Revista Xonguila Nº60

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W5FDC

Evento pioneiro que reuniu em Maputo líderes sectoriais

Pioneering event that brought together sector leaders in Maputo

AZULIK

Santuário de serenidade entre a floresta e o mar

A sanctuary of serenity between the forest and the sea

MARIA HELENA PINTO

Uma vida dedicada às artes

A life dedicated to the arts

JUST PEOPLE AGENCY

O futuro do influencer marketing em Moçambique

The future of influencer marketing in Mozambique

Publicação mensal • Julho - July 2023 • Ed. 60 • Ano 06 • 300 MZN • xonguila.co.mz
Fotografia: Cortesia de Azulik

Numa simbiose perfeita entre a floresta e o mar, o Azulik emerge como um tesouro escondido em Vilankulo.

Um santuário de serenidade entre a floresta e o mar

Numa simbiose perfeita entre a floresta e o mar, o Azulik emerge como um tesouro escondido em Vilankulo. Os seus proprietários, amantes da natureza, visualizaram um espaço onde os dois ambientes distintos se fundissem, criando assim o cenário ideal para uma experiência de puro êxtase sensorial.

Olodge é exclusivamente reservado a casais ou grupos de até 10 pessoas, garantindo assim um ambiente intimista e singular. A sua equipa dedicada é a verdadeira alma e coração do espaço, e tem como prioridade a total satisfação dos hóspedes. Trata-se de um serviço de excelência, do primoroso cuidado com

a limpeza à confecção de refeições de alto padrão e cocktails singulares, tudo incluído no pacote de estadia. O chef Sabino, exímio na sua arte, proporciona uma verdadeira viagem gastronómica pelas delícias de Moçambique. Entre os pratos por si assinados encontram-se frutos do mar locais, o inconfundível frango piripíri e vegetais frescos colhidos

em horta própria.

O Azulik atrai visitantes de vários cantos do mundo, como os provenientes da Europa e da América. No entanto, honrando as suas raízes africanas, disponibiliza tarifas especiais para visitantes locais, da SADC e de outros países do continente.

O reconhecimento da

Escrito por: Emília Gimo

qualidade do Azulik está patente em diversas avaliações positivas espalhadas pelo TripAdvisor e outras plataformas. Contudo, o lodge procura sempre aperfeiçoar-se, valorizando enormemente o feedback honesto dos hóspedes. Para conveniência destes, dispõe de um heliporto, que facilita as deslocações provenientes do aeroporto de Vilankulo. As actividades de lazer que o lodge proporciona vão além do expectável. Seja a participar num safari, a descobrir o mundo subaquático através do snorkeling, da pesca ou a remar em águas calmas de stand up paddle, a promessa é a de

dias recheados de aventura e deslumbramento. Adicionalmente, é possível organizarem-se excursões para as ilhas e bancos de areia circundantes, complementadas por piqueniques ou churrascos na praia.

O Azulik é mais do que um lodge; é um projecto com consciência social e ecológica. Emprega e forma pessoas da comunidade local, promove o uso consciente de água e electricidade e encontra-se activamente envolvido em projectos de conservação da vida marinha e selvagem. Além disso, contribui para as comunidades locais

através do fornecimento de água potável, instalações médicas e escolas. É um espaço de desconexão, livre de TVs, para que possa apreciar plenamente a natureza e serenidade do ambiente. No entanto, dispõe de internet via satélite Starlink de alta velocidade para os que desejam manter-se conectados ao mundo exterior.

Em breve, o Azulik expandirá a sua operação com a abertura do Azulik Boutique - uma villa exclusiva de dois quartos, com piscina privativa e serviço de mordomo. Este luxuoso retiro estará disponível para reserva no próximo ano.

Para mais informações e reservas, contacte info@azuliklodge.com

O Azulik emprega e forma pessoas da comunidade local, promove o uso consciente de água e electricidade e encontra-se activamente envolvido em projectos de conservação da vida marinha e selvagem.
Fotografia: Cortesia de Azulik
Fotografia: Cortesia de Azulik

O Azulik oferece um serviço de excelência, do primoroso cuidado com a limpeza à confecção de refeições de alto padrão e cocktails singulares, tudo incluído no pacote de estadia.

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Fotografia: Cortesia de Azulik

A sanctuary of serenity between the forest and the sea

In a perfect symbiosis between the forest and the sea, Azulik emerges as a hidden treasure in Vilankulo. The owners, nature lovers, envisioned a space where the two distinct environments would merge, thus creating the ideal setting for an experience of pure sensory ecstasy.

The lodge is exclusively reserved for couples or groups of up to 10 people, ensuring an intimate and unique atmosphere. Its dedicated team is the true heart and soul of this space, and the total satisfaction of the guests is their priority. is total guest satisfaction. This is an excellent service, with exquisite care from the cleaning to the preparation of high standard meals and unique cocktails, all included in the stay package. Chef Sabino, an expert in his art, offers a true gastronomic journey through the delights of Mozambique. His signature dishes include local seafood, the unmistakable piripiri chicken and fresh vegetables picked from his own garden.

Azulik attracts visitors from many corners of the world includingEurope and America. However, honoring its African roots, the

space offers special rates for local visitors, from SADC and other countries on the continent.

The recognition of Azulik's quality is evident in the many positive reviews spread across TripAdvisor and other platforms. However, the lodge is always looking to improve itself, valuing the honest feedback from guests. For their convenience, it has a helipad, which facilitates travel from Vilankulo airport. The leisure activities offered by the lodge go beyond the expected. Whether it is participating in a safari, discovering the underwater world through snorkeling, fishing or paddling in calm waters of stand up paddle, the promise is that of days filled with adventure and dazzle. In addition, excursions to the surrounding islands and sandbanks can be arranged, complemented by picnics or barbecues on the beach.

Azulik is more than a lodge; it is a project with a social and ecological conscience. It employs and trains people from the local community, promotes the conscious use of water and electricity and is actively involved in marine and wildlife conservation projects. It also contributes to local communities by providing clean water, medical facilities and schools. It is a space to disconnect, free from TVs, so you can fully appreciate the nature and serenity of the environment. However, it does have high-speed Starlink satellite internet for those who wish to stay connected to the outside world.

Azulik will soon expand its operation with the opening of Azulik Boutique - an exclusive two-bedroom villa with a private pool and butler service. This luxurious retreat will be available for booking next year.

For more information and reservations, please contact info@azuliklodge.com.

Julho - July 2023 • Ed. 60 © Revista Xonguila | 11 Tourism

Azulik will soon expand its operation with the opening of Azulik Boutique - an exclusive two-bedroom villa with a private pool and butler service. This luxurious retreat will be available for booking next year.

Fotografia: Cortesia de Azulik

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Um santuário de serenidade entre a floresta e o mar

A sanctuary of serenity between the forest and the sea

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MARIA HELENA PINTO

Uma vida dedicada às artes

A life dedicated to the arts

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O futuro do influencer marketing em Moçambique

The future of influencer marketing in Mozambique

102 ALCANCE

As sugestões da Alcance para este mês

This month’s reading suggestions by Alcance Editores

114 KARINGANA

Textos livres com assinatura Signature freewriting

30 ABSA

A construção de um legado Building a legacy

54 MILLENNIUM BIM

Reafirmação do apoio à conservação do meio ambiente

Reaffirming support for environmental conservation

72 DIÁSPORA

Mario João Gomes, da costa moçambicana para a Costa do Marfim

Mario João Gomes, from the Mozambican coast to the Ivory Coast

78 DRINKS AND SHOTS

by Pernod Ricard – Hédito BB Time

by Pernod Ricard – Hédito BB Time

98 CINEMA 35MM

Como cuidar de um elefante bebé

How to care for a baby elephant

FICHA TÉCNICA/BIOS

104 MISSANGAS E LOIÇA NA ILHA DE MOÇAMBIQUE

Tesouro histórico à flor da água

A historical treasure on the water's surface

Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno

Soares, Mariano Silva

• Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Eliana Silva, Mariano Silva, Nuno Soares, Jaime

Álvaro, Precidónio Silvério, Aayat Irfan • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Leocádia Valoi • Fotografia/

Photography: Mariano Silva • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Nuno Lopes, Ana Piedade, Mariano

Silva • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and

Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online

Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira

• Impressão/Printing: Minerva Print

02/Gabinfo-dec/2018

• Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz

• Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda

• ISSN: ISSN-0261-661

• Registo/Register:

• Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)

Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.

The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine

Sumário Julho - July 2023 • Ed. 60 © Revista Xonguila | 15

Do Director / From the Director

Estimados leitores,

É com grande alegria e sentimento de conquista que vos dou as boas-vindas à 60ª edição da Revista Xonguila, um marco que considero histórico para todos nós. Juntos, temos navegado os mares da informação, saber e aprendizagem, e a vossa lealdade tem sido a âncora desta nossa viagem. Estou, por isso, muito agradecido a todos vós, uma gratidão que se estende igualmente à incansável equipa que, edição após edição, se tem dedicado a oferecer-vos conteúdos interessantes com a melhor qualidade que nos é possível.

Nesta edição comemorativa, apresentamos um rico mosaico de temas e histórias. Visitaremos Azulik, um santuário de serenidade aninhado entre a floresta e o mar, e exploraremos a Just People Agency, um agente pioneiro na transformação do influencer marketing em Moçambique. Daremos palco a Maria Helena Pinto e à sua vida dedicada às artes. Conheceremos o seu percurso no mundo da dança, e como empreendedora na área das artes e cultura. Falaremos sobre o compromisso do Millennium bim na conservação do meio ambiente e da Women’s Frontline Development Conference (W5FDC), um evento inédito que trouxe a Maputo líderes de todo o mundo para discutir o papel das mulheres no desenvolvimento sustentável. Na secção Diáspora, apresentaremos o moçambicano Mário João Gomes, Oficial Principal de Serviços de Assistência Técnica e Consultoria do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) na Costa do Marfim. Abordaremos também a riqueza histórica que se esconde na Ilha de Moçambique, onde missangas e loiça, tesouros à flor da água, aguardam ser descobertas. Estas são apenas algumas das ofertas que vos fazemos nas páginas da nossa revista, com muito mais por descobrir.

Entrámos na nossa estação mais fria, mas a centelha da esperança aquece o nosso espírito. Estando a meio do ano, algo nos convida a reflectir sobre o percurso traçado e a olhar para o futuro com determinação. Ainda resta meio ano, metade da tela está em branco, aguardando as pinceladas dos seus e nossos sonhos e aspirações.

