Revista Xonguila Nº53

Page 1

Publicação mensal • Novembro/November 2022 • Ed. 53 • Ano 05 • 300 MZN • xonguila.co.mz Valorizando o património arquitectónico Promoting architectural heritage MIGUEL GONÇALVES Prémio Tusk Conservation 2022 Tusk Conservation Prize 2022 OPEN HOUSE MAPUTO 2022 MOREIRA CHONGUIÇA “Sounds of Peace” Modalidades que crescem em Inhambane Sports on the rise in Inhambane SURF E KITESURF

“Não importa a raça ou o país de origem, o que importa é que precisamos partilhar, precisamos criar espaço e silêncio para alcançar coisas sobre as quais não temos controle.” – Moreira Chonguiça.

Fotografia: Mariano Silva
Fotografia: Mariano Silva

Moreira Chonguiça lança “SOUNDS OF PEACE”

“Sounds of Peace”, o aguardado oitavo álbum do homem do jazz Morei ra Chonguiça, chega a nós 5 anos após o aclamado “M&M”, com o Leão de África, Manu Dibango. É um álbum instigador, reflexivo e introspectivo, que explora influências da herança moçambicana e experiências pessoais dos últimos anos.

Inspirado pela rica diversidade e multiplicidade de línguas e tribos que caracterizam a paisagem cultural de Moçambique, Moreira Chonguiça usou melodias vocais, rit mos e instrumentos vários em músicas cantadas em diversos idiomas. Por exemplo, “Orera Khurera” é da província de Nampula, cantada na língua macua, idioma que, também presente nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Zambézia, é falado por cerca de 6 milhões de moçambicanos; “Myadi vya Imumu” e “Kwetu kwa Sidudu” são em maconde, da província de Cabo Delgado; já “Ndzakurhandza”, “Mamana wanga”, “Hosi” e “Nghwazi” trazem consigo idiomas dos grupos tsonga (a língua changana) e nguni (grupo de línguas faladas pelas etnias swazi, zulu e xhosa).

“Sounds of Peace” é, pois, uma celebração da vida, da diversidade, de diferenças e semelhanças entre os povos africanos, que têm uma multiplicidade de influências, de árabes, asiáticos, portugueses e outros europeus. É sobre paz, colaboração e saúde mental, importantes aspectos nesta desafiante época em que vivemos.

“Pretendo partilhar com os jovens, constituintes de uma parte significativa da popu lação mundial, que não existem fronteiras na cultura. Não importa a raça, o país de origem, o que importa é que precisamos partilhar, precisamos criar espaço e silêncio para alcançar coisas sobre as quais não temos controle”, disse Chonguiça.

Moreira Chonguiça gravou este álbum integralmente em Moçambique, servindo-se de jovens músicos, alguns dos quais vindos do seu próprio projecto, o MoreJazz Big Band, lançado há oito anos. Foi um momento vivido em conjunto para cada um dos jovens buscar no seu âmago o sentimento mais puro e expressá-lo musicalmente. “Esta foi para mim uma gravação emocional e extraordinária, visto que alguns dos músicos nunca antes tinham estado envolvidos numa gravação desta natureza”, afirmou Chon guiça.

Foi na Friends Studios Productions Mozambique que se fez a gravação, com a assistên cia da SAMRO Music Creation Support Fund e da Água Vengo. A mistura e a masteriza ção estiveram a cargo de Murray Anderson, na Milestone Studios, em Cape Town, África do Sul.

O álbum encontra-se disponível digitalmente desde 4 de Novembro, em todas as prin cipais plataformas de streaming e Bandcamp. É oficialmente lançado também neste mês, tanto em Moçambique como no maior festival de jazz da África do Sul, o “Joy of Jazz”, no Sandton Convention Centre.

“Sounds of Peace” é uma celebração da vida, da diversidade, de diferenças e semelhanças entre os povos africanos.

SOBRE MOREIRA CHONGUIÇA

Saxofonista de jazz, compositor e produtor moçambicano, Moreira Chonguiça é conhecido como um dos expoentes máximos do jazz inovador e original de África.

Como artista independente com sete álbuns premiados e amplamente aclamados, Moreira Chonguiça afirma-se a partir das suas raízes africanas. Suas enérgicas composições rítmicas contemporâneas, inspiradas por Miles Davis, Fela Kuti, Percy Sledge e Manu Dibango, ganha ram aplausos nos seis continentes, marcadas por um som único, agilidade técnica e engenho sidade no saxofone alto e soprano, associados a uma apaixonada performance de palco.

