Xonguila Nº78

Page 1


RESILIÊNCIA E PROGRESSO

Como a agricultura está a mudar vidas em Cabo Delgado

How agriculture is changing lives in Cabo Delgado

NELSON FREITAS

A maré criativa de Moçambique

The Mozambique’s creative wave

O GALERIA

A arte de encantar

The art of enchantment

MILLENNIUM BIM

Uma doação de esperança

A hope donation

No meu novo EP Waves, cada som reflecte uma jornada inesquecível.
- Nelson Freitas
Fotografia: Cortesia de Nelson Freitas

Nelson Freitas e a Maré Criativa de Moçambique

O Nascimento de "Waves"

No passado dia 7 de Março, Nelson Freitas voltou a surpreender o mundo da música com o lançamento do seu mais recente EP, intitulado "Waves". Este novo trabalho não só reforça a sua evolução artística, como também traduz a fusão de influências que sempre caracterizou a sua sonoridade. Com três temas inéditos, incluindo "Jungle Fever", divulgado a 14 de Fevereiro, este EP revela a versatilidade do cantor e compositor, conduzindo os ouvintes por uma viagem musical rica em ritmos e estilos diversos.

Agénese de "Waves" remonta a uma experiência singular em território moçambicano. Inspirado por um writing camp realizado no deslumbrante White Pearl Resorts, Nelson Freitas reuniu-se com uma equipa de talentosos compositores moçambicanos num ambiente de criação imersivo e exclusivo. Sobre essa vivência, o artista partilha: "Decidi voltar a Moçambique, ao incrível White Pearl Resorts, um lugar que já me conquistou antes pela sua energia única. Desta vez, não foi só para relaxar, mas para criar! Montámos três estúdios em três cabanas e, juntos, produzimos oito músicas cheias de alma. No meu novo EP Waves,

que traz três dessas músicas, cada som reflecte essa jornada inesquecível."

Cada faixa de "Waves" carrega a identidade dos produtores que nela deixaram a sua marca. "Jungle Fever" tem a produção de Lobo Mau, com melodias e letras assinadas por Nelson Freitas, Marcus Luis Filomena, Nelson Dinis Uqueio e Bashir Issa. "Só Sodadi", que conta com a colaboração de Twenty Fingers e Teo no Beat, foi produzido por este último, com a composição a cargo de Nelson Freitas, Marcus Luis Filomena, Nelson Dinis Uqueio e Bashir Issa. Já "Wavy", fruto da parceria entre Nelson Freitas, Mark Exodus e DJ Tarico, foi produzida por DJ Tarico, com Nelson Fre-

itas e Marcus Luis Filomena a assumirem a composição. A sonoridade do EP ganhou ainda mais profundidade com a mistura realizada por Carlos Juvandes e Janga, enquanto a masterização esteve nas mãos de Darius Van Helfteren e Janga.

Disponível em todas as plataformas digitais, "Waves" vem acompanhado por um documentário exclusivo que regista todo o processo criativo, já acessível no canal oficial de YouTube do artista. Este registo audiovisual oferece aos fãs uma visão privilegiada dos bastidores da produção do EP e da inspiração por trás de cada faixa.

Para além deste lançamento, Nelson Freitas tem out-

ro motivo especial para comemorar. No dia 4 de Abril, o artista sobe ao palco do emblemático Coliseu dos Recreios para celebrar os seus 25 anos de carreira. Este concerto promete ser um marco inesquecível, onde os admiradores poderão reviver os grandes êxitos que marcaram o percurso do cantor, enquanto terão a oportunidade de escutar ao vivo as novidades de "Waves". Com um repertório envolvente e uma performance memorável, Nelson Freitas promete fazer desta noite uma verdadeira celebração da música e da sua impressionante trajectória artística.

Montámos três estúdios em três cabanas e, juntos, produzimos oito músicas cheias de alma.

Desta vez, não foi só para relaxar, mas para criar!
- Nelson Freitas
Fotografia: Cortesia de Nelson Freitas

Nelson Freitas and Mozambique’s Creative Wave

The

Birth of Waves

On 7 March, Nelson Freitas once again captivated the music world with the release of his latest EP, Waves. This new project not only reinforces his artistic evolution, but also embodies the fusion of influences that has long defined his sound. Featuring three original tracks, including Jungle Fever, released on 14 February, the EP showcases the singer-songwriter’s versatility, taking listeners on a rich musical journey through diverse rhythms and styles.

The origins of Waves trace back to a unique creative experience in Mozambique. Inspired by a writing camp held at the stunning White Pearl Resorts, Nelson Freitas teamed up with a group of talented Mozambican songwriters in an immersive, exclusive setting. Reflecting on the experience, he shares: “I decided to return to Mozambique, to the incredible White Pearl Resorts – a place that had already won me over with its unique energy. This time, it wasn’t just to relax, but to create! We set up three studios in three cabanas and, together, we produced eight soul -

ful tracks. On my new EP Waves, which includes three of those songs, each sound reflects that unforgettable journey.”

Each track on Waves carries the distinctive imprint of its producers. Jungle Fever was produced by Lobo Mau, with melodies and lyrics by Nelson Freitas, Marcus Luis Filomena, Nelson Dinis Uqueio and Bashir Issa. Só Sodadi, featuring Twenty Fingers and Teo no Beat, was produced by the latter, with songwriting credits going to the same core team. Meanwhile, Wavy, born from the collaboration between Nelson Freitas, Mark Exodus and DJ Tarico, was produced by

DJ Tarico, with Nelson Freitas and Marcus Luis Filomena behind the lyrics. The EP's sound was further enriched by the mixing talents of Carlos Juvandes and Janga, and mastered by Darius Van Helfteren and Janga.

Available on all digital platforms, Waves is accompanied by an exclusive documentary

capturing the entire creative process, now live on the artist’s official YouTube channel. This behind-the-scenes footage offers fans a privileged insight into the making of the EP and the inspiration behind each track.

In addition to this release, Nelson Freitas has yet another reason to celebrate. On 4 April, he takes to the stage at Lisbon’s iconic Coliseu dos Recreios to mark 25 years of his music career. Promising to be a truly unforgettable evening, the concert will allow fans to relive the hits that defined his journey, while enjoying live renditions of Waves’ latest tracks. With a captivating setlist and a powerful performance, Nelson Freitas is set to turn the night into a true celebration of music and his remarkable artistic legacy.

" Waves" showcases Nelson Freitas versatility, taking listeners on a rich musical journey through diverse rhythms and styles.

NELSON FREITAS

A maré criativa de Moçambique

The Mozambique’s creative wave

One space, thousand experiences 4

36

BOCA

Uma história de sabor e empreendedorismo

A story of flavour and entrepreneurship

64

O GALERIA

Um espaço, mil experiências

82 CLÍNICA PLUS WELLNESS

Um novo espaço para saúde e bem-estar

A new space for health and wellbeing

MILLENNIUM BIM

Uma doação de esperança às vítimas do ciclone Chido

A hope donation toto cyclone

Chido victims

90

MONEY SAVVY

Dicas financeiras para uma vida melhor

Financial tips for a better life

110

CINEMA 35MM

Para Além do Rio

Beyond the River

114

KARINGANA

Textos livres com assinatura

Signature free texts

RESILIÊNCIA E PROGRESSO

Como a está agricultura mudando vidas em Cabo Delgado

How agriculture is changing lives in Cabo Delgado

24

FICHA TÉCNICA/BIOS

BCI

Continuidade no apoio à cultura

Ongoing support for culture

Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Fátima Ribeiro, Omar Diogo • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Aayat Irfan, Dércio Parker, Sany Weng, Emilia Gimo • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Pedro Sargaço • Fotografia/Photography: Helton Perengue • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Omar Diogo, Nuno Lopes, Ana Piedade• Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Txelene LDA • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)

Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.

The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine

Do Director / From the Director

Com o mesmo compromisso de sempre, apresentamos a edição nº 78 da Xonguila, repleta de histórias que procuram inspirar e aproximar.No campo social, uma história de superação tem como palco Cabo Delgado. O projecto Farmer Resilience and Rebuilding Initiative tem transformado a vida de 11.250 agricultores, demonstrando que a resiliência é uma força capaz de mudar destinos. E solidariedade voltou a fazer-se sentir por parte do Millennium bim: o programa “Mais Moçambique pra Mim” respondeu à tragédia causada pelo Ciclone Chido, entregando 70 toneladas de bens essenciais a famílias afectadas.

Na cultura, Março trouxe reencontros e novas criações. Nelson Freitas inspirou-se em solo moçambicano para dar vida ao seu EP "Waves", enquanto os 340ml marcaram o seu regresso triunfal aos palcos, esgotando bilhetes no CCFM. O BCI, por sua vez, prestou homenagem ao Mestre Malangatana, celebrando a sua obra numa exposição que reaviva a sua herança artística.

Também se destacam nesta edição o turismo e o empreendedorismo. O Hotel Escola de Inhambane continua a formar futuros profissionais de hotelaria, enquanto o Galeria, no Porto de Maputo, se afirma como um dos espaços culturais mais dinâmicos da cidade. No mundo dos negócios, contamos a história da marca Boca, um exemplo de criatividade e inovação no sector das bebidas artesanais.

Mas há muito mais para descobrir. Cada página desta edição convida à reflexão e à inspiração, dando voz a histórias que merecem ser contadas.

With the same unwavering commitment as always, we present Issue No. 78 of Xonguila, filled with stories designed to inspire and bring us closer together. On the social front, a powerful tale of resilience unfolds in Cabo Delgado. The Farmer Resilience and Rebuilding Initiative has transformed the lives of 11,250 farmers, proving that resilience is a force capable of changing destinies. Meanwhile, solidarity has once again come from Millennium bim: through the “Mais Moçambique pra Mim” programme, the bank responded to the devastation caused by Cyclone Chido, delivering 70 tonnes of essential goods to affected families.

In the realm of culture, March brought both reunions and new creations. Nelson Freitas drew inspiration from Mozambican soil to bring his EP Waves to life, while 340ml made a triumphant return to the stage with a sold-out show at the CCFM. BCI also paid tribute to the great Master Malangatana, celebrating his legacy with an exhibition that rekindles his artistic heritage.

This edition also shines a spotlight on tourism and entrepreneurship. The Hotel School of Inhambane continues to train the next generation of hospitality professionals, while Galeria, at the Port of Maputo, is establishing itself as one of the city’s most dynamic cultural venues. In the world of business, we tell the story of Boca, a brand that stands out for its creativity and innovation in the artisanal beverage sector.

But there’s much more to discover. Each page of this edition invites reflection and inspiration, giving voice to stories that deserve to be told.