E na esperança de que esta edição vos proporcione momentos interessantes e inspiradores, uma vez mais agradeço a todos os que nos têm acompanhado em todo este trajecto. O vosso apoio tem sido fundamental para a nossa contínua evolução e crescimento. Bem hajam.

Dear readers,

It is with great joy and a sense of achievement that I welcome you to the 60th edition of Revista Xonguila, a milestone that I consider historic for all of us. Together, we have sailed the seas of information, knowledge and learning, and your loyalty has been the anchor of our journey. I am therefore very grateful to all of you, a gratitude that also extends to the tireless team that, issue after issue, has dedicated itself to offering you interesting content with the best quality possible.

In this commemorative edition, we present a rich mosaic of themes and stories. We will visit Azulik, a sanctuary of serenity nestled between the forest and the sea, and explore Just People Agency, a pioneering agent transforming the influencer marketing in Mozambique. We will give the stage to Maria Helena Pinto and her life dedicated to the arts. We will learn about her journey in the world of dance, and as an entrepreneur in the area of arts and culture. We will talk about Millennium bim's commitment to environmental conservation and the Women's Frontline Development Conference (W5FDC), an unprecedented event that brought leaders from around the world to Maputo to discuss the role of Women in sustainable development. In the Diaspora section, we will feature Mozambican Mário João Gomes, Senior Technical Assistance and Advisory Services Officer at the African Development Bank (AfDB) in Côte d'Ivoire. We will also touch on the rich history that is hidden on the Island of Mozambique, where beads and crockery, treasures in the water, are waiting to be discovered. These are just a few of the offerings in the pages of our magazine, with much more to discover.

We have entered our coldest season, but the spark of hope warms our spirits. Halfway through the year, something invites us to reflect on the path we have set ourselves and to look to the future with determination. There is still half a year left, half the canvas is blank, awaiting the brushstrokes of your and our dreams and aspirations.

And in the hope that this edition will provide you with interesting and inspiring moments, once again I thank all those who have accompanied us throughout this journey. Your support has been fundamental to our continued evolution and growth. Thank you.

Com o apoio de:

Editorial 16 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023

Valorizamos o seu legado

Caminhe com o Banco que o ajuda a construir e preservar o futuro

No Absa, compreendemos o seu desejo de garantir o bem-estar financeiro da sua família, e estamos aqui, prontos para ajudá-lo a construir algo que perdure no tempo, que tenha impacto e que transforme, de forma positiva, as próximas gerações.

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Absa Bank Moçambique , SA (registado sob o número 101220982) é regulado pelo Banco de Moçambique.

Maria Helena Pinto

Uma vida dedicada às artes

“É preciso desmistificar esta coisa de dizer que o artista é um marginal. Não somos marginais, temos conhecimento, projectos, participamos no desenvolvimento de uma sociedade.”

– Maria Helena Pinto
Fotografia: Mariano Silva

Maria Helena Pinto

Uma vida dedicada às artes

Coreógrafa, bailarina, professora de dança, investigadora de dança contemporânea, empreendedora na área das artes e cultura, e realizadora de sonhos, Maria Helena Pinto tem 50 anos de idade, 40 dos quais dedicados às artes. Nasceu e cresceu na cidade de Maputo, e voa pelo mundo desde os 17 anos de idade. É viúva, mãe de um rapaz de 19.

Maria Helena Pinto deu os primeiros passos na dança com apenas 8 anos, e assim recorda esses tempos já distantes:

“Criaram-se nessa altura as primeiras escolas artísticas em Moçambique e havia uma Escola Nacional de Dança, que existe até aos dias de hoje. Eu acabava de assistir a um espectáculo intitulado “As mãos”, onde vi Maria José Sacur a dançar, e, a partir desse momento, apaixonei-me pela dança”. Depois, como diz Maria Helena, foi “recrutada pelo Estado”, revelando não ter sofrido nenhuma influência da família, embora tivesse uma tia que cantava e integrava um renomado agrupamento musical da época.

É toda uma vida dedicada a coreografia, dança e investigação. Questionada sobre qual teria sido o ponto mais alto da sua careira ao longo das quatro décadas de dança já percorridas, Maria Helena Pinto disse-nos que seria difícil responder, por terem sido vários os momentos que a marcaram, mas um acabou por ser eleito: “Foi em 1995, quando voltei de Cuba, na companhia do Augusto Cuvilas, e criei a peça “Amadsofer”, que foi vista por mais de 24 mil espectadores. A peça foi exibida no quadro do 15º aniversário da Companhia Nacional de Canto e Dança e, graças a ela, houve uma grande avalanche de interesse pela dança e pela profissão”, explicou.

Na mesma senda, Maria Helena acrescentou: “Nessa altura houve uma grande exposição da minha vida como artista nos

órgãos de comunicação social e fiz capa dos principais jornais em circulação. Falo do jornal Domingo e do Notícias. Era este o início. As pessoas puderam descobrir o meu trabalho e, a partir desse momento, não mais parei. Eu tinha começado a trabalhar com apenas 13 anos, e já dançava em discotecas, criava as minhas próprias coreografias e dava aulas muito antes de 1995. Saí do país com 17 anos de idade. Três ou quatro anos depois do meu regresso, comecei a trabalhar com a Companhia Nacional de Canto e Dança”.

Uma vida cheia de realizações tem sempre empecilhos pelo caminho, e com Maria Helena Pinto não foi diferente: “Ao longo do meu percurso, encontrei vários desafios de afirmação, lutei pela mudança de consciência em relação à questão do artista coreográfico e do bailarino. Lutei igualmente pela existência da profissão, pela valorização da classe e da figura do bailarino”, apontou.

Para esta investigadora de dança contemporânea, é muito difícil mudar a mentalidade das pessoas e a percepção que elas têm da classe artística. É um trabalho titânico e leva muitos anos: “Neste exercício, evidentemente, não posso assegurar que nada consegui, porque, hoje em dia, o entendimento e o respeito que uma parte da sociedade tem pelos fazedores de dança já mudou. Mas, claro! É preciso dar valor pagando aos artistas coreográficos pelos serviços que fornecem. Muitas vezes reclamamos que isto é caro, a arte em si é cara”, desabafou.

Escrito por: Hélder Massinga

Ao longo dos 40 anos dedicados às artes, fui deixando sementes que podem ser fontes de inspiração para os jovens nos trabalhos futuros. Foi uma forma de deixar patentes as marcas do meu trabalho, o meu legado e a minha obra.

Fotografia: Mariano
Silva

No mesmo diapasão, Maria Helena Pinto defendeu que “é preciso parar de pensar que, porque é arte, não tem valor. É preciso desmistificar esta coisa de dizer que o artista é um marginal. Não somos marginais, temos conhecimento, projectos, participamos no desenvolvimento de uma sociedade, nós fazemos a diferença no nosso país, assim como por onde passamos. Com as nossas obras, participamos na mudança de mentalidades, para a evolução da própria humanidade. Isto não é gratuito, tem o seu valor, tem a razão da sua existência, portanto, é necessário investir nessa área, e investir também significa que temos de pagar pelos serviços que os artistas nos proporcionam”.

Maria Helena Pinto é doutorada em Estética, Ciência e Tecnologia das Artes, opção Teatro/Dança, pela Universidade de Paris – VIII, França, depois de se ter licenciado em Artes Cénicas na Universidade Eduardo Mondlane, de Maputo. Frequentou cursos e workshops de dança em vários países, como França, Portugal, Brasil, África do Sul, Senegal, Tanzânia, entre outros. É co-fundadora do Instituto Superior de Artes e Cultura (ISARC) e fundadora do projecto Primeiro Festival Internacional de Dança Contemporânea (FIDC). Foi uma das coreógrafas principais da Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD), onde esteve de 1995 a 2009, tendo-se tornado directora artística em 2004. É também fundadora e Presidente da Associação Centro de Pesquisa Coreográfica em Maputo. “Ao longo dos 40 anos dedicados as artes, fui deixando sementes que podem ser fontes de inspiração para os jovens nos trabalhos futuros. Foi uma forma de deixar patentes as marcas do meu trabalho, o meu legado e a minha obra.”

Para além desta vasta bagagem e historial que possui, Maria Helena Pinto fundou, em 2010, o Dans’Artes, projecto a que, nos últimos tempos, tem dedicado a sua maior atenção. “Dans’Artes foi pensado como

um lugar que pudesse contribuir para descentralizar espaços de manifestação das artes. Basicamente, estes espaços estão concentrados na cidade capital, todavia, fui ao distrito criar esta atracção”. Dans’Artes localiza-se no distrito de Boane, em Djonasse, na Vila Artística Dans’Artes, e, segundo patrona, assenta em quatro pilares: Desenvolvimento artístico-cultural; Desenvolvimento do turismo cultural; Desenvolvimento da comunidade; Desenvolvimento social e económico.

Maria Helena Pinto é autora de mais de uma dezena de coreografias e já participou em vários festivais nacionais e internacionais de teatro e dança. Foram-lhe atribuídos vários prémios e distinções ao longo da sua carreira, dois dos quais recebidos em nome do Dans’Artes, um ainda este ano, o Prémio das Indústrias Culturais e Criativas, na categoria de Dança, atribuído pelo Ministério da Cultura e Turismo.

No campo académico, Maria Helena Pinto é impulsionadora e criadora do primeiro curso de Licenciatura em Artes Cénicas, da Universidade Pedagógica de Maputo, e foi presidente na criação do primeiro mestrado, no país, em Artes Cénicas e Estudos Culturais em perspectiva de arranque a breve trecho pela mesma universidade. Nas letras, Maria Helena Pinto já publicou um livro, “Devir(es) Contemporâneos”, sobre o surgimento e a evolução da dança contemporânea em Moçambique. Está presentemente a escrever a sua segunda obra, intitulada “Minha Vida”, onde narra o seu percurso artístico e a sua vida em geral.

Assinalando os seus 50 anos de idade, a artista realizou, no passado mês de Junho, uma exposição intitulada “Maria Helena Pinto: Corpo e mente com histórias universais” e festa-leilão com objectivo de angariar fundos para dar continuidade à construção do Teatro do Dans’Artes.

Fotografia: Mariano Silva
Fotografia: Mariano Silva

Maria Helena Pinto é autora de mais de uma

dezena de coreografias e já participou em vários festivais nacionais e internacionais de teatro e dança. Recebeu vários prémios e distinções ao longo da sua carreira.

