Entre a espiritualidade e a música
Between spirituality and music
E-VISA
Avanços tecnológicos e políticas turísticas Technological advances and tourism policies
HEINEKEN
O compromisso verde The green commitment
KUMBA LODGE
Um retiro de serenidade interior
A retreat of inner serenity
Publicação mensal • Março/March 2024 • Ed. 67 • Ano 07 • 300 MZN • xonguila.co.mz
O Kumba Lodge nasceu com a intenção de se fazer dele um santuário de paz, um lar longe de casa onde os hóspedes pudessem abraçar os cinco pilares de um estilo de vida saudável: natureza, movimento, descanso, nutrição e comunidade.
Fotografia: Cortesia de Kumba Lodge
Num recanto paradisíaco do Tofo, ergue-se o Kumba Lodge, um refúgio que oferece uma experiência transformadora. Inspirado em vastas viagens de Adelline e Steven, este estabelecimento encapsula a essência de inúmeros lugares por onde passaram, integrando harmoniosamente elementos de diversas culturas.
A escolha da localização não foi ao acaso; foi no Tofo que Steven, co-fundador, liderou um retiro de ioga em 2019, experiência que desvendou o potencial extraordinário deste lugar para acolher um projecto único. O Kumba Lodge nasceu com a intenção de se fazer dele um santuário de paz, um lar longe de casa onde os hóspedes pudessem abraçar os cinco pilares de um estilo de vida saudável: natureza,
movimento, descanso, nutrição e comunidade, filosofia que, promovendo um bem-estar integral e uma ligação profunda com o ambiente circundante e com quem o habita, fica patente em cada pormenor da estadia.
Diferenciando-se por esta abordagem descontraída e ecológica, o Kumba Lodge foca-se em proporcionar uma verdadeira e positiva expe -
riência de vida. Adelline, co-fundadora e chef formada, traz a sua paixão pela culinária nutritiva ao preparar pratos deliciosos com ingredientes locais, biológicos e frescos. Entre as especialidades recomendadas estão a sopa de coco com frango, a salada asiática de amendoim com noodles, peixe grelhado, e os famosos camarões e lagostins moçambicanos. Além de uma excepcional gastronomia, o lodge oferece aulas regulares de ioga ministradas por Steven, incluídas na estadia. As sessões ocorrem num deck de ioga com vista para o mar, promovendo uma ligação única com a natureza. Este é apenas um exemplo das diversas actividades e serviços disponíveis.
Os hóspedes constituem um grupo diversificado de pessoas oriundas de todas as partes do globo. Nele se incluem casais, indivíduos ávidos por aventuras solitárias, famílias, recém-casados celebrando em lua-de-mel o início da sua vida conjugal, bem como grupos organizados em retiros.
6 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Turismo
Fotografia: Cortesia de Kumba Lodge
Escrito por: Emilia Gimo
Unidos por um espírito aventureiro, mas consciente, estes visitantes possuem o desejo comum de explorar as riquezas e a beleza única de Moçambique.
A gestão do lodge valoriza imenso o feedback dos hóspedes, utilizando-o como guia para melhorar e evoluir constantemente. Muitas das características actuais dos quartos e itens do menu nasceram de sugestões dos visitantes, desde que alinhadas com os valores do estabelecimento. A paixão por um serviço de excelência
é visível no caloroso e genuíno atendimento, característica salientada pelos hóspedes como um dos pontos altos da sua experiência no lodge.
O compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade social é evidente. Exemplificam-no o apoio prestado a fornecedores locais, bem como o cultivo de vegetais no próprio jardim. São usados meios tecnológicos, por exemplo para divulgar o lodge e facilitar processos como a reserva, o pagamento e a apresentação de fee-
dback, mas nunca é esquecida a importância de se desligar dos dispositivos e reconectar-se com a natureza.
O Kumba Lodge encontra-se em constante evolução, tendo planos para aprimorar ainda mais a experiência dos hóspedes e organizar doravante mais retiros. Este é apenas o início de uma jornada promissora para este estabelecimento, que continua a crescer e a oferecer momentos de inspiração àqueles que têm a sorte de cruzar o seu caminho.
Os hóspedes são casais, indivíduos ávidos por aventuras solitárias, famílias, recém-casados em lua-de-mel, bem como grupos organizados em retiros.
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 7 Turismo
Diferenciando-se por esta abordagem descontraída e ecológica, o Kumba Lodge foca-se em proporcionar uma verdadeira e positiva experiência de vida.
Fotografia: Cortesia de Kumba Lodge
Written by: Emilia Gimo
Nestled in the paradisiacal corner of Tofo stands Kumba Lodge, a sanctuary offering a transformative experience. Inspired by the extensive travels of Adelline and Steven, this establishment encapsulates the essence of the numerous places they have visited, seamlessly integrating elements from various cultures.
The choice of location was no coincidence; it was in Tofo that Steven, the co-founder, led a yoga retreat in 2019, an experience that unveiled the extraordinary potential of this place to host a unique project. Kumba Lodge was born with the intention of becoming a sanctuary of peace, a home away from home where guests could embrace the five pillars of a healthy lifestyle: nature, movement, rest, nutrition, and community. This philosophy, promoting overall well-being and a deep connection with the surrounding environment and its inhabitants, is evident in every detail of the stay.
Setting itself apart with this relaxed and ecological approach, Kumba Lodge focuses on providing a genuine and positive life experience. Adelline, co-founder and trained chef, brings her passion for nutritious cooking by preparing delicious dishes with local, organic, and fresh ingredients. Among the recommended specialties are the coconut chicken soup, Asian peanut salad with noodles, grilled fish, and the famous Mozambican prawns and crayfish. In addition to exceptional cuisine, the lodge offers regular yoga classes taught by Steven, included in the stay. The sessions take place on a yoga deck overlooking the sea, promot-
ing a unique connection with nature. This is just one example of the various activities and services available.
The guests form a diverse group of people from all over the globe, including couples, individuals seeking solo adventures, families, newlyweds celebrating their honeymoon, and organized groups on retreats. United by an adventurous yet conscious spirit, these visitors share a common desire to explore the riches and unique beauty of Mozambique.
The lodge's management highly values guest feedback, using it as a guide to continually improve and evolve. Many of the current features of the rooms and menu items have originated from visitor suggestions, as long as they align with the establishment's values. The passion for excellence in service is evident in the warm and genuine hospitality, a characteristic highlighted by guests as one of the highlights of their experience at the lodge.
The commitment to sustainability and social responsibility is clear. This is exemplified by the support given to local suppliers, as well as the cultivation of vegetables in the lodge's own garden. Technological means are used, for example, to promote the lodge and facilitate
processes such as booking, payment, and feedback submission, but the importance of disconnecting from devices and reconnecting with nature is never forgotten.
Kumba Lodge is in constant evolution, with plans to further enhance the guest experience and organize more retreats in the future. This is just the beginning of a promising journey for this establishment, which continues to grow and offer moments of inspiration to those fortunate enough to cross its path.
10 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Tourism
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 11 Tourism
Fotografia: Cortesia de Kumba Lodge
4 KUMBA LODGE
Um retiro de serenidade interior
An inner serenity retreat
16 EU.CLIDES
Entre a espiritualidade e a música
Between spirituality and music
36 E-VISA
Avanços tecnológicos e políticas turísticas Technological advances and tourism policie
66 FISIOTERAPIA
Inovação na actividade
Innovation in activity
74 MONEY SAVVY
Dicas financeiras para uma vida melhor Financial tips for a better Life
90 CAMINHOS SIMPLIFICADOS:
Explorando soluções globais para desafios locais
Exploring global solutions for local challenges
96 SABIAS QUE/DID YOU KNOW
Os distintivos dos nossos “chapas”:
Identidade e criatividade
The distinctiveness of our "Chapas":
Identity and creativity
110 CINEMA 35MM
Queen Sono, uma série dramática de espionagem africana
Queen sono, an african spy dramaseries
48 ABSA
A nova face do Absa
Absa's new Face
82 NELSON FREITAS
"Black Butterfly" apresentado em Maputo "Black Butterfly" showcased in Maputo
28 HEINEKEN MOÇAMBIQUE
O compromisso verde
The green commitment
FICHA TÉCNICA/BIOS
Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Mariano Silva • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Eliana Silva, Mariano Silva, Nuno Soares, Jaime Álvaro, Precidónio Silvério, Aayat Irfan • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Pedro Sargaço • Fotografia/Photography: Mariano Silva • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Omar Diogo, Nuno Lopes, Ana Piedade• Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Minerva Print • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)
Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.
The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine
Sumário Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 13
Do Director / From the Director
Caros leitores e amigos da Xonguila,
É com um imenso prazer que vos dou as boas-vindas à nossa 67ª edição, um marco que assinala o sexto aniversário da revista. Com ela celebramos não só esse já considerável percurso editorial e o historial de empenho, dedicação e paixão de toda a nossa equipa, mas também o apoio contínuo que temos recebido dos nossos leitores e clientes ao longo de toda essa caminhada. Um brinde a todos vós exprimindo o nosso mais sincero agradecimento.
Para esta edição comemorativa, preparámos, como sempre, um variado leque de artigos que espelham a diversidade e riqueza da nossa cultura e sociedade.
Na vertente turística, exploramos como políticas estratégicas e avanços tecnológicos, como o E-Visa, estão a fomentar o turismo e o crescimento económico, e apresentamos o Mumba Lodge, um oásis de tranquilidade e transformação interior situado no idílico Tofo.
Reflexo da constante evolução e dinamismo do mundo empresarial, destacamos a transformação do Absa Bank Moçambique, que empreendeu esforços com vista a se posicionar numa trajectória de maior humanização e proximidade para com as comunidades que serve. Ainda no domínio bancário, Stela Machel, moçambicana com ricas experiências no exterior, dá-nos a sua perspectiva única sobre questões do quotidiano e desafios locais, comparando situações e propondo soluções. E para que todos possam fazer uma gestão financeira mais eficaz trazemos conselhos práticos, começando por ajudar cada um a entender onde se encontra, o primeiro passo para alcançar o objectivo pretendido.
Já no domínio musical, temos o privilégio de vos apresentar um olhar exclusivo sobre o lançamento do mais recente álbum de Nelson Freitas, "Black Butterfly", que ocorreu em Maputo. Exclusiva é também a entrevista que nos concedeu EU.CLIDES, artista de origem luso-cabo-verdiana, que nos faz conhecer um pouco mais da sua carreira e visão artística. Aliando a música à sustentabilidade, num esforço para promover a cultura e o respeito pelo ambiente, temos a Heineken, com a sua iniciativa que temos vindo a acompanhar.
Olhando para o futuro, reiteramos o nosso compromisso de prosseguir com a nossa missão: ser uma plataforma de informação, inspiração e diálogo que contribua sobretudo para divulgar e promover Moçambique destacando as suas riquezas, desafios e oportunidades.
Despeço-me, desejando-vos uma leitura enriquecedora e gratificante.
Com o apoio de:
Dear readers and friends of Xonguila,
It is with immense pleasure that I welcome you to our 67th edition, a milestone marking the sixth anniversary of our magazine. With it, we celebrate not only this considerable editorial journey and the history of commitment, dedication, and passion from our entire team but also the continuous support we have received from our readers and clients throughout this journey. A toast to all of you, expressing our sincerest gratitude.
For this commemorative edition, we have prepared, as always, a varied array of articles that reflect the diversity and richness of our culture and society.
In the tourism sector, we explore how strategic policies and technological advancements, such as the E-Visa, are fostering tourism and economic growth, and we present Mumba Lodge, an oasis of tranquility and inner transformation located in the idyllic Tofo.
Reflecting the constant evolution and dynamism of the business world, we highlight the transformation of Absa Bank Mozambique, which has made efforts to position itself on a trajectory of greater humanization and closeness to the communities it serves. Also, in the banking domain, Stela Machel, a Mozambican with rich experiences abroad, offers her unique perspective on everyday issues and local challenges, comparing situations and proposing solutions. And to enable everyone to manage their finances more effectively, we bring practical advice, starting by helping each one to understand where they are, the first step towards achieving the desired goal.
In the musical domain, we have the privilege of presenting an exclusive look at the launch of Nelson Freitas' latest album, "Black Butterfly", which took place in Maputo. Exclusive too is the interview granted to us by EU.CLIDES, an artist of Portuguese-Cape Verdean origin, who shares a bit more about his career and artistic vision. Combining music with sustainability, in an effort to promote culture and respect for the environment, we have Heineken, with its initiative that we have been following.
Looking to the future, we reiterate our commitment to continue with our mission: to be a platform for information, inspiration, and dialogue that contributes above all to disseminate and promote Mozambique by highlighting its riches, challenges, and opportunities.
