of a greater whole.

The venue is also fully equipped to host a range of events — from birthday parties and corporate gatherings to family reunions and special partnerships. Its guiding philosophy centres on openness, creativity and adaptability, always with a

view to strengthening community ties and creating memorable moments.

As for the future? The vision is clear: to continue growing and innovating. One of the upcoming projects is the creation of a children's playground, making the restaurant even more welcoming for families. “We want our space to be fun and inclusive for all ages,” they explain, reflecting a spirit of ongoing evolution.

Don’t miss the chance to experience this soulful spot, as recommended by Xonguila magazine — a place where speed and fine dining meet in rare, unforgettable harmony. And there’s no shortage of parking — it’s plentiful. To book, call +258 84 066 0116 and follow @clubhouse_atcm on Instagram for all the latest updates.

“The soul of our restaurant is the blend of roaring engines and great food,” say its founders.

FES 2025

Beira celebra inovação e sustentabilidade no empreendedorismo

De 25 a 27 de Abril, a cidade da Beira acolheu a 1ª edição do Festival de Empreendedorismo Sustentável (FES), evento que marcou um novo capítulo no incentivo ao empreendedorismo moçambicano com impacto social e ambiental. A emblemática Casa dos Bicos foi o palco deste encontro dinâmico, que aliou formação, inovação, cultura e negócios, sob o inspirador lema: “Inova, Inspira, Revoluciona”.

O FES foi concebido como um espaço de capacitação, visibilidade e ligação entre empreendedores, com o objectivo de posicionar a Beira como centro estratégico de inovação em Moçambique. Contou com o envolvimento de cerca de 700 participantes e uma vasta rede de parceiros, entre os quais Academia Boost, Intelog, IdeiaLab, AIESEC, XR Group, ACE Publicidade e o Conselho Municipal da Beira.

Para além da feira e das actividades culturais, o festival integrou ainda um conjunto de oficinas temáticas, que proporcionaram momentos valiosos de capacitação aos participantes. Os temas abordados incluíram: “O Segredo da Inovação”, “Como Manter o Seu Negócio Sempre à Frente”, “Alimentação Saudável para Empreendedores”, “Por que Adotar Práticas Ambientais nos Negócios é Essencial para o Futuro”, “Empreender com o que Temos” e “Inovação Tecnológica”. Estes encontros formativos foram essenciais para reforçar o impacto prático do evento e elevar a qualidade do empreendedorismo local.

Talento moçambicano em exposição

A feira de empreendedores contou com mais de 50 expositores, que mostraram ao público o que de melhor se faz nas áreas de gastronomia, tecnologia, moda, bijutaria e produtos sustentáveis. O ambiente era de celebração do engenho local, impulsionado por oportunidades concretas de crescimento e ligação ao mercado. Um dos pontos altos foi o “Pitch do Projecto Innov”, uma competição onde dez projectos da Beira apresentaram ideias inovadoras a um júri. A Lumajo Multiagro venceu com uma plataforma que conecta criadores de gado a compradores, garantindo certificação e qualidade. Também foram premiadas a Toque Mágico, produtora de cortinados; a E-Design, com bolsas em missangas; a Academia El Clássico, com formação musical para jovens; e a Ndzika, com o seu videojogo Shard inspirado na própria cidade. A Khodeza, empresa de soluções tecnológicas, também se destacou entre os finalistas.

Fotografia: Cortesia de FES 2025

Cultura e empreendedorismo de mãos dadas

O festival fez questão de integrar arte e expressão cultural, reforçando a identidade e criatividade moçambicana. A Cosmos Art e a Herlander Art lideraram uma pintura colectiva interactiva, enquanto a instalação “30 Cartas para um Estranho”, da artista Lve.svnshine, convidava à introspecção. A componente musical trouxe animação e identidade local, com actuações de bandas, corais e a presença marcante de KullaOnTheTrack, que apresentou o hino oficial do evento, “Inovação”. O concurso Miss FES, em parceria com a agência TVZ, contou com a participação especial de Tugilane Zacarias, Miss Beauty Mozambique 2019, simbolizando o empoderamento feminino no contexto do empreendedorismo.