Maria Helena Pinto A Life Dedicated to the Arts

Choreographer, dancer, dance instructor, contemporary dance researcher, arts and culture entrepreneur, and dream achiever, Maria Helena Pinto has spent 40 of her 50 years dedicated to the arts. Born and raised in Maputo, she has traveled the world since the age of 17. She is awidow and mother to a 19-year-old son.

Pinto's journey into dance began at the tender age of 8, distant times that she recalls: "At that time, the first artistic schools were being created in Mozambique, including the National School of Dance, which still exists today. I had just watched a performance titled 'The Hands', where I saw Maria José Sacur dancing, and from that moment, I fell in love with dance.". Pinto adds that she was "recruited by the State," despite having no family influence in the arts, save for an aunt who was a singer in a renowned music group of the time.

Her whole life has been filled with choreography, dance, and research. When asked about the pinnacle of her career over the past four decades, Pinto found it hard to single out one event, but finally pointed to one turning point: "Waswhen I returned from Cuba in 1995, with Augusto Cuvilas, and created the piece 'Amadsofer', which was seen by more than 24,000 spectators. The piece was performed as part of the 15th anniversary of the National Music and Dance Company. Thanks to it, there was a surge of interest in dance and the profession," she explained.

With the same energy, Maria Helena added: "At that time there was a great exposure of my life as an artist in the media and I made the cover of the main newspapers in circulation. I'm talking about

Domingo and Notícias. This was the beginning. People were able to discover my work and, from that moment on, I never stopped. I had started working when I was only 13, and I was already dancing in clubs, creating my own choreography and giving lessons long before 1995. I left the country at the age of 17. Three or four years after my return, I started working with the National Music and Dance Company."

However, a life filled with achievements comes with its challenges, and Pinto has had her share: "Throughout my journey, I faced several affirmation challenges, fought for a change of consciousness regarding the choreographic artist and dancer. I equally fought for the existence of the profession, for the valuation of the class and the figure of the dancer," she noted.

For this contemporary dance researcher, it is very difficult to change people's mentality and their perception of the artistic class. It is a titanic work and takes many years: "In this exercise, of course, I cannot assure you that I have achieved nothing, because today the understanding and respect that part of society has for dance makers has already changed. But of course! We need to give value by paying choreographic artists for the services they provide. Many times we complain that a service is expensive, but the art itself is expensive," she said.

Fotografia: Mariano Silva

In the same vein, Maria Helena Pinto argued that "we need to stop thinking that because it is art, it has no value. We need to demystify this thing of saying that the artist is a marginal. We are not marginal, we have knowledge, projects, we participate in the development of a society, we make a difference in our country, as well as wherever we go. With our works, we participate in the change of mentalities, for the evolution of humanity itself. This is not free, it has its value, it has the reason for its existence, so it is necessary to invest in this area, and investing also means that we have to pay for the services that artists provide us".

Pinto holds a PhD in Aesthetics, Science, and Technology of the Arts, with a focus on Theater/Dance, from the University of Paris – VIII, France and holds a Bachelors Degree in Scenic Arts by the Eduardo Mondlane University in Maputo She has attended dance courses and workshops in several countries, such as France, Portugal, Brazil, South Africa, Senegal, Tanzania, among others. She is the co-founder of the Higher Institute of Arts and Culture (ISARC)

and founder of the First International Festival of Contemporary Dance (FIDC). She was one of the main choreographers of the National Music and Dance Company (CNCD), where she worked from 1995 to 2009, becoming artistic director in 2004. She is also the founder and President of the Choreographic Research Center Association in Maputo.” "Throughout the 40 years dedicated to the arts, I have been leaving seeds that can be sources of inspiration for young people in future works. It was a way to leave the marks of my work, my legacy and my work”.

"Dans'Artes was conceived as a place that

could contribute to decentralising spaces to manifest the arts. Basically, these spaces are concentrated in the capital city, however, I went to the district to create this attraction". Dans'Artes is located in the district of Boane, in Djonasse, in the Dans'Artes Artistic Village, and, according to the patron, is based on four pillars: Artistic-cultural development; Development of cultural tourism; Community development; Social and economic development. Pinto is the author of more than a dozen choreographies and has participated in various national and international theater and dance festivals. Her career is studded with several awards and distinctions, two of which were received in the name of Dans’Artes, one of which was the Cultural and Creative Industries Award, in the Dance category, awarded by the Ministry of Culture and Tourism this year.

Academically, Pinto has been instrumental in creating the first degree course in Performing Arts at the Pedagogical University of Maputo, and led the creation of the first master's degree in Performing Arts and Cultural Studies in the country, expected to be

launched shortly by the same university. She is also the author of a book titled "Devir(es) Contemporâneos," which discusses the emergence and evolution of contemporary dance in Mozambique. Currently, she is working on her second book, titled "My Life," in which she narrates her artistic journey and life in general.

In June, commemorating her 50th birthday, Pinto organized an exhibition titled "Maria Helena Pinto: Body and Mind with Universal Stories" and an auction party with the goal of raising funds to continue the construction of the Dans’Artes Theater.

28 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023
We need to stop thinking that because it is art, it has no value. We need to demystify this thing of saying that the artist is a marginal.

Construção de um Legado

O Absa Bank está focado em apoiar a preservação de um legado: o de cada família moçambicana, o das comunidades, o dos jovens e de todos aqueles que pretendem fazer de Moçambique uma nação próspera.

Com olhos postos num futuro promissor para Moçambique, o Absa Bank está focado em apoiar a preservação de um legado: o de cada família moçambicana, o das comunidades, o dos jovens e de todos aqueles que pretendem fazer de Moçambique uma nação próspera.

Recentemente, a instituição lançou uma campanha destinada a todos aqueles que pretendem carimbar o seu percurso na história do desenvolvimento de Moçambique. Ao compreender a necessidade cada vez mais presente de garantir o bem-estar financeiro e a segurança das famílias moçambicanas, o Absa Bank, através da sua Banca Premier, apresenta soluções para ajudar a concretizar esta meta.

“Para nós, cada cliente é um Cliente, e é nesse sentido que colocamos os gestores de relacionamento no centro da interacção com cada um. Temos uma sólida equipa de profissionais com larga experiência nesta área e eles estão preparados para analisar e compreender a situação particular de cada Cliente e encontrar soluções financeiras personalizadas. Em paralelo, desenvolvemos plataformas digitais

que proporcionam flexibilidade na construção das melhores soluções de investimento.” - palavras de Martha Humbane, Directora da Banca de Retalho e Negócios do Absa Bank Moçambique. Na prática, o que se pretende é que cada Cliente consiga construir, desenvolver e gerir sem se preocupar, colocando sempre o seu legado como alicerce da sua sustentabilidade.

Assim, o Absa, que se orgulha de ser um Banco que vai para além da Banca, vem, com esta nova campanha, dar um novo sentido à relação que existe entre a instituição e os seus Clientes, colocando-os como a essência orientadora da relação. Com uma oferta personalizada e passível de se ajustar a qualquer contexto, em todo o país, o Absa demonstra o seu compromisso de simplificar o dia-a-dia dos seus Clientes, dando-lhe mais tempo para construir um legado que perdure no tempo.

Ao compreender a necessidade cada vez mais presente de garantir o bem-estar financeiro e a segurança das famílias moçambicanas, o Absa Bank, através da sua Banca Premier, apresenta soluções para ajudar a concretizar esta meta.
Fotografia: Cortesia de Absa Bank
Fotografia: Cortesia de Absa Bank

Temos uma sólida equipa de profissionais com larga experiência nesta área, e eles estão preparados para analisar e compreender a situação particular de cada Cliente e encontrar soluções financeiras personalizadas.

– Martha Humbane, Directora da Banca de Retalho e Negócios do Absa Bank Moçambique

Building a Legacy

With its sights set on a promising future for Mozambique, Absa Bank is focused on supporting the preservation of a legacy: that of every Mozambican family, community, youth, and all those who aspire to make Mozambique a prosperous nation.

Recently, the institution launched a campaign aimed at all those who wish to leave their mark on the history of Mozambique's development. Understanding the increasingly pressing need to ensure the financial well-being and security of Mozambican families, Absa Bank, through its Premier Banking, offers solutions to help achieve this goal.

"For us, each costumer is different, and it is in this sense that we place relationship managers at the center of interaction with each one. We have a strong team of professionals with extensive experience in this area, and they are prepared to analyze and understand each Client's particular situation and find personalized financial solutions. In parallel, we have developed digital platforms that provide flexibility in

building the best investment solutions."Martha Humbane, Director of Retail and Business Banking at Absa Bank Mozambique, said. In practice, the goal is for each Client to be able to build, develop, and manage without worries, always placing their legacy as the foundation of their sustainability.

Thus, Absa, which prides itself on being more than just a Bank, with this new campaign, gives a new meaning to the relationship between the institution and its Clients, putting them as the guiding essence of the relationship. With a personalized offering that can adapt to any context across the country, Absa demonstrates its commitment to simplify the daily lives of its Clients, giving them more time to build a legacy that endures over time.

With a personalized offering that can adapt to any context across the country, Absa demonstrates its commitment to simplify the daily lives of its Clients, giving them more time to build a legacy that endures over time.
Fotografia: Cortesia de W5FDC

A W5FDC serviu para que a nossa sociedade se reveja e corajosamente dê passos para que haja mudanças de paradigma, se implementem modelos culturais organizacionais mais eficazes e proactivos.

Um evento pioneiro que reuniu em Maputo líderes sectoriais de todo o mundo para abordar o poder feminino no desenvolvimento sustentável. Ecoando os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 5 e 17 da ONU, o evento colocou em foco a crucialidade das mulheres na sociedade, fomentando diálogos internacionais e promovendo a sua ascensão a postos executivos.

A Direcção da Sprowt, organizadora do evento, conversou com a Xonguila.

Em retrospectiva, que tópicos se destacaram durante a conferência?