I sign off, wishing you an enriching and rewarding read.
Nuno Soares Director
Editorial 14 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024
Capa Ed.67 - Seispiração: Um hexágono de histórias, homenagens e horizontes.
Há muito mais em cada um de nós
Às vezes festeja um negócio como se fosse um golo. Outras vezes está em campo a marcá-los, nos jogos com os amigos. Sabemos que não se dedica apenas à sua empresa, e arranja tempo para as suas paixões.
Porque somos o Banco de todos os momentos, temos opções para as várias vertentes da sua vida.
Visite absa.co.mz
Termos e Condições aplicáveis: Campanha válida até 31 de Dezembro de 2024. Para mais informações, ligue para 1223/21344400 ou visite absa.co.mz
Absa Bank Moçambique, SA (registado sob o número 101220982) é regulado pelo Banco de Moçambique.
Fotografia: Eduardo Gonçalves
Entre a espiritualidade e a música
A minha espiritualidade e a educação na Igreja, assentes em valores bíblicos, influenciam profundamente quem sou e, consequentemente, as minhas composições e letras.
Entre a espiritualidade e a música
Como as melodias de Cabo Verde, os ritmos de Portugal e a arte de França se entrelaçam e reflectem a sua identidade musical? E de que forma a espiritualidade e a Igreja se reflectem nas suas composições e letras? A minha identidade musical é uma fusão natural dos ritmos de Cabo Verde, devido à herança do meu pai e à música que sempre ouvi em casa, com a influência da minha formação em Portugal, onde cresci e estudei música, e da minha experiência em Paris, onde interagi com músicos e grupos franceses. Essas influências entrelaçam-se de forma intuitiva na minha arte, reflectindo uma mistura inconsciente de cada cultura. A minha espiritualidade e a educação na Igreja, assentes em valores bíblicos, influenciam profundamente quem sou e, consequentemente, as minhas composições e letras. Esta influência manifesta-se de modo particular no meu último disco, "Declive", inspirado em parábolas, com histórias que variam entre o pessoal, o inventado e o real. A música reflecte também traços de gospel, fruto da minha exposição a este género e das minhas convicções cristãs, traduzindo-se numa expressão de espiritualidade e, por vezes, num desabafo com Deus.
De que forma se infiltram e ressoam as metáforas e símbolos nas suas letras, e como navega e funde diferentes géneros musicais para esculpir um som que é inconfundivelmente seu?
A inserção de metáforas e símbolos nas minhas letras deve-se em grande parte ao Tota, o principal letrista. Através de um processo colaborativo intensivo, repleto de conversas e partilhas pessoais, dedicamos bastante tempo à elaboração das letras, especialmente na incorporação cuidadosa de metáforas e símbolos que se alinham com o conceito do disco. Este trabalho meticuloso do Tota, focado em manter a minha identidade musical enquanto se enriquece o imaginário do disco com referências variadas, é fundamental para criar um som distinto e inconfundível.
Como sente a recepção do seu trabalho em países lusófonos como Moçambique?
Através das redes sociais, percebo o interesse pelo meu trabalho em países lusófonos como Moçambique, embora tenha uma relação ambivalente com as estatísticas do Spotify. Valorizo mais as mensagens directas dos fãs moçambicanos. A realidade do impacto da minha música torna-se palpável nos concertos, incentivando-me a desejar visitar Moçambique para entender melhor a recepção do meu trabalho. Ainda não tenho planos concretos para uma tournée ou concertos em Moçambique, mas estou entusiasmado com a possibilidade de agendar datas. Os fãs moçambicanos podem esperar uma experiência vibrante que combina elementos orgânicos como percussões, guitarra clássica e eléctrica, te-
Fotografia: Diogo dos Santos
“Ainda não tenho planos concretos para uma tournée ou concertos em Moçambique, mas estou entusiasmado com a possibilidade de agendar datas.”
clados, e vozes, com aspectos electrónicos, incluindo sintetizadores e vários efeitos. É uma fusão interessante que reflecte a união de dois dos meus mundos: o orgânico e o electrónico, prometendo uma performance diversificada e envolvente.
Fale-nos da sua jornada no conservatório. Como é que a formação clássica influenciou o seu estilo actual?
A minha formação clássica abrangeu os Conservatórios de Aveiro e Coimbra, onde estabeleci relações próximas com professores influentes como Miguel Lélis, Graciano Pinto e André Madeira. Essas experiências e as participações em concursos de guitarra moldaram não só a minha habilidade musical, mas também o meu carácter pessoal. A educação clássica incutiu em mim a importância do som, da precisão e do controle, princípios que aplico rigorosamente, inclusive na produção e mistura musical. A formação clássica também desenvolveu a minha elasticidade musical, ensinando-me a explorar dinâmicas e tonalidades variadas, ligando expressão e técnica desde cedo. Esta base educacional fortaleceu a minha convicção na importância da educação musical, algo que recomendo vivamente aos pais para os seus filhos, agradecendo profundamente o incentivo que recebi dos meus para seguir este caminho.
“A educação clássica incutiu em mim a importância do som, da precisão e do controle, e desenvolveu a minha elasticidade musical, ensinando-me a explorar dinâmicas e tonalidades variadas, ligando expressão e técnica desde cedo.”
Pode partilhar o processo criativo por detrás do seu álbum "Declive" e o que quis transmitir com este trabalho?
O álbum "Declive" foi criado com Pedro da Linha, na produção, e Tota, na escrita, enfrentando desafios logísticos devido à distância entre Lisboa, Albergaria e Paris. A produção envolveu intensa colaboração digital e residências artísticas em locais como Madeira e Póvoa de Varzim, culminando num processo de descoberta sonora que excedeu as minhas expectativas. O disco aborda temas de saúde mental, tornando-se um processo terapêutico tanto na criação musical como na escrita das letras. Almejei que "Declive" tivesse um efeito terapêutico nos ouvintes, reflectindo a sua natureza sensível e as variações entre momentos calmos e intensos, algo que felizmente foi partilhado por muitos que encontraram conforto em sua escuta.
Nos últimos anos, recebeu uma série de reconhecimentos significativos. Como gere todas estas emoções e expectativas em tão pouco tempo?
Na verdade, é uma sensação muito estranha às vezes, porque eu sinto que o meu projecto, por vezes, está tão próximo de mim e, outras vezes, tão longe. Por exemplo, eu vou a Portugal tocar e depois venho para casa, em Paris, e estou fora. Eu tento desligar-me também bastante do trabalho que fica em Portugal, e isso acaba por criar uma sensação que eu aprecio. Não ouço a minha música na rádio aqui, não vejo muita coisa a acontecer, então acaba por ser
uma sensação engraçada. E acho, também graças a isso, que eu consigo gerir tudo isto muito mais facilmente. Não que eu tenha uma fama muito grande, mas, para mim, sempre foi muito complicado gerir a exposição. Não é? Mostrar o meu projecto para várias pessoas, expor-me um pouco musicalmente, e isso acaba por me salvaguardar um pouco. Quando estou em casa, volto a passear o meu cãozinho, estou a andar de skate, estou a fazer música, então desligo um pouco.
Tem interesse em explorar a música tradicional moçambicana ou colaborar com artistas locais?
Estou muito interessado em explorar a música tradicional, incluindo a moçambicana, e em colaborar com artistas locais, pois considero isso enriquecedor. A música reflecte o ADN cultural, e a minha curiosidade sobre as diversas culturas é infinita. Gostaria de visitar Moçambique para estabelecer uma ligação directa com o país e seus artistas antes de iniciar quaisquer colaborações.
A literatura desempenha um papel na sua criação musical? Que autores ou obras o influenciaram particularmente?
A literatura influencia significativamente a minha criação musical, em grande parte devido ao trabalho do Tota, que se prepara lendo diversos livros para escrever as letras. Obras e filmes de Tarkovski, a Bíblia, e referências a Zeca Afonso, como em “Venham mais cinco”, são exemplos de influências literárias nos nossos temas. Portanto, a literatura desempenha um papel crucial na
inspiração e elaboração das nossas músicas.
Enquanto artista emergente, quais foram os principais desafios que enfrentou até agora na indústria musical? Transitar para um projecto musical próprio implicou abandonar a segurança financeira, apresentando-se como um desafio significativo num contexto de escassos apoios para artistas emergentes. Inicialmente, enfrentei dificuldades em estabelecer conexões na indústria musical, protegendo o meu projecto com tal zelo que, por vezes, poderia ter sido inadvertidamente desagradável com aqueles que pretendiam ajudar, fruto de uma desconfiança alimentada por histórias negativas sobre a indústria. Contudo, a experiência ao longo do tempo ajudou-me a discernir intenções genuínas, melhorando a minha capacidade de interagir com colegas e profissionais do sector, conduzindo a uma maior tranquilidade e resolução nestes aspectos.
Onde se vê daqui a 5 anos?
Há algum objectivo específico ou sonho que deseje alcançar?
Daqui a 5 anos, espero continuar a dedicar-me à música, apesar dos seus desafios. Aspiro a superar a intensidade do processo criativo e das performances ao vivo, com o objectivo de continuar a alcançar e tocar o público. O meu sonho é que a música me permita viver de forma sustentável, proporcionando-me uma casa, alimentação e a possibilidade de viajar, mantendo a paixão de partilhar a minha arte ao vivo com as pessoas.
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 21 Lusofonia
Fotografia: Eduardo Gonçalves
Fotografia: Diogo dos Santos
“A minha identidade musical é uma fusão natural de ritmos de Cabo Verde com influência da minha formação em Portugal e da minha experiência em Paris”
Between spirituality and music
How do the melodies of Cape Verde, the rhythms of Portugal, and the art of France intertwine and reflect his musical identity? And in what way do spirituality and the Church reflect in his compositions and lyrics?
My musical identity is a natural fusion of Cape Verdean rhythms, thanks to my father's heritage and the music I always listened to at home, with the influence of my education in Portugal, where I grew up and studied music, and my experience in Paris, where I interacted with French musicians and groups. These influences intuitively intertwine in my art, reflecting an unconscious mix of each culture. My spirituality and education in the Church, grounded in biblical values, deeply influence who I am and, consequently, my compositions and lyrics. This influence is particularly evident in my latest album, "Declive," inspired by parables, with stories that range from personal to fictional to real.
The music also reflects traces of gospel, a result of my exposure to this genre and my Christian convictions, translating into an expression of spirituality and, at times, a venting to God.
How do metaphors and symbols infiltrate and resonate in your lyrics, and how do you navigate and fuse different musical genres to sculpt a sound that is unmistakably yours?
The inclusion of metaphors and symbols in my lyrics is largely thanks to Tota, the main lyricist. Through an intensive collaborative process, filled with conversations and personal sharing, we dedicate considerable time to crafting the lyrics, especially in the careful incorporation of metaphors and symbols that align with the album's concept. Tota's meticulous work, focused on maintaining my musical identity while enriching the album's imagery with varied references, is crucial for creating a distinct and unmistakable sound.
How do you feel about the reception of your work in Lusophone countries like Mozambique?
Through social media, I perceive an interest in my work in Lusophone countries like Mozambique, though I have an ambivalent relationship with Spotify statistics. I value direct messages from Mozambican fans more. The reality of my music's impact becomes tangible in concerts, encouraging me to wish to visit Mozambique to better understand the reception of my work. I don't have concrete plans for a tour or concerts in Mozambique yet, but I am excited about the possibility of scheduling dates. Mozambican fans can expect a vibrant experience that combines organic elements like percussion, classical and electric guitar, keyboards, and vocals, with electronic aspects, including synthesizers and various effects. It's an interesting fusion that reflects the union of two of my worlds: the organic and the electronic, promising a diverse and engaging performance.
Tell us about your journey through the conservatory. How has classical training influenced your current style?
My classical training spanned the Conservatories of Aveiro and Coimbra, where I established close relationships with influential teachers like Miguel Lélis, Graciano Pinto, and André Madeira. These experiences and participation in guitar competitions shaped not only my musical ability but also my personal character. The classical education instilled in me the importance of sound, precision, and control, principles that I rigorously apply, including in music production and mixing. Classical training also developed my musical elasticity, teaching me to explore varied dynamics and tonalities, linking expression and technique from an early age. This educational foundation strengthened my conviction in the importance of musical education, something I highly recommend to parents for their children, deeply appreciating the encouragement I received from mine to follow this path.
Fotografia: Diogo dos Santos
Can you share the creative process behind your album "Declive" and what you wanted to convey with this work?