Fotografia: Cortesia do Millennium bim

Diante do devastador impacto do ciclone Chido, que afectou mais de 620 mil pessoas no norte de Moçambique, o Millennium bim manifestou, mais uma vez, o seu compromisso com a população moçambicana, neste caso com a que reside naquela região do país. No âmbito do programa de responsabilidade social "Mais Moçambique pra Mim", o Banco doou aproximadamente 70 toneladas de bens essenciais –um gesto que visa amenizar o sofrimento e res-

taurar a esperança de 1.500 famílias do distrito de Mecúfi, em Cabo Delgado, e Namiroa, no distrito de Eráti, em Nampula, entre as áreas mais atingidas pela calamidade.

A acção, levada a cabo pela força voluntária do Millennium bim, contou com a colaboração do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) e das autoridades locais, assegurando o apoio imediato aos que mais necessitavam.

O Presidente da Comissão Executiva do Millennium bim, Rui Pedro, declarou: "Mais do que uma instituição financeira, o Millennium bim é um parceiro comprometido com a vida e o bem-estar da sociedade moçambicana há três décadas. Num momento de dor e incerteza, não podemos fechar os olhos ao sofrimento dos nossos irmãos e irmãs. A doação destes bens essenciais é, acima de tudo, um abraço de solidariedade e um gesto de esperança. Estamos juntos na reconstrução e na procura de dias melhores para todos."

Com presença consolidada em todo o país, o Millennium bim tem fortalecido o seu impacto social através do programa "Mais Moçambique pra Mim", que impulsiona iniciativas nas áreas de educação, cultura, desporto, saúde e inclusão financeira.

A resposta dada ao ciclone Chido reforça o compromisso contínuo do Banco de estar ao lado das comunidades em que opera, acompanhando de perto a evolução da situação e colaborando com as autoridades e organizações locais para assegurar um apoio sustentado e eficaz.

Fotografia: Cortesia do Millennium bim

A doação destes bens essenciais é, acima de tudo, um abraço de solidariedade e um gesto de esperança.

Millennium bim delivers nearly 70 tonnes of hope and solidarity to cyclone Chido victims

In the wake of the devastating impact of Cyclone Chido, which affected more than 620,000 people in northern Mozambique, Millennium bim has once again reaffirmed its commitment to the Mozambican people—this time, to those residing in some of the country’s hardest-hit regions. Through its social responsibility programme “Mais Moçambique pra Mim” (“More Mozambique for Me”), the Bank has donated approximately 70 tonnes of essential goods—a gesture aimed at easing the suffering and restoring hope for 1,500 families in Mecúfi district, Cabo Delgado, and Namiroa in Eráti district, Nampula.

The initiative was carried out by Millennium bim’s volunteer network in partnership with the National Institute for Disaster Risk Management and Reduction (INGD) and local authorities, ensuring that immediate support reached those in greatest need.

Rui Pedro, Chairman of the Executive Committee at Millennium bim, stated: “More than just a financial institution, Millennium bim has been a dedicated partner in the lives and wellbeing of Mozambican society for the past three decades. In times of pain and uncertainty, we cannot turn a blind eye to the suffering of our fellow citizens. This donation of essential goods is, above all, an embrace of solidarity and a gesture of hope. We stand together in the journey towards recovery and the

Fotografia: Cortesia do Millennium bim

pursuit of brighter days for all.”

With a strong presence across the country, Millennium bim continues to enhance its social impact through the “Mais Moçambique pra Mim” initiative, which drives projects in education, culture, sport, health, and financial inclusion.

The Bank’s response to Cyclone Chido further underscores its ongoing commitment to standing by the communities it serves—closely monitoring developments and working alongside local authorities and organisations to ensure sustained and effective support.

More than just a financial institution, Millennium bim has been a dedicated partner in the lives and wellbeing of Mozambican society for the past three decades. In times of pain and uncertainty, we cannot turn a blind eye to the suffering of our fellow citizens.

Resiliência e progresso A agricultura mudando vidas em Cabo Delgado

No norte de Moçambique, onde a instabilidade e as adversidades naturais se impõem como desafios diários, uma iniciativa inovadora tem provado que a resiliência e o desenvolvimento podem caminhar lado a lado. Liderado pela organização iDE (International Development Enterprises), um projecto agrícola baseado no mercado conseguiu não só melhorar a segurança alimentar, como também aumentar os rendimentos dos pequenos agricultores e facilitar o acesso a mercados. Os resultados são expressivos: uma redução significativa da pobreza entre os beneficiários da iniciativa, mesmo num cenário de insegurança e condições climáticas adversas. A Farmer Resilience and Rebuilding Initiative (FRRI), financiada pela USAID e implementada ao longo de três anos, contou com um investimento de 8,1 milhões de dólares. O programa, desenvolvido na província de Cabo Delgado, teve como objectivo central combater a fome, impulsionar a produtividade agrícola e fortalecer a economia local, beneficiando directamente 11.250 pessoas. A avaliação final do projecto revelou melhorias consideráveis na qualidade de vida dos participantes, demonstrando que o desenvolvimento sustentável é possível mesmo em regiões afectadas por crises.

Transformação em tempos de crise

A província de Cabo Delgado tem sido duramente atingida por ciclones e um conflito armado que já deslocou cerca de 732.000 pessoas. Muitos destes deslocados internos procuram refúgio nos distritos do sul, onde encontram comunidades anfitriãs igualmente vulneráveis e com poucos recursos para os acolher. Apesar deste cenário desolador, a iniciativa da iDE provou ser uma ferramenta eficaz na construção de

resiliência e na promoção da estabilidade económica. Segundo Deepak Khadka, director da iDE Moçambique, a iniciativa foi estruturada para responder às necessidades imediatas dos agricultores e deslocados internos, enquanto criava bases sólidas para o crescimento a longo prazo. “Cabo Delgado enfrenta desafios imensos, desde fenómenos climáticos extremos até à deslocação forçada de milhares de famílias. As comunidades precisam de mais do que apenas ajuda emergencial – necessitam de ferramentas e conhecimentos para se reerguerem de forma sustentável. Este projecto demonstrou que, com os investimentos certos, é possível transformar realidades e criar oportunidades onde antes só havia incerteza”, afirmou Khadka.

No início da iniciativa, 60,8% dos participantes viviam abaixo da linha internacional de pobreza, fixada em 1,90 dólares por dia. No final do programa, esse número reduziu-se para 45,9%, evidenciando um progresso substancial. A análise dos resultados revelou que tal avanço foi impulsionado pelo aumento da produtividade agrícola e pela melhoria do acesso ao mercado.

Segurança alimentar e crescimento agrícola

O impacto do projecto na segurança alimentar foi notável. A insegurança alimentar severa, que afectava 66,1% das famílias no início do programa, caiu para 53,1%. Ao mesmo tempo, a insegurança alimentar moderada subiu de 17,3% para 37%, o que indica que muitas famílias deixaram de enfrentar situações extremas de fome. Outro dado relevante foi a melhoria da diversidade alimentar, com um maior número de agregados familiares a consumir seis ou mais tipos de alimentos regularmente.

A agricultura impulsionou a recuperação económica e fortaleceu a resiliência das comunidades em Cabo Delgado.

A aposta na adopção de práticas agrícolas melhoradas e na popularização da produção de vegetais na época fresca foi um dos factores determinantes para este avanço. Antes da iniciativa, apenas 64% dos agricultores utilizavam técnicas agrícolas adaptadas ao clima; no final, essa percentagem aumentou para 99%, o que também se reflectiu na produção de vegetais, Hoje 100% dos produtores têm acesso a alimentos mais nutritivos através da horticultura. Este salto resultou num crescimento de 82% no rendimento médio agrícola por família. A produção de culturas de alto valor, como a do sésamo, teve um impacto directo no aumento da renda dos agricultores. Só as receitas provenientes deste produto registaram um crescimento superior a 160% ao longo do projecto. O fortalecimento do comércio local e o melhoramento das cadeias de distribuição foram igualmente essenciais para essa transformação.

Mercados acessíveis e integração económica

A capacidade de escoar a produção agrícola para mercados mais amplos foi outro dos êxitos do programa. No início, apenas 36% dos agricultores tinham acesso facilitado aos mercados; no final, essa percentagem subiu para 63%. Esta evolução foi impulsionada pela realização de 16 feiras comerciais de insumos e tecnologia, onde os agricultores tiveram a oportunidade de adquirir ferramentas e insumos agrícolas com subsídios. Cada feira reuniu, em média, 2.000 participantes, dinamizando o comércio local e fomentando relações comerciais sustentáveis. A estratégia das feiras, organizada durante a principal época de plantio e novamente na estação mais fria para o cultivo de hortícolas, permitiu que os agricultores não só reforçassem as suas práticas, como também estabelecessem contactos directos com fornecedores de insumos, fortalecendo a cadeia produtiva. Adicionalmente, a iDE criou e apoiou

uma rede de empreendedores locais com formação, acompanhamento do desenvolvimento empresarial, ligações ao mercado e crédito. Só na última época de culturas de sequeiro os empreendedores rurais formados pela iDE compraram mais de 5 mil toneladas de cereais injectando cerca de 4 milhões de dólares americanos directamente nas comunidades rurais.

Impacto duradouro e perspectivas para o futuro

A avaliação do impacto do programa, conduzida através de um método misto de análise quantitativa e qualitativa, revelou que os participantes sentiram melhorias concretas nas suas vidas. Os dados indicam que a iniciativa não apenas aliviou as dificuldades imediatas, como também criou um caminho sustentável para o desenvolvimento económico a longo prazo. A abordagem participativa permitiu que os beneficiários expressassem as mudanças mais significativas

que experienciaram. Entre os pontos destacados, ressaltam-se o aumento da produtividade, o fortalecimento da segurança alimentar e a maior autonomia económica das famílias agricultoras. Cabo Delgado enfrenta desafios múltiplos, desde desastres naturais até conflitos armados. No entanto, esta iniciativa demonstrou que, com uma abordagem focada e baseada no mercado, é possível criar soluções eficazes que tragam resultados concretos e duradouros. O sucesso deste projecto é um testemunho do potencial de Moçambique para superar adversidades e traçar um caminho de crescimento e resiliência. O futuro da província dependerá de investimentos contínuos e de estratégias inovadoras que não apenas respondam às necessidades imediatas, mas que promovam uma transformação estrutural sustentável. Os resultados desta iniciativa deixam um recado claro: com as ferramentas certas, as comunidades podem não só sobreviver, mas prosperar.

Fotografia: Cortesia de IDE

A avaliação final do projecto revelou melhorias consideráveis na qualidade de vida dos participantes, demonstrando que o desenvolvimento sustentável é possível mesmo em regiões afectadas por crises.