Foram vários, destacando-se uma audiência de pessoas que vinham claramente ouvir e contribuir de forma positiva, encontrando na conferência um espaço de diálogo, networking. O conforto encontrado em todos que lá estavam em ouvir e serem ouvidos. Ainda se destacaram os vários contributos quer das moderadoras que apresentaram um formato de painel com o resumo inicial da temática, quer dos painelistas nacionais e internacionais (da África do Sul, do Brasil e de Portugal) que deram uma visão alargada do que se passa nos seus países. É sabido pelos relatórios da WEF, OCDE, ONU, BC, entre outros, que serão décadas e décadas para que a paridade de género seja possível. Para tal, podemos dizer que, unanimemente, se concluiu pela importância das relações mulher-homem, mulher-mulher, homem-homem (mulher líderhomem líder), que são relações bidireccionais, que cabe a cada um o direito e a obrigação de, dependendo do seu papel, trabalhar e actuar conscientemente para a equidade e avanço das mulheres. Consideramos que foi um dia de partilha de conhecimento sobre a importância e contributo das mulheres na sociedade, especificamente no desenvolvimento e crescimento económico. O impacto que as mulheres criam para a sustentabilidade das empresas e organizações.

Enfrentaram desafios significativos na organização desta iniciativa?

Quando se organiza um evento como a conferência, existem sempre desafios (logísticos, imprevistos, etc.) antes e durante, mas foi possível ultrapassá-los. A SPROWT tem uma estrutura de trabalho (membros do board, equipa e voluntários) que facilita e premeia a qualidade e ex-

celência. E isso, para nós, é muito importante, sentir e testemunhar que os desafios acabam por se diluir, por um lado, e, por outro, servem de força para que todos façamos melhor. E que consigamos alcançar os objectivos.

Existiram momentos particularmente emocionantes ou inspiradores durante a conferência que possam partilhar?

Claro que sim, quando organizámos a conferência, sabíamos que queríamos trazer a discussão das temáticas dos painéis, mas também proporcionar momentos únicos através da cultura e conhecimento (cultura e conhecimento como dois dos eixos estratégicos da SPROWT). Por isso, foram testemunhados momentos inspiradores como a performance da Lenna Bahule, logo no início da conferência, que trouxe um alto nível de energia positiva, relaxante, e criou na sala aquilo que muitos consideraram de muito revigorante. A live painting do Sebastião Coana, em que, para muitos, foi bonito testemunhar o início da pintura e o final, quando ela foi apresentada à audiência. Partilhámos que este contributo do Coana teve como objectivo o lançamento oficial da Campanha Educação Inclusiva, uma campanha da SPROWT que visa contribuir para que crianças e jovens acedam à educação formal. Desta feita, com a acção inclusiva Mais Raparigas na Educação. Ter do nosso lado parceiros que participaram na Exibição da Women’5 Frontline Development Conference com os seus programas que estão a impactar directamente raparigas e mulheres. Esta participação demonstrou como as empresas nacionais e multinacionais contribuem para a sociedade, servindo de exemplo de que é possível contribuirmos todos de formas diferentes, com modelos e programas diferenciadores.

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Fotografia: Cortesia de W5FDC

Realizada a Conferência, quais as conclusões que consideram mais relevantes?

Em primeiro lugar, que a conferência contou com contributos de líderes de diferentes sectores, público e privado que consideramos pertinentes e importantes de reter. Falamos de criação e implementação de frameworks na matéria da equidade, diversidade e inclusão, de regulamentos que empresas e organizações devem considerar, entre outros. O paradigma da relação família-comunidade-sociedade, como e de que forma cada pessoa deve assumir responsabilidade para que as novas gerações possam crescer numa sociedade onde a mudança seja feita, normal e naturalmente, para que o avanço da mulher seja uma realidade. Porquê deixar de lado, ou melhor, não trabalharmos todos para a inclusão justa das mulheres, que são quase metade dos oito mil milhões de pessoas no mundo?

Como foi acolhido o evento pelos participantes? Os participantes deixaram ao longo do dia e em diferentes momentos testemunhos muito positivos, de satisfação, de terem encontrado espaço para partilharem as suas opiniões e aprenderem, e destacaram a organização do evento, o ambiente oferecido e a forma como os painéis foram organizados (especificamente a sequência das temáticas) permitindo uma aprendizagem e assimilação entre factos e contexto, o ambiente empresarial sobre a igualdade de género e o alinhamento com sustentabilidade empresarial. Consideraram que a conferência superou as expectativas, alguns partilharam que vieram para realmente perceber do que se tratava e que saíram com uma perspectiva e visão que os motiva a querer também contribuir e fazer a diferença para outros. Destacaram a necessidade da Pioneer continuar a promover acções e programas com a qualidade da conferência, salientando o papel dos homens que estavam presentes a advogar pela igualdade de género. Outros testemunhos após o evento também foram relevantes, e particularmente os de pessoas que ouviram sobre a conferência e não puderam estar presentes, e parabenizaram pelos testemunhos que, por sua vez, receberam de pessoas suas conhecidas, colegas, etc.

O Memorando de Entendimento assinado entre as duas organizações pode ser considerado um marco para a igualdade de género em África. Podem elucidar-nos mais sobre este aspecto?

O Memorando de Entendimento assinado entre a Fundação SPROWT e a BRICS WBA SA tem por objectivo a promoção do desenvolvimento económico e o empoderamento das mulheres. Moçambique não é membro da BRICS, mas a BRICS WBA SA, particularmente, tem na sua agenda fazer crescer a network das mulheres e as suas áreas de negócio, potenciando o papel da mulher na economia ao nível do continente africano. Esse potenciar passa por se criarem oportunidades para que mais mulheres criem as suas micro, pequenas e médias empresas (MSMEs), que a educação seja uma realidade para as raparigas e mulheres, que se promova a capacitação e literacia em matérias que coloquem as mulheres com ferramentas que lhes dêem competitividade no mercado, entre outros.

Como é que evento contribuiu para o empodera-

mento das mulheres, especificamente em Maputo? A W5FDC serviu para que a nossa sociedade se reveja e corajosamente dê passos para que haja mudanças de paradigma, se implementem modelos culturais organizacionais mais eficazes e proactivos, haja mais conhecimento por parte das mulheres empreendedoras e donas de negócio sobre as legislações em vigor e os regulamentos, e para que elas sintam vontade de aprender, de partilhar, para que outras mulheres também tenham uma oportunidade. Foi ainda, paralelamente, um grande passo no despertar da nova forma de abordar as questões da desigualdade de género, essencialmente sob o ponto de vista da relação entre a presença da mulher no mundo corporativo e o seu contexto familiar, sem descurar a forma clássica de ver estas questões ao nível da esfera das instituições públicas.

Como vêem o futuro da colaboração entre a Fundação SPROWT e a BRICS WBA SA na promoção da igualdade de género em África?

Colaborações como esta são positivas, estamos a viver um período de crescimento da consciência humana sobre diversas matérias, não apenas sobre a equidade e igualdade de género, mas também sobre a importância de se preservar o planeta, a necessidade do alinhamento das empresas e organizações, sobre o ESG e o alinhamento que traz consigo, sobre a lucratividade de longo prazo e não de curto e médio prazos, sobre a inclusão e não deixar ninguém para trás. Se considerarmos que metade da população de África são mulheres, como é que ainda vivemos um presente onde se questionam as capacidades intelectuais das mulheres, em que as mulheres sejam secundarizadas em processos de decisão a diferentes níveis, em que a consciência seja convenientemente usada a favor da circunstância? Se olharmos a diversidade humana, cultural e linguística que existe em África, colaborações como essa trazem mais riqueza pois geram mais troca de experiências, desenvolve-se mais conhecimento e crescimento humano. Um dos focos de debate foi precisamente a ausência e a necessidade de criação de uma plataforma regional que traduza, que conjugue, os instrumentos globais, continental (África) e regional (SADC) da agenda da igualdade de género para os contextos nacionais, bem como a necessidade de interacção entre os governos, entre as plataformas da sociedade civil, entre empresas, etc.

Quais são as próximas acções previstas para manter a dinâmica e o entusiasmo gerados pela conferência?

Em primeiro lugar, ficou o compromisso de acções conjugadas numa iniciativa programática entre as diferentes organizações que cá estiveram. Este compromisso está assente em novos acordos e extensão dos anteriores, que foram sendo oficiosa e oficialmente estabelecidos. De seguida, ficou o compromisso que as entidades internacionais levaram de estender a iniciativa a outros quadrantes. Por fim, a SPROWT, no seu plano estratégico sob o umbrella ‘sustainability through actions’, tem projectos e programas a serem trabalhados e, particularmente, tem como agenda próxima a compilação das diferentes contribuições dos parceiros presentes na W5FDC para os seus fóruns interventivos.

44 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023
Fotografia: Cortesia de W5FDC

Um dos focos de debate foi precisamente a ausência e a necessidade de criação de uma plataforma regional que traduza, que conjugue, os instrumentos globais, continental (África) e regional (SADC) da agenda da igualdade de género para os contextos nacionais.

Fotografia: Cortesia de W5FDC

A groundbreaking event that gathered sector leaders from around the world in Maputo to address female power in sustainable development. Echoing UN Sustainable Development Goals 5 and 17, the event highlighted the crucial role of women in society, fostering international dialogues and promoting their ascent to executive positions.

The management of Sprowt, the event's organizer, spoke with Xonguila. Looking back, what topics stood out during the conference?

There were many, highlighted by an audience of people who clearly came to listen and contribute positively, finding in the conference a space for dialogue, networking. The comfort found in all who were there to listen and be heard. Also notable were the many contributions from the moderators who presented a panel format with the initial summary of the theme, as well as the national and international panelists (from South Africa, Brazil, and Portugal) who provided a broad view of what is happening in their countries. It is known from WEF, OECD, UN, BC reports, among others, that it will take decades and decades for gender parity to be possible. As such, we can say that, unanimously, it was concluded the importance of woman-man, woman-woman, manman (woman leader - man leader) relationships, which are bidirectional relationships, that each one has the right and obligation to, depending on their role, work and act consciously for equity and the advancement of women. We believe it was a day of knowledge sharing about the importance and contribution of women in society, specifically in economic development and growth. The impact that women create for the sustainability of companies and organizations.

Did you face significant challenges in organizing this initiative?

When organizing an event like the conference, there are always challenges (logistical, unforeseen, etc.) before and during, but it was possible to overcome them. SPROWT has a work structure

(board members, team, and volunteers) that facilitates and rewards quality and excellence. And this, for us, is very important, to feel and witness that the challenges end up being diluted, on the one hand, and, on the other hand, they serve as a force for all of us to do better. And that we manage to achieve the objectives.

Were there particularly emotional or inspiring moments during the conference that you can share?