The album "Declive" was created with Pedro da Linha, in production, and Tota, in writing, facing logistical challenges due to the distance between Lisbon, Albergaria, and Paris. The production involved intense digital collaboration and artistic residencies in places like Madeira and Póvoa de Varzim, culminating in a sound discovery process that exceeded my expectations. The album addresses themes of mental health, becoming a therapeutic process both in musical creation and in writing the lyrics. I aimed for "Declive" to have a therapeutic effect on listeners, reflecting its sensitive nature and the variations between calm and intense moments, something that, fortunately, many have shared they found comfort in listening to.
In recent years, you've received a series of
significant recognitions. How do you manage all these emotions and expectations in such a short time?
Actually, it feels very strange at times because I feel that my project is sometimes so close to me and, at other times, so far away. For example, I go to Portugal to play and then come home to Paris, and I'm out. I also try to disconnect a lot from the work that stays in Portugal, and this ends up creating a feeling that I appreciate. I don't listen to my music on the radio here, I don't see much happening, so it ends up being a funny feeling. And I think, also thanks to this, that I can manage all this much more easily. Not that I have a very large fame, but, for me, it has always been very complicated to manage exposure. Isn't it? To show my project to various people, to expose myself a bit musically, and this ends up safeguarding me a bit. When I'm at home, I go back to walking my little dog, I'm skateboarding, I'm making music, so I disconnect a bit.
Fotografia: Jónatas Pereira
Are you interested in exploring traditional Mozambican music or collaborating with local artists?
I am very interested in exploring traditional music, including Mozambican, and in collaborating with local artists, as I consider this enriching. Music reflects cultural DNA, and my curiosity about different cultures is endless. I would like to visit Mozambique to establish a direct connection with the country and its artists before starting any collaborations.
Does literature play a role in your musical creation? Which authors or works have particularly influenced you?
Literature significantly influences my musical creation, largely due to Tota's work, who prepares by reading various books to write the lyrics. Works and films by Tarkovsky, the Bible, and references to Zeca Afonso, as in “Venham mais cinco,” are examples of literary influences in our themes. Therefore, literature plays a crucial role in inspiring and elaborating our music.
As an emerging artist, what have been the main challenges you've faced so far in the
music industry?
Transitioning to my own musical project meant leaving behind financial security, presenting a significant challenge in a context of scarce support for emerging artists. Initially, I faced difficulties in establishing connections in the music industry, guarding my project with such zeal that I might have inadvertently been unpleasant with those who intended to help, a result of distrust fueled by negative stories about the industry. However, experience over time has helped me discern genuine intentions, improving my ability to interact with colleagues and industry professionals, leading to greater peace of mind and resolution in these aspects.
Where do you see yourself in 5 years? Is there a specific goal or dream you wish to achieve?
In 5 years, I hope to continue dedicating myself to music, despite its challenges. I aspire to surpass the intensity of the creative process and live performances, with the goal of continuing to reach and touch the audience. My dream is for music to allow me to live sustainably, providing me with a home, food, and the possibility to travel, maintaining the passion for sharing my art live with people.
Acordes Ecológicos O compromisso verde da
HEINEKEN Moçambique
Acordes Ecológicos, o compromisso verde da HEINEKEN MOÇAMBIQUE
Num mundo cada vez mais consciente dos impactos ambientais derivados da actividade humana, empresas de renome internacional como a HEINEKEN Moçambique estão a liderar pelo exemplo em matérias de sustentabilidade. Um dos exemplos deste compromisso materializou-se na organização de um concerto inédito no Centro Cultural Franco-Moçambicano, protagonizado pela aclamada banda GranMah. Este evento transcendeu a mera celebração musical e cultural, assumindo-se como um marco do compromisso da HEINEKEN com a preservação ambiental.
Fruto da colaboração com o Centro Cultural Franco-Moçambicano, a HEINEKEN Moçambique empreendeu um esforço concertado para educar os consumidores acerca da importância de alterar comportamentos em prol de um impacto ambiental positivo. A estratégia delineada englobou a promoção da venda de bilhetes online, visando a minimização do desperdício de papel, bem como a comercialização de produtos em embalagens retornáveis, com o intuito de reduzir o desperdício de vidro. Adicionalmente, foi incentivada a deslocação sustentável ao evento, através da organização de caminhadas seguras para os adeptos da banda, numa clara aposta na redução da pegada de carbono dos participantes.
A inovação marcou presença na forma como as garrafas de HEINEKEN foram recicladas durante o evento. Artesãos locais deram uma nova vida a estas embalagens, transformando-as em copos, chávenas e até instrumentos musicais, como xilofones, num casamento entre arte e sustentabilidade. Este gesto não só contribuiu para a redução do desperdício, mas também valorizou a cultura local e a reutilização de materiais de forma inventiva.
O impacto desta iniciativa foi notável: 90% dos bilhetes foram adquiridos através de meios digitais, mais de metade dos participantes recorreu a transporte parti-
lhado, e uma parcela, ainda que pequena, mas entusiasta, aderiu à caminhada promovida. O retorno positivo dos participantes reflecte o êxito da iniciativa e a abertura do público, a práticas promotoras de sustentabilidade.
Mas a acção da HEINEKEN Moçambique estendeu-se para além deste evento. A empresa comprometeu-se a plantar 600 acácias no distrito de Marracuene, no Dia das Florestas, como forma de compensar a pegada de carbono do concerto e con-
tribuir para a fixação de nitrogénio, prevenção da erosão do solo e provisão de habitat para diversas espécies. Esta acção espelha a visão a longo prazo da empresa relativamente à sustentabilidade ambiental.
Para além deste concerto, a HEINEKEN tem desenvolvido várias outras acções focadas na sustentabilidade, que vão desde a redução da pegada de carbono, conservação da água, gestão de resíduos, até à promoção da agricultura sustentável. A em-
30 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Heineken
presa colabora de perto com agricultores locais, promovendo práticas agrícolas sustentáveis que protegem os recursos naturais e asseguram a qualidade das matérias-primas usadas na produção da cerveja. O envolvimento com as comunidades locais e o apoio a iniciativas sociais sublinham o compromisso
da HEINEKEN com o desenvolvimento sustentável.
A HEINEKEN Moçambique exemplifica o modo como as empresas podem desempenhar um papel crucial na promoção de um futuro mais sustentável, através de acções inovadoras e compromissos
firmes com o meio ambiente. Estas iniciativas não só demonstram responsabilidade corporativa, mas também motivam comunidades e consumidores a adoptarem comportamentos mais sustentáveis, contribuindo desta forma para a edificação de um mundo melhor para as futuras gerações.
A acção da HEINEKEN Moçambique estendeu-se para além deste evento.
A
empresa comprometeu-se a plantar
600 acácias no distrito de Marracuene, no Dia das Florestas.
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 31
Heineken
Fotografia: Cortesia de Mário Cumbana
Fotografia: Cortesia de Mário Cumbana
A estratégia delineada pela HEINEKEN englobou a promoção da venda de bilhetes online, a comercialização de produtos em embalagens retornáveis, o incentivo a caminhadas seguras na deslocação para o local e a reciclagem de garrafas da marca durante o evento.
HEINEKEN MOZAMBIQUE
In a world increasingly aware of the environmental impacts stemming from human activity, internationally renowned companies like HEINEKEN Mozambique are leading by example in matters of sustainability. One such example of this commitment materialized in the organization of an unprecedented concert at the Franco-Mozambican Cultural Centre, headlined by the acclaimed band GranMah. This event transcended mere musical and cultural celebration, marking a milestone in HEINEKEN's commitment to environmental preservation.
Fruit of collaboration with the Franco-Mozambican Cultural Centre, HEINEKEN Mozambique undertook a concerted effort to educate consumers about the importance of changing behaviours for a positive environmental impact. The outlined strategy included promoting online ticket sales, aiming to minimize pa-
per waste, as well as the sale of products in returnable packaging, with the intent of reducing glass waste. Additionally, sustainable travel to the event was encouraged, through the organization of safe walks for the band's fans, in a clear bet on reducing the carbon footprint of participants.
Innovation was present in how
HEINEKEN bottles were recycled during the event. Local artisans breathed new life into these containers, transforming them into glasses, cups, and even musical instruments, such as xylophones, in a marriage between art and sustainability. This gesture not only contributed to waste reduction but also valued local culture and the inventive re -
Heineken
use of materials.
The impact of this initiative was notable: 90% of tickets were purchased through digital means, more than half of the participants used shared transportation, and a small yet enthusiastic portion joined the promoted walk. The positive feedback from participants reflects the success of the initiative and the public's openness to sustainability-promoting practices.
But HEINEKEN Mozambique's action extended beyond this event. The company committed to planting 600 acacias in the district of Marracuene on Forest Day, as a way to offset
the concert's carbon footprint and contribute to nitrogen fixation, soil erosion prevention, and providing habitat for various species. This action reflects the company's longterm vision regarding environmental sustainability.
Beyond this concert, HEINEKEN has been developing various other actions focused on sustainability, ranging from reducing the carbon footprint, conserving water, waste management, to promoting sustainable agriculture. The company collaborates closely with local farmers, promoting sustainable agricultural practices that protect natural resources and ensure the quality of raw
materials used in beer production. Engagement with local communities and support for social initiatives underline HEINEKEN's commitment to sustainable development.
HEINEKEN Mozambique exemplifies how companies can play a crucial role in promoting a more sustainable future through innovative actions and firm commitments to the environment. These initiatives not only demonstrate corporate responsibility but also motivate communities and consumers to adopt more sustainable behaviours, thus contributing to the building of a better world for future generations.
Local artisans breathed new life into the packaging, transforming them into glasses, cups, and even musical instruments, in a marriage between art and sustainability, contributing to waste reduction and valuing local culture
Heineken
AVANÇOS TECNOLÓGICOS E POLÍTICAS TURÍSTICAS: O E-VISA
Com a crescente conectividade e interdependência das economias em todo o mundo, os países estão a tentar atrair mais visitantes, investimentos e divisas para estimular as suas economias.
A implementação de sistemas de vistos electrónicos numa plataforma segura e fiável com um tempo de resposta garantido é crucial para simplificar os processos de concessão de vistos.
Escrito por:
Dércio Parker
Viagens inteligentes e crescimento económico, fique a saber como os países estão a beneficiar das políticas estratégicas para atrair mais visitantes
É verdade que a globalização e a tecnologia têm um impacto significativo na definição das políticas e reformas governamentais destinadas a impulsionar o crescimento económico. Com a crescente conectividade e interdependência das economias em todo o mundo, os países estão a tentar atrair mais visitantes, investimentos e divisas para estimular as suas economias. É importante que os governos se mantenham a par das últimas tendências e desenvolvimentos tecnológicos e da globalização para tomarem decisões informadas que beneficiem os seus cidadãos e promovam um crescimento sustentável.
Não há dúvida que a facilitação de viagens desempenha um papel crucial na promoção do turismo, uma vez que permite a circulação de pessoas através das fronteiras, o que, por sua vez, desbloqueia o crescimento económico e as oportunidades de desenvolvimento. Foram implementados acordos e iniciativas sectoriais para melhorar este processo e promover ainda mais a indústria do turismo.
Quando os países desenvolvem as suas estratégias, é importante que tenham em conta as suas posições geográficas para tirarem o máximo partido dos seus recursos. Isto pode envolver a formação de acordos regionais como a SADC, que promovem o comércio e a cooperação entre estados vizinhos, acordos de cooperação como a CPLP e os PALOPS, que incentivam a colaboração entre países geograficamente distantes, e até mesmo o estabelecimento de posições geopolíticas estratégicas que podem facilitar acordos bilaterais e laços económicos diversos. Ao utilizar estas abordagens, os países podem criar condições que lhes permitam tirar partido das suas posições geográficas únicas e construir parcerias fortes com outras nações. Em última análise, poderão daí obter maior sucesso e crescimento, e criar um futuro mais próspe-
ro para os seus cidadãos.
Vale a pena notar que o Índice de Abertura de Vistos em África (AVOI) tem vindo a acompanhar a abertura de vistos como forma de medir a liberdade de circulação desde 2016. O seu último relatório mostra que o número de países com facilidades de visto electrónico aumentou de 9 para 24 destinos entre 2016 e 2022, e estes países estão a assistir a um forte afluxo de visitantes. Embora Moçambique ocupe o 13.º lugar na lista, é essencial salientar que 3 dos 16 estados sem litoral em África (Burundi, Mauritânia e Ruanda) estão entre os 20 países com melhor desempenho em 2022. No entanto, é bastante preocupante que apenas metade dos Estados membros da SADC tenha assinado o Protocolo da União Africana sobre a Livre Circulação de Pessoas, e que a maioria dos Estados insulares e membros da União Aduaneira da África Austral ainda não o tenham assinado.