Resilience and Progress Agriculture changing lives in Cabo Delgado

In northern Mozambique, where instability and natural adversity are part of daily life, an innovative initiative has demonstrated that resilience and development can go hand in hand. Led by the organisation iDE (International Development Enterprises), a market-based agricultural project has not only improved food security but also increased the incomes of smallholder farmers and expanded access to markets. The outcomes are striking: a significant reduction in poverty among the initiative’s beneficiaries, despite ongoing insecurity and challenging climate conditions.

The Farmer Resilience and Rebuilding Initiative (FRRI), funded by USAID and implemen-

ted over three years, received an investment of $8.1 million. Operating in the province of Cabo Delgado, the programme’s primary aim was to combat hunger, boost agricultural productivity and strengthen the local economy, directly benefiting 11,250 individuals. The project’s final assessment revealed substantial improvements in participants’ quality of life, underscoring that sustainable development is possible—even in crisis-affected regions.

Transformation in Times of Crisis Cabo Delgado has been severely affected by cyclones and an armed conflict that has displaced an estimated 732,000 people. Many internally displaced persons have sought refuge in

the province’s southern districts, where they are welcomed by host communities that are themselves vulnerable and under-resourced.

Yet, despite this bleak backdrop, iDE’s initiative proved to be a powerful tool for building resilience and promoting economic stability.

According to Deepak Khadka, Country Director for iDE Mozambique, the programme was designed to meet the immediate needs of both farmers and displaced populations, while laying a strong foundation for long-term growth.

“Cabo Delgado faces immense challenges, from extreme weather events to the forced displacement of thousands of families. Communities need more than just emergency aid—they need tools and knowledge to rebuild sustainably. This project has shown that, with the right investments, it is possible to transform lives and

create opportunities where uncertainty once prevailed,” said Khadka.

At the programme’s outset, 60.8% of participants lived below the international poverty line of $1.90 per day. By the end, that figure had dropped to 45.9%, marking notable progress. Analysis of the results attributed this success to improved agricultural productivity and enhanced market access.

Food Security and Agricultural Growth

The project had a marked impact on food security. Severe food insecurity, which affected 66.1% of households at the start, declined to 53.1%. Meanwhile, moderate food insecurity rose from 17.3% to 37%, suggesting that many families had moved out of the most extreme hunger condi-

tions. Another key achievement was the improvement in dietary diversity, with more households regularly consuming six or more food groups.

The adoption of climate-smart farming techniques and the promotion of off-season vegetable production were crucial to this progress. Initially, only 64% of farmers used climate-adapted practices; by the end of the initiative, that figure had risen to 99%. As a result, vegetable production surged, with 100% of farmers now accessing more nutritious food through horticulture. This shift led to an 82% increase in average agricultural income per household. High-value crops, such as sesame, had a direct impact on farmers’ earnings, with income from sesame alone growing by over 160% during the project. Strengthening local trade and improving distribution chains were also vital to this transformation.

Accessible Markets and Economic Integration

Another major success of the programme was improving market access. At the beginning, only 36% of farmers could easily reach markets; by the end, that figure had grown to 63%. This progress was driven by the organisation of 16 agricultural input and technology fairs, which allowed farmers to purchase tools and supplies at subsidised rates. Each fair attracted an average of 2,000 participants, energising local trade and fostering sustainable commercial relationships.

These fairs were held during the main planting season and again in the cooler months for horticulture, allowing farmers to refine their practices and build direct relationships with input su-

ppliers, thereby strengthening the value chain. In addition, iDE established and supported a network of local entrepreneurs through training, business development support, market linkages, and access to credit. In the latest dry season alone, iDE-trained rural entrepreneurs purchased over 5,000 tonnes of grain, injecting approximately $4 million directly into rural communities.

Enduring Impact and Future Outlook

The programme’s impact assessment, which combined quantitative and qualitative methods, confirmed that participants experienced tangible improvements in their lives. The findings indicate that the initiative not only alleviated immediate hardships but also laid the groundwork for long-term economic development. A participatory approach allowed beneficiaries to highlight the most meaningful changes they experienced—including increased productivity, stronger food security, and greater financial independence for farming families.

Cabo Delgado continues to face overlapping crises, from natural disasters to armed conflict. However, this initiative has shown that a focused, market-driven approach can deliver real, lasting solutions. The project’s success is a testament to Mozambique’s potential to overcome adversity and chart a path towards growth and resilience. The province’s future will depend on continued investment and innovative strategies that go beyond immediate relief to support sustainable structural transformation. The message from this initiative is clear: with the right tools, communities can do more than survive—they can thrive.

Fotografia: Cortesia de IDE
Fotografia: Cortesia de Boca

Em tempos de desafios, a criatividade e o espírito empreendedor são aliados fundamentais para transformar dificuldades em oportunidades. Ivando Romão dos Santos, fundador da marca Boca, natural de Maputo, soube como poucos reinventar-se e dar um novo significado à tradição, trazendo para o mercado moçambicano uma abordagem inovadora e autêntica no universo das bebidas artesanais.

Nascido a 19 de Outubro de 1980, Ivando cresceu no seio de uma família numerosa, sendo o segundo de seis irmãos. Com formação em Contabilidade e Gestão, teve uma trajectória profissional diversificada, passando por diversas empresas, além de actuar como freelancer. No entanto, foi em 2020 que deu um passo decisivo rumo à autonomia, criando o seu próprio negócio: a produção de caipirinhas orgânicas sob a insígnia Boca.

O seu percurso no mundo das caipirinhas iniciou-se de forma inesperada. Durante um convívio, duas senhoras estrangeiras

expressaram o desejo de provar uma bebida autêntica moçambicana, algo que pudessem levar como recordação. Inspirado pela ocasião e pelo desemprego que o assolava na época, Ivando aceitou o desafio e criou duas variedades de caipirinha: uma com sabor a ananás e outra a maracujá. O entusiasmo das clientes e a subsequente encomenda de garrafas marcaram o início da sua jornada empreendedora.

Apesar de já preparar caipirinhas para consumo próprio, Ivando decidiu profissionalizar a sua paixão. Com o incentivo das mesmas clientes, realizou uma formação online sobre caipirinhas orgânicas, aprimorando as técnicas e expandindo os seus conhecimentos. Desde então, dedica-se à produção e comercialização das suas criações, conquistando cada vez mais apreciadores.

As caipirinhas orgânicas de Ivando destacam-se pela autenticidade e riqueza de sabores. A marca Boca tornou-se sinónimo de inovação e qualidade, com a versão de maracujá como especialidade principal, seguida de outras combinações exóticas como canela,

malambe, menta e mapfilua. A utilização de aguardente tradicional de cana-de-açúcar, conhecido como tontonto, aliada à infusão com frutas e ervas nacionais, resulta numa bebida inovadora, capaz de despertar a curiosidade e o paladar dos moçambicanos, e não só.

A aceitação do público tem sido extremamente positiva. Nas feiras e eventos em que a Boca participa, é comum encontrarem-se clientes surpreendidos pelas misturas inusitadas. Muitos, após a primeira prova, fazem questão de adquirir uma garrafa, enquanto outros, mesmo sem possibilidades imediatas de compra, acabam por regressar mais tarde para garantir a sua dose da bebida artesanal da marca.

Actualmente, as suas bebidas podem ser adquiridas através das redes sociais Facebook, Instagram, TikTok e WhatsApp, bem como em feiras e eventos públicos. Destacam-se duas feiras fixas onde comercializa os seus produtos: no edifício do Conselho Municipal da Cidade da Matola, às quartas-feiras, e na Casa da Cultura do Alto Maé, em Maputo, ambas das 7h às 17h.

O percurso de Ivando Romão dos Santos e da sua marca Boca é um testemunho da capacidade de inovação e resiliência dos empreendedores moçambicanos. Partindo de um momento de dificuldade, transformou a sua paixão num negócio promissor, revitalizando um produto tradicional com um toque contemporâneo

Fotografia: Cortesia de Boca
Fotografia: Cortesia de Boca

In challenging times, creativity and an entrepreneurial spirit are essential allies in turning adversity into opportunity. Ivando Romão dos Santos, the founder of the brand Boca and a native of Maputo, is a shining example of this. Few have so successfully reinvented themselves and breathed new life into tradition, bringing a fresh and authentic approach to Mozambique’s artisanal drinks market.

Born on 19 October 1980, Ivando grew up in a large family as the second of six siblings. With a background in Accounting and Management, he built a varied professional path, working for several companies and also freelancing. However, it was in 2020 that he made a decisive move towards independence by launching his own venture: the production of organic caipirinhas under the Boca label.

His journey into the world of caipirinhas began quite unexpectedly. During a social gathering, two foreign women expressed a

desire to try a truly Mozambican drink—something they could remember and take home. Inspired by the moment and spurred on by the unemployment he was facing at the time, Ivando rose to the challenge, creating two caipirinha flavours: pineapple and passion fruit. The women’s enthusiasm—and their subsequent order for bottles—marked the beginning of his entrepreneurial adventure.

Although he had already been making caipirinhas for personal enjoyment, Ivando decided to professionalise his passion. Encouraged by the same customers, he completed an online course on organic caipirinhas, refining his techniques and deepening his knowledge. Since then, he has dedicated himself to producing and selling his unique creations, steadily gaining a loyal following.

Ivando’s organic caipirinhas stand out for their authenticity and rich flavours. The Boca brand has become synonymous with innovation and quality,

with the passion fruit version as its flagship offering, followed by other exotic blends such as cinnamon, malambe, mint and mapfilua. By using traditional sugarcane aguardente, known locally as tontonto, infused with local fruits and herbs, he has crafted a drink that is both innovative and appealing to Mozambican palates and beyond.

Public reception has been overwhelmingly positive. At fairs and events where Boca is showcased, customers are often intrigued by the unusual combinations. Many, after their first taste, are eager to buy a bottle. Others, even if unable to purchase immediately, often return later to secure their share of this artisanal drink.

Today, Ivando’s beverages are available via social media platforms such as Facebook, Instagram, TikTok and WhatsApp, as well as at public fairs and events. Two regular markets stand out: one at the Matola City Council building every Wednesday, and the other at the Casa da Cultura in Alto Maé, Maputo—both open from 7am to 5pm.

The story of Ivando Romão dos Santos and his brand Boca is a testament to the innovation and resilience of Mozambican entrepreneurs. From a moment of hardship, he transformed his passion into a promising business, revitalising a traditional product with a contemporary twist.

BCI reitera continuidade no apoio à cultura

O BCI inaugurou, na terça-feira, 4 de Março, no seu auditório em Maputo, a exposição "Recordando o Mestre Malangatana", em homenagem póstuma a um dos maiores artistas de Moçambique, Malangatana Valente Ngwenya. A mostra, que reúne 25 obras emblemáticas, constitui um tributo à profundidade e inovação que marcaram a trajectória deste gigante da arte africana contemporânea, cujos traços retratam Moçambique.