Of course, when we organized the conference, we knew we wanted to bring the discussion of the panel themes, but also provide unique moments through culture and knowledge (culture and knowledge as two of the strategic axes of SPROWT). Therefore, inspiring moments were witnessed such as the performance of Lenna Bahule, right at the start of the conference, which brought a high level of positive, relaxing energy and created in the room what many considered to be very refreshing. The live painting by Sebastião Coana, in which, for many, it was beautiful to witness the start of the painting and the end when it was presented to the audience. We shared that this contribution from Coana was intended to officially launch the Inclusive Education Campaign, a SPROWT campaign that aims to contribute so that children and young people have access to formal education. This time, with the inclusive action More Girls in Education. Having on our side partners who participated in the Women’5 Frontline Development Conference Exhibition with their programs that are directly impacting girls and women. This participation

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showed how national and multinational companies contribute to society, serving as an example that it is possible for us all to contribute in different ways, with different models and programs.

Having held the Conference, what conclusions do you consider most relevant?

Firstly, the conference featured contributions from leaders from different sectors, public and private, which we consider pertinent and important to retain. We are talking about the creation and implementation of frameworks on equity, diversity and inclusion, regulations that companies and organizations should consider, among others. The paradigm of the family-community-society relationship, how and in what way each person should take responsibility so that new generations can grow in a society where change is made, normally and naturally, so that the advancement of women becomes a reality. Why leave aside, or rather, why don't we all work for the fair inclusion of women, who are almost half of the eight billion people in the world?

How was the event received by the participants?

Participants left throughout the day and at different times very positive testimonials, of satisfaction, having found space to share their opinions and learn, and highlighted the organization of the event, the atmosphere offered and how the panels were organized (specifically the sequence of themes) allowing learning and assimilation between facts and context, the business environment on gender equality and alignment with business sustainability. They considered that

the conference exceeded expectations, some shared that they came to really understand what it was about and left with a perspective and vision that motivates them to also want to contribute and make a difference for others. They highlighted the need for Pioneer to continue promoting actions and programs with the quality of the conference, emphasizing the role of the men who were present advocating for gender equality. Other testimonies after the event were also relevant, and particularly those of people who heard about the conference and could not attend, and congratulated for the testimonies that, in turn, they received from people they know, colleagues, etc.

The Memorandum of Understanding signed between the two organizations can be considered a milestone for gender equality in Africa. Can you enlighten us more about this aspect?

The Memorandum of Understanding signed between the SPROWT Foundation and BRICS WBA SA aims to promote economic development and the empowerment of women. Mozambique is not a member of BRICS, but BRICS WBA SA, in particular, has on its agenda to grow the network of women and their business areas, enhancing the role of women in the economy at the African continent level. This enhancement involves creating opportunities for more women to create their micro, small and medium enterprises (MSMEs), that education is a reality for girls and women, that capacity building and literacy in matters that provide women with competitive tools in the market, among others.

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Fotografia: Cortesia de W5FDC

How did the event contribute to the empowerment of women, specifically in Maputo?

The W5FDC has served to make our society review itself and courageously take steps towards paradigm shifts, implement more effective and proactive organisational cultural models, have more knowledge on the part of women entrepreneurs and business owners about the laws in force and regulations, and for them to feel the desire to learn, to share, so that other women also have an opportunity. At the same time, it was also a big step in awakening to the new way of addressing gender inequality issues, essentially from the point of view of the relationship between the presence of women in the corporate world and their family context, without neglecting the classic way of looking at these issues at the level of the sphere of public institutions.

How do you see the future of the collaboration between SPROWT Foundation and BRICS WBA SA in promoting gender equality in Africa?

Collaborations like this are positive, we are living in a period of growing human awareness on various issues, not only on gender equity and equality, but also on the importance of preserving the planet, the need for alignment of companies and organisations, on ESG and the alignment it brings with it, on long-term profitability and not short and medium term, on inclusion and leaving no one behind. If we consider that half of Africa's population are women, how is it that we still live in a present where women's intellectual capacities are questioned, where women are sidelined in decision-making processes at different levels, where conscience is conveniently used in favour of circumstance? If we look at the human, cultural and linguistic diversity that exists in Africa, collaborations like this bring more wealth because they generate more exchange of experiences, more knowledge and human growth is developed. One of the focuses of the debate was precisely the absence and the need to create a regional platform that translates, that combines, the global, continental (Africa) and regional (SADC) instruments of the gender equality agenda to national contexts, as well as the need for interaction between governments, between civil society platforms, between companies, etc.

What are the next actions planned to maintain the momentum and enthusiasm generated by the conference?

First of all, there was the commitment to joint actions in a programme initiative between the different organizations that were here. This commitment is based on new agreements and the extension of previous ones, which have been unofficially and officially established. Next, there was the commitment of the international organizations to extend the initiative to other quarters. Finally, SPROWT, in its strategic plan under the umbrella 'sustainability through actions', has projects and programmes to be worked on and, in particular, has as an upcoming agenda the compilation of the different contributions of the partners present at the W5FDC for its intervention forums.

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Fotografia: Cortesia de W5FDC

Millennium bim reafirma apoio na conservação do meio ambiente

O Millennium bim participou, a convite do Governo Distrital de Gorongosa, na 1ª Conferência Distrital de Divulgação das Potencialidades de Resiliência Climática e Atracção de Investimento para a Conservação do Meio Ambiente, que teve lugar nos dias 27 e 28 de Junho, na província de Sofala, ampliando o panorama de debate em torno das soluções contemporâneas que o país sustenta face às intempéries climáticas.

Na qualidade de único banco a operar no distrito de Gorongosa, o Millennium bim tem contribuído activamente para a integridade ecológica dos recursos físicos e biológicos, assim como na criação de oportunidades para o investimento em áreas sustentáveis que alavancam os valores socioambientais da província de Sofala.

Para além de representantes do Banco, a sessão contou com membros do Governo Provincial e Local, do Parque Nacional de Gorongosa, da AVZ, da GAPI e do FARE, entre outros parceiros, e permitiu que o Banco reforçasse o seu apoio na área de sustentabilidade ambiental. Por ocasião do evento, o PCE do Millennium

bim, João Martins, referiu: “Uma das nossas maiores responsabilidades nos tempos actuais é contribuir para a consciencialização da comunidade empresarial sobre a importância do investimento para a conservação e preservação do meio ambiente, através da adopção de negócios verdes em áreas distintas, tendo em conta que estes, mais do que gerar receitas, garantem a sustentabilidade dos investimentos e do meio ambiente.”

O apoio à sustentabilidade e resiliência climática está inserido nos pilares de acção do programa de Responsabilidade Social Mais Moçambique pra Mim, que tem vindo a ser implementado ao longo dos anos com impacto positivo na vida dos moçambicanos.

Uma das nossas maiores responsabilidades nos tempos actuais é contribuir para a consciencialização da comunidade empresarial sobre a importância do investimento para a conservação e preservação do meio ambiente – PCE do Millennium bim, João Martins

Na qualidade de único banco a operar no distrito de Gorongosa, o Millennium bim tem contribuído activamente para a integridade ecológica dos recursos físicos e biológicos.

Millennium bim strengthens Commitment to Environmental protection

Millennium bim participated, at the invitation of the District Government of Gorongosa, in the 1st District Conference on Dissemination of Climate Resilience Potentialities and Attraction of Investment for Environmental Conservation, which took place on 27 and 28 June in Sofala province, broadening the panorama of debate around the contemporary solutions that the country supports in the face of climate change.

As the sole banking institution operating in the Gorongosa district, Millennium bim has consistently been at the forefront of efforts to maintain the ecological integrity of physical and biological resources and have been instrumental in fostering sustainable investment opportunities that amplify Sofala province's socio-environmental values.

The gathering brought together representatives from an array of influen -

tial institutions. Delegates from the bank joined members of the Provincial and Local Government, Gorongosa National Park, AVZ, GAPI, and FARE, among others. This event presented an opportunity for Millennium bim to emphasize its unwavering support for environmental sustainability initiatives. On the occasion of the event, Millennium bim's CEO, João Martins, said: "One of our greatest responsibilities in current times is to contribute to raising awareness among the business community about the importance

of investing in the conservation and preservation of the environment, through the adoption of green businesses in different areas, taking into account that these, more than generating revenue, guarantee the sustainability of investments and the environment."

The support to sustainability and climate resilience is part of the pillars of action of the Social Responsibility programme Mais Moçambique pra Mim, which has been implemented over the years with a positive impact on the lives of Mozambicans.

The support to sustainability and climate resilience is part of the pillars of action of the Social Responsibility programme Mais Moçambique pra Mim.
Fotografia: Mariano Silva
A Just People Agency existe para simplificar a vida dos influencers e dos clientes, criando sinergia e entendimento mútuo

Maira Taimo e Micaella Tiago, fundadoras a Just People Agency, conversaram com a Xonguila, apresentando o projecto:

Como duas mulheres movidas pela paixão no mundo do marketing, percebemos as necessidades emergentes num mercado em pleno crescimento e decidimos avançar. A Just People Agency existe para simplificar a vida dos influencers e dos clientes, criando sinergia e entendimento mútuo. O nosso papel ultrapassa a mera gestão dos influencers. Trabalhamos em todas as etapas do processo: da procura do perfil ideal à contratação do influencer, passando pelas reuniões com os clientes, conceptualização das campanhas, definição de briefings, planeamento de conteúdos, monitorização, até à elaboração de relatórios. Além da gestão interna dos influencers, fazemos o outsourcing, procurando influenciadores não afiliados que se adeqúem às necessidades dos nossos clientes.

A nossa jornada profissional tem raízes em experiências anteriores. Trabalhámos ambas em marketing, e, coincidentemente, estudámos na mesma universidade, em momentos diferentes. Eu, Maira, trabalhei em Maputo na Ogilvy, enquanto a Micaella estava na África do Sul, na agência FCB Cape Town, onde ambas colaborámos com influencers e modelos. Compreendendo as discrepâncias entre um mercado mais desenvolvido, como o sul-africano, e um mercado emergente, como o moçambicano, vimos uma oportunidade.

Há dois anos e meio, iniciámos a nossa aventura, na era da covid-19, com uma equipa de três pessoas, que trabalha remotamente. Duas delas dividem-se entre a gestão de clientes, influencers, campanhas e a administração e finanças. A terceira é o nosso talentoso designer, fotógrafo e videógrafo, George Swanepoel, responsável pela nossa imagem visual e conteúdo. Ao longo desta jornada, conseguimos agenciar aproxi -

madamente 20 influencers que, claramente, consideramos parte da nossa equipa. A nossa actuação vai além da gestão de campanhas e influencers. Acompanhamos os nossos influencers em tudo, do processo criativo à conceptualização do conteúdo. Valorizamos a proactividade e a criação de experiências em grupo, fomentando a partilha de opiniões e vivências.