O futuro desta iniciativa parece promissor e existem várias recomendações para garantir o seu êxito. Uma das principais sugestões é fazer com que o visto à chegada seja a norma, e não a excepção, para os visitantes de todo o continente. A implementação de sistemas de vistos electrónicos que utilizem uma plataforma segura e fiável com
um tempo de resposta garantido é também crucial para simplificar os processos de concessão de vistos. A iniciativa tem por objectivo promover blocos regionais cujos membros concedam reciprocamente o acesso sem visto ao território uns dos outros. Outra recomendação é a oferta de vistos de longa duração para viajantes regulares e recorrentes. A automatização dos processos de concessão de vistos, a redução das taxas, a exigência de menos documentos e a aceleração dos prazos de tratamento tornarão o processo de pedido de visto menos oneroso. A disponibilização em linha de informações fiáveis sobre vistos em diferentes línguas e formatos acessíveis é vital para garantir que todos tenham acesso às mesmas. Por último, as redes sociais também podem ser utilizadas como um canal para apoiar e informar os viajantes.
O sector do turismo envolve cenários complexos e em constante mudança que requerem uma atenção cuidadosa aos avanços tecnológicos para se manter competitivo.
O investimento em plataformas modernas e seguras pode ajudar os países a manterem-se na vanguarda do sector e a maximizarem os benefícios do turismo. Ao dar prioridade à boa governação e às iniciativas de crescimento sustentável, podem aumentar o seu impacto económico e promover o crescimento inclusivo. Por conseguinte, é essencial encarar o investimento tecnológico como um meio de melhorar o sector do turismo e não apenas de acompanhar a concorrência. Com a abordagem correcta, os países podem libertar todo o potencial do turismo e criar um futuro próspero e sustentável.
O país está a tomar medidas ousadas para abraçar uma série de reformas críticas que são essenciais para o sucesso do nosso crescimento em todos os sectores, especialmente no turismo. À medida que avançamos em direcção a um futuro mais brilhante, é vital que priorizemos o fortalecimento da qualidade da comunicação, o armazenamento de dados, a conectividade, a capacitação e a formação. Ao fazê-lo, podemos garantir que Moçambique continue a proporcionar experiências excepcionais tanto para os locais como para os visitantes.
Moçambique e o seu povo têm a vantagem única de estarem rodeados por alguns países sem litoral bem-sucedidos. Ao desenvolver estratégias de crescimento sensatas e a longo prazo, Moçambique pode alavancar a sua posição e beneficiar destas economias na região e não só. Com uma visão de desenvolvimento sustentável que tenha em conta as necessidades do país e do seu povo, Moçambique tem potencial para alcançar grandes feitos e tornar-se um exemplo brilhante de sucesso na região.
Com a abordagem correcta, os países podem libertar todo o potencial do turismo e criar um futuro próspero e sustentável.
Written by: Dércio Parker
Smart travel and economic growth: Discover how countries are benefiting from strategic policies to attract more visitors
It is undeniable that globalization and technology significantly impact the formulation of policies and governmental reforms aimed at boosting economic growth. With increasing connectivity and interdependence of economies worldwide, countries are striving to attract more visitors, investments, and foreign currency to stimulate their economies. It is crucial for governments to stay abreast of the latest trends in technological advancements and globalization to make informed decisions that benefit their citizens and promote sustainable growth.
Undoubtedly, facilitating travel plays a crucial role in promoting tourism, as it enables the movement of people across borders, which, in turn, unlocks economic growth and development opportunities. Sectoral agreements and initiatives have been implemented to improve this process and further promote the tourism industry.
When countries develop their strategies, it is important that they consider their geographical positions to maximize their resources. This may involve forming regional agreements like the SADC, which promote trade and cooperation among neighboring states, cooperation agreements like the CPLP and PALOPs, encouraging collaboration between geographically distant countries, and even establishing strategic geopolitical positions that can facilitate bilateral agreements and diverse economic ties. By utilizing these approaches, countries can create conditions that allow them to take advantage of their unique geographical positions and build strong partnerships with other nations. Ultimately, they can achieve greater success and growth, creating a more prosperous future for their citizens.
It is worth noting that the African Visa Openness Index (AVOI) has been tracking visa openness as a way to measure freedom of movement since 2016. Its latest report shows that the number of countries with e-visa facilities increased from 9 to 24 destinations between 2016 and 2022, and these countries are witnessing a strong influx of visitors. Although Mozambique ranks 13th on the list, it is essential to highlight that 3 of the 16 landlocked
states in Africa (Burundi, Mauritania, and Rwanda) are among the top 20 performers in 2022. However, it is quite concerning that only half of the SADC member states have signed the African Union Protocol on the Free Movement of People, and that the majority of the island states and members of the Southern African Customs Union have yet to sign it.
The future of this initiative looks promising, and there are several recommendations to ensure its success. One of the main suggestions is to make visa on arrival the norm, rather than the exception, for visitors from across the continent. Implementing electronic visa systems that use a secure and reliable platform with a guaranteed response time is also crucial to simplify the visa granting processes. The initiative aims to promote regional blocks whose members reciprocally grant visa-free access to each other's territory. Another recommendation is the offering of long-term visas for regular and recurring travelers. Automating visa granting processes, reducing fees, requiring fewer documents, and speeding up processing times will make the visa application process less burdensome. Providing reliable visa information online in different languages and accessible formats is vital to ensure that everyone has access to the same. Lastly, social media can also be used as a channel to support and inform travelers.
The tourism sector involves complex and constantly changing scenarios that require careful attention to technological advancements to remain competitive. Investing in modern and secure platforms can help countries stay at the forefront of the sector and maximize the
42 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Tourism
benefits of tourism. By prioritizing good governance and sustainable growth initiatives, they can increase their economic impact and promote inclusive growth. Therefore, it is essential to view technological investment as a means to improve the tourism sector and not just to keep up with the competition. With the right approach, countries can unlock the full potential of tourism and create a prosperous and sustainable future.
The country is taking bold steps to embrace a series of critical reforms that are essential for the success of our growth across all sectors, especially in tourism. As we move towards a brighter future, it is vital that we prioritize strengthening the quality of communication, data storage,
connectivity, capacity building, and training. By doing so, we can ensure that Mozambique continues to provide exceptional experiences for both locals and visitors.
Mozambique and its people have the unique advantage of being surrounded by some successful landlocked countries. By developing sensible and long-term growth strategies, Mozambique can leverage its position and benefit from these economies in the region and beyond. With a vision of sustainable development that takes into account the needs of the country and its people, Mozambique has the potential to achieve great feats and become a shining example of success in the region.
The number of countries with electronic visa facilities increased from 9 to 24 destinations between 2016 and 2022, and these countries are experiencing a strong influx of visitors.
44 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Tourism
Fotografia: Helton Perengue
A NOVA FACE DO ABSA
Num mundo empresarial cada vez mais pautado pela necessidade de autenticidade e conexões genuínas, assistimos a uma notável evolução nos paradigmas de reposicionamento de marcas. Diversas organizações estão constantemente a revigorar os seus negócios efectivando um novo posicionamento das suas marcas.
Amarca tornou-se um activo relevante, a ser objecto de investimento, gestão e compreensão estratégica devido à sua capacidade de influenciar na percepção e tomada de decisão dos consumidores. Daí a constante necessidade de se inovar, actualizar, recalibrar e reposicionar.
A Apple é um dos exemplos mais impressionantes de reposicionamento de marca nos últimos anos. O primeiro logotipo da empresa era uma gravura representando Isaac Newton sob uma macieira, momento em que, ao observar a queda de uma maçã (apple, em inglês), o famoso físico foi alçado pela inspiração para as suas pesquisas sobre a gravidade. No final da década de 1970, mantendo a ousadia da ideia inicial, a gigante tecnológica lança o logotipo na forma de maçã colorida, símbolo encarregado de transmitir, com simplicidade e jovialidade, a ideologia de uma empresa moderna. Originalmente, em segundo plano, o conceito da maçã estava associado ao ícone bíblico de “fruto do conhecimento”, tema que foi revisitado na forma de sugerir ao utilizador uma “mordida no conhecimento”. Já nos anos 2000, a Apple passou por um reposicionamento de marca bem-sucedido quando mudou o seu foco de computadores pessoais para dispositivos móveis e produtos de consumo. A Apple também mudou a sua mensagem de marketing enfatizando o design elegante, a simplicidade de uso e a criatividade.
De um modo geral, o reposicio-
namento de marca promove mudanças com o objectivo de alterar a percepção do público em relação aos seus produtos ou serviços, podendo ou não tais acções envolver alterações no nome, logotipo, identidade visual e outros elementos. Tais mudanças, fundamentadas na tendência internacional de humanização das marcas e na valorização da empatia em detrimento de estratégias de venda agressivas, são particularmente visíveis na jornada de transformação do Absa Bank Moçambique.
Recentemente, reconhecendo a importância de se alinhar com os valores e expectativas dos seus stakeholders, o Absa Bank Moçambique redefiniu o seu propósito para "Empoderando o amanhã de África, juntos... uma história de cada vez". Este novo lema não só simboliza uma mudança estratégica, mas também traduz uma evolução na cultura e nos valores organizacionais, posicionando o Banco na referida trajectória de maior humanização e proximidade para com as comunidades que serve.
A mudança dos reposicionamentos de marca, como se observa no caso do Absa Bank Moçambique, reflecte uma adaptação às exigências de um mercado global que valoriza marcas com propósitos claros e comprometidos socialmente. A transição para uma identidade que evidencia "um banco de Pessoas para Pessoas" demonstra uma compreensão profunda de que o sucesso empresarial moderno reside na capacidade de estabelecer relações de confiança e empatia
com os clientes, colaboradores e a sociedade em geral.
A humanização da marca Absa manifesta-se através da valorização das histórias de sucesso e aprendizagem dos seus clientes e colaboradores e da comunidade. Ao colocar estas narrativas no centro da sua comunicação, o Banco não só reforça a sua imagem como uma instituição empática e orientada para as pessoas, mas também cria um espaço para o diálogo e a partilha de experiências que reforçam o tecido social e económico das regiões onde opera. A sua história conta…
Esta estratégia de humanização é complementada por uma série de mudanças na cultura organizacional do Banco, que se foca em valores como confiança, criatividade, responsabilidade, inclusão e coragem. Estes valores são cruciais para a construção de uma marca que aspira não só a ser líder no mercado financeiro, mas também a contribuir de forma significativa para o desenvolvimento sustentável de Moçambique e de África.
Em conclusão, a jornada do Absa ilustra de forma exemplar como o reposicionamento de marca, ancorado numa forte tendência de humanização e empatia, pode transformar uma instituição financeira numa verdadeira parceira das pessoas e comunidades que serve como um agente de mudança positiva.
"Empoderando o amanhã de África, juntos... uma história de cada vez."
50 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Absa Bank
Fotografia: Helton Perengue
A humanização da marca Absa manifesta-se através da valorização das histórias de sucesso e aprendizagem dos seus clientes e colaboradores e da comunidade.
Perengue
Fotografia: Helton
A estratégia de humanização do Absa é complementada por uma série de mudanças na cultura organizacional do Banco, que se foca em valores como confiança, criatividade, responsabilidade, inclusão e coragem.
ABSA'S NEW FACE
In a business world increasingly governed by the need for authenticity and genuine connections, we are witnessing a remarkable evolution in the paradigms of brand repositioning. Various organizations are constantly rejuvenating their businesses by adopting new brand positions.
The brand has become a significant asset, subject to investment, management, and strategic understanding due to its ability to influence consumer perception and decision-making. Hence, there is a constant need for innovation, updates, recalibration, and repositioning.
Apple is one of the most im -
pressive examples of brand repositioning in recent years. The company's first logo was an engraving depicting Isaac Newton under an apple tree, at the moment when, observing the fall of an apple, the famous physicist was inspired for his research on gravity. By the late 1970s, maintaining the audacity of the initial idea, the tech giant launched the logo in the form of a coloured apple, a
symbol tasked with conveying, with simplicity and youthfulness, the ideology of a modern company. Originally, in the background, the concept of the apple was associated with the biblical icon of the "fruit of knowledge," a theme that was revisited to suggest to the user a "bite into knowledge." In the 2000s, Apple underwent a successful brand repositioning when it shifted its focus
54 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Absa Bank
from personal computers to mobile devices and consumer products. Apple also changed its marketing message to emphasize sleek design, ease of use, and creativity.