Um movimento com futuro

O impacto do FES fez-se também sentir no ambiente digital, com mais de 90.000 visualizações nas redes sociais, reforçando o alcance da iniciativa e ampliando a visibilidade dos projectos apresentados. Mais do que um festival, este foi o nascimento de um movimento sustentável, inclusivo e transformador, que reafirma o potencial da Beira como um polo de inovação. A organização já trabalha na segunda edição, prevista para Setembro de 2025, com a ambição de crescer em escala e profundidade. O Festival de Empreendedorismo Sustentável mostrou que a mudança começa em casa, com talento nacional, criatividade colectiva e compromisso com um futuro mais justo e resiliente. A Beira deu o exemplo — e Moçambique inteiro foi inspirado.

FES 2025 Beira celebrates innovation and sustainability in entrepreneurship

From 25 to 27 April, the city of Beira hosted the first edition of the Sustainable Entrepreneurship Festival (FES), an event that marked a new chapter in encouraging Mozambican entrepreneurship with social and environmental impact. The iconic Casa dos Bicos was the stage for this dynamic gathering, which combined training, innovation, culture and business under the inspiring motto: “Innovate, Inspire, Revolutionise.”

FES was conceived as a space for training, visibility and connection between entrepreneurs, with the aim of positioning Beira as a strategic innovation hub in Mozambique. It involved around 700 participants and a vast network of partners, including Academia Boost, Intelog, IdeiaLab, AIESEC, XR Group, ACE Publicidade and the Beira Municipal Council.

In addition to the fair and cultural activities, the festival also featured a series of thematic workshops that provided valuable training moments for participants. The topics covered included: “The Secret of Innovation,” “How to Keep Your Business Ahead,” “Healthy Eating for Entrepreneurs,” “Why Adopting Environmental Practices in Business is Essential for the Future,” “Entrepreneurship with What We Have,” and “Technological Innovation.” These training sessions were es-

Fotografia: Cortesia de FES 2025

sential in reinforcing the practical impact of the event and raising the quality of local entrepreneurship.

Mozambican talent on display

The entrepreneurs' fair featured more than 50 exhibitors, who showcased to the public the best of what is being done in gastronomy, technology, fashion, jewellery and sustainable products. The atmosphere was one of celebrating local ingenuity, driven by concrete opportunities for growth and market connection. One of the highlights was the “Innov Project Pitch,” a competition in which ten projects from Beira presented innovative ideas to a jury. Lumajo Multiagro won with a platform that connects livestock farmers to buyers, ensuring certification and quality. Other awardees included Toque Mágico, a curtain producer; E-Design, with bead handbags; El Clássico Academy, offering musical training for youth; and Ndzika, with its Shard video game inspired by the city itself. Khodeza, a tech solutions company, also stood out among the finalists.

Culture and entrepreneurship hand in hand

The festival made a point of integrating art and cultural expression, reinforcing Mozambican identity and creativity. Cosmos Art and Herlander Art led a collective interactive painting, while the installation “30 Letters to a Stranger” by artist Lve. svnshine invited introspection. The musical element brought energy and local identity, with performances by bands, choirs and the striking presence of KullaOnTheTrack, who presented the official anthem of the event, “Innovation.” The Miss FES contest, in partnership with agency TVZ, featured the special participation of Tugilane Zacarias, Miss Beauty Mozambique 2019, symbolising female empowerment in the context of entrepreneurship.

A movement with a future

The impact of FES was also felt in the digital sphere, with over 90,000 views on social media, boosting the initiative’s reach and increasing the visibility of the projects presented. More than just a festival, this marked the birth of a sustainable, inclusive and transformative movement that reaffirms Beira’s potential as a hub of innovation. The organisers are already working on the second edition, scheduled for September 2025, with ambitions to grow in both scale and depth. The Sustainable Entrepreneurship Festival showed that change begins at home, with national talent, collective creativity and a commitment to a fairer and more resilient future. Beira set the example — and the whole of Mozambique was inspired.

Michelle Obama disse certa vez: “A cada porta que se abriu para mim, procurei abrir a minha a outros.” Esta frase inspira e resume perfeitamente o ethos que orienta o trabalho da UWC Moçambique.

Cada porta que se abre para esta organização representa uma oportunidade para abrir ainda mais portas para os outros. Foi com essa convicção que, em 2016, a UWC Moçambique – Associação dos Antigos Estudantes do UWC – foi fundada, aceitando sem hesitar o convite para nascer no país. Fortemente alinhada com a missão do movimento UWC? de unir pessoas, promover a paz e transformar vidas através da educação, é essa mesma missão que guia cada passo do trabalho desenvolvido em território moçambicano.