AMinistra da Educação e Cultura, Samaria Tovela, que testemunhou a cerimónia de abertura, afirmou: "Esta homenagem é muito bem merecida. Nós somos moçambicanos, temos de saber de onde viemos, e, acima de tudo, passarmos aquilo que é a nossa tradição, a nossa história, aquilo que faz de nós este Moçambique multicultural”. Samaria Tovela destacou a importância da preservação das tradições culturais e da transmissão desse conhecimento às futuras gerações. "É fundamental que os jovens cresçam conscientes da riqueza cultural do nosso país e da importância de continuar a valorizá-la e transmiti-la", acrescentou.

O Presidente da Comissão Executiva do BCI, Francisco Costa, reiterou, por seu turno, o compromisso do BCI em conti -

nuar a apoiar a cultura, tendo sublinhado a importância de unir esforços para um bem comum: "esta é uma forma que entendemos ser importante: promover e valorizar o património cultural de Moçambique. Foi um desafio, mas podemos continuar a trabalhar mais, pois existem muitos outros artistas e oportunidades para preservar este enorme legado cultural", afirmou.

Na mesma ocasião, o Administrador do BCI, Luís Aguiar, destacou a importância de honrar Malangatana, um homem cujo génio artístico continua a prestigiar o país. "Através da sua arte, Malangatana representou e projectou Moçambique em várias galerias e museus ao redor do mundo, sendo visto como um ícone da nação", afirmou. "É fundamental continuar a valorizar este legado, mantendo viva a memória, o impacto e o alcance da sua obra", frisou Aguiar,

recordando exposições passadas, organizadas pelo Banco, que exaltaram a grandeza do Mestre, como a 'Retrospectiva dos Últimos 30 Anos da Vida e Obra do Malangatana' (2005) e a mostra "40 anos, 40 artistas" (2015), que reuniu gerações e estilos, com especial destaque para os traços de Malangatana. Mutxhini Malangatana, Administrador da Fundação Malangatana, complementou com uma reflexão: “A arte tem o poder de contar histórias, preservar memórias e fortalecer identidades. Malangatana, com a sua expressão vibrante, capturou a alma do povo moçambicano, suas lutas, esperanças e sonhos.”

A exposição, marcada, na cerimónia de abertura, pela presença de familiares, amigos, artistas, amantes e entusiastas da arte, está aberta ao público, com entrada livre, até ao dia 31 de Março.

Fotografia: Cortesia do BCI
A

arte tem o poder de contar histórias, preservar memórias e fortalecer identidades.

Fotografia: Cortesia do BCI

BCI reaffirms continued support for culture

On Tuesday, 4th March, BCI inaugurated the exhibition Remembering Master Malangatana at its Maputo auditorium, in posthumous tribute to one of Mozambique’s greatest artists, Malangatana Valente Ngwenya. The exhibition, featuring 25 emblematic works, pays homage to the depth and innovation that defined the legacy of this giant of contemporary African art, whose vivid style powerfully captured the spirit of Mozambique.

The Minister of Education and Culture, Samaria Tovela, who attended the opening ceremony, stated: “This tribute is truly well deserved. We are Mozambicans—we must know where we come from and, above all, pass on our traditions, our history, and everything that shapes our multicultural Mozambique.” Tovela stressed the importance of preserving cultural traditions and passing this heritage on to future generations. “It is essential that young people grow up aware of the cultural richness of our country and the importance of continuing to value and share it,” she added.

BCI’s Chairman of the Executive Committee, Francisco Costa, also reaffirmed the bank’s commitment to supporting culture, emphasising the importance of collective efforts towards a common good: “We believe this is an important way to promote and honour Mozambique’s cultural heritage. It was a challenge, but there’s more to be done—there are many other artists and opportunities to help preserve this vast cultural legacy,” he stated. On the same occasion, BCI board member Luís Aguiar underlined the significance of honouring Malangatana, a man whose artistic genius continues to bring pride to

the country. “Through his art, Malangatana represented and projected Mozambique in galleries and museums around the world, becoming a national icon,” he said.

“It is vital to continue valuing this legacy by keeping alive the memory, impact and reach of his work.” Aguiar also recalled past exhibitions organised by the bank that celebrated the master’s legacy, such as A Retrospective of the Last 30 Years of Malangatana’s Life and Work (2005), and 40 Years, 40 Artists (2015), which brought together generations and styles, prominently fea -

turing Malangatana’s unmistakable touch. Mutxhini Malangatana, board member of the Malangatana Foundation, offered a personal reflection: “Art has the power to tell stories, preserve memories and strengthen identities. Through his vibrant expression, Malangatana captured the soul of the Mozambican people—their struggles, hopes and dreams.”

The exhibition, which was launched in the presence of family members, friends, artists, and art enthusiasts, is open to the public with free admission until 31st March.

Fotografia: Cortesia do BCI

Hotel Escola de Inhambane

Um modelo de hospitalidade e formação

Situado na cidade de Inhambane, o IHE – Inhambane Hotel Escola destaca-se como exemplo notável de parceria público-privada entre o Instituto Industrial e Comercial Eduardo Mondlane e o sector privado. Mais do que um espaço de alojamento de alta qualidade, desempenha um papel fundamental na prática de estudantes da área de hotelaria, contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento do turismo na região.

Com 25 quartos espaçosos, todos equipados com casa de banho privativa e varanda, o hotel proporciona um ambiente acolhedor que frequentemente supera as expectativas dos hóspedes. A limpeza impecável e a localização privilegiada garantem um fácil acesso às principais atracções de Inhambane, como as deslumbrantes praias do Tofo, Barra e Guinjata. Esta combinação de conforto e conveniência

faz do hotel uma escolha recomendada para quem procura uma estadia de qualidade.

Para além de receber visitantes, o IHE – Inhambane Hotel Escola desempenha um papel crucial na formação de futuros profissionais da hotelaria. Ao oferecer um ambiente real de trabalho, os estudantes do Instituto Industrial e Comercial Eduardo Mondlane têm a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos,

desenvolvendo competências práticas essenciais para o mercado de trabalho. Esta abordagem integrada de treinamento, garante que os graduados Instituto saiam preparados para enfrentar os desafios da indústria hoteleira.

Além do bom alojamento, o Hotel distingue-se pela oferta de diversos serviços adicionais. Dispõe de salas de conferências climatizadas, com capacidade máxima para 100 pessoas, equipadas com sistemas de som, projectores e acesso à internet, tornando-se um espaço ideal para eventos corporativos e sociais. O restaurante do hotel serve uma variedade de pratos que vão desde mariscos peixes frescos, carnes e iguarias tradicionais Moçambicanas, com especial destaque para os filetes de peixe grelhado, sempre que disponíveis.

Comprometido com a sustentabilidade e a responsabilidade social, o hotel adopta práticas que beneficiam a comunidade local. A aquisição de produtos alimentares no mercado regional, como legumes, peixe e mariscos, não só apoia a economia local, como também garante a frescura dos ingredientes utilizados na sua cozinha. Além disso, a gestão adequada dos resíduos, em conformidade com as directrizes municipais, reflecte uma preocupação constante com a preservação ambiental.

Para proporcionar uma experiência ainda mais conveniente aos seus hóspedes, o IHE – Inhambane Hotel Escola tem vindo a investir em tecnologias modernas. A adopção de plataformas de reservas online e sistemas de check-in móvel facilita os processos administrativos, garantindo maior comodidade e eficiência no atendimento.

Actualmente, a capacidade do Hotel atende satisfatoriamente às necessidades existentes, mas a administração mantém-se atenta às tendências do mercado. Sempre focada na melhoria contínua, está preparada para futuras expansões ou aperfeiçoamentos que possam enriquecer ainda mais a experiência dos clientes. Assim, o IHE – Inhambane Hotel Escola afirma-se como uma fusão exemplar de hospitalidade, formação e compromisso com a comunidade local, consolidando-se como um marco de referência na paisagem hoteleira de Inhambane.

Fotografia: Cortesia de IHE

Inhambane Hotel Escola

A model of hospitality and training

Located in the city of Inhambane, the IHE – Inhambane Hotel Escola stands out as an outstanding example of a public-private partnership between the Eduardo Mondlane Industrial and Commercial Institute and the private sector. More than just a high-quality accommodation facility, it plays a fundamental role in the practical training of hospitality students, making significant contributions to the development of tourism in the region.

Featuring 25 spacious rooms, all equipped with private bathrooms and balconies, the hotel provides a welcoming environment that frequently exceeds guests' expectations. Impeccable cleanliness and a privileged location ensure easy access to Inhambane's main attractions, such as the breathtaking beaches of Tofo, Barra, and Guinjata. This combination of comfort and convenience makes the hotel a recommended choice for those seeking quality accommodation.

Beyond hosting visitors, the IHE – Inhambane Hotel Escola plays a crucial role in training future hospitality professionals. By providing a real work environment, students from the Eduardo Mondlane Industrial and Commercial Institute have the opportunity to apply theoretical knowledge acquired in the classroom, developing essential practical skills for the job market. This integrated teaching approach ensures graduates are well-prepared to face the challenges of the hospitality industry.

In addition to excellent accommodation, the Hotel distinguishes itself through various additional services. It features air-conditioned conference rooms with a maximum capacity of 100 people, equipped with sound systems, projectors, and internet access, making it an ideal venue for corporate and social events. The Hotel restaurant serves a variety of dishes ranging from fresh seafood and fish to meats and traditional Mozambican delicacies, with special emphasis on grilled fish fillets when available.

Committed to sustainability and social responsibility, the Hotel adopts practices that benefit the local community. The procurement of food products from regional markets, such as vegetables, fish, and seafood, not only supports the local economy but also guarantees the freshness of ingredients used in its kitchen. Furthermore, proper waste management, in compliance with municipal guide-

lines, reflects a constant concern for environmental preservation.

To provide an even more convenient experience for its guests, the IHE – Inhambane Hotel Escola has been investing in modern technologies. The adoption of online booking platforms and mobile check-in systems streamlines administrative processes, ensuring greater comfort and efficiency in service.

Currently, the Hotel's capacity satisfactorily meets existing needs, but management remains attentive to market trends. With a constant focus on continuous improvement, it is prepared for future expansions or enhancements that may further enrich the guest experience. Thus, the IHE – Inhambane Hotel Escola stands as an exemplary fusion of hospitality, training, and commitment to the local community, establishing itself as a benchmark in Inhambane's hospitality landscape.

Turismo Regenerativo Os próximos passos para um futuro sustentável

Na edição passada, introduzimos o conceito de turismo regenerativo, uma abordagem inovadora que visa não apenas minimizar impactos negativos, mas também restaurar e melhorar os ecossistemas e as comunidades locais. Dando continuidade ao tema, nesta edição exploramos os benefícios do turismo regenerativo na cadeia de valor, bem como os desafios e soluções específicas para Moçambique.