In general, brand repositioning promotes changes with the aim of altering the public's perception of its products or services, which may or may not involve changes in the name, logo, visual identity, and other elements. Such changes, grounded in the international trend of humanizing brands and valuing empathy over aggressive sales strategies, are particularly visible in the transformation journey of Absa Bank Mozambique.
Recently, recognizing the importance of aligning with the values and expectations of its stakeholders, Absa Bank Mozambique redefined its purpose to "Empowering Africa's tomorrow, together... one story at a time." This new motto not only symbolizes a strategic shift but also translates into an evolution in the organizational culture and values, positioning the Bank on the said trajectory of greater humanization and closeness to the communities it serves.
The shift in brand repositioning, as observed in the case of Absa Bank Mozambique, reflects an adaptation to the demands of a global market
that values brands with clear purposes and social commitments. The transition to an identity that highlights "a bank of People for People" demonstrates a deep understanding that modern business success lies in the ability to establish trustful and empathetic relationships with customers, employees, and society at large.
The humanization of the Absa brand is manifested through the valorization of the success and learning stories of its customers and employees, and the community. By placing these narratives at the heart of its communication, the Bank not only reinforces its image as an empathetic and people-oriented institution but also creates a space for dialogue and sharing of experiences that strengthen the social and economic fabric of the regions where it operates. Its story tells… This humanization strategy is complemented by a series of changes in the Bank's organizational culture, which focuses on values such as trust, creativity, responsibility, inclusion, and courage. These values are crucial for building a brand that aspires not only to be a market leader in the financial sector but also to contribute significantly to the sustainable development of Mozambique and Africa.
In conclusion, Absa's journey exemplifies how brand repositioning, anchored in a strong trend of humanization and empathy, can transform a financial institution into a true partner of the people and communities it serves as an agent of positive change.
"Empowering Africa's tomorrow, together... one story at a time."
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 55 Absa Bank
Fotografia: Helton Perengue
DESAFIO DE EMPREENDEDORISMO TABLET COMUNITÁRIO
A revolução digital ao serviço da comunidade e segurança rodoviária em Moçambique
O Tablet Comunitário, o primeiro dos dez projectos seleccionados para o Desafio de Empreendedorismo, é uma inovação tecnológica para fazer chegar a comunicação e a educação às comunidades mais remotas.
DESAFIO DE EMPREENDEDORISMO
Tablet Comunitário,
a revolução digital ao serviço da comunidade e segurança rodoviária em Moçambique
Em Moçambique, uma inovação tecnológica está a transformar a forma como a comunicação e a educação chegam às comunidades mais remotas. O Tablet Comunitário, um projecto pioneiro de senvolvido com tecnologia e recursos humanos moçambicanos, surge como o primeiro dos dez projectos seleccionados para o Desafio de Empreendedorismo da CFAO, em parceria com a revista Xonguila. O desafio destaca iniciativas focadas na mobilidade e segurança rodoviária, e o Tablet Co munitário brilha como exemplo de como a tecnologia pode ser aplicada com sucesso nesses cam pos. Como já anunciado, todos os projectos seleccionados estarão em votação no mês de Dezembro, merecendo o vencedor não só a oportunidade de apresentar um pitch do projecto ao programa do Grupo CFAO “Mobility 54”, mas também um prémio de 60.000 meticais.
Amissão do Tablet Comunitário é clara: prover serviços públicos numa plataforma com serviços integrados e garantir a inclusão de forma realística e sustentável. Operacional há cinco anos, este projecto já atingiu mais de 2 milhões de pessoas desde 2015, estabelecendo 11 unidades por todo o país. Sua abordagem multifuncional "tudo em um" e a adaptabilidade do seu design permitem uma ampla gama de usos, desde a educação sobre segurança rodoviária e testes psicotécnicos em simuladores até à facilitação de serviços governamentais básicos, especialmente em zonas com acesso deficitário a rede de telefonia móvel e dados.
A infra-estrutura por detrás do Tablet Comunitário está equipada com um ecrã expansível, com o mínimo de 100 polegadas, com função táctil (touch screen), tecnologia plug and play para diversos acessórios,
tais como webcams e colu nas, entre outros de utilidade. A comunicação de dados é por via GSM com switch para satélite, para zonas onde ne cessário, facilitando não só quem utiliza a infra-estrutura, mas também quem esteja ao seu redor e tenha um dispo sitivo móvel que possa aceder a WiFi, desde que se encon tre num perímetro de 5 Km. É privilegiado, na íntegra, o uso de energias limpas, sendo a infra-estrutura equipada com soluções fotovoltaicas (ener gia solar). A versatilidade é ainda aumentada pela inclu são de recursos como cabi nes individuais ajustáveis em altura – como forma de per mitir acessibilidade aos utili zadores de cadeira de rodas –, linguagem de sinais e reco nhecimento de voz para texto e vice-versa, o que torna esta tecnologia acessível a pessoas com deficiências e necessida des especiais.
No que toca à segurança ro doviária, esta infra-estrutu
ra inovadora é utilizada para educar a população considerada com pouco acesso a informação, ou fora da era digi -
58 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024
Fotografia: Cortesia de Tablet Comunitário
tal, sobre como se comportar nas estradas, conhecer e respeitar os sinais de trânsito, e a importância de não se conduzir sob o efeito do álcool ou outras substâncias que alterem o comportamento normal impactando os reflexos. A infra-estrutura proporciona a execução de testes psicotécnicos, visando a reciclagem tanto dos automobilistas como dos peões, em programas interligados ao serviço de viação. O seu âmbito transversal tem como maior objectivo fazer chegar os serviços públicos em formato digital e interactivo a comunidades desfavorecidas; a sua mobilidade permite atingir várias comunidades sem deixar ninguém para trás, garantindo a inclusão.
Este projecto não só aproxima o governo do cidadão, aumentando a cobertura territorial dos serviços governamentais, mas também se mostra essencial em respostas a emergências como, por exemplo, catástrofes naturais, ao promover serviços de balcões de atendimento itinerante e centros de contacto móveis. O Tablet Comunitário está projectado para disponibilizar serviços públicos essenciais, incluindo o registo de dados para documentos de identificação e licenças de condução, provas de vida, assistência médica remota (que inclui o rastreamento do quadro clínico do paciente no momento, desde que conectados dispositivos para o efeito), educação, for-
mação, entre outros serviços que requeiram comunicação e interacção, contribuindo significativamente para o e-governance em Moçambique.
Foram criadas sinergias com a Universidade de Évora, em Portugal, para uma prova de conceito que se pretende padronizar à escala global. Contam com a patente registada no Reino Unido, Estados Unidos, Comunidade Europeia, China e dispõem ainda do seu relatório técnico aprovado em plenário e publicado junto da ITU – International Telecommunication Union, a agência das Nações Unidas para as comunicações.
O Tablet Comunitário é um exemplo brilhante de como a tecnologia pode ser utilizada para superar desafios significativos em comunidades remotas, promovendo a inclusão, a educação e a segurança. O Tablet Comunitário é uma ponte para um futuro mais conectado e informado, tendo cada cidadão acesso a informação e serviços essenciais, independentemente da sua localização geográfica. É apenas o início de uma série de descobertas empolgantes que prometemos apresentar ao longo do ano, onde inovação e empreendedorismo se encontram para fazer a diferença em Moçambique. Chamamos desde já a atenção para mais revelações inspiradoras que futuramente virão.
A
missão do Tablet
Comunitário
é prover serviços públicos numa plataforma com serviços integrados e garantir a inclusão de forma realista e sustentável.
ENTREPRENEURSHIP CHALLENGE
Community tablet, the digital revolution at the service of community and road safety in Mozambique
In Mozambique, a technological innovation is transforming the way communication and education reach the most remote communities. The Community Tablet, a pioneering project developed with Mozambican technology and human resources, emerges as the first of ten projects selected for the CFAO Entrepreneurship Challenge, in partnership with Xonguila magazine. The challenge highlights initiatives focused on mobility and road safety, and the Community Tablet shines as an example of how technology can be successfully applied in these fields. As previously announced, all selected projects will be up for voting in December, with the winner not only having the opportunity to pitch their project to the CFAO Group's "Mobility 54" programme but also receiving a prize of 60,000 meticais.
The mission of the Community Tablet is clear: to provide public services on an integrated services platform and ensure inclusion in a realistic and sustainable manner. Operational for five
years, this project has already reached more than 2 million people since 2015, establishing 11 units across the country. Its multifunctional "allin-one" approach and the adaptability of its design allow for a wide range of uses,
from education about road safety and psychotechnical testing in simulators to the facilitation of basic governmental services, especially in areas with poor access to mobile telephony and data networks.
62 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024
Fotografia: Cortesia de Tablet Comunitário
The infrastructure behind the Community Tablet is equipped with an expandable screen, at least 100 inches in size, with touch screen functionality, plug and play technology for various accessories, such as webcams and speakers, among others of utility. Data communication is via GSM with a switch to satellite for necessary areas, facilitating not only those who use the infrastructure but also those around them with a mobile device that can access WiFi, provided they are within a 5 Km radius. The use of clean energies is fully embraced, with the infrastructure equipped with photovoltaic (solar energy) solutions. Versatility is further increased by the inclusion of features such as
height-adjustable individual booths – to allow accessibility for wheelchair users –, sign language, and voice to text and vice versa recognition, making this technology accessible to people with disabilities and special needs.
Regarding road safety, this innovative infrastructure is used to educate the population considered to have little access to information, or outside the digital era, on how to behave on the roads, recognize and respect traffic signs, and the importance of not driving under the influence of alcohol or other substances that alter normal behavior impacting reflexes. The infrastructure facilitates the execution of psychotechnical tests, aiming at
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 63
the recycling of both motorists and pedestrians, in programs interconnected with the traffic service. Its cross-sectional scope aims to bring public services in a digital and interactive format to disadvantaged communities; its mobility allows reaching various communities without leaving anyone behind, ensuring inclusion.
This project not only brings the government closer to the citizen, increasing the territorial coverage of governmental services but also proves essential in responses to emergencies such as natural disasters, by promoting services of itinerant service counters and mobile contact centers. The Community Tablet is designed to provide essential public services, including data registration for identification documents and driving licenses, life proofs, remote medical assistance (which includes tracking the patient's clinical picture at the moment, provided that connected devices are used), education, training, among other services that require communication and interaction, contributing significantly to e-governance in Mozambique.
Synergies were created with the University of Évora, in Portugal, for a proof of concept intended to be standardized on a global scale. They hold a patent registered in the United Kingdom, United States, European Community, China, and also have their technical report approved in plenary and published with the ITU – International Telecommunication Union, the United Nations agency for communications.
The Community Tablet is a brilliant example of how technology can be used to overcome significant challenges in remote communities, promoting inclusion, education, and safety. The Community Tablet is a bridge to a more connected and informed future, with every citizen having access to essential information and services, regardless of their geographical location. It is just the beginning of a series of exciting discoveries that we promise to present throughout the year, where innovation and entrepreneurship meet to make a difference in Mozambique. We already draw attention to more inspiring revelations that will come in the future.
64 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024
Fotografia: Cortesia de Tablet Comunitário
Fotografia: Helton Perengue
EMPREENDEDORISMO NA FISIOTERAPIA
Inovação e atenção à saúde
Num momento em que o empreendedorismo ganha cada vez mais destaque, encontrámo-nos com Ivan Martins, um profissional da área da saúde que decidiu abrir seu próprio consultório de fisioterapia. Esta decisão, inspirada pela percepção de um défice em clínicas privadas focadas na área, e pelo desejo de oferecer um ambiente acolhedor e menos hospitalar aos seus utentes, marca um novo capítulo no sector da fisioterapia em Moçambique. “Quis criar um espaço onde os utentes não se sentissem num ambiente hospitalar. Investi na decoração e no funcionamento do espaço para que se sentissem em casa”, partilha o empreendedor, evidenciando a sua dedicação em proporcionar um serviço diferenciado.
A necessidade de fisioterapia em Maputo é vasta e diversificada. “Nos últimos anos, a preocupação com
o corpo e a saúde aumentou, levando mais pessoas a praticar exercícios físicos e, por consequência, a procurar os nossos serviços”, explica. Esta tendência reflecte-se numa maior procura por parte de desportistas, bem como de pais de crianças com problemas respiratórios e utentes com problemas na coluna.
Abrir o consultório não foi uma jornada isenta de desafios. “O maior desafio foi decidir abrir a minha clínica. Sou exigente e queria que todos os parâmetros fossem cumpridos. O apoio da minha mulher, Samantha, foi crucial nesse processo”, confessa Ivan.