Os nossos clientes são variados. Em Moçambique, onde o mercado de influencers está ainda a florescer, incentivamos as pequenas empresas a adoptarem este meio de divulgação das suas marcas e produtos. Quanto às grandes empresas, acreditamos que o uso de influencers é imperativo para o seu sucesso.

A pandemia, por estranho que pareça, beneficiou-nos. Apesar dos cortes orçamentais iniciais, com o tempo os orçamentos têm vindo a aumentar, permitindo-nos crescer. E estamos orgulhosas do nosso impacto positivo no mercado de influencer marketing em Moçambique. Enfrentamos alguns desafios, como a valorização dos influencers e do trabalho de criação de conteúdo pelas marcas, além da discrepância entre os valores cobrados pelos diferentes influencers. Esses factores desestabilizam o mercado, muitas vezes sem que as marcas compreendam o esforço envolvido no processo de criação de um conteúdo de qualidade.

Vivemos num mundo digital. Além de gerir campanhas digitais, estamos atentas às tendências internacionais de influencer marketing. O nosso objectivo é expandir a nossa rede de influencers e continuar a lutar pela regularização do mercado em Moçambique, promovendo uma melhor valorização dos influencers.

64 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023
Fotografia: Mariano Silva

O nosso objectivo é expandir a nossa rede de influencers e continuar a lutar pela regularização do mercado em Moçambique, promovendo uma melhor valorização dos influencers.

Fotografia: Mariano Silva

Maira Taimo and Micaella Tiago, founders of Just People Agency, talked with Xonguila, presenting the project:

As two women propelled by a shared passion for marketing, we recognized the burgeoning needs of an expanding market and decided to step forward. The Just People Agency exists to streamline the lives of influencers and clients alike, fostering synergy and mutual understanding. Our role transcends the mere management of influencers. We navigate every stage of the process: identifying the perfect profile, hiring the influencer, orchestrating client meetings, campaign conceptualization, drafting briefs, planning content, monitoring progress, to crafting comprehensive reports. Apart from nurturing our in-house influencers, we extend our reach by outsourcing, scouting for non-affiliated influencers who perfectly align with our clients' requirements.

Our professional journey is rooted in past experiences. We both work with Marketing and, interestingly enough, studied at the same university, albeit at different times. I, Maira, worked with Ogilvy in Maputo, while Micaella made her mark at FCB Cape Town in South Africa, where we both had the opportunity to work alongside influencers and models. Noticing the stark contrast between a mature market like South Africa's and an emerging market like Mozambique's, we identified an opportunity.

A little over two years ago, we embarked on our journey amidst the tumultuous era of Covid-19, with a remote-working team of three. Two of our members juggle between managing clients, influencers, campaigns, and overlooking administration and finance. The third pillar of our team is our talented designer, photographer, and videographer, George Swanepoel, the creative force behind our visual image and content. Over the course of our journey,

we've been fortunate to represent approximately 20 influencers, who we regard as integral to our team. Our involvement extends beyond mere campaign and influencer management. We stand by our influencers every step of the way, right from the creative process to content conceptualization. We celebrate proactivity and foster group experiences, promoting the exchange of ideas and experiences.

Our client base is diverse. In Mozambique, where the influencer market is in its nascent stage, we inspire small businesses to embrace this medium for promoting their brands and products. As for larger corporations, we believe in the instrumental role influencers play in driving their success.

In what may seem like an irony, the pandemic has turned out to be a silver lining for us. Despite initial budgetary setbacks, we've witnessed an encouraging upward trend in budgets, propelling our growth. We take immense pride in our positive impact on Mozambique's influencer marketing landscape. We, however, acknowledge the challenges ahead, such as establishing the value of influencers, recognition of content creation efforts by brands, and balancing the wide variation in rates charged by different influencers. These factors can potentially destabilize the market, often without the brands comprehending the underlying effort involved in crafting high-quality content.

We live in a digital era. Beyond digital campaigns management,we stay abreast of global trends in influencer marketing. Our aspiration is to expand our influencer network and continue advocating for market regulation in Mozambique, striving for greater recognition and appreciation of influencers.

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“We stand by our influencers every step of the way, right from the creative process to content conceptualization. We celebrate proactivity and foster group experiences, promoting the exchange of ideas and experiences.”
Julho - July 2023 • Ed. 60 © Revista Xonguila | 69
Fotografia: Fotografia de Eva Blue
“Fui criado por uma mãe solteira, que me ensinou desde cedo que somos nós que definimos o nosso futuro, sendo que o passado e o presente não podem definir para onde devemos ir e o que devemos ser”.

MÁRIO JOÃO GOMES, ABIDJAN, COSTA DO MARFIM

Escrito por: Eliana Silva

Que a energia move montanhas, já sabemos. No caso de Mário Gomes, foi o interesse pelo desenvolvimento internacional que o fez transformar-se num profissional que se move por diferentes latitudes, sempre tendo em mente a eficiência da energia. De Abidjan, na Costa do Marfim, este moçambicano conta-nos como é que tem somado experiências em vários países a trabalhar para o Banco Africano de Desenvolvimento.

Hoje, é directamente do principal centro financeiro da África Ocidental, Abidjan, que Mário Gomes nos escreve. Daqui a uns dias, ou na semana seguinte, já não saberemos. Gestor de projectos para o sector privado, particularmente com grande enfoque no desenvolvimento económico local e pequenas e médias empresas (PMEs), está fora há quase 4 anos – após uma experiência de quase 3 anos em Nairobi, no Quénia –, embora passe semanas e meses, todos os anos, em missões, a identificar necessidades, a desenhar e a implementar projectos de desenvolvimento para clientes públicos e privados.

Gomes entrou cedo em organizações internacionais e em bancos multilaterais de desenvolvimento, desde o Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP), a Corporação Financeira Internacional (CFI) – braço priva -

do do Grupo Banco Mundial –, o Centro de Comércio Internacional (CCI), uma agência conjunta da Nações Unidas e da Organização Mundial do Comércio (OMC), ou mesmo o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), entre muitas outras instituições privadas, e do ensino superior, como docente, o que o levou a ter a consciência de que teria que se mover bastante ao longo da sua carreira: ‘’Eu sabia que me tornaria um cidadão global. A minha vida profissional seria outra, e tive de aceitar que viajar periodicamente pelo mundo faria parte dessa rotina. Conhecer colegas com diferentes formações académicas e profissionais, experiências e culturas, além de atender às necessidades de clientes em diferentes contextos seria um dever’’.

De forma a ajudar e a contribuir para a redução da pobreza e as assimetrias sociais, algo importante para Mário, o moçambicano es-

Diáspora 74 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023
“ Nos últimos 17 anos, trabalhei em mais de 25 países, principalmente em África, mas também na Ásia”
- Mário João Gomes

tava disposto a ir mais longe, ‘’onde pudesse fazer a diferença, e que exigia a concepção e implementação de projectos para atender às necessidades dos clientes, em todos os lugares’’, como partilha, através de correspondência electrónica.

‘’Nos últimos 17 anos, trabalhei em mais de 25 países, principalmente em África, mas também na Ásia (China). Portanto, sair de Moçambique, e trabalhar no estrangeiro, é consequente, é uma coisa natural. O segundo aspecto é que fui criado por uma mãe solteira, que me ensinou desde cedo que somos nós que definimos o nosso futuro, sendo que o passado e o presente não podem definir para onde devemos ir e o que devemos ser. Além disso, li dezenas de livros sobre grandes pessoas que viajaram pelo mundo com a intenção de causar impacto e, finalmente, sendo jogador de basquetebol durante 12 anos, também aprendi a sentir-me confortável com as mudanças constantes’’, como num jogo de bola ao cesto onde, num segundo, tudo pode mudar, de uma derrota aparente a uma vitória final, e vice-versa” – partilha.

Aos 51 anos, Mário Gomes divide o seu tempo entre as suas obrigações profissionais, a actividade desportiva diária (basquetebol, um eterno amor, natação e ioga), os estudos de pós-graduação no Reino Unido (onde neste momento se encontra no final do primeiro ano do mestrado em Finanças e Economia de Energia na Universidade de Aberdeen, após ter concluído, há 1 ano, o MBA em Petróleo e Gás), viagens de trabalho e, obviamente, o cuidar da família. Está dedicado à missão do Banco Africano de Desenvolvimento e pretende expandir o seu conhecimento e implementar projectos na África Central e do Norte, sempre com Moçambique no pensamento. Aliás, diz-nos: “Tenho três projectos em Moçambique, em torno de conteúdo local e desenvolvimento de PMEs, que são implementados por duas entidades, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) e o Instituto de Promoção de Pequenas e Medias Empresas (IPEME). Pedidos semelhantes têm vindo a ser enviados por países-membros, como a Guiné Equatorial e a Mauritânia, ao Banco, o que mostra que Moçambique está bem posicionado no mapa continental como um exemplo de implementação de projectos para PMEs.

Diáspora Julho - July 2023 • Ed. 60 © Revista Xonguila | 75
Fotografia: Cortesia de Mário João Gomes

MÁRIO JOÃO GOMES, ABIDJAN, CÔTE D'IVOIRE

We already know that energy moves mountains. In the case of Mário Gomes, it was his interest in international development that made him become a professional who moves across different latitudes, always with energy efficiency in mind. From Abidjan, Côte d'Ivoire, the Mozambican tells us how he has gathered experience in several countries working for the African Development Bank.

Today, Mário Gomes writes to us directly from West Africa's main financial center, Abidjan. In a few days, or next week, we won't know. A project manager for the private sector, particularly with a strong focus on local economic development and small and medium-sized enterprises (SMEs), he has been away for almost 4 years - after a stint of almost 3 years in Nairobi, Kenya - although he spends weeks and months each year on assignments, identifying needs, designing and implementing development projects for public and private clients.

Gomes entered international organizations and multilateral development banks early on, from the United Nations Population Fund (UNFPA), the International Finance Corporation (IFC) -

the private arm of the World Bank Group - The International Trade Centre (ITC), a joint agency of the United Nations and the World Trade Organization (WTO), or even the African Development Bank (AfDB), among many other private institutions, and higher education, as a lecturer, which made him aware that he would have to move around a lot during his career: ''I knew I would become a global citizen. My professional life would be different, and I had to accept that traveling the world periodically would be part of that routine. Meeting colleagues with different academic and professional backgrounds, experiences and cultures, as well as meeting the needs of clients in different contexts would be a must''.