Oturismo regenerativo gera emprego e renda para as comunidades locais, criando oportunidades em diversas áreas, tais como as de guias turísticos, artesanato, agricultura sustentável e serviços de hospitalidade. Ao envolver os residentes na gestão e operação do turismo, esta abordagem fortalece a identidade cultural e promove um senso de pertencimento. Investimentos em infra-estrutura sustentável, como alojamentos ecológicos e sistemas de energia renovável, têm um impacto positivo na qualidade de vida local e atraem turistas preocupados com a sustentabilidade. Para além disso, ao apoiar empreendedores cujos negócios se alinham com princípios regenerativos, o turismo regenerativo garante uma redistribuição mais justa da riqueza gerada pelo sector, diferenciando-se do turismo convencional, que muitas vezes beneficia apenas grandes corporações.

Com um litoral extenso e uma biodiversidade

marinha singular, Moçambique possui um grande potencial para alavancar o turismo regenerativo no âmbito da economia azul. A preservação dos recursos marinhos pode ser promovida através de actividades como mergulho sustentável, pesca artesanal e passeios de barco ecológicos, que, para além de atrair visitantes, incentivam a conservação dos oceanos. A educação ambiental também desempenha um papel fundamental, sensibilizando turistas e comunidades sobre a importância da protecção dos ecossistemas costeiros e promovendo práticas sustentáveis.

Apesar do grande potencial que possui, Moçambique enfrenta desafios significativos, incluindo os impactos das mudanças climáticas, a falta de infra-estrutura adequada e a necessidade de formação em turismo sustentável. No entanto, soluções práticas podem ser implementadas para mitigar esses desafios. A recuperação de mangais e o reflorestamento de áreas degradadas ajudam a proteger a biodiversidade, mitigar os efeitos das

mudanças climáticas e criar oportunidades para o ecoturismo. A promoção da agricultura sustentável entre as comunidades locais pode fortalecer a segurança alimentar e garantir a oferta de produtos frescos e orgânicos aos visitantes. Parcerias entre o governo, o sector privado e ONGs são essenciais para fomentar investimentos em infra-estrutura sustentável e programas de capacitação para as comunidades envolvidas no turismo regenerativo.

Estudos indicam que as projecções climáticas para 2050 apontam para um aumento da temperatura global, influenciado pelas emissões de combustíveis fósseis e pelas alterações no uso da terra. Este cenário terá impactos socioeconómicos profundos, particularmente em regiões vulneráveis como a África Subsaariana. O aumento do nível do mar pode ameaçar cidades costeiras como a Beira e Quelimane, enquanto eventos climáticos extremos, como ciclones e secas prolongadas, afectarão a produção agrícola e a segurança alimentar. A matriz energética moçambicana, predominantemente baseada na hidroenergia, também enfrenta riscos, tornando urgente a diversificação das fontes de energia e a promoção de soluções baseadas na natureza.

A adaptação climática sustentável deve incluir iniciativas como a transição para uma economia de serviços menos dependente de recursos naturais vulneráveis a choques climáticos. Políticas e estratégias de conservação podem ajudar a mitigar os impactos das alterações climáticas e promover a resiliência dos ecossistemas naturais. A longo prazo, a massificação da agricultura de conservação, que melhora a fertilidade do solo e reduz a necessidade de insumos químicos, pode contribuir para a sustentabilidade ambiental e económica do país.

O turismo regenerativo representa uma oportunidade única para Moçambique enfrentar os desafios ambientais e sociais, ao mesmo tempo que promove um desenvolvimento económico sustentável. Com um compromisso conjunto entre governo, sociedade civil e sector privado, é possível posicionar o país como um exemplo global de turismo regenerativo, atraindo visitantes conscientes e impulsionando a conservação dos seus recursos naturais. A revista Xonguila continuará a explorar este e outros temas cruciais para o futuro de Moçambique, promovendo uma visão de desenvolvimento sustentável e inclusivo. Não perca as próximas edições.

O turismo regenerativo representa uma oportunidade única para enfrentar desafios ambientais e promover um desenvolvimento sustentável.

Regenerative Tourism Next steps towards a sustainable future

In our previous issue, we introduced the concept of regenerative tourism—an innovative approach that not only seeks to minimise negative impacts but also aims to restore and enhance local ecosystems and communities. Continuing this discussion, in the current edition we delve into the benefits of regenerative tourism across the value chain, as well as the specific challenges and solutions in the Mozambican context.

Regenerative tourism creates jobs and income for local communities, opening up opportunities in diverse areas such as tour guiding, handicrafts, sustainable agriculture, and hospitality services. By involving residents in the management and operation of tourism, this approach reinforces cultural identity and fosters a sense of belonging. Investments in sustainable infrastructure—such as eco-lodges and renewable energy systems— have a positive impact on local quality of life and attract environmentally conscious travellers. Moreover, by supporting entrepreneurs whose businesses align with regenerative principles, this model ensures a fairer distribution of wealth generated by the sector, setting itself apart from conventional tourism, which often benefits only large corporations.

With its extensive coastline and unique marine biodiversity, Mozambique holds significant potential to harness regenerative tourism within the frame-

work of the blue economy. Marine conservation can be promoted through activities such as sustainable diving, artisanal fishing, and eco-friendly boat tours, which not only attract visitors but also support ocean preservation. Environmental education also plays a crucial role, raising awareness among tourists and local communities about the importance of protecting coastal ecosystems and encouraging sustainable practices.

Despite its vast potential, Mozambique faces several challenges, including the impacts of climate change, inadequate infrastructure, and a need for training in sustainable tourism. However, practical solutions can be implemented to address these issues. The restoration of mangroves and reforestation of degraded areas help protect biodiversity, mitigate the effects of climate change, and create ecotourism opportunities. Promoting sustainable agriculture among local communities can strengthen food security while providing fresh, organic produce

for visitors. Partnerships between government, the private sector and NGOs are essential to foster investment in sustainable infrastructure and community training programmes for those engaged in regenerative tourism.

Studies suggest that climate projections for 2050 point to a rise in global temperatures, driven by fossil fuel emissions and land-use changes. This scenario is expected to have profound socio-economic impacts, particularly in vulnerable regions such as sub-Saharan Africa. Rising sea levels may threaten coastal cities like Beira and Quelimane, while extreme weather events, including cyclones and prolonged droughts, could disrupt agriculture and food security. Mozambique’s energy matrix, largely reliant on hydropower, also faces increasing risks—making the diversification of energy sources and promotion of nature-based solutions an urgent priority.

Sustainable climate adaptation should involve initiatives such as transitioning to a service-based economy less dependent on natural resources vulnerable to climate shocks. Conservation policies and strategies can help mitigate climate change impacts and support the resilience of natural ecosystems. In the long term, the widespread adoption of conservation agriculture— which improves soil fertility and reduces the need for chemical inputs—can contribute to both environmental and economic sustainability.

Regenerative tourism offers a unique opportunity for Mozambique to tackle environmental and social challenges while advancing sustainable economic development. Through a joint commitment from government, civil society and the private sector, the country can position itself as a global leader in regenerative tourism—drawing in conscientious travellers and boosting conservation of its natural assets. Xonguila magazine will continue to explore this and other vital topics shaping Mozambique’s future, promoting a vision of inclusive and sustainable development. Don’t miss our upcoming editions.

Um espaço, mil experiências: o Galeria e a arte de encantar

Um espaço, mil experiências: o Galeria e a arte de encantar

Localizado no recinto do Porto de Maputo, o Galeria tem vindo a afirmar-se como um dos espaços culturais mais dinâmicos e vibrantes da cidade. Mais do que um local de lazer, tornou-se um incontornável ponto de encontro para amantes da cultura e das artes, proporcionando uma plataforma onde a criatividade e a expressão artística se manifestam de forma autêntica. O seu impacto vai além do entretenimento, representando um contributo significativo para a revitalização da baixa da cidade, conferindo-lhe um novo fôlego e dinamismo.

OGaleria distingue-se pelo seu conceito abrangente, que integra exposições de fotografia, escultura, pintura e artesanato, além de lançamentos de livros, concertos, performances culturais e feiras temáticas. Também acolhe eventos corporativos, institucionais, sociais e privados, promovendo um intercâmbio cultural vibrante e enriquecedor. Caracterizando-se por uma programação diversificada e de elevado padrão, tem-se consolidado como uma referência no panorama artístico nacional, atraindo artistas moçambicanos e internacionais.

Com uma generosa área de 1.700 metros quadrados, o Galeria foi concebido para receber eventos de diferentes dimensões e natureza. A sua estrutura inclui uma private room, dois VIP decks, dois decks externos, três bares principais e dois bares móveis, além de um hall dedicado a espectáculos. A concepção do espaço esteve a cargo da TRI -

BO, S.A., uma empresa nacional especializada na organização de eventos corporativos e sociais, que apostou em materiais de decoração exclusivos, concebidos à medida para este ambiente único.

A inclusão e acessibilidade são igualmente prioridades no Galeria, planeado para acolher públicos com mobilidade condicionada, garantindo que todas as pessoas possam desfrutar da experiência cultural e gastronómica sem barreiras ou limitações. Na gastronomia, presta homenagem aos sabores autênticos de Moçambique, combinando ingredientes locais com influências internacionais de forma harmoniosa. Do pequeno-almoço ao jantar, incluindo snacks ao longo do dia, cada refeição é servida com um toque criativo, elevando a experiência culinária a um nível memorável. Os pratos são cuidadosamente elaborados para encantar os paladares mais exigentes, transformando cada momento à mesa numa verdadeira celebração de sabor e convívio.

O Galeria dispõe de uma equipa altamente qualificada para a concepção e organização de eventos. Desde celebrações privadas a encontros empresariais, cada detalhe é planeado para proporcionar experiências únicas e marcantes. A versatilidade do espaço permite diversas configurações, adaptando-se às necessidades específicas de cada cliente. No âmbito corporativo, tem-se afirmado como uma opção privilegiada para conferências, workshops e exposições. A sua localização estratégica e infra-estrutura moderna oferecem condições ideais para reuniões de negócios e eventos institucionais, promovendo um ambiente inspirador para networking e colaboração.

Ao reunir diversas formas de expressão artística num só local, o Galeria valoriza a identidade moçambicana e fomenta o diálogo intercultural. Seja para visitar uma exposição, assistir a um concerto, saborear uma refeição requintada ou simplesmente conviver num ambiente sofisticado, é um destino de excelência para quem procura experiências autênticas e enriquecedoras.

Com uma programação diversificada e de elevado padrão, o Galeria tem-se consolidado como uma referência no panorama artístico nacional, atraindo artistas moçambicanos e internacionais.