A paixão e a motivação de Moreira para promover a cultura e o estilo de vida moçambicanos através do jazz fizeram com que o seu festival Morejazz Series, cuja primeira edição teve lugar em 2011, e a Morejazz Big Band, criada em 2014, se tornassem elementos permanentes no pa norama jazzístico de Moçambique.

O festival Morejazz Series, cuja primeira edição teve lugar em 2011, e a Morejazz Big Band, criada em 2014, tornaram-se elementos permanentes no panorama jazzístico de Moçambique.

Fotografia: Mariano Silva
“Pretendo partilhar com os jovens, constituintes de uma parte significativa da população mundial, que não existem fronteiras na cultura.”
Fotografia: Mariano Silva

Moreira Chonguiça releases “SOUNDS OF PEACE”

‘Sounds of Peace’, the long awaited eighth album from jazzman Moreira Chonguiça, comes to us 5 years after the acclaimed ‘M&M´, a collabora tion with the lion of Africa himself, Manu Dibango. The new release is a thought-provoking, reflective and introspective album that explores influ ences drawn from Mozambique’s heritage and the artist’s personal experi ences of recent years.

‘Sounds of Peace’, the long awaited eighth album from jazzman Moreira Chonguiça, comes to us 5 years after the acclaimed ‘M&M´, a collaboration with the lion of Africa himself, Manu Dibango. The new release is a thought-provok ing, reflective and introspective album that explores influences drawn from Mozambique’s heritage and the artist’s personal experiences of recent years.

Inspired by the rich diversity and multiplicity of languages and tribes that char acterise Mozambique’s cultural landscape, Moreira Chonguiça used various vocal melodies, rhythms and instruments in songs sung in several languages. For example, ‘Orera Khurera’ is from Nampula province and sung in the Mac ua language – also present in Cabo Delgado, Niassa and Zambézia provinces and spoken by about 6 million Mozambicans. ‘Myadi vya Imumu’ and ‘Kwetu kwa Sidudu’ are sung in Makonde, from Cabo Delgado province. On the other hand, there are ‘Ndzakurhandza’, ‘Mamana wanga’, ‘Hosi’ and ‘Nghwazi’, songs representing two main language groups: Ttsonga (in the use of Changana) and Nguni (spoken by the Swazi, Zulu and Xhosa ethnic groups).

‘Sounds of Peace’ is therefore a celebration of life and diversity, of differences and similarities between African peoples, who have a multiplicity of influences, from Arabs, Asians and Portuguese to other Europeans. It is about peace, col laboration and mental health, important aspects in this challenging times.

“Young people make up a significant part of the world’s population, and I want to share with them that there are no borders in culture. Irrespectively of their race or country of origin, what matters is that we need to share, we need to create space and silence to achieve things over which we have no control”, said Chonguiça.

Fotografia: Mariano Silva

Moreira Chonguiça recorded this album entirely in Mozambique, using young musicians, some of whom came from his own project, the MoreJazz Big Band, launched eight years ago. It was a collective experience that allowed the young musicians to each reach deep inside themselves, find the purest feeling and express it musically. “This was an emotional and extraordinary recording process for me, as some of the musicians had never before been involved in a project of this nature”, said Chonguiça.

Recording took place at the Friends Studios Productions Mozambique, with support from SAMRO Music Creation Support Fund and Água Vengo. Mixing and mastering was done by Murray Anderson at Milestone Studios in Cape Town, South Africa. The album has been available in digital format since November 4th, on all major stream ing platforms and Bandcamp. It will be officially launched this month as well, in Mo zambique and South Africa, at that country´s biggest jazz festival, the ‘Joy of Jazz’, at the Sandton Convention Centre.

Fotografia: Mariano Silva

Africanicidade é transformar o passado para inspirar o futuro

Somos inspirados pelo Gonçalo Mabunda que transforma cada desafio numa oportunidade.

No Absa, chamamos isso de Africanicidade.

Para nós é muito mais do que uma nova palavra. É como fazemos as coisas e é o nosso compromisso em ajudar as pessoas a encontrar uma maneira de fazer as coisas acontecerem.