In order to help and contribute to the reduction

Diáspora 76 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023
I have three projects in Mozambique, around local content and SME development, which are implemented by two entities, the National Hydrocarbon Company (ENH) and the Institute for the Promotion of Small and Medium Enterprises (IPEME)." - Mário João Gomes

of poverty and social asymmetries, something important to Mário, the Mozambican was willing to go further, ''where I could make a difference, and that required designing and implementing projects to meet the needs of clients, everywhere'', as he shares, through electronic correspondence.

''In the last 17 years, I have worked in more than 25 countries, mainly in Africa, but also in Asia (China). Therefore, leaving Mozambique and working abroad is consequent, it is a natural thing. The second aspect is that I was raised by a single mother, who taught me from an early age that we are the ones who define our future, and the past and the present cannot define where we should go and who we should be. In addition, I read dozens of books about great people who traveled the world with the intention of making an impact, and finally, being a basketball player for 12 years, I also learned to be comfortable with constant change, like in a basketball game where, everything can change in a second, from an apparent defeat to a final victory, and vice versa" - he shares.

At the age of 51, Mário Gomes divides his time between his professional obligations, daily sporting activity (basketball, an eternal love, swimming and yoga), postgraduate studies in the UK (where he is currently at the end of the first year of the Master's degree in Finance and Energy Economics at the University of Aberdeen, after having completed, 1 year ago, the MBA in Oil and Gas), business trips and, of course, taking care of his family. He is dedicated to the mission of the African Development Bank and intends to expand his knowledge and implement projects in Central and North Africa, always with Mozambique in mind. In fact, he tells us: "I have three projects in Mozambique, around local content and SME development, which are implemented by two entities, the National Hydrocarbon Company (ENH) and the Institute for the Promotion of Small and Medium Enterprises (IPEME). Similar requests have been sent by member countries such as Equatorial Guinea and Mauritania to the Bank, which shows that Mozambique is well positioned on the continental map as an example of SME project implementation.

Fotografia: Cortesia de Mário João Gomes

HÉDITO BB TIME

INGREDIENTES:

JAMESON BLACK BARREL – 50 ML XAROPE DE AÇÚCAR – 15 ML

ÁGUA DE LANHO – 150 ML

Num shaker, colocar gelo, Jameson, xarope de açúcar e, por fim, água de lanho. Agitar vigorosamente por 30 segundos e servir. Decorar com flores e pedaços de coco.

Fotografia: Mariano Silva
“Jameson e lanho, uma dança de sabores tão irlandesa quanto tropical. Sláinte!”
– Hédito Marcelino, Jameson Brand Ambassador

HÉDITO BB TIME

INGREDIENTS:

JAMESON BLACK BARREL - 50 ML

SUGAR SYRUP - 15 ML

TIN WATER - 150 ML

In a shaker, add ice, Jameson, sugar syrup and, finally, coconut water. Shake vigorously for 30 seconds and serve. Garnish with flowers and coconut pieces.

Fotografia: Mariano Silva
“Jameson and coconut water, a dance of flavors as Irish as it is tropical. Sláinte”
– Hédito Marcelino, Jameson Brand Ambassador
Fotografia: Cortesia de UPA
Escola Azul

Escola Azul

AEscola Portuguesa de Moçambique –Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) obteve, recentemente, a aprovação para integrar a comunidade escolar Escola Azul. Tal reconhecimento é resultado do envolvimento activo da EPM-CELP no entendimento da influência do oceano sobre a humanidade.

Esta distinção, a primeira concedida em 2023, reforça o comprometimento da EPM-CELP com as iniciativas de prevenção, mitigação e correcção dos efeitos da insustentabilidade, abordados nas aulas de educação para a cidadania.

A Escola Azul é um programa educativo do Ministério da Economia e do Mar de Portugal que visa promover a literacia do oceano na comunidade escolar e formar gerações mais conscientes e participativas, que possam contribuir para a sustentabilidade do oceano. Este programa distingue as instituições de ensino que incorporam temas ligados ao mar nos seus currículos, formando uma comunidade que une escolas, indústria marítima, municípios, ONGs, universidades e outras entidades com um papel activo na literacia do oceano.

O projecto em referência visa motivar a comunidade escolar a entender a influência recíproca entre o oceano e nós, incentivando as escolas a abordar a

temática do oceano de uma forma estruturada, interdisciplinar e profunda, o que transcende o contexto da sala de aula e tem impacto a nível social, através quer do envolvimento das comunidades locais, quer da colaboração de diferentes parceiros.

O programa Escola Azul também inclui acções de educação marinha multidisciplinares numa rede de parceiros diversificada, dirigida às Escolas Azuis. Por meio de uma aprendizagem transversal, inovadora e criativa, a Escola Azul estimula o desenvolvimento do pensamento crítico e da iniciativa nos estudantes e incentiva-os a aplicar os seus conhecimentos em mudanças de atitude concretas na sua relação com o oceano. A centralidade do programa Escola Azul é retratada no capítulo "Fostering Ocean-Literate Generations: The Portuguese Blue School", publicado numa edição da Springer sobre literacia do oceano, em Junho de 2021.

A conquista deste título pela EPM-CELP deve-se, sobretudo, a actividades que a UPA (associação estudantil Unidos pelo Ambiente) implementou com o intuito de promover a sustentabilidade dos oceanos. Como exemplo, podemos mencionar o "World Clean Up Day", realizado na Ponta Dobela e na Costa do Sol, de que a Xonguila deu notícia. A UPA desenvolve projectos que visam sensibilizar e alterar os hábitos da população em prol de um bem maior.

Acontece

Blue School

The Portuguese School of MozambiqueCenter for Teaching and Portuguese Language (EPM-CELP) was recently approved to join the Blue School community. This recognition is the result of EPM-CELP's active involvement in understanding the influence of the ocean on humanity.

This distinction, the first awarded in 2023, reinforces EPM-CELP's commitment to initiatives to prevent, mitigate and correct the effects of unsustainability, addressed in citizenship education classes.

The Blue School is an educational program of the Portuguese Ministry of Economy and the Sea that aims to promote ocean literacy in the school community and train more aware and participatory generations that can contribute to the sustainability of the ocean. This program distinguishes educational institutions that incorporate ocean-related themes into their curricula, forming a community that unites schools, maritime industry, municipalities, NGOs, universities and other entities with an active role in ocean literacy.

The project aims to motivate the school community to understand the reciprocal influence between the ocean and humans by encouraging

schools to address the ocean theme in a structured, interdisciplinary and in-depth way, which transcends the classroom context and has an impact at the social level, both through the involvement of local communities and the collaboration of different partners.

The Blue School program also includes multidisciplinary marine education actions in a diverse network of partners targeting Blue Schools. Through cross-curricular, innovative and creative learning, the Blue School stimulates the development of critical thinking and initiative in students and encourages them to apply their knowledge to concrete attitudinal changes in their relationship with the ocean. The centrality of the Blue School program is portrayed in the chapter "Fostering Ocean-Literate Generations: The Portuguese Blue School", published in a Springer edition on ocean literacy in June 2021.

The achievement of this title by EPM-CELP is mainly due to activities that the UPA (student association Unidos pelo Ambiente) implemented to promote ocean sustainability. As an example, we can mention the "World Clean Up Day", held in Ponta Dobela and Costa do Sol, which Xonguila reported on. The UPA develops projects that aim to raise awareness and change the habits of the population for the greater good.

Julho - July 2023 • Ed. 60 © Revista Xonguila | 87
Fotografia: Cortesia de UPA

Xiquitsi Concerto para Pais e Filhos Montebelo Indy

Fotografia: Mariano Silva
Xiquitsi Concerto para Pais e Filhos Montebelo Indy
Fotografia: Mariano Silva
WELL DONE TO ALL THE ORGANIZATIONS THAT RECOGNIZE THE IMPORTANCE OF PEOPLE TO DRIVE SUCCESS!
BIG
WWW.ELITEEMPLOYER.COM

Semana LGBTQIA+ Centro Cultural Franco-Moçambicano

Fotografia: Cortesia de Centro Cultural Franco-Moçambicano
Espetáculo Granmah Fotografia: Jay Garrido
Granmah Cais 66
96 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023
Julho - July 2023 • Ed. 60 © Revista Xonguila | 97

35mm COMO CUIDAR DE UM ELEFANTE BEBÉ

Como Cuidar de um Elefante Bebé (The Elephant Whisperers) retrata a emocionante jornada de um casal no sul da Índia dedicado a cuidar de um pequeno elefante órfão. Uma família singular, unida por desafios e crises.

Condecorado com o Óscar para Melhor Documentário em Curta-Metragem, este documentário explora uma relação profundamente sensível e entre seres humanos e animais batalhando simultaneamente pela mútua sobrevivência. Gravado antes da pandemia da covid-19, escapa ao sensacionalismo e à banalidade, enaltecendo a grandiosidade do nosso planeta.

Como Cuidar de um Elefante Bebé apresenta uma narração intimista onde se expõe a vida diária de jovens elefantes órfãos, feridos ou desamparados. Realizado por Kartiki Gonsalves, ilustra o amor autêntico dos cuidadores Bonman e Belli por um pequeno elefante, Raghu, após a devastadora perda de uma filha. Raghu reside no santuário de Theppakadu, um dos mais antigos ainda em funcionamento.

Ao invés de destacar temas pesados como a caça furtiva, o documentário prefere

um enfoque mais optimista, retratando uma realidade complexa, porém digna. Com uma soberba direcção de fotografia, desvenda imagens deslumbrantes de entardeceres e elefantes majestosos. Esta película, que se encontra disponível na plataforma de streaming Netflix, é uma obra suave, delicada e emotiva que certamente influenciará futuras produções do género.

Tal como na Índia, existem elefantes em Moçambique, sendo também aqui essencial protegerem-se estes majestosos animais. É deveras importante termos narrativas que destaquem as suas histórias e nos inspirem a repensar o nosso papel enquanto guardiões do nosso precioso ambiente natural. Este documentário pode ser uma chamada à acção, um lembrete de que, independentemente da localização geográfica, a responsabilidade pela preservação da natureza é um dever colectivo.