O que é o movimento United World Colleges (UWC)? Fundado em 1962 com o Atlantic Colle -

ge, no País de Gales, o movimento UWC nasceu com o objectivo de unir jovens de diferentes nações, culturas e crenças, promovendo a paz e a colaboração através de uma educação centrada na partilha, na compreensão mútua e na acção responsável. Em África, o primeiro colégio da rede UWC foi o Waterford Kamhlaba UWC of Southern Africa, situado no Reino da ESwatini. Fundado em 1963 como um acto de resistência ao apartheid, o Waterford foi criado com o propósito de oferecer uma educação multirracial, inclusiva e igualitária, em oposição às escolas segregadas da África do Sul. Actualmente, a rede UWC conta com 17 colégios espalhados pelo mundo, dos quais dois estão localizados no continente africano: o

Waterford Kamhlaba, em ESwatini, e o UWC East Africa, na vizinha Tanzânia.

A ligação de Moçambique à história do movimento UWC?

Moçambique tem um papel relevante na história do atrás referido Waterford Kamhlaba. O campus foi projectado por Amâncio (Pancho) Guedes, renomado arquitecto português, residente em Moçambique e encarregado de educação de um dos primeiros estudantes que o frequentou. Guedes era também amigo e mentor do artista moçambicano Malangatana Valente Nguenya, conhecido simplesmente como Malangatana, que visitou o campus em diversas ocasiões e doou um mural — o primeiro que produziu fora de Moçambique — como símbolo de apoio e solidariedade ao projecto educativo do Waterford. O primeiro estudante moçambicano a frequentar o Waterford foi Fernando Honwana, que mais tarde serviu como Conselheiro Presidencial e Assistente Especial do Presidente Samora Machel. O escritor Luís Bernardo Honwana, além de ser pai de três estudantes do Waterford, colaborou activamente na angariação de fundos que permitiu o reconhecimento oficial do Waterford Kamhlaba como membro da rede UWC, em 1981. Embora pequeno, o Waterford Kamhlaba desempenhou um papel significativo na luta pela igualdade racial na África Austral. A escola acolheu e educou filhos de líderes como Nelson Mandela e Desmond Tutu, além de formar futuros líderes políticos, como Ian Khama e o próprio Fernando Honwana.

Quais os objectivos da UWC Moçambique?

A UWC Moçambique tem como principal objectivo abrir portas para que jovens moçambicanos — entre os 16 e os 17 anos — possam estudar em colégios

UWC no estrangeiro e formar-se como líderes comprometidos com a construção de um mundo mais pacífico e sustentável. A organização trabalha de forma voluntária para divulgar o movimento UWC em todo o país, ampliando o acesso a estas oportunidades. Desde a sua fundação, em 2016, enfrentou desafios significativos, mas nada que a tenha abalado. Durante os confinamentos da COVID-19, por exemplo, seleccionar e enviar estudantes para diferentes UWCs parecia quase impossível: um aluno seguia para Itália, outro para a Tanzânia e, como é tradição, um bolseiro Fernando Honwana para o Waterford. Mais recentemente, enviar, por via terrestre, um estudante para ESwatini, em Janeiro deste ano, no meio das manifestações, também se revelou um grande desafio. No entanto, graças ao apoio inabalável da comunidade local — incluindo antigos alunos, pais e generosos patrocinadores — tem sido possível, ano após ano, garantir a participação de jovens moçambicanos nos colégios UWC. Embora baseada em Maputo, a UWC Moçambique serve com orgulho um mandato nacional, procurando talento em todas as províncias do país.

Quais foram os resultados da UWC Moçambique até à data?

A UWC Moçambique acaba de concluir o seu 10.º ciclo de selecção e, até à data, já conseguiu enviar mais de 24 estudantes moçambicanos para programas de bolsas de estudo do Bacharelato Internacional em colégios UWC espalhados pelo mundo. Para tornar isso possível, foram angariados mais de 1,8 milhões de dólares em financiamento — valores que cobrem despesas de viagem, alojamento, internato e cuidados de saúde dos estudantes, todos residentes nas escolas durante

dois anos. Destaca-se também o memorando de entendimento de 10 anos celebrado com o Waterford Kamhlaba, que garante a continuidade da bolsa de estudos Fernando Honwana. Hoje, já se vêem frutos concretos deste esforço. Um exemplo inspirador é o de Gina Manhiça, ex-aluna da Escola Comunitária Armando Emílio Guebuza e depois bolseira no Waterford Kamhlaba (2021-22). Actualmente, Gina encontra-se a fazer a sua licenciatura no Earlham College, nos Estados Unidos, com uma bolsa completa de quatro anos.