Nestled within the Maputo Port precinct, Galeria has firmly established itself as one of the city’s most dynamic and vibrant cultural venues. More than just a leisure spot, it has become an essential meeting point for lovers of culture and the arts, offering a platform where creativity and artistic expression thrive authentically. Its impact extends beyond entertainment, playing a significant role in the revitalisation of the city centre, breathing new life and dynamism into the area.

What sets Galeria apart is its comprehensive concept, encompassing photography, sculpture, painting and handicraft exhibitions, alongside book launches, concerts, cultural performances and themed fairs. It also hosts corporate,

institutional, social and private events, fostering a vibrant and enriching cultural exchange. With a diverse and high-quality programme, it has cemented its status as a reference point on the national arts scene, attracting both Mozambican and international artists.

Spanning an impressive 1,700 square metres, Galeria has been designed to accommodate events of varying scales and formats. Its layout includes a private room, two VIP decks, two outdoor decks, three main bars and two mobile bars, as well as a dedicated performance hall. The space was conceived by TRIBO, S.A., a local company specialising in corporate and social event management, which invested in bespoke decorative materials tailored to this unique environment.

Inclusion and accessibility are also at the heart of Galeria’s mission, with facilities thoughtfully designed to welcome guests with reduced mobility, ensuring that everyone can fully enjoy the cultural and culinary experiences without barriers. When it comes to gastronomy, the venue pays tribute to Mozambique’s authentic flavours, harmoniously blending local ingredients with international influences. From breakfast to dinner, including snacks throughout the day, every meal is served with a creative flair, elevating the culinary experience to something truly memorable. Dishes are carefully crafted to delight even the most discerning palates, turning each dining oc -

casion into a genuine celebration of taste and togetherness.

Galeria boasts a highly skilled team dedicated to designing and organising events. From private celebrations to business gatherings, every detail is meticulously planned to deliver unique and impactful experiences. The venue’s versatility allows for a wide range of configurations, tailored to meet each client’s specific needs. In the corporate realm, it has become a sought-after choice for conferences, workshops and exhibitions. Its strategic location and modern infrastructure provide ideal conditions for business meetings and institutional events, cultivating an inspiring setting for networking and collaboration.

By bringing together diverse forms of artistic expression under one roof, Galeria both celebrates Mozambican identity and promotes intercultural dialogue. Whether you’re visiting an exhibition, enjoying a live performance, indulging in a fine meal or simply socialising in a refined atmosphere, Galeria offers an exceptional destination for those in search of authentic and enriching experiences.

A nuvem é um sistema de servidores remotos que permite armazenar, aceder e processar dados e aplicações através da internet, eliminando a necessidade de servidores físicos próprios.

Migrar para a Nuvem O Salto Digital de que Moçambique Precisa?

Olá, Moçambique! Vamos imaginar que o nosso negócio é uma banca no Mercado Central – cheia de potencial, mas a precisar de espaço para crescer para além da mesinha onde estão os produtos. A nuvem é um sistema de servidores remotos que permite armazenar, aceder e processar dados e aplicações através da internet, eliminando a necessidade de servidores físicos próprios. Isto facilita o acesso a ficheiros e programas a partir de qualquer dispositivo ligado à internet, garan-

tindo mais flexibilidade, segurança e eficiência. Serviços como Google Drive, Netflix ou Gmail são exemplos de uso da nuvem no dia-a-dia. Agora, pensem na nuvem como um armazém novo e moderno, capaz de guardar o nosso stock, acompanhar as vendas e até divulgar o nosso nome a clientes do Rovuma ao Maputo e para lá das nossas fronteiras. Em 2025, migrar para a nuvem é um dos temas mais quentes para os negócios moçambicanos – desde os principais bancos do país e empresas de pesca de camarão

Escrito

em Pemba até start-ups digitais na Matola. Mas surge um dilema: como equilibrar a soberania dos nossos dados preciosos com a ambição de crescer para o mundo?

A nuvem é uma revolução – imaginem um chapa digital que transporta rapidamente as nossas ideias para qualquer destino. Um relatório da Gartner de 2025 prevê que 70% das empresas africanas vão aderir a esta tendência em breve, atraídas pela promessa de escalabilidade e redução de custos. Em Moçambique, onde mais de 80% de nós usam telemóveis (segundo a GSMA), o tema torna-se incontornável. Pensem na Ana, que gere uma empresa de pesca de camarão em Pemba. Com uma aplicação na nuvem, ela poderia receber encomendas de clientes em Nampula, Maputo ou até Joanesburgo sem complicações e sem esgotar o orçamento. Archana Ramamoorthy, da Google Cloud, num artigo da Fierce Network de Novembro de 2024, descreve esta flexibilidade como "o básico para crescer". Afinal, quem não quer um negócio capaz de alcançar novos horizontes?

Mas aqui entra a grande questão: a soberania dos dados. Este termo sofisticado refere-se à necessidade de manter as nossas informações dentro das leis e regras moçambicanas, evitando que sejam armazenadas em servidores nos Estados Unidos ou na China. Por que razão devemos preocupar-nos? Porque os nossos dados – nomes de clientes, informações bancárias e registos médicos – são valiosos, e perder o controlo sobre eles pode acarretar grandes

riscos. Chris Opat, da Backblaze, no mesmo artigo da Fierce, alerta que os reguladores "não estão para brincadeiras" – e as penalizações podem ser bem pesadas. Em Moçambique, as leis inspiradas em padrões internacionais, como o Regulamento Geral sobre a Protecção de Dados (GDPR) da Europa, determinam que os dados sensíveis devem permanecer no território nacional. Para um banco em Maputo ou uma clínica de saúde em Tete, enviar dados para fora pode não só ir contra as regras, mas também contra o bom senso.

Migrar para a nuvem exige um equilíbrio cuidadoso entre escalabilidade e segurança, considerando os benefícios e desafios das nuvens públicas, locais e híbridas.

Então, como crescemos sem entregar as chaves do nosso reino digital? Aqui entra o conceito das nuvens soberanas – imaginem um armazém de nuvem local, com a bandeira moçambicana no topo. Estas soluções, geridas por empresas como a Google ou a AWS, garantem que os nossos dados permanecem no país, protegidos de interferências externas. Ramamoorthy explica que os clientes querem "controlo sobre os seus bens", e as nuvens soberanas são uma forma de garantir esse equilíbrio. Para o João, que tem uma start-up na Matola, esta é a solução ideal: a sua aplicação pode crescer com o poder da nuvem, sem precisar de investir em servidores físicos, mas mantendo os dados dos clientes sob a legislação moçambicana. Um estudo de uma das consultoras Big4 de 2024 reforça a relevância do tema, assinalando que 40% das empresas africanas já passaram por sustos relacionados com dados – mais vale prevenir do que remediar, certo?

Migrar para a nuvem exige um equilíbrio cuidadoso. Apostar numa nuvem pública global – como os mega-servidores da Amazon – oferece uma escalabilidade impressionante, mas os nossos dados podem acabar armazenados em servidores do outro lado do mundo. Ficar apenas num servidor local garante mais segurança, mas pode limitar o crescimento no futuro. O artigo da Fierce destaca uma alternativa inteligente: as nuvens híbridas. Estas combinam controlo local com alcance global. A Ana poderia guardar os registos de vendas numa nuvem moçambicana e utilizar uma global para campanhas de marketing de grande escala. Um guia da Cisco de 2025 revela que esta abordagem está a tornar-se cada vez mais popular em África – uma solução ideal para um contexto onde a internet pode ser instável e os cortes de energia são frequentes.

Desafios? Sim, claro! Basta tentar carregar a página de encomendas online durante um apagão das comunicações. A internet fora dos centros urbanos pode ser mais lenta, e a tecnologia da nuvem ainda não é acessível para todos. No entanto, há motivos para optimismo. O TechRadar de 2025 destaca que os fornecedores africanos de serviços em nuvem estão a crescer, tornando o acesso a estas soluções mais próximo e competitivo. Além disso, com metade da população moçambicana abaixo dos 25 anos, temos uma geração jovem pronta para dominar esta tecnologia. Ramamoorthy sugere uma abordagem estratégica: segmentar os dados por nível de sensibilidade – manter os mais críticos localmente e permitir que os menos sensíveis circulem em plataformas globais. Quem sabe, talvez vejamos no futuro uma nuvem "Made in Moçambique"?

Os benefícios são inegáveis. As nuvens soberanas não só protegem como também potenciam o crescimento. A clínica de saúde em Tete pode manter os ficheiros dos pacientes seguros enquanto aproveita ferramentas de análise na nuvem para detectar padrões e melhorar os serviços. A start-up do João pode sonhar alto sem perder as raízes. A transformação digital é crucial, o equilíbrio entre soberania e escalabilidade são a chave para um futuro que nós próprios controlamos. A jornada para a nuvem é inevitável – mas fazê-la à nossa maneira, garantindo que os dados permanecem em casa e que mantemos os olhos postos no futuro, é o verdadeiro desafio.

Migrating to the Cloud The Digital Leap Mozambique Needs?

Hello, Mozambique! Imagine your business as a stall in the Central Market – full of potential, but needing space to grow beyond the little table holding your goods. The cloud is essentially a network of remote servers that allows you to store, access and process data and applications via the internet, removing the need for in-house physical servers. This means files and programmes can be accessed from any internet-connected device, offering greater flexibility, security, and efficiency. Everyday services like Google Drive, Netflix or Gmail are all examples of cloud computing in action. Now think of the cloud as a sleek new warehouse – capable of storing our stock, tracking sales, and promoting our name from Rovuma to Maputo, and beyond our borders. In 2025, cloud migration is one of the hottest topics for Mozambican businesses – from leading national banks and prawn fishing companies in Pemba to digital start-ups in Matola. But there’s a key dilemma: how do we balance the sovereignty of our precious data with the ambition to grow globally?

The cloud is a revolution – picture it as a digital minibus that swiftly carries our ideas to any destination. A 2025 report by Gartner predicts that 70% of African companies will soon adopt this trend, drawn by its promise of scalability and cost reduc-

tion. In Mozambique, where over 80% of people use mobile phones (according to GSMA), the topic is inescapable. Take Ana, who runs a prawn fishing business in Pemba. With a cloud-based app, she could receive orders from clients in Nampula, Maputo, or even Johannesburg – all without hassle or breaking the bank. Archana Ramamoorthy of Google Cloud, in a Fierce Network article from November 2024, described this flexibility as “the foundation for growth”. After all, who wouldn’t want a business capable of reaching new horizons?