HOW TO CARE FOR A BABY ELEPHANT

The Documentary The Elephant Whisperers portrays the emotional journey of a couple in southern India catering for a small orphaned elephant. A singular family, united by challenges and crises.

Awarded the Oscar for Best Documentary Short Film, this documentary explores a deeply sensitive relationship between humans and animals simultaneously battling for mutual survival. Being recorded before the Covid-19 pandemic, it escapes from sensationalism and banality, showcasing the grandeur of our planet.

“How to Care for a Baby Elephant” presents an intimate portrait of the daily lives of young elephants who are orphaned, injured or helpless. Directed by Kartiki Gonsalves, it illustrates the authentic love of the caretakers Bonman and Belli for a little elephant, Raghu, after the devastating loss of a daughter. Raghu resides in the Theppakadu sanctuary, one of the

oldest still in operation.

Instead of highlighting heavy themes such as poaching, the documentary chooses a more optimistic approach, portraying a complex but dignified reality. With superb cinematography, it unveils stunning images of sunsets and majestic elephants. This film, which is available on the Netflix streaming platform, is a soft, delicate and emotional work that will certainly influence future productions of the genre.

Just like in India, there are elephants in Mozambique, and it is also essential to protect these majestic animals. It is very important to have narratives that highlight their stories and inspire us to rethink our role as guardians of our precious natural environment. This documentary can be a call to action, a reminder that, regardless of geographical location, the responsibility to preserve nature is a collective duty.

35mm

As conversas de Nhamacata

Neste livro de contos, a realidade e a ficção navegam de mãos dadas, não existem fronteiras definidas. Na sua narrativa peculiar, Gonçalves Patrício embala-nos numa agradável surpresa rumo ao nosso cosmo existencial, onde existem lugares povoados de beleza e também de (in)certezas. A leitura de As Conversas de Nhamacata deve ser descontraída, mas ao mesmo tempo atenta, para descortinar os encantos que cada conto encerra. E, ao chegarmos à última página, somos ainda bafejados com aquela vontade de continuarmos a leitura ora já rematada.

As conversas de Nhamacata (‘Conversations from Nhamacata’)

In this collection of stories, reality and fiction interweave seamlessly, with no discernible boundaries. Through his unique narrative style, Gonçalves Patrício guides us on a delightful journey into our existential cosmos, where we encounter locales filled with both beauty and (un)certainty. Reading "Conversations from Nhamacata" should be a relaxed yet attentive process, as each tale contains hidden gems to be discovered. As we reach the final page, we find ourselves filled with an eagerness to continue the already-concluded exploration.

Crónicas de um insubmisso

“Com a minha provecta idade, pareceu-me justificado revolver os meus arquivos, tanto os mais antigos em papel impresso ou dactilografado, como os mais recentes em formato digital, e fazer uma introspecção sobre o percurso da minha vida e sobre aquilo que fui escrevendo ao longo do tempo”.

“Pude recordar como sempre fui um insubmisso. Esse espírito rebelde da juventude (e que me persegue ainda hoje) levou-me a saber avaliar os ventos da História e a saber posicionar-me no lado correcto”.

“Em vários momentos da minha vida, acharam-me corajoso e, de facto, analisando retrospectivamente, tive de concluir que podem-me acusar de muita coisa, mas não de falta de coragem. Fiquei orgulhoso de ter sabido dizer e escrever, nos momentos certos, verdades, por vezes difíceis de serem aceites”.

“Também os circunstancialismos da minha vida, em momentos conturbados da História, proporcionaram-me experiências inesquecíveis e inabituais e não serão muitos os que possam dizer que viveram a Vida tão bem como eu a vivi. Acho que posso afirmar que os jovens de hoje podem encontrar nestas «Crónicas dum Insubmisso» alguma fonte de inspiração para encontrarem as soluções dos problemas da actualidade”.

“Cresci e vivi em momentos conturbados da História do Mundo e do nosso país e fiz o possível por tentar dar a minha modesta contribuição à tentativa de solução dos problemas encontrados. Penso que não fiz nada de especial, pois só cumpri um dever de cidadania. Mas gostava que os jovens de hoje, a começar pelos meus netos, fizessem o mesmo, isto é, dessem a sua contribuição empenhada na tentativa de solução dos problemas da actualidade, que são muitos”.

Crónicas de um insubmisso (‘Chronicles of an Unyielding)

"At my advanced age, it seemed appropriate to delve into my archives, from the oldest paper records to the more recent digital files, and introspect about the journey of my life and my written works over time."

"I was reminded of how I've always been unyielding. This rebellious spirit from my youth (that still follows me today) taught me how to assess the winds of History and position myself on the right side."

"At various moments in my life, people have deemed me courageous. Indeed, upon reflection, I must conclude that I can be accused of many things, but not a lack of courage. I take pride in having voiced and penned truths, at the right moments, that were sometimes hard to accept."

"The circumstances of my life, during turbulent times in history, have gifted me with unforgettable and extraordinary experiences. Few can claim to have lived life as fully as I have. I believe young people today may find inspiration in these 'Chronicles of an Unyield-

ing' to solve the challenges of our time."

"I grew up and lived through tumultuous moments in world and national history, and I strove to contribute, albeit modestly, to the resolution of encountered problems. I don't think I did anything special; I was merely fulfilling my duty as a citizen. But I hope that today's youth, starting with my grandchildren, will do the same - contribute earnestly to solving current problems, which are plentiful."

Até aos dias de hoje, missangas e loiça antigas dão à costa nas praias da Ilha de Moçambique.

Fotografia: Nuno Azevedo

A cada maré, novos fragmentos de missangas e loiça são depositados na areia, proporcionando uma oportunidade única para os visitantes e habitantes locais descobrirem peças de um passado distante.

MISSANGAS E LOIÇA NA ILHA DE MOÇAMBIQUE:

A Ilha de Moçambique, situada na costa norte do país, é um local repleto de história e encanto. Desde o século XV, quando os portugueses ali chegaram, este pequeno pedaço de terra tem sido palco de inúmeras trocas culturais e comerciais. Uma das interessantes e curiosas manifestações desta herança histórica é a presença de missangas e loiça antigas que, até aos dias de hoje, dão à costa nas praias daquela cidade.

As missangas, pequenas contas coloridas de vidro, datam de há muito em Moçambique. Eram utilizadas como adornos e símbolos de status, mas Ótambém como moeda de troca nas rotas comerciais entre África, a Europa e a Ásia. Na Ilha de Moçambique, a presença destas missangas testemunha o papel fundamental que o local desempenhou nas trocas comerciais e culturais ao longo dos séculos. De loiça, por sua vez, são maioritariamente fragmentos de porcelana e cerâmica que remontam à época colonial portuguesa. Tais fragmentos, muitos dos quais com padrões e cores vibrantes, são vestígios das trocas comerciais entre a Europa e o Oriente. A porcelana, originária da China, era um bem valioso e procurado, frequentemente transportada pelos navios portugueses que aportavam naquele

espaço insular.

Para a dispersão destes tesouros históricos pelas praias da Ilha contribuem as correntes marítimas e as tempestades que atingem a costa moçambicana. A cada maré, novos fragmentos de missangas e loiça são depositados na areia, proporcionando uma oportunidade única para os visitantes e habitantes locais descobrirem peças de um passado distante.

Além do seu valor histórico, estas relíquias têm um valor cultural e artístico. Muitos habitantes da Ilha de Moçambique e artistas aproveitam aqueles fragmentos para criar bijuteria, objectos decorativos e obras de arte que, mantendo viva a memória de um passado rico em trocas culturais e comerciais, perpetuam tradições e a história da Ilha.

TESOURO HISTÓRICO À FLOR DA
UM
ÁGUA
Imagens representativas
A presença destas missangas e loiça na Ilha de Moçambique testemunha o papel fundamental que o local desempenhou nas trocas comerciais e culturais ao longo dos séculos.
Fotografia: Nuno Azevedo

BEADS AND CROCKERY ON THE ISLAND OF MOZAMBIQUE: A HISTORICAL TREASURE AT THE WATER'S EDGE

Nestled on the northern coastline of Mozambique, the Island of Mozambique is a place teeming with history and charm. Ever since the 15th-century arrival of the Portuguese, this speck of land has served as a vibrant stage for a myriad of cultural and commercial exchanges. Today, the remnants of this historical tapestry emerge in the form of ancient beads and pottery, consistently washing up on the city's beaches.

These beads, diminutive yet vibrant spheres of glass, hold a long-standing place in Mozambique's history. Employed as decorative adornments and status markers, they also served as currency in the intricate network of trade routes weaving Africa, Europe, and Asia together. Their pre-

sence on the Island of Mozambique stands as a testament to the critical role this location played in these cultural and commercial dialogues over centuries.

Complementing the story told by the beads are fragments of pottery – relics predomi-

Imagens representativas

nantly from the era of Portuguese colonial rule. These fragments, often vibrant in color and design, provide a tangible link to the trade exchanges that spanned Europe and the East. Porcelain, a much-coveted commodity originating from China, was frequently part of the cargo aboard Portuguese ships that dropped anchor at this island.

The dispersion of these historical treasures across the island's sandy shores is shaped by the dance of ocean currents and the surge of storms along the Mozambican coast. With each ebb and flow of the tide, new fragments of beads and pottery are deposited on the

sand, presenting an ongoing opportunity for locals and visitors to uncover tangible links to a past era.

But these historical relics hold more than just historical value. They also encapsulate a cultural and artistic resonance. Many inhabitants of the Island of Mozambique, as well as artists, repurpose these fragments to create exquisite jewelry, decorative objects, and artworks. In doing so, they not only keep alive the memory of a past teeming with cultural and commercial exchanges but also carry forward the enduring traditions and rich history of the Island.

O POUCO É MUITO

O pouco me chega, se eu consigo comer. O pouco me basta, se eu consigo vestir. O pouco me serve, Se eu consigo dormir.

O pouco é muito, se eu posso pensar.

Minha Gaia, minha Gaia, nutra-me! Minha Lua, minha Lua, mostre-me!

Meu Sol, meu Sol, aqueça-me!

O pouco é muito, se eu quiser pensar.

Por que eu senti que, o pouco, não chega?

Por que eu disse que, o pouco, não basta?

Por que eu pensei que, o pouco, não serve?

Eu sou o alimento que como.

Eu sou o traje que visto.

Eu sou o colo onde durmo. Se eu sou eu, o pouco é muito.

116 | Revista Xonguila © Ed. 60 • Julho - July 2023

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