“A expansão é algo que podemos equacionar, mas agora o foco é aprimorar cada vez mais o serviço que oferecemos” - Ivan Martins
O impacto na comunidade é inegável. “O nosso objectivo é reabilitar e devolver a qualidade de vida aos nossos utentes”, afirma. A distinção do seu consultório reside no cuidado com a decoração, o conforto, a qualidade do material e a acessibilidade, oferecendo um serviço único na região.
Inovando na área, o consultório integra osteopatia e pressoterapia nos tratamentos. “Apostamos em máquinas de marcas conceituadas, como a Chattanooga e a Globus, para garantir a eficácia dos tratamentos”, detalha Ivan. A formação contínua é uma prioridade. “Anualmente, faço formações em Portugal para estar sempre actualizado e trazer o melhor para os meus pacientes”, revela, sublinhando o seu compromisso com a excelência. As parcerias estabelecidas com outras entidades de saúde, como a Ayamed, são também um pilar do seu negócio, proporcionando um serviço integrado e de qualidade superior aos pacientes. Em relação ao futuro, Ivan Martins permanece focado na melhoria contínua.
“A expansão é algo que podemos equacionar, mas agora o foco é aprimorar cada vez mais o serviço que oferecemos”, conclui.
Este relato é um exemplo inspirador de como a visão, dedicação e o desejo de fazer a diferença na comunidade podem moldar o futuro do empreendedorismo em Moçambique, especialmente no sector da saúde.
Fotografia: Helton Perengue
“Nos últimos anos, a preocupação com o corpo e a saúde aumentou, levando mais pessoas a praticar exercícios físicos e, por consequência, a procurar os nossos serviços”
Fotografia: Helton Perengue
Fotografia: Helton Perengue
ENTREPRENEURSHIP IN PHYSIOTHERAPY Innovation and healthcare
At a time when entrepreneurship is becoming increasingly important, we met Ivan Martins, a healthcare professional who decided to open his own physiotherapy practice. This decision, inspired by the perception of a lack of private clinics focused on the area and the desire to offer his users a comfortable, less hospital-like environment, marks a new chapter in the physiotherapy sector in Mozambique. "I wanted to create a space where patients didn't feel like they were in a hospital. I invested in the decoration and management of the space to make people feel at home," says the entrepreneur, underlining his commitment to providing an excellent service.
The need for physiotherapy in Maputo is great and varied. "In recent years, a growing concern for the body and health has meant that more people are exercising and therefore seeking our services," he explains. This trend is reflected in increased demand from sportspeople, as well as parents of children with respiratory problems and clients with back problems.
Opening the practice was not without its challenges. "The biggest challenge was the decision to open my clinic. I'm very demanding and I wanted all the parameters to be right. The support of my wife, Saman-
tha, was crucial in this process," says Ivan. The impact on the community is undeniable. "Our goal is to rehabilitate our patients and give them back their quality of life," he says. What sets his practice apart is the attention to detail, comfort, quality of materials and accessibility, making it a unique service in the region.
An innovator in the field, the practice integrates osteopathy and pressotherapy into its treatments. "We use machines from renowned brands such as Chattanooga and Globus to guarantee the effectiveness of the treatments," says Ivan. Continuing education is a priority. "I train every year in Portugal to keep up to date and offer the best to my patients," he reveals, underlining his commitment to excellence. Partnerships with other healthcare organisations, such as Ayamed, are also a pillar of his business, offering patients an integrated service of the highest quality. Looking to the future, Ivan Martins remains focused on continuous improvement. "Expansion is something we can think about, but right now the focus is on continuing to improve the service we provide," he concludes.
This story is an inspiring example of how vision, dedication and a desire to make a difference in the community can shape the future of entrepreneurship in Mozambique, especially in the health sector.
“Our goal is to rehabilitate our patients and give them back their quality of life”
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 73 Meet our entrepreneurs
DICAS FINANCEIRAS PARA UMA VIDA MELHOR
Escrito por:
Sany
Weng - Money Savvy Mozambique
PASSO 1: SAIBA ONDE SE ENCONTRA AGORA!
Após a reflexão feita na passada edição sobre as nossas primeiras lições financeiras e a importância da educação neste domínio, a presente edição traz uma abordagem mais prática e orientada para a acção. Se antes mergulhámos nas origens das nossas crenças e atitudes em relação ao dinheiro, agora é momento de darmos um passo além para moldar um futuro mais sólido. Agora focamo-nos no presente, no aqui e agora, primeiro passo fundamental para uma jornada financeira bem-sucedida.
Neste passo crucial para se tornar um perito em finanças, é essencial ter clareza sobre a sua situação financeira actual. Este exercício pode despertar diferentes emoções, e é importante estar aberto para as enfrentar e compreender as suas origens. Aqui estão algumas sugestões sobre o que analisar:
RENDIMENTOS MENSAIS: Calcule e registe quanto ganha por mês a partir de todas as fontes de rendimento, incluindo salários, rendimentos de inves-
timentos, renda passiva, entre outros. É importante que tenha uma compreensão clara do dinheiro que entra regularmente na sua conta.
DESPESAS MENSAIS: Analise os seus extractos bancários e registos de despesas mensais para determinar quanto gasta em média por mês, e anote. Divida as suas despesas em duas categorias: necessidades (como habitação, transporte, alimentação) e desejos (como entretenimento, viagens, e compras supérfluas, etc.) Isso pode ajudá-lo a identificar áreas onde pode cortar gastos desnecessários.
DÍVIDAS: Identifique todas as suas dívidas, incluindo empréstimos, empréstimos para pagamento de estudos, hipotecas, cartões de crédito e outras obrigações financeiras. Anote o saldo devido e as taxas de juro associadas a cada uma.
POUPANÇAS E INVESTIMENTOS: Liste todos os seus activos financeiros, como contas poupança, investimentos em acções, títulos de tesouro e fundos mútuos.
Calcule o valor total desses investimentos.
REFORMA E POUPANÇA PARA
O FUTURO: Avalie os seus planos de poupança para a reforma, como a conta de poupança individual. Determine se está a contribuir adequadamente para a sua reforma e se os seus investimentos estão alinhados com os seus objectivos de longo prazo.
ACTIVOS FÍSICOS E PATRIMÓNIO LÍQUIDO: Além de poupanças e investimentos financeiros, avalie o valor dos seus activos físicos, como imóveis, veículos e outros bens de valor. Calcule o seu património líquido subtraindo as suas dívidas totais do valor total dos seus activos. Isso pode ajudá-lo a ter uma visão mais holística da sua situação financeira.
EMOÇÕES E ATITUDES EM RELAÇÃO AO DINHEIRO:
Reflicta sobre as suas emoções e atitudes em relação ao dinheiro. Pergunte-se que emoções o impulsionam a gastar dinheiro e se a sua mentalidade financeira é positiva ou negativa.
76 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Money Savvy
COMPARAÇÃO DE DESPE -
SAS E RENDIMENTOS: Compare as suas despesas mensais com o seu rendimento mensal total. Se as suas despesas forem consistentemente mais altas do que o seu rendimento, isso pode indicar uma necessidade de reavaliar os seus hábitos de gastos ou encontrar maneiras de aumentar os seus rendimentos.
Ao realizar esta análise, estará mais bem equipado para criar um orçamento realista e eficaz. Chegando ao Passo 10, numa edição mais adiante, exploraremos detalhadamente como criar e manter um orçamento que reflicta com precisão o dinheiro que entra e sai, garantindo assim uma gestão financeira sólida e eficaz. O que atrás apresentámos é apenas o começo de uma jornada
emocionante em direcção ao bem-estar financeiro. Enfrentando a sua situação financeira de frente, como lhe propomos, está a dar o primeiro passo importante para construir um futuro mais seguro e próspero. Para mais dicas e orientações sobre como aprimorar as suas habilidades financeiras em 2024, continue a acompanhar os artigos nas próximas edições da nossa e sua Xonguila.
Money Savvy
Determine se está a contribuir adequadamente para a sua reforma e se os seus investimentos estão alinhados com os seus objectivos de longo prazo.
FINANCIAL TIPS FOR A BETTER LIFE
Written by: Sany Weng - Money Savvy Mozambique
STEP 1: KNOW WHERE YOU STAND NOW!
Following the reflection made in the last edition on our initial financial lessons and the importance of education in this field, the current edition brings a more practical and action-oriented approach. If previously we delved into the origins of our beliefs and attitudes towards money, it is now time to take a step further to shape a more solid future. We now focus on the present, the here and now, the fundamental first step for a successful financial journey.
In this crucial step to becoming a finance expert, it is essential to have clarity about your current financial situation. This exercise can awaken different emotions, and it is important to be open to facing them and understanding their origins. Here are some suggestions on what to analyze:
MONTHLY INCOME: Calculate and record how much
you earn per month from all income sources, including salaries, investment returns, passive income, among others. It is important that you have a clear understanding of the money that regularly enters your account.
MONTHLY EXPENSES: Review your bank statements and records of monthly expenses to determine how much you spend on average per month, and note it down. Divide your expenses into two categories: necessities (such as housing, transport, food) and wants (such as entertainment, travel, and non-essential purchases, etc.). This can help you identify areas where you can cut unnecessary spending.
DEBTS: Identify all your debts, including loans, student loan payments, mortgages, credit cards, and other financial obligations. Note down the balance owed and the interest rates associated with each.
Savings and Investments: List all your financial assets, such as savings accounts, stock investments, treasury bonds, and mutual funds. Calculate the total value of these investments.
RETIREMENT AND SAVING FOR THE FUTURE: Assess your retirement savings plans, such as the individual savings account. Determine if you are contributing adequately to your retirement and if your investments are aligned with your long-term goals.
Physical Assets
and Net
Worth: In addition to savings and financial investments, assess the value of your physical assets, such as real estate, vehicles, and other valuable goods. Calculate your net worth by subtracting your total debts from the total value of your assets. This can help you get a more holistic view of your financial situation.
EMOTIONS AND ATTITUDES
TOWARDS MONEY: Reflect on your emotions and attitudes towards money. Ask yourself what emotions drive you to spend money and whether your financial mindset is positive or negative.
COMPARISON OF EXPENSES AND INCOME: Compare your monthly expenses with your total monthly income. If your expenses are consistently higher than your income, this may indicate a need to re-
assess your spending habits or find ways to increase your income.
By conducting this analysis, you will be better equipped to create a realistic and effective budget. By the time we reach Step 10, in a later edition, we will explore in detail how to create and maintain a budget that accurately reflects the money coming in and going out, thus ensuring solid and effective financial manage-
ment. What we have presented is just the beginning of an exciting journey towards financial well-being. By confronting your financial situation head-on, as we propose, you are taking an important first step towards building a more secure and prosperous future. For more tips and guidance on enhancing your financial skills in 2024, continue to follow the articles in the upcoming editions of our and your Xonguila.
By confronting your financial situation head-on, as we propose, you are taking an important first step towards building a more secure and prosperous future.
Fotografia: Cortesia do Evento Black Butterfly
Nelson Freitas apresenta "Black Butterfly" em Maputo, num lançamento exclusivo
Nelson Freitas escolheu o Bar & Restaurant Aquarius do emblemático Hotel Polana para o lançamento do seu mais recente álbum "Black Butterfly", num evento que primou pela exclusividade e intimidade.
Nelson Freitas apresenta "Black Butterfly" em Maputo, num lançamento exclusivo
Nelson Freitas, renomado artista cabo-verdiano, escolheu o emblemático Hotel Polana, mais precisamente o seu Bar & Restaurant Aquarius, para o lançamento do seu mais recente álbum "Black Butterfly", num evento que primou pela exclusividade e intimidade. A organização esteve a cargo de Bashir Issá e da agência Just People, conhecida pelo seu trabalho com influenciadores, garantindo uma noite memorável.
Fotografia: Cortesia do Evento Black Butterfly
O evento destacou-se pela sua atmosfera única, em que detalhes foram cuidadosamente pensados para reflectir o tema do álbum. Os convidados, um grupo seleccionado de empresários, influenciadores e figuras do meio artístico, foram imersos numa experiência personalizada, enriquecida com decorações temáticas e cocktails especiais, facilitando um ambiente ideal para networking. Durante a noite, Nelson Freitas aproximou-se do público de uma forma muito pessoal, compartilhando as inspirações e histórias por detrás das músicas de "Black Butterfly". Através de actuações ao vivo, o artista permitiu que os convidados experimentassem, em primeira mão, a essência das novas faixas, criando uma conexão profunda e significativa. A importância de Moçambique na car-
reira de Nelson Freitas foi evidenciada, não só pela escolha do local para o lançamento, mas também pela energia e paixão com que falou e se apresentou: "Partilhar 'Black Butterfly' em Maputo foi uma experiência incrivelmente especial", afirmou, sublinhando o valor de cada música como um pedaço do seu coração partilhado com os presentes. A noite culminou com uma actuação no ATCM, onde Guyzelh Ramos organizou uma celebração que continuou a demonstrar a habilidade de Nelson Freitas no captar a atenção e o carinho do público, preconizando-se, desde já, "Black Butterfly" como mais um sucesso na sua carreira. Este lançamento em Maputo foi também um testemunho do seu vínculo com o público moçambicano e da sua capacidade de unir as pessoas através da música.