But here’s the big question: data sovereignty. This sophisticated term refers to the need to keep our information subject to Mozambican laws and regulations, avoiding storage in servers located in the US or China. Why should we care? Because our data – client names, bank information, medical records – is incredibly valuable, and losing control over it can bring serious risks. Chris Opat from Backblaze, in the same Fierce article, warns that regulators “aren’t playing games” – and the penalties can be severe. In Mozambique, legislation inspired by international standards like the European General Data Protection Regulation (GDPR) mandates that sensitive data must remain within national borders. For a bank in Maputo or a health clinic in Tete, sending data abroad could breach not just regulations, but common sense.

So how do we grow without handing over the keys to our digital kingdom? This is where the concept of sovereign clouds comes in – think of a local cloud warehouse flying the Mozambican flag. These solutions, managed by global providers such as Google or AWS, ensure that data stays within the country, shielded from external interference. Ramamoorthy notes that clients want “control over their assets”, and sovereign clouds offer a way to strike that balance. For João, who owns a start-up in Matola, this is the perfect solution: his app can scale using cloud power without investing in physical servers, all while keeping customer data under Mozambican jurisdiction. A 2024 study by one of the Big Four consultancies underscores the topic’s relevance, revealing that 40% of African companies have already had data-related scares – prevention is better than cure, right?

Migrating to the cloud demands a delicate balance. Opting for a global public cloud – like Amazon’s mega-servers – offers immense scalability, but your data could end up stored halfway across the world. Staying entirely local offers tighter security, but might hinder long-term growth. The Fierce article highlights a smart alternative: hybrid clouds. These combine local control with global reach. Ana could store her sales records on a Mozambican cloud while using a global one for wide-reaching marketing campaigns. A 2025 guide from Cisco reports that this hybrid

approach is gaining traction in Africa – a fitting solution for a continent where internet instability and power outages are still challenges.

Challenges? Of course! Just try loading an order page during a communications blackout. Internet outside urban centres can be slow, and cloud technology isn’t yet accessible to all. But there are reasons to be hopeful. TechRadar in 2025 notes that African cloud service providers are growing, making access more local and competitive. What’s more, with half of Mozambique’s population under 25, we have a young generation ready to embrace this technology. Ramamoorthy recommends a strategic approach: classify data by sensitivity – keep the most critical data local and allow less sensitive information to flow through global platforms. Who knows – maybe one day we’ll see a cloud “Made in Mozambique”?

The benefits are undeniable. Sovereign clouds don’t just protect – they empower growth. The health clinic in Tete can safeguard patient files while leveraging cloud analytics to detect patterns and enhance services. João’s start-up can dream big without losing its roots. Digital transformation is vital, and the key to the future lies in balancing sovereignty with scalability. The journey to the cloud is inevitable – but doing it our way, ensuring our data stays home while keeping our sights on the horizon, is the real challenge.

Um novo espaço para saúde e bem-estar em Maputo

Fotografia: Cortesia de Clinic +welness

Um novo espaço para saúde e bem-estar em Maputo

Asaúde e o bem-estar são cada vez mais uma prioridade, e Maputo conta agora com um espaço que procura responder a essa necessidade de forma abrangente. A Clínica Plus Wellness surge com uma abordagem centrada na pessoa, oferecendo um acompanhamento que, indo além tratamento de doenças, se foca na promoção de um equilíbrio físico e emocional estável. Com um leque variado de especialidades centralizadas, a clínica aposta num atendimento multidisciplinar que inclui psicologia, psiquiatria, nutrição, dermatologia, neurologia e clínica geral.

Para muitos, cuidar da saúde mental continua a ser um desafio, e a clínica dedica especial atenção a essa área, disponibilizando profissionais preparados para acompanhar desde situações quotidianas até questões mais complexas. Além disso, a nutrição e a dermatologia complementam essa visão in-

tegrada, promovendo a saúde tanto de dentro para fora como de fora para dentro.

O espaço foi desenhado para proporcionar conforto e tranquilidade, com áreas amplas e uma atmosfera acolhedora. A tecnologia também tem um papel importante, permitindo diagnósticos mais precisos e tratamentos eficazes.

Além do atendimento clínico, há uma aposta na educação para a saúde, com palestras e workshops que incentivam hábitos saudáveis e o autocuidado. A ideia é que a clínica não seja apenas um local de tratamento, mas um ponto de encontro para quem procura melhorar a sua qualidade de vida.

Com um olhar atento às necessidades da comunidade, a Clínica Plus Wellness propõe-se a oferecer um serviço de saúde mais humano e acessível, onde o bem-estar não é apenas um objectivo, mas um compromisso.

Para muitos, cuidar da saúde mental continua a ser um desafio, e a Clínica Plus Wellness dedica especial atenção a essa área.

A Clínica Plus Wellness propõe-se a oferecer um serviço de saúde mais humano e acessível, onde o bem-estar não é apenas um objectivo, mas um compromisso.

A new hub for health and wellbeing in Maputo

Health and wellbeing are increasingly seen as priorities, and Maputo now boasts a new space designed to meet these needs in a holistic way. Clínica Plus Wellness introduces a person-centred approach, offering care that goes beyond the treatment of illness to focus on fostering lasting physical and emotional balance. With a diverse range of centralised specialities, the clinic adopts a multidisciplinary model that includes psychology, psychiatry, nutrition, dermatology, neurology, and general medicine.

For many, addressing mental health remains a challenge, and the clinic places particular emphasis on this area, providing expert professionals equipped to support both everyday concerns and more complex conditions. Nutrition and dermatology complement this integrated perspective, promoting heal -

th from the inside out – and the outside in.

The space has been carefully designed to offer comfort and calm, with spacious interiors and a welcoming atmosphere. Technology also plays a key role, enabling more accurate diagnoses and effective treatments.

Beyond clinical care, the clinic places strong emphasis on health education, hosting talks and workshops that encourage healthy habits and self-care. The vision is for the clinic to serve not only as a place for treatment but as a community hub for those looking to enhance their quality of life.

With a keen awareness of the community’s needs, Clínica Plus Wellness aims to deliver more human, accessible healthcare – where wellbeing is not just a goal, but a true commitment.

Passo 9: Gestão da Dívida Dicas Financeiras Para Uma Vida Melhor

Moçambique é uma sociedade que gosta de comprar agora e pagar depois. Os efeitos na literacia financeira dos jovens são caracterizados pelos mesmos padrões de comportamento dos pais e da sociedade. São comportamentos de alto crédito e alto consumo, com muito pouca poupança e, por sua vez, alto risco social.

Ainternet adora fazer listas de coisas, desde as 10 melhores praias que deve visitar até aos 10 melhores restaurantes da sua área. Portanto, não é surpresa que exista uma lista dos 10 principais motivos pelos quais as pessoas caem em dívidas. Alguns são óbvios, alguns são um pouco mais desculpáveis, e um é ridículo.

A lista do Bankrate.com dos 10 principais motivos para endividamento começa com a redução de rendimentos/ poupança. Isso faz sentido. Em seguida, vem o divórcio, seguido por um factor importante, ou seja, uma má gestão

financeira. A lista continua com desemprego, jogos de azar, despesas médicas, poupança insuficiente, falta de habilidades de comunicação financeira, aposta numa fortuna inesperada e, finalmente, sim – FINALMENTE – a literacia financeira.

Não é de surpreender que a maioria dos adultos com rendimentos/salários esteja em dívida excessiva, quando a "literacia financeira" aparece em décimo lugar. Isso levanta uma questão: se a literacia financeira estivesse no topo da lista, haveria uma lista? Existem deficiências gritantes no sistema educacional, desde a escola primária até

ao ensino superior, que não incluem nenhum tipo de literacia financeira formal. A literacia financeira é a base da prosperidade e segurança. Ela constrói confiança e conhecimento na vida das pessoas e do país. Não podemos abordar questões de inclusão financeira e desenvolvimento socioeconómico equitativo e sustentável sem abordar a literacia financeira.

Não adianta tentar resolver os nossos problemas financeiros se não entendemos as finanças em primeiro lugar. A falta de literacia financeira neste país gera uma sociedade que está constantemente a tentar recuperar o

Muitos moçambicanos têm comportamentos de alto crédito e alto consumo, com muito pouca poupança e, assim, alto risco social.

atraso das suas finanças e, pior ainda, a apagar fogos constantemente.

Até que vejamos uma mudança de paradigma que considere a literacia financeira (ou a falta dela) como a principal causa de endividamento e instabilidade financeira, passaremos as nossas vidas a ler sobre as 10 melhores praias para visitar, em vez de ir vê-las, por causa da nossa instabilidade financeira.

Passaremos as nossas vidas a ler sobre as 10 melhores praias para visitar, em vez de ir vê-las, por causa da nossa instabilidade financeira.

Step 9: Debt Management Financial Tips for a Better Life

Mozambique is a society that loves to “buy now and pay later”. The financial literacy of young people reflects the same behavioural patterns seen in their parents and the wider community—high levels of credit and consumption, minimal savings, and consequently, significant social risk.

The internet has a well-known penchant for lists— from the top 10 beaches you must visit to the best restaurants in your area. So it comes as no surprise that there’s a list of the top 10 reasons people fall into debt. Some are predictable, others more understandable—and one is downright absurd.

According to Bankrate.com, the leading cause of indebtedness is a reduction in income or savings. That’s fairly straightforward. Next comes divorce, followed by a key contributor: poor fi -

nancial management. The list goes on to include unemployment, gambling, medical expenses, insufficient savings, poor financial communication skills, reliance on a windfall—and finally, yes, finally—financial literacy.

It’s hardly surprising that most income earners find themselves in excessive debt when “financial literacy” only appears in tenth place. This prompts an important question: if financial literacy were at the top of the list, would there even be a list?

There are glaring gaps in

the education system—from primary through to higher education—which fail to incorporate any form of structured financial education. Yet financial literacy is the bedrock of both prosperity and security. It equips individuals and nations alike with the confidence and knowledge needed to thrive. Without addressing financial literacy, we cannot hope to advance financial inclusion or achieve equitable, sustainable socioeconomic development.

There is little point in attempting to solve financial

problems if we don’t understand the fundamentals of finance in the first place. The absence of financial literacy has created a society perpetually trying to catch up with its finances—or worse, constantly putting out fires.

Until we see a paradigm shift that recognises financial literacy (or the lack thereof) as the root cause of debt and financial instability, we’ll continue reading about the top 10 beaches to visit—instead of actually going—because our finances simply won’t allow it.

There’s no point in trying to solve our financial problems if we don’t understand finance in the first place.
Fotografia: Cortesia de Miguel Peral

340ml Celebram 25 Anos do Álbum “Moving” no CCFM

Aespera terminou! Após uma longa pausa, os 340ml voltam a reunir-se para celebrar os 25 anos do lançamento do seu álbum de estreia, “Moving”. Maputo foi a cidade escolhida para acolher este reencontro tão aguardado com os fãs. O entusiasmo foi de tal ordem que os bilhetes para o concerto de 14 de Março no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) esgotaram em tempo recorde. A resposta do público foi avassaladora, e para garantir que mais admiradores pudessem viver esta experiência inesquecível, a banda e o CCFM anunciar -

am uma data extra: 13 de Março, às 20h, na Sala Grande.