Saiba mais sobre Africanicidade em absa.co.mz/pt/africanicidade/ #AdoramosAfricanicidade Absa Bank Moçambique, SA (registado sob o número 101220982) é regulado pelo Banco de Moçambique.
4 “SOUNDS OF PEACE” O novo álbum de Moreira Chonguiça Moreira Chonguiça’s new album 38 OPEN HOUSE MAPUTO Valorizando o nosso património arquitectónico Promoting architectural heritage 66 SURF & KITESURF Na Terra da Boa Gente Surfing in the ‘Land of Good People’ 20 ABSA Educação financeira de crianças Teaching children financial literacy 56 MIGUEL GONÇALVES Vencedor do “Tusk Conservation Awards 2022” Wins ‘Tusk Conservation Awards 2022’

Audiovisuais/Audiovisual Producers: Nuno Lopes, Ana Piedade, Mariano Silva • Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz

Sumário Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 17 110 CINEMA 35MM A Mulher Rei, a incrível história das guerreiras Agojie The Woman King, the incredible story of the Agojie warriors 108 ALCANCE As sugestões da Alcance para este mês This month’s reading suggestions by Alcance Editores 114 MAFENHA Por Sérgio Zimba
Zimba 80 UPA Associação estudantil conquista galardão para a EPM Student association wins award for EPM 50 CHEGOU O VERÃO Momento certo para apostar no turismo! The right time to invest in tourism! 86 DRINKS AND SHOTS By Pernod Ricard, Bloody Mary Oyster
Pernod Ricard, Bloody Mary Oyster FICHA TÉCNICA/BIOS Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares, Mariano Silva • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Mariano Silva • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Eliana Silva, Mariano Silva, Nuno Soares, Jaime Álvaro, Pre cidónio Silvério, Aayat Irfan • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): M. Gabriela Carrilho Aragão • Fotografia/ Photography: Mariano Silva • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/Visuals: Omar Diogo • Infografia e Pagina ção/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores
• Impressão/Printing: Minerva
Distribution:
• Registo
Industrial/Industrial Property
Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução,
ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista. The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine 102 KARINGANA Textos livres com assinatura Signature freewriting 92 DIÁSPORA Sharon Ibraimo, de Maputo para Lisboa Sharon Ibraimo, from Maputo to Lisbon 32 SHAAZIA ADAM Desfile alusivo aos 100 do Polana A fashion show on Hotel Polana´s 100th Anniversary
By Sérgio
By
Print
Distribuição/
Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661
Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018
de Propriedade
Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)
parcial

Do Director / From the Director

Prezado leitor,

O verão está aí. Chegaram as cores mais vi vas e as mangas curtas, e já vemos o Natal e o fim do ano no horizonte. Para muitos, as férias estão à porta e, com elas, os agradá veis momentos tranquilamente em família, as noites com amigos, mais idas à praia e viagens, sem falar de outras boas energias pairando no ar. Sabemos como é mágica esta época do ano em Moçambique. Que seja muito bem-vinda para todos nós e que tiremos proveito, tanto quanto possível, desses momentos e das ofertas culturais e turísticas que nos são apresentadas.

Esta já é a edição 53 da Xonguila. Neste nú mero, contamos com o Open House Ma puto 2022, um evento que, valorizando a pluralidade arquitectónica e urbana, pos sibilitou ao grande público visitas guiadas, acompanhadas e livres, a edifícios emble máticos da cidade. Trazemos também Mi guel Gonçalves, administrador do Parque Nacional de Maputo (PNM), que conquistou o Prémio “Tusk Conservation Awards 2022”, uma distinção concedida a individualida des que se destacam pelo seu contributo na área da conservação, que lhe foi entre gue em Londres pelo príncipe William. Es tão ainda presentes o prestigiado músico Moreira Chonguiça, com “Sounds of Peace, o seu novo álbum, e várias outras matérias, pelo que o convidamos a virar a página e a descobrir o que preparámos para si.

Sempre com a vontade de promover o país que amamos, os meus votos de uma agra dável leitura.

Dear Reader,

Summer is here. Bright colours and short sleeves have arrived, and we can already spot Christmas and New Year’s Eve on the horizon. For many, the holidays are just around the corner and, with them, come pleasant moments with family, evenings with friends, more trips to the beach and travels, not to mention the overall good en ergy in the air. We know how magical this time of year is in Mozambique. May we all welcome it and take advantage, as much as possible, of those moments, as well as of the cultural and tourism offerings presented to us.

This is already the 53rd edition of Xonguila. In this issue, we feature Open House Maputo 2022, an event that, in valuing architectur al and urban plurality, made it possible for the public to visit emblematic buildings in the city through either guided, accompa nied or free tours. We also bring you Miguel Gonçalves, administrator of the Maputo Na tional Park (PNM), who won the ‘Tusk Con servation Awards 2022’, a distinction award ed to individuals who stand out for their contribution to conservation and present ed to him in London by Prince William. Also featured is the prestigious musician Moreira Chonguiça with ‘Sounds of Peace’, his new album, and several other stories. We invite you to turn the page and discover what we have prepared for you.