Nelson Freitas aproximou-se do público de uma forma muito pessoal, compartilhando as inspirações e histórias por detrás das músicas de "Black Butterfly".
Partilhar "Black Butterfly " em Maputo foi uma experiência incrivelmente especial.
– Nelson Freitas
Fotografia: Cortesia do Evento Black Butterfly
Nelson Freitas unveils "Black Butterfly" in Maputo in an exclusive Launch
Nelson Freitas, the renowned Cape Verdean artist, selected the iconic Polana Hotel, more precisely its Aquarius Bar & Restaurant, for the unveiling of his latest album "Black Butterfly", in an event that was marked by exclusivity and intimacy. The organisation was led by Bashir Issá and the Just People agency, known for their work with influencers, ensuring a memorable evening.
The event stood out for its unique atmosphere, where details were meticulously arranged to reflect the album's theme. The guests, a select group of businesspeople, influencers, and figures from the artistic community, were immersed in a personalised experience, enriched with thematic decorations and special cocktails, fostering an ideal environment for networking. Throughout the evening, Nelson Freitas engaged with the audience in a very personal way, sharing the inspirations and stories behind the songs of "Black Butterfly". Through live performances, the artist allowed the guests to experience the essence of the new tracks firsthand, creating a deep and meaningful connection.
The significance of Mozambique in Nelson Freitas's career was highlighted, not only by the choice of location for the launch but also by the energy and passion with which he spoke and performed: "Sharing 'Black Butterfly' in Maputo was an incredibly special experience," he stated, emphasising the value of each song as a piece of his heart shared with those present. The evening culminated with a performance at the ATCM, where Guyzelh Ramos organised a celebration that continued to showcase Nelson Freitas's ability to capture the audience's attention and affection, heralding "Black Butterfly" as yet another success in his career. This launch in Maputo also testified to his bond with the Mozambican audience and his ability to unite people through music.
Este lançamento em Maputo foi também um testemunho do vínculo de Nelson Freitas com o público moçambicano e da sua capacidade de unir as pessoas através da música.
Fotografia: Cortesia do Evento Black Butterfly
Escrito por:
Stella Machel
Adeus idas às agências bancárias no intervalo do almoço.
Recentemente, recebi uma mensagem do meu banco americano, informando-me de que o meu cartão de débito estava prestes a expirar e que tinha sido enviado para o meu endereço um cartão substituto. Enquanto esperava pelo aviso de fim de validade, fiquei surpreendida por o cartão ser entregue à porta de um simples cliente do mercado de massas como eu. Isto contrasta com o processo de substituição de cartões que vivenciei em Moçambique, enquanto cliente do mercado de massas, pois aí teria de ir ao banco durante o meu intervalo de almoço, ficar na fila para pedir um novo cartão, e voltar mais tarde para o ir buscar. Embora ambos os meus cartões de débito, o americano e o moçambicano, possuam a mesma tecnologia contactless, a forma de acesso aos mesmos distingue as duas experiências.
Nos parágrafos que se seguem, aprofundo as nuances das experiências dos clientes nos dois países. Concentro-me na necessidade de idas às agências em Moçambique, em contraste com uma oferta de “self-service” pelo meu banco americano. Argumento que elevar o padrão na experiência do cliente bancário em Moçambique exige um esforço colaborativo envolvendo todo o ecossistema bancário.
Idas à agência no intervalo do almoço: Moçambique vs. EUA Como muitos, dirijo-me ao banco nos intervalos do almoço, tarefa que detesto veementemente. Nos EUA, fui apenas algumas vezes em quase cinco anos e, além de mim, contavam-se apenas cinco idosos a ser atendidos na agência. Assim, as idas eram curtas e agradáveis. Em Moçambique, costumo ir à agência cerca de cinco a oito vezes por ano, tendo sempre
que ficar em longas filas.
Acredito que os baixos níveis de movimento nas agências na América se devem às altas taxas de adopção do banco digital. Segundo a Forbes Advisor Digital Banking Survey 2022, 78% dos adultos americanos preferem canais digitais, comparativamente a 14% que preferem agências tradicionais. Não possuo dados directamente comparáveis relativos a Moçambique, mas um relatório do 360º Moçambique em 2023 indicou que 30% da população tem acesso a uma conta bancária, e 75% a uma carteira móvel.
A TECNOLOGIA É O GRANDE EQUALIZADOR
A minha primeira impressão ao chegar aos EUA há cinco anos foi que Moçambique era bastante avançado em termos de canais de banco digital disponíveis. A tecnologia actua como o grande equalizador, fornecendo aos clientes em
Moçambique acesso a canais de banco digital, comparável ao dos EUA. Bancos comerciais, reguladores e o Governo merecem elogios por preencherem esta lacuna.
No entanto, os clientes bancários americanos dependem menos das agências. Baseando-me na minha própria análise, dois factores-chave impulsionam a diferença no comportamento dos clientes: 1. níveis de literacia, e 2. opções alternativas. Com uma taxa de literacia de 79% nos EUA, comparativamente aos 63% de Moçambique, os americanos estão melhor posicionados para o “self-service”, porque as instruções dos canais estão escritas numa língua que podem ler e compreender. Relativamente menos moçambicanos conseguem ler português, portanto, a língua dos canais é "estrangeira" para eles. Além disso, os americanos beneficiam de opções alternativas, tais como uma lista mais abrangente de
92 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Digitalização
“Nos EUA, as idas à agência bancária eram curtas e agradáveis (…)
Acredito que os baixos níveis de movimento nas agências se devem às altas taxas de adopção do banco digital.”
transacções bancárias digitais, acesso a assistentes virtuais, e agentes de atendimento ao cliente bem formados, apoiados por planos móveis acessíveis que lhes permitem abordar totalmente questões e reclamações remotamente.
COLMATANDO A LACUNA NA EXPERIÊNCIA DO CLIENTE Alcançar a paridade na experiência do cliente entre ambos os países exige colaboração entre os vários intervenientes do ecossistema bancário. Os bancos comerciais devem focar-se em melhorar a estabilidade da plataforma, empoderar as equipas de assistência para servir plenamente os clientes, educar os clientes sobre os canais digitais e torná-los mais atraentes. Os fornecedores de serviços de utilidade pública podem contribuir fornecendo serviços essenciais estáveis e acessíveis, como internet e electricidade, que são vitais para que as plataformas digitais não registem problemas no seu funcionamento. Os reguladores deveriam advogar por uma regulamentação que favoreça o banco digital, alinhada com os avanços tecnológicos na indústria. O governo deve priorizar melhorias na infra-estrutura, especialmente no sistema de correio público, para criar eficiência na entrega de correspondência aos clientes, num ambiente maioritariamente dominado por fornecedores privados.
Finalmente, como cliente, o maior poder no ecossistema está consigo, por isso cabe a si dizer adeus às idas à agência no intervalo do almoço. Incentivo-o a abraçar os canais digitais disponíveis e a usar linhas gratuitas para ligar ao seu banco e informar-se sobre opções de “self-service”. Desta forma, contribuirá para pavimentar caminho para um futuro digital para o nosso país.
Março/March 2024 • Ed. 67 © Revista Xonguila | 93 Digitalização
Exploring global solutions for local challenges
Written by: Stella Machel
Farewell to bank branch visits during lunch breaks
I recently received a message from my American bank informing me that my debit card was nearing expiration and that a replacement card had been dispatched to my address. As I awaited the expiry notification, I was surprised to find the card delivered right to the doorstep of a mere mass-market customer like myself. This contrasts starkly with the card replacement process I experienced in Mozambique, as a mass-market client, where I would have had to visit the bank during my lunch break, queue to request a new card, and return later to collect it. Although both my American and Mozambican debit cards feature the same contactless technology, the access to these services distinguishes the two experiences.
In the paragraphs that follow, I delve into the nuances of customer experiences in both countries. I focus on the necessity of branch visits in Mozambique, in contrast to a “self-service” offering by my American bank. I argue that elevating the standard of banking customer experience in Mozambique requires a collaborative effort involving the entire banking ecosystem.
Branch Visits During Lunch Breaks: Mozambique vs. USA
Like many, I find myself heading to the bank during lunch breaks, a task I vehemently detest. In the USA, I have only been a few times in almost five years, and besides me, there were only about five elderly people being served in the branch. Thus, the visits were short and pleasant. In Mozambique, I tend to visit the branch about five to eight times a year, always having to endure long queues.
I believe the low levels of branch traffic in America are due to high rates of digital banking adoption. According to the Forbes Advisor Digital Banking Survey 2022, 78% of American adults prefer digital channels, compared to 14% who favour traditional branches. I do not have directly comparable data for Mozambique, but a report from 360º Mozambique in 2023 indicated that 30% of the population has access to a bank account, and 75% to a mobile wallet.
TECHNOLOGY AS THE GREAT EQUALIZER
My first impression upon arriving in the USA five years ago was that Mozambique was quite advanced in terms of available digital banking channels. Technology acts as the great equalizer, providing customers in Mozambique access to digital banking channels, comparable to those in the USA. Commercial banks, regulators, and the government deserve praise for bridging this gap.
However, American banking customers rely less on branches. Based on my own analysis, two key factors drive the difference in customer behaviour: 1. literacy levels, and 2. alternative options. With a literacy rate of 79% in the USA, compared to Mozambique’s 63%, Americans are better positioned for self-service, as the instructions on the channels are written in a language they can read and understand. Relatively fewer Mozambicans can read Portuguese, hence, the language of the channels is "foreign" to them. Moreover, Americans benefit from alternative options, such as a more comprehensive list of digital banking transactions, access to virtual assistants, and well-trained customer service agents, supported by affordable mobile plans that allow them to fully address issues and complaints remotely.
Bridging the Customer Experience Gap
94 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024 Digitalization
Achieving parity in custom-
er experience between both countries requires collaboration among various stakeholders in the banking ecosystem. Commercial banks should focus on improving platform stability, empowering support teams to fully serve customers, educating customers about digital channels, and making them more appealing. Utility service providers can contribute by providing stable and accessible essential
services, such as internet and electricity, which are vital for digital platforms to operate without issues. Regulators should advocate for digital banking-friendly regulation, aligned with technological advancements in the industry. The government must prioritize improvements in infrastructure, especially in the public mail system, to create efficiency in mail delivery to customers, in an environment predominantly
dominated by private providers. Finally, as a customer, the greatest power in the ecosystem lies with you, so it is up to you to say goodbye to branch visits during lunch breaks. I encourage you to embrace the available digital channels and to use toll-free lines to call your bank and inquire about self-service options. By doing so, you will contribute to paving the way for a digital future for our country.
“Technology acts as the great equalizer, providing customers in Mozambique access to digital banking channels comparable to those in the US. Commercial banks, regulators, and the Government deserve praise for bridging this gap.”
Digitalization
OS DISTINTIVOS DOS NOSSOS “CHAPAS”:
IDENTIDADE E CRIATIVIDADE
Em Moçambique, os vulgarmente chamados chapas desempenham um papel indispensável no dia-a-dia de inúmeros cidadãos. São pequenos autocarros e carrinhas que facilitam a mobilidade das pessoas fazendo transporte colectivo de passageiros. Frequentemente repletos, percorrem as cidades de ponta a ponta, bem como bairros periféricos.
Uma fascinante particularidade desses meios de transporte é a sua identificação: ao invés de números convencionais e/ou apenas designações de rota, como encontramos noutras partes do globo, os nossos chapas orgulham-se de exibir, além da rota, escritas inventivas e singulares. São palavras e frases com inspirações diversas (desde nomes comuns a marcas, heróis fantásticos, nomes de celebridades e expressões populares ou religiosas), que adicionam um toque especial ao quotidiano do país. Imagine-se, por exemplo, a bordo do "Black Panther", uma homenagem ao icónico filme da Marvel, ou opte pelo "KFC", inspirado na famosa rede de fast-food. Há também opções mais líricas, como "Amanhecer" ou "Pôr do Sol", que parecem pintar a viagem com tons mais poéticos.