Os 340ml proporcionaram uma celebração à altura da sua trajectória icónica, com um espectáculo carregado de emoção e nostalgia. No repertório, os temas que marcaram uma geração, como o clássico "Midnight", estiveram lado a lado com outras pérolas do seu vasto repertório, numa viagem sonora que atravessou Reggae, Dub, Jazz e Afrobeat. Foi uma oportunidade única para reviver a energia e inovação que sempre caracterizaram a banda.

Fotografia: Cortesia de Miguel Peral

A chuva em crenças e rituais populares em Moçambique

A chuva, em Moçambique, desempenha um papel fundamental nas crenças e rituais populares, carregando consigo profundos significados. Para muitos, é bênção, fertilidade e renovação, mas ela pode ser também, quando em excesso, castigo e provação. É um elo entre os homens e os espíritos ancestrais, uma manifestação do equilíbrio ou desequilíbrio entre a natureza e a humanidade.

Acrença em espíritos e guardiões que controlam a chuva é comum. Acredita-se que os líderes espirituais, curandeiros ou chefes tradicionais, têm o poder de interceder junto aos antepassados ou forças superiores para que a estação chuvosa seja generosa, mas não devastadora, e em certas comunidades existem rituais específicos para atrair a chuva em tempos de seca, ou para a travar quando em demasia – orações, danças e cânticos que invocam as forças da natureza para restaurar a harmonia entre o céu e a terra.

Com efeito, se a chuva é fonte de vida, também pode significar destruição. Moçambique tem uma longa história de cheias e ciclones que assolam aldeias, destroem plantações e deixam milhares de pessoas desalojadas. As grandes cheias do rio Zambeze, do Save, do Limpopo e do Licungo são lembradas com respeito e receio, pois já ceifaram muitas vidas e trouxeram fome e doença. Muitos moçambicanos cresceram a ouvir histórias sobre como as águas avançaram

sobre as machambas, apagando o trabalho árduo de meses. Há quem diga que as chuvas intensas que trazem tragédia são um aviso dos antepassados de que algo está errado, devendo por isso os mais velhos consultar os curandeiros para entender se a natureza está a responder a alguma injustiça cometida.

O que muitos consideram sempre positivo é quando cai uma chuvinha durante um casamento, uma estreia ou inauguração, a assinatura de um importante contrato ou outro evento do género, por acreditarem ser prenúncio de um futuro próspero. Bênção caída do céu é também quando, após meses de calor intenso, chegam as primeiras chuvas, que levam crianças para a rua dançando e sentindo na pele a frescura da água, num belo ritual espontâneo de gratidão à natureza.

Posto isto, a chuva é, em Moçambique, um símbolo dual: vida e destruição, fartura e perda, receio e esperança na chegada de melhores dias.

Rain in popular beliefs and rituals in Mozambique

In Mozambique, rain plays a vital role in popular beliefs and traditional rituals, carrying profound symbolic meaning. For many, it signifies blessing, fertility and renewal—but when excessive, it can also represent punishment and trial. Rain is viewed as a link between humans and ancestral spirits, a manifestation of balance—or imbalance—between nature and humankind.

Belief in spirits and guardians who control rainfall is widespread. Spiritual leaders, healers or traditional chiefs are thought to possess the power to intercede with ancestors or higher forces to ensure the rainy season is generous but not destructive. In certain communities, specific rituals are performed to summon rain during droughts or to hold it back when it becomes overwhelming—prayers, dances and songs invoking the forces of nature to restore harmony between heaven and earth.

However, a gentle rain during a wedding, an opening ceremony, the signing of a significant contract, or a similar event is almost universally welcomed, seen as a harbinger of good fortune. A blessing from the skies is also felt when, after months of scorching heat, the first rains arrive—sending children dancing into the streets to feel the coolness of the water on their skin, a spontaneous ritual of gratitude to nature.

Thus, in Mozambique, rain embodies a dual symbolism: life and destruction, abundance and loss, fear and hope for brighter days to come.

Indeed, while rain is a source of life, it can also bring devastation. Mozambique has a long history of floods and cyclones that ravage villages, destroy crops and leave thousands displaced. The major floods of the Zambezi, Save, Limpopo and Licungo rivers are remembered with a mix of reverence and fear, having claimed many lives and brought hunger and disease in their wake. Many Mozambicans grew up hearing stories of waters engulfing their fields, washing away months of hard labour. Some believe that severe rains that bring tragedy are a warning from the ancestors—signals that something is amiss—prompting elders to consult healers to discern whether nature is responding to some injustice.

O Pouso do Casco

De Lino Mukurruza

“Este livro expõe uma figura do bem-querer de forma imaginária. É uma poesia de uma linguagem ludibriada. Manobrar a palavra, poeticamente, devia ser crime. Porém, não é. E se fosse? Apesar dos momentos de privação enunciativa, dubiedade rítmica, Lino Mukurruza não perde a alegria e canta a benevolência com e para a vida. Essa poética da mudança e

da aresta do bem-querer encontra-se representada em toda a extensão e sensibilidade deste livro. Se os gáudios e os dilemas humanos aceitam correr em água das cascatas, na sua voz, devemos assumir que estamos perante uma veia romântica de observação da humanidade por meio de conta-fios e sortilégios da poética moçambicana.”

Cremildo Bahule Professor, ensaísta e editor

O Pouso do Casco

"This book imagines a portrait of kindness in a lyrical form. It is poetry woven with a language full of playful deception. To handle words poetically should be a crime. But it isn’t. And what if it were? Despite moments of enunciative restraint and rhythmic ambiguity, Lino Mukurruza never loses his joy—he sings benevolence, both with and for life. This poetics of transformation and of the sharp edge of goodwill is expressed throughout the depth and sensitivity of this book. If human joys and dilemmas allow themselves to flow like the waters of a waterfall, then in his voice, we must recognise a romantic thread of observing humanity through the lens and enchantments of Mozambican poetics."

Cremildo Bahule Professor, essayist and editor

Para Além do Rio

Inspirado na história verídica de Siseko Ntondini e Piers Cruickshanks, o filme sul-africano Para Além do Rio (2017) é uma narrativa emocionante que revela a força do espírito humano face a desafios aparentemente intransponíveis.A história acompanha dois homens de mundos distintos que se unem com um objectivo comum: vencer a exigente Maratona de Canoagem Dusi. Duma, um jovem de uma comunidade marginalizada, e Steve, um homem branco de classe média, encontram na parceria uma forma de competição, mas também uma oportunidade de redenção e crescimento pessoal. Juntos, enfrentam dificuldades físicas e barreiras sociais, numa jornada que vai muito além das águas turbulentas do rio. O filme mergulha profundamente em temas como amizade, perseverança e reconciliação, mostrando como a superação pode unir pessoas de realidades opostas.

Sob a direcção de Craig Freimond, Para Além do Rio ganha vida com as marcantes interpretações de Lemogang Tsipa (no papel de Duma) e Grant Swanby (como Steve). O elenco é ainda enriquecido por Israel Sipho Matseke Zulu e Emily Child, que adicionam autenticidade e profundidade à narrativa.

Desde a sua estreia que o filme tem sido amplamente elogiado pela crítica e pelo público, destacando-se pela contribuição que dá ao cinema sul-africano e pela forma inspiradora como aborda questões sociais e emocionais. Actualmente, Para Além do Rio está disponível para aluguer e compra em várias plataformas de streaming, incluindo Showmax, Amazon e Apple.

Para Além do Rio é uma celebração da resiliência humana e da capacidade de superar barreiras através da união e do entendimento mútuo. Com uma narrativa envolvente e interpretações genuínas, esta obra cinematográfica oferece uma experiência inspiradora que toca espectadores de todas as idades.

Beyond the River

Inspired by the true story of Siseko Ntondini and Piers Cruickshanks, the South African film Beyond the River (2017) is a moving tale that highlights the strength of the human spirit in the face of seemingly insurmountable challenges.

The story follows two men from starkly different backgrounds who come together with a shared goal: to conquer the gruelling Dusi Canoe Marathon. Duma, a young man from a marginalised community, and Steve, a white, middle-class professional, find in their partnership not only a sporting challenge but also a chance for redemption and personal growth. Together, they battle physical hardships and societal barriers on a journey that extends far beyond the river’s turbulent waters. The film delves deep into themes of friendship, perseverance and reconciliation, portraying how triumph over adversity can bridge even the widest of divides.

Directed by Craig Freimond, Beyond the River is brought to life through powerful performances by Lemogang Tsipa as Duma and Grant Swanby as Steve. The cast is further strengthened by Israel Sipho Matseke Zulu and Emily Child, who lend authenticity and emotional depth to the story.

Since its release, the film has received widespread acclaim from critics and audiences alike, praised both for its contribution to South African cinema and for its heartfelt exploration of social and emotional themes. Beyond the River is currently available to rent or purchase on various streaming platforms, including Showmax, Amazon and Apple.

A celebration of human resilience and the power of unity and mutual understanding, Beyond the River offers a compelling and inspiring cinematic experience for viewers of all ages.

Aveiro Albergaria-a-Velha São Martinho do Porto and soon other locations! Contact us: geral@vitalia.pt | +351 910 758 910 vitalia.pt

O tecido que aprendeu a ser moçambicano

Há tecidos que se desfazem com o tempo. Outros, pelo contrário, tornam-se raízes. Assim é a capulana: um pedaço de pano que não nasceu aqui, mas que aprendeu a falar a nossa língua, a caminhar nos nossos passos, a embalar os nossos filhos e a contar as nossas histórias.

Dizem que veio de longe, trazida pelos ventos das monções, pelas mãos dos que navegavam entre continentes e trocavam mercadorias e mistérios. Mas, se um dia foi estrangeira, hoje é filha da nossa terra. Adoptou os nossos tons, os nossos gestos, o nosso suor. Tornou-se abraço de mãe, segredo de mulher, farda de festa, estandarte de luta.

A capulana é uma pele que se molda à vida, transformando-se conforme o momento exige. É manto de cerimónia e lenço de despedida, é berço improvisado e véu de noiva, é história tecida a cores vivas.

Quando uma mulher a amarra à cintura, veste a herança de quem veio antes, a identidade de um povo que sabe transformar o que vem de fora em símbolo próprio. A capulana enraizou-se na alma moçambicana e, como as palavras antigas, já não tem dono. Pertence a todos.

Porque há coisas que não precisam de certidão de nascimento para serem verdadeiramente nossas.

Pintado Gaspar

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.