My best wishes for a pleasant read, with our will – as ever – to promote the country we love.

Com o apoio de:

Soares

Editorial 18 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022
Fotografia: Cortesia do Absa Bank

O Absa Bank Moçambique desenvolveu, ao longo do mês de Outubro, várias sessões de educação financeira dedicadas a crianças do ensino primário nacional.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM ESCOLAS PRIMÁRIAS

Uma ferramenta para crescimento sustentável

Nelson Mandela afirmou que o “dinheiro não cria o sucesso, mas sim a liberdade de criar o su cesso”. A pensar na importância de construir uma sociedade financeiramente educada e com acesso a ferramentas de desenvolvimento sócio-económico, o Absa Bank Moçambique de senvolveu, ao longo do mês de Outubro, várias sessões de educação financeira dedicadas a crianças do ensino primário nacional.

Ainda antes de entrar na Escola Pri mária de Cariaco, em Pemba, Ismail Eusébio e Assane Inriricho, Colabora dores do Absa Bank Moçambique, já adivinhavam os sorrisos e as questões dos mais pequenos quando começassem a falar sobre o motivo que tinha levado o Banco até à sua escola naquele dia. O entusiasmo dos Cola boradores juntou-se à curiosidade infantil das crianças que receberam a Campanha de Edu cação Financeira do Banco por todo o País.

Felizmente, este sentimento multiplicou-se na Escola Primária de Mueda Sede, também em Pemba, na Escola Primária Completa 25 de Ju nho, em Nampula, na Escola Primária Comple ta Bons Sonhos, na Beira, e por este País fora. No total, a campanha de sensibilização para a poupança implementada pelo Absa Bank Mo çambique chegou a quase 2000 alunos, em todo o País, desenvolvendo várias acções em 34 escolas primárias e em todas as Províncias.

Durante as sessões, os Colaboradores do Ban co ensinaram as crianças e estas divertiram-se ao mesmo tempo que tiveram a oportunidade de compreender a importância de poupar para investir no Futuro.

Embora todos os momentos tenham sido es peciais, houve uma acção que tocou os cora ções de todos os Colaboradores: a visita à Es cola de Educação Especial de Maputo, onde a palestra se realizou, com recurso à língua ges tual, numa turma de surdos-mudos, demons trando que a comunicação oral não é, e nunca será, uma barreira para a partilha de conheci mento.

No final da campanha, a Directora de Marketing e Relações Corporativas do Absa, Tânia Olivei ra, salientou, uma vez mais, os pressupostos e o compromisso do Banco para a realização desta acção: “As gerações vindouras são o futuro do País, por isso é junto a elas que renovamos o nosso compromisso de continuarmos a investir na educação e na inclusão financeira de qua lidade como base para o desenvolvimento do nosso País e de uma sociedade sustentável”. E

acrescentou: “Os números falam por si, temos muito orgulho em promover iniciativas como esta que agregam valor e podem fazer a dife rença”.

Através desta iniciativa, e como signatário do Pacto Global das Nações Unidas, o Banco de monstra o seu empenho e o elevado nível de compromisso perante todos os stakeholders, procurando alinhar os seus comportamentos com modelos de desenvolvimento económico e social que fomentem a prosperidade, a valo rização das pessoas, a criação de emprego, e o respeito pelo meio ambiente e biodiversidade.

22 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022 Absa Bank
Fotografia: Cortesia do Absa Bank

As gerações vindouras são o futuro do País, por isso é junto a elas que renovamos o nosso compromisso de continuarmos a investir na educação e na inclusão financeira de qualidade como base para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável.

Fotografia: Cortesia do Absa Bank

FINANCIAL LITERACY IN PRIMARY SCHOOLS

A tool for sustainable growth

It was Nelson Mandela who said that "money does not create success, but rather the freedom to do so". To support building a financially educated society with access to tools for socio-eco nomic development, Absa Bank Moçambique engaged in several financial literacy actions this past October, for children attending primary schools that teach the national school curriculum.

Ismail Eusébio and Assane Inriricho, repre senting Absa Bank Moçambique, had not yet entered Cariaco Primary School in Pem ba, but could already anticipate the smiles and questions from the little ones, once they started talking about the reason that brought the Bank to their school that day. Indeed, the enthusiasm of the Bank’s representatives was met by the children’s curiosity about the Bank’s Campanha de Educação Financeira (‘Financial Literacy Campaign’), which took place in differ ent locations across the country.