Em 2025, venceu o prestigiado prémio Projects for Peace, recebendo 10 mil dólares para implementar um projecto que combate a pobreza energética em Moamba. Com os fundos, Gina irá adquirir kits solares portáteis — equipados com lâmpadas LED, pequenas baterias de armazenamento e carregadores — que beneficiarão 64 famílias e uma escola primária local. O percurso

da Gina reflecte perfeitamente o espírito que guia a UWC Moçambique: como nos lembra Oscar Monteiro em De Todos se Faz um País, o progresso colectivo nasce do esforço partilhado e da oportunidade dada a cada jovem que, por sua vez, transforma vidas nas suas comunidades.

Fotografia: Cortesia de UWC Moçambique

The Impact of UWC Mozambique’s Volunteering

Michelle Obama once said: “When you’ve worked hard, and done well, and walked through that doorway of opportunity... you do not slam it shut behind you. You reach back.” This quote perfectly inspires and summarises the ethos guiding the work of UWC Mozambique.

Each door opened for this organisation represents an opportunity to open even more doors for others. It was with this conviction that, in 2016, UWC Mozambique – the UWC Alumni Association – was founded, accepting without hesitation the invitation to be established in the country. Strongly aligned with the mission of the UWC movement – to unite people, promote peace, and transform lives through education – it is this very mission that guides every step of the work carried out in Mozambique.

What is the United World Colleges (UWC) movement?

Founded in 1962 with Atlantic College in Wales, the UWC movement was born with the goal of uniting young people from different nations, cultures, and beliefs, promoting peace and collaboration through an education centred on sharing, mutual understanding, and responsible action. In Africa, the first college in the UWC network was Waterford Kamhlaba UWC of Southern Africa, located in the Kingdom of Eswatini. Founded in 1963 as an act of resistance against apartheid, Waterford was created with the aim of offering a multiracial, inclusive, and equal education, in contrast to the segregated schools of South Africa. Currently, the UWC network includes 17 colleges around the world, two of which are located on the

African continent: Waterford Kamhlaba in Eswatini and UWC East Africa in neighbouring Tanzania.

Mozambique’s connection to the history of the UWC movement Mozambique plays a significant role in the history of the aforementioned Waterford Kamhlaba. The campus was designed by Amâncio (Pancho) Guedes, a renowned Portuguese architect, resident in Mozambique and guardian of one of the first students to attend the school. Guedes was also a friend and mentor to the Mozambican artist Malangatana Valente Nguenya, known simply as Malangatana, who visited the campus on several occasions and donated a mural — the first he created outside of Mozambique — as a symbol of support and solidarity with Waterford’s educational project. The first Mozambican student to attend Waterford was Fernando Honwana, who later served as Presidential Adviser and Special Assistant to President Samora Machel. The writer Luís Bernardo Honwana, besides being the father of three Waterford students, actively participated in the fundraising that led to Waterford Kamhlaba’s official recognition as a UWC member in 1981. Although small, Waterford Kamhlaba played a significant role in the struggle for racial equality in Southern Africa. The school welcomed and educated the children of leaders such as Nelson Man-

dela and Desmond Tutu, as well as training future political leaders such as Ian Khama and Fernando Honwana himself.

What are the objectives of UWC Mozambique?

The main objective of UWC Mozambique is to open doors for young Mozambicans — between the ages of 16 and 17 — to study at UWC colleges abroad and to develop as leaders committed to building a more peaceful and sustainable world. The organisation works voluntarily to promote the UWC movement across the country, expanding access to these opportunities. Since its foundation in 2016, it has faced significant challenges, but none that have shaken its resolve. During the COVID-19 lockdowns, for example, selecting and sending students to various UWCs seemed nearly impossible: one student went to Italy, another to Tanzania, and, as tradition holds, a Fernando Honwana scholarship recipient to Waterford. More recently, sending a student by land to Eswatini in January this year, amidst demonstrations, also proved a major challenge. However, thanks to the unwavering support of the local community — including alumni, parents, and generous sponsors — it has been possible, year after year, to ensure the participation of Mozambican youth in UWC colleges. Although based in Maputo, UWC Mozambique proudly serves a national mandate, seeking talent in all provinces of the country.

What results has UWC Mozambique achieved to date?