Longe de serem escolhas aleatórias, estas palavras e frases carregam um profundo significado para os proprietários dos veículos, além de que representam uma estratégia para, ao marcar uma presença peculiar nas movimentadas ruas das cidades, sobressaírem no mercado. Para os passageiros, tal singularidade transforma a tarefa de identificar o autocarro desejado numa experiência mais intuitiva e memorável.
Esta originalidade não está, contudo, isenta de desafios. A frequente mudança de tais escritas nos chapas, dada a facilidade com que pode ser feita, pode provocar nos utentes alguma confusão, que não chega, porém, a ofuscar a tradição. Ela permanece vibrante como marca da cultura de transporte local e infundindo nas ruas uma dose extra de criatividade que espelha o espírito inovador do povo moçambicano.
Eis alguns nomes de chapas que se podem encontrar pelas ruas de Moçambique:
• Sorriso do Crocodilo
• Marrabenta Express
• Onde Está o Piloto?
• O Último a Rir
• Princesinha do Agreste
• 007 - Licença para Lotar
• Feitiço de Amor
• Rir é o Melhor Remédio
• Não Corre que é Pior
• Capulana Vibes
• Roque Santeiro
• Samurai Africano
• Zebra do Asfalto
• Pobre com Classe
Em Moçambique, os vulgarmente chamados chapas desempenham um papel indispensável no dia-a-dia de inúmeros cidadãos.
Fotografia: Mariano Silva
THE DISTINCTIVENESS OF OUR "CHAPAS": IDENTITY AND CREATIVITY
In Mozambique, the commonly referred to "chapas" play an indispensable role in the daily lives of countless citizens. These small buses and vans facilitate people's mobility by providing collective passenger transport. Often packed, they traverse cities from end to end, including peripheral neighbourhoods.
Afascinating peculiarity of these modes of transport is their identification: instead of conventional numbers and/or route designations, as found in other parts of the world, our chapas take pride in displaying, in addition to the route, inventive and unique writings. These are words and phrases inspired by a variety of sources (ranging from common names to brands, fantasy heroes, celebrity names, and popular or religious expressions), adding a special touch to the country's daily life. Imagine, for example, boarding the "Black Panther", a tribute to the iconic Marvel movie, or opting for the "KFC", inspired by the famous fast-food chain. There are also more lyrical options, such as "Dawn" or "Sunset", which seem to paint the journey with more poetic hues.
Far from being random choices, these words and phrases carry deep meaning for the vehicle owners and represent a strategy to stand out in the busy city streets, thereby making a mark in the market. For passengers, such uniqueness transforms the task of identifying the desired bus into a more intuitive and memorable experience.
However, this originality is not without its challenges. The frequent change of such writings on the chapas, given the ease with which it can be done, can cause some confusion among users, but this does not overshadow the tradition. It remains vibrant as a hallmark of the local transport culture, infusing the streets with an extra dose of creativity that reflects the innovative spirit of the Mozambican people.
Here are some names of "chapas" that can be found on the streets of Mozambique:
• Crocodile Smile
• Marrabenta Express
• Where's the Pilot?
• The Last to Laugh
• Little Princess of the Hinterland
• 007 - Licence to Fill
• Love Spell
• Laughter is the Best Medicine
• Don't Run, It's Worse
• Capulana Vibes
• Roque Santeiro
• African Samurai
• Asphalt Zebra
• Poor with Class
Fotografia: Mariano Silva
Centro Cultural Franco-Moçambicano
Concerto de abertura do mês da mulher
Com Elivira Viegas, Tanya Chongo e Rosália Mboa
Fotografia: Izidro Dimande
CENTRO CULTURAL BRASIL-MOÇAMBIQUE EXPRESSÕES CULTURAIS EM DIÁLOGO: A LEITURA ENCENADA DE "O LIVRO DO HOMEM LÍQUIDO"
Com Expedito Araújo e Lucrécia Paco
Numa tarde que entrelaçou a magia das palavras com a expressividade cénica, o Instituto Guimarães Rosa - Maputo/CCBM foi palco de uma experiência literária e teatral singular. "O Livro do Homem Líquido", uma obra da literatura moçambicana da autoria de Pedro Pereira Lopes, ganhou vida nas interpretações fervorosas de Expedito Araújo e Lucrécia Paco, numa leitura encenada que capturou a essência dos microcontos que compõem este universo narrativo. Pedro Pereira Lopes, cuja obra tem sido reconhecida e premiada em várias instâncias, demonstra a sua habilidade em
transcender o formato do conto, explorando temas profundos e universais com uma leveza e uma profundidade que ecoam a tradição oral africana. Este evento não apenas honrou o seu trabalho, mas também sublinhou a relevância da literatura e do teatro moçambicanos no panorama cultural contemporâneo. A parceria entre Araújo e Paco, com um histórico de colaborações exitosas, provou mais uma vez ser um catalisador para a excelência artística, elevando "O Livro do Homem Líquido" a um patamar de experiência imersiva e emocionalmente carregada para o público presente.
Fotografia: Cortesia de Expedito Araújo
BAÍA MALL: CONCURSO "ACELERA A TUA SORTE" ENCERROU NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER
No ano em que o Baía Mall celebra o seu sexto aniversário, foi realizado um sorteio chamado "Acelera a tua sorte", no qual foi sorteada uma viatura Renault Kiger. Este concurso decorreu durante três meses, especificamente de 18 de Dezembro de 2023 a 8 de Março. Para se habilitarem, os clientes necessitavam efectuar compras no valor de 5.000 meticais no Baía Mall, escrever o seu nome e número de telefone no verso do talão de compra e depositá-lo na "caixa da sorte" situada no balcão de informações do centro comercial.
Carlota Wamusse, a felizarda vencedora deste concurso, é uma cliente habitual do Baía Mall, frequentando especialmente o PremierSuper Spar para adquirir pão diariamente, o qual posteriormente revende em mercados informais. Espera-se que este prémio contribua significativamente para o sucesso do seu negócio.
O sorteio teve lugar num dia de grande relevância, o Dia Internacional da Mulher, durante a terceira edição da campanha "Sentimentos da Mulher Actual". Neste projecto, vinte mulheres foram homenageadas como embaixadoras e capas do projeto, tendo oportunidade de partilhar os seus percursos pessoais e profissionais. Cada uma dispôs de um expositor de madeira, com dimensões de 2m x 2m, para apresentar a sua história. A exposição esteve patente de 1 a 8 de Março.
As participantes deste projecto distinguem-se por serem empresárias, empreendedoras, inovadoras ou gestoras de actividades de caráter social, fundadoras de projectos, representantes de ONGs, embaixadas, escolas, entre outras entidades, proporcionando uma excelente oportunidade para o conhecimento e partilha de informação.
Fotografia: Cortesia de Baia Mall
Sempre tive pressa do porvir
De Delmar Maia Gonçalves
“Escrever para mim é uma necessidade, neste mundo actual que construímos; é como empreender o exercício da respiração rodeado de poluição, quer da natureza, quer ainda das poluições sonora e visual.
Portanto, num acto de afirmação e reafirmação éticas, revolta e identidade próprias, torno visível através da escrita todo o meu ser de forma dadaísta e zen. É como que um grito baixinho. Finalmente, reafirmo meu amor incondicional ao húmus pátrio.”
I have always been in a hurry for what is to come
By Delmar Maia Gonçalves
"Writing for me is a necessity in this current world we have built; it's like undertaking the exercise of breathing surrounded by pollution, whether from nature, or even from noise and visual pollution.
Thus, in an act of ethical affirmation and reaffirmation, revolt, and personal identity, I make my entire being visible through writing in a Dadaist and Zen manner. It's like a quiet scream. Finally, I reaffirm my unconditional love for the native soil."
108 | Revista Xonguila © Ed. 67 • Março/March 2024
QUEEN SONO
Na rubrica 35mm desta edição, mergulhamos no emocionante universo de "Queen Sono", aquela que, oriunda da África do Sul, foi a primeira série original africana da Netflix. Esta produção, audaciosa e revolucionária, marcou um ponto de viragem no panorama televisivo, trazendo ao grande público uma narrativa rica, profundamente enraizada em África, mas com um apelo universal.
Queen Sono" é uma série de espionagem que acompanha a vida da protagonista homónima, interpretada por Pearl Thusi. Queen é uma espia de uma operação secreta sul-africana, cuja missão é melhorar a vida dos cidadãos africanos. Enquanto enfrenta missões perigosas, ela também luta para desvendar a verdade sobre a morte da sua mãe, uma heroína da luta pela liberdade. Este enredo cativante entrelaça acção intensa, drama pessoal e uma visão perspicaz dos dilemas sociais e políticos do continente.
O elenco de "Queen Sono" é um verdadeiro testemunho do talento africano, incluindo estrelas como Vuyo Dabula, Sechaba Morojele, Chi Mhende, Loyiso Madinga e Rob Van Vuuren, entre outros. Cada actor traz alguma autenticidade e profundidade aos seus personagens, contribuindo para uma narrativa envolvente e multifacetada.
Desde o seu lançamento, "Queen Sono" tem recebido aplausos da crítica, não só pela
seu papel pioneiro em destacar a indústria do entretenimento africano. A série não só capturou a imaginação de espectadores em todo o mundo, mas também participou de diversos festivais, onde as suas temáticas universais e a representação autêntica da África do Sul e do continente mais amplo foram celebradas. É uma série que representa uma ponte entre culturas, abrindo caminho para uma compreensão mais profunda e apreciação do talento africano no cenário global.
Disponível exclusivamente na Netflix, "Queen Sono" está acessível a uma audiência global, permitindo a espectadores de todos os cantos do mundo mergulhar na sua trama intrigante e nas paisagens deslumbrantes da África do Sul e de outros locais africanos. A série é uma janela para o coração e a alma do continente, oferecendo uma mistura rica de cultura, política e acção de tirar o fôlego. É uma adição imperdível ao catálogo de qualquer aficionado por séries que procure histórias autênticas, poderosas e profunda-
35mm
"
35mm QUEEN SONO
In the 35mm section of this edition, we delve into the thrilling universe of "Queen Sono," the pioneering South African series that became Netflix's first original African production. This bold and revolutionary project marked a turning point in the television landscape, presenting to the general public a narrative richly rooted in Africa, yet with a universal appeal.
Queen Sono" is an espionage series that follows the life of its eponymous protagonist, played by Pearl Thusi. Queen is a spy for a South African secret operation, whose mission is to improve the lives of African citizens. As she embarks on dangerous missions, she also strives to uncover the truth about her mother's death, a heroine of the freedom struggle. This captivating storyline weaves together intense action, personal drama, and a sharp insight into the social and political dilemmas of the continent.
The cast of "Queen Sono" is a true testament to African talent, featuring stars such as Vuyo Dabula, Sechaba Morojele, Chi Mhende, Loyiso Madinga, and Rob Van Vuuren, among others. Each actor brings authenticity and depth to their characters, contributing to an engaging and multifaceted narrative.
Since its release, "Queen Sono" has received critical acclaim, not only for its
flawless execution but also for its pioneering role in highlighting the African entertainment industry. The series has captured the imagination of viewers worldwide and has been featured in various festivals, where its universal themes and authentic representation of South Africa and the broader continent have been celebrated. It represents a bridge between cultures, paving the way for a deeper understanding and appreciation of African talent on the global stage.
Exclusively available on Netflix, "Queen Sono" is accessible to a global audience, allowing viewers from all corners of the world to dive into its intriguing plot and the stunning landscapes of South Africa and other African locations. The series is a window into the heart and soul of the continent, offering a rich mix of culture, politics, and breathtaking action. It is a must-add to the catalogue of any series aficionado looking for authentic, powerful, and deeply human stories.
"
Uma história de união e determinação
No ano da génese, brotei em meio a sonhos e incertezas, qual semente lançada na terra fértil da imaginação. Comprometi-me a contar histórias, a fazer ecoar as vozes da nossa nação.
Cresci, alimentada pela esperança daqueles que acreditaram no poder da união e da partilha. Cada página, um convite a um futuro vibrante e repleto de possibilidades.
A pandemia chegou como uma tempestade, a desafiar a nossa resiliência. Contudo, mantive a chama da esperança acesa, mesmo nos dias mais sombrios.
Do caos, emergi mais forte e incansável do que nunca. Enfrentei os desafios com coragem e ousadia, tal qual uma Fénix que renasce das cinzas.
Transformei-me num arauto cultural, levando ambientes e gentes, sons, cores e sabores de Moçambique pelo país e mundo fora. Cada texto, cada imagem, cada página, um testemunho do meu empenho e dedicação.
Olho agora para o horizonte, onde se desenham promessas e sonhos ainda por concretizar. Avanço com humildade e gratidão, confiante na luz que me guia, rumo ao futuro.
Nuno Soares