Fortunately, this feeling was similarly present at the Mueda Sede Primary School, also in Pemba; 25 de Junho Primary School, in Nampula; Bons

Sonhos Primary School, in Beira; and others across the country. In total, the campaign im plemented by Absa Bank Moçambique to pro mote savings reached almost 2,000 students across the country, through various actions in 34 primary schools across all provinces.

During the sessions and through fun activities, Bank representatives taught the children about the importance of saving money as a way of in vesting in the future.

Although there was no shortage of special mo ments during the campaign, there was one action in particular that touched the hearts of all of the Bank’s representatives: the visit to

26 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022 Absa Bank
Fotografia: Cortesia do Absa Bank

the Escola de Educação Especial de Maputo (‘Special-needs Education School’), where the lecture was presented in sign language for a class of deaf-mutes, demonstrating that im paired oral communication is not, and never will be, a barrier to sharing knowledge.

At the end of the campaign, Absa’s Market ing and Corporate Relations Director, Tânia Oliveira, once again highlighted the Bank’s premise and commitment to carry out this action: "The next generations are the future of this country. This is why we renew our com mitment to continue investing in education and quality financial inclusion, as the basis for the development of our country and a sus tainable society". She added: “The numbers speak for themselves – we are proud of pro moting initiatives like this, that add value and can make a difference”.

Through this initiative, and as a signatory to the United Nations Global Compact, the Bank demonstrates its commitment and high lev el of engagement to all stakeholders, seeking to align their behaviours with economic and social development models that encourage prosperity and value people, job creation and respect for the environment and biodiversity.

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 27

The next generations are the future of this country. This is why we renew our commitment to continue investing in education and quality financial inclusion, as the basis for the development of our country and a sustainable society

Fotografia: Cortesia do Absa Bank Fotografia: Mariano Silva

Nos 100 anos do Polana DESFILE ICÓNICO DE SHAAZIA ADAM

O sol já se punha na capital, no passado dia 29 de Outubro, quando foi dada a conhecer co lecção Maktub, da marca Mina, inspirada nos tons do pôr-do-sol da Ilha de Moçambique. Res plandecia o Polana Serena Hotel numa verdadeira sessão de requinte, glamour e excelência feminina, onde tons vibrantes e neutros dominaram a passarela, maravilhando o público pela diversidade e criatividade das peças.

Os modelos apresen tados, com traços de origem persa, leva ram os presentes a viajar no tempo, testemunhan do o clássico e o moderno em fusão, num momento em que a autenticidade e a leveza mani festaram com elegância o poder feminino,

Sobre o evento, assim se pronun ciou Shaazia Adam, a estilista: “O desfile conseguiu agregar mais do que esperávamos, o concei to Mina esteve verdadeiramente representado. Mina significa “eu” em changana, e, através desta marca e da colecção Maktub, quisemos que todas as mulhe res se sentissem representadas e identificadas. Independente mente da faixa etária e do tipo fí sico, e desde as mais irreverentes às mais reservadas, enaltecemos,

pelas linhas da moda, o poten cial da mulher”.

Por sua vez, o Director Comercial do Polana, Osvaldo Inguane, te ceu as seguintes considerações: “Para nós, como hotel que marca os 100 anos, a escolha da Shaazia Adam para a celebração desta data foi muito assertiva. Somos um verdadeiro testemunho de resiliência. Tivemos dois anos atípicos por conta da covid-19, quisemos várias vezes fechar o hotel, mas não o fizemos. Fomos uma das poucas instâncias em Moçambique que não demitiu sequer um funcionário durante a pandemia, e este facto mos tra quão importantes são os 100 anos do Polana”.

Exaltando o potencial da mulher, a celebração dos 100 anos do Polana foi marcada por uma ses

são de convívio entre os presen tes, que puderam desfrutar de drinks, gastronomia diversificada da casa, e um pop up de moda, em que os convidados aprecia ram em primeira mão as peças apresentadas no primeiro desfi le independente da marca Mina. Composta por três dezenas de modelos, a colecção caracteri zou-se por linhas intemporais, designs versáteis e modernos, pensados para ocasiões distintas.

Mina foi concebida por artistas moçambicanos, durante a difícil fase da pandemia da covid-19, no seu próprio atelier, onde são produzidas peças em tamanho standard e prontas para venda. Esforçando-se por ter em conta o meio ambiente e o clima mo çambicano, a Mina é 70% susten tável, potenciando fibras natu rais, linho e algodão.