UWC Mozambique has just completed its 10th selection cycle and, to date, has managed to send over 24 Mozambican students to International Baccalaureate scholarship programmes at UWC colleges around the world. To make this possible, more than $1.8 million in funding has

been raised — covering travel expenses, accommodation, boarding, and healthcare for students, all of whom reside at the schools for two years. A key milestone is the 10-year memorandum of understanding signed with Waterford Kamhlaba, which ensures the continuity of the Fernando Honwana scholarship. Today, the tangible outcomes of this effort are evident. One inspiring example is that of Gina Manhiça, a former student of the Armando Emílio Guebuza Community School and later a scholarship recipient at Waterford Kamhlaba (2021–22). Gina is currently pursuing her undergraduate degree at Earlham College in the United States with a full four-year scholarship. In 2025, she won the prestigious Projects for Peace award, receiving $10,000 to implement a project aimed at tackling energy poverty in Moamba. With the funds, Gina will acquire portable solar kits — equipped with LED lamps, small storage batteries, and chargers — which will benefit 64 families and a local primary school. Gina’s journey perfectly reflects the spirit guiding UWC Mozambique: as Oscar Monteiro reminds us in De Todos se Faz um País, collective progress arises from shared effort and the opportunity given to each young person who, in turn, transforms lives in their communities.

Fotografia: Cortesia de UWC Moçambique

Laura Andrade, o jornalismo como serviço público

Laura Andrade foi recentemente distinguida com o Prémio Internacional Zikomo Africa Awards 2024, pelo impacto do programa “Dumissani”, transmitido na RTP África. “É uma honra que fortalece a visibilidade do jornalismo moçambicano além-fronteiras”, afirma, sublinhando que o reconhecimento reflecte o valor das histórias produzidas localmente: “Mostra que o nosso trabalho pode ter alcance internacional e valoriza as histórias que produzimos localmente.” Para Laura estas distinções representam um reforço de responsabilidade. “Motivam-me a buscar novas perspectivas, a ser mais criativa e a continuar a focar-me na qualidade e relevância do que produzo.”

Sobre o panorama nacional, Laura é clara: “O sector está em crescimento, mas enfrenta desafios de financiamento, formação e liberdade de imprensa.” Destaca a necessidade de se garantirem condições para um jornalismo mais profundo e sustentável e, no que toca ao uso de novas tecnologias nas redacções, mostra-se pragmática: “A inteligência artificial pode ser útil na análise de grandes volumes de dados e tarefas repetitivas, mas

não substitui o critério humano nem a ética profissional.” Face a um cenário cada vez mais digital, defende que o jornalista deve manter-se fiel aos princípios fundamentais da profissão: “O jornalista deve distinguir-se pela confiabilidade e pelo compromisso com a verdade.”

Desde a última conversa com a Xonguila, Laura Andrade diz ter aprofundado a consciência do papel social do jornalismo: “Hoje dou mais atenção às vozes pouco representadas e procuro tratar os temas com maior profundidade.” No futuro, gostaria de explorar áreas como o ambiente e a educação, por considerar que exigem uma cobertura mais consistente. E aos jovens que vêem no jornalismo uma vocação, deixa uma mensagem simples, mas directa: “Encarem o jornalismo como um serviço ao público. Invistam em formação, sejam éticos e mantenham a paixão pela verdade.”

Com um percurso marcado pela discrição e pelo rigor, Laura Andrade reafirma a importância de um jornalismo comprometido com o interesse público, num tempo em que informar deve ser, mais do que nunca, um acto de responsabilidade social.

“Hoje dou mais atenção às vozes pouco representadas e procuro tratar os temas com maior profundidade.”

Laura Andrade, journalism as a public service

Laura Andrade has recently been honoured with the 2024 Zikomo Africa International Award in recognition of the impact of her programme Dumissani, broadcast on RTP África. “It’s an honour that enhances the visibility of Mozambican journalism beyond our borders,” she says, highlighting that the accolade reflects the value of locally produced stories. “It shows that our work can resonate internationally and lends recognition to the stories we create here at home.”

For Laura, such accolades are more than a mark of prestige—they come with added responsibility. “They motivate me to seek out new perspectives, be more creative, and continue to focus on the quality and relevance of my work.”

Reflecting on the national media landscape, she is candid: “The sector is growing, but it still faces challenges related to funding, training, and press freedom.” She stresses the importance of ensuring the right conditions for deeper, more sustainable journalism. On the integration of new technologies in newsrooms, she remains pragmatic: “Artificial intelligence can be helpful for analysing large data sets and automating repetitive tasks, but it cannot replace human judgement or professional ethics.”

In an increasingly digital age, Laura believes journalists must remain true to the core principles of their profession. “A journalist should stand out through their trustworthiness and commitment to the truth.”

Since her last conversation with Xonguila,

Laura says she has become even more aware of journalism’s social role. “I now pay more attention to underrepresented voices and try to approach topics with greater depth.” Looking ahead, she hopes to explore issues such as the environment and education, which she believes deserve more sustained coverage.

To young people drawn to journalism as a vocation, her message is clear and direct: “See journalism as a public service. Invest in your training, act ethically, and hold on to your passion for truth.”

With a career defined by discretion and rigour, Laura Andrade continues to champion journalism committed to the public interest— at a time when informing the public is, more than ever, an act of social responsibility.

Fotografia: Cortesia de Laura Andrade

A Hora Maconde (2ª edição)

De Marcelo Panguana

“Exemplarmente irónica, a obra de Marcelo Panguana alimenta-se […], como a de Edgar Allan Poe, dessa ironia suprema que é a defesa contra a tirania do real, sobretudo o real histórico. E precisamente por isso é que Marcelo Panguana, mesmo nas obras em que o tema histórico predomina, mantém esta consciência irónica do eterno movimento e da plenitude infinita do caos.” (Laurindos Macuacua)

As histórias que decorrem neste livro inspiraram-se numa realidade trágica acontecida nas

A Hora Maconde (2nd Edition)

De Marcelo Panguana

“Exemplarily ironic, the work of Marcelo Panguana draws—much like that of Edgar Allan Poe—on that supreme irony which serves as a defence against the tyranny of reality, particularly historical reality. It is precisely for this reason that, even in works where historical themes dominate, Panguana maintains an ironic awareness of the eternal motion and boundless fullness of chaos.”

— Laurindos Macuacua

The stories in this book are inspired by a tragic reality that unfolded in the forests of Cabo Delgado during Mozambique’s war of national liberation. Panguana cloaks these true events in the garments of fiction, allowing his imagination to take flight. This volume does not aim to exhaust the countless episodes of that monumental struggle; rather, it offers one of many possible readings of a pivotal historical moment. As one commentator put it, the power of remembrance has become

matas de Cabo Delgado durante a guerra de libertação nacional. O seu autor apenas as vestiu de trajes ficcionais dando asas à sua criatividade. O livro não esgota as peripécias daquilo que foi esta grandiosa luta, apenas contribui com uma outra leitura dentre tantas outras que se podem apresentar. Como alguém disse, o poder de não esquecer tornou-se, seguramente, uma das marcas mais reivindicadas pela narrativa moçambicana. É sobretudo essa importância de retenção histórica e preservação da nossa memória que se deve atribuir a esta obra.

one of the most vital hallmarks of Mozambican storytelling. Above all, this work should be seen as a vital contribution to the retention of historical memory and the safeguarding of our collective past.

Mana da fruta

Ainda a noite não acabou, e já ela acordou.

O corpo pede descanso, mas a fome dos filhos não espera.

Não há despertador — é o amor, e a necessidade que a levanta.

Chama-se Elisa, mas no mercado é só “mana da fruta”.

Sorri com ternura, cansada, e passos que conhecem a dureza do caminho.

Na cabeça, leva um cesto pesado — mais do que fruta, leva o sustento, leva esperança, leva coragem.

Atravessa valas, ignora buzinas, enfrenta o dia com silêncio e firmeza.

No mercado, alinha frutas como quem planta dignidade.

Cada banana é uma promessa, cada maçã, uma oportunidade. Mesmo sem garantias, espalha alegria.

Volta com os pés doridos, mas o coração inteiro. No quintal, o tacho espera.

No quarto, três vozes chamam “mãe”, como quem vê salvação.

Serve arroz, histórias e afecto. Lava as fardas, aconchega sonhos. E quando tudo adormece, sabe que amanhã, antes do sol nascer, recomeça.

Com um sorriso no rosto, dorme feliz — hoje o seu lar comeu.

Nos sonhos, caminha por desejos que não sabe se vai alcançar. Mas sonha. Porque sonhar também é resistir.

Nuno Soares

Aveiro Albergaria-a-Velha

São Martinho do Porto and soon other locations!

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