Momentos Fashion 32 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022
definir
desfile numa simples frase:
simboliza uma
Mais excertos do que nos disse Shaazia Adam “Posso
este
A new frame of mind. Para mim,
nova etapa e mais uma conquista.”
“É gratificante saber que tenho bastante apoio de grandes entidades, e que as empresas de renome acreditam e apostam no meu trabalho.”
“Esta foi a maior colecção feita pela Mina, contendo 30 looks, e foi um desafio que teve como retorno muitas surpresas boas.”
“Casa vez mais, tenho muito gosto naquilo que faço e que crio, tenho uma equipe espectacular, e o caminho é para a frente e além-fronteiras.”
“Isto, para mim, é só o início de mais uma jornada na minha carreira.”
Fotografia: Mariano Silva Fotografia: Mariano Silva Fotografia: Mariano Silva

On Hotel Polana´s 100th Anniversary ICONIC SHAAZIA ADAM FASHION

The sun was already setting in the capital city, on October 29th, when the Maktub by Mina collection was unveiled, inspired by the hues of other sunsets from Mozambique Island. The Polana Serena Hotel was truly aglow with refinement, glamour and feminine excellence, where vibrant and neutral tones dominated the catwalk, delighting the pu blic with the variety and creativity of the pieces.

Sporting traces of Persian influence, the styles presented invited the guests to travel in time, to witness a fusion of the classic with the modern; a moment whe re feminine power was ele gantly manifested with au thenticity and lightness.

Shaazia Adam, the designer, had this to say about the event: “The show managed to deliver more than ex pected, and the Mina brand was truly represented. Mina means ‘me’ in Changana [a local language], and throu gh this brand and the Mak tub collection, we wanted all women to feel represented and identified. Regardless of their age group or physical type, from the most irreve rent to the most reserved, we managed to exalt, throu gh fashion, a woman’s po

tential.”

In turn, Polana’s Commercial Director , Osvaldo Inguane, made the following com ments: “For us, a hotel that marks its 100 years, the choi ce of Shaazia Adam to cele brate this momentous occa sion was very assertive. We are a true testament to resi lience. We had two atypical years because of Covid-19, during which we considered, several times, to close down the hotel – but we didn’t. We were one of the few institu tions in Mozambique that didn’t lay-off any employees during the pandemic, not even one. This shows the importance of Polana’s 100 years.”

Exalting the potential of wo men, the celebration of Po lana’s 100 years was marked by convivial moments

among those present, who were able to enjoy drinks, a variety of gastronomical of ferings, and a fashion pop -up, in which guests could appreciate, first-hand, the pieces presented in the first independent fashion show of the Mina brand. Made up of three dozen pieces, the collection was characterised by timeless lines and ver satile and modern designs, conceived for different oc casions.

Mina was designed by Mo zambican artists, in their own atelier, during the difficult stages of the Covid-19 pan demic. The ready-to-wear pieces are produced in stan dard sizes, and ready to sell. Sensitive to the environment and Mozambique’s clima te, Mina is 70% sustainable, prioritizing the use of natural fibres, linen and cotton.

Fashion moments Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 37
The show managed to deliver more than expected, and the Mina brand was truly represented. Mina means ‘me’ in Changana [a local language], and through this brand and the Maktub collection, we wanted all women to feel represented and identified.

O Open House Maputo 2022 foi uma exposição pública de 20 edifícios, numa experiência de museu aberto para promover a conexão dos citadinos com o seu património edificado e enaltecer o valor dos espaços bem projectados e construídos.

Fotografia: Cortesia do Millennium bim

OPEN HOUSE

MAPUTO 2022

Acaba de ter lugar, com o Millennium bim entre os principais patrocinadores, a primeira edição do Open House Maputo, uma exposição pública de mais de 20 edifícios, numa experiência de museu aber to que teve por objectivo promover a conexão dos citadinos com o seu património histórico e cultural, bem como enaltecer o valor dos espaços bem projectados e construídos. Todos puderam assim par ticipar, gratuitamente, em visitas guiadas, acompanhadas e livres, para melhor conhecer e apreciar a arquitectura e design urbano da capital de Moçambique. A Estação dos CFM, a Igreja de Santo António da Polana, a Embaixada dos EUA e a Residência da Família João Ferreira dos Santos foram alguns dos edifícios visitados, que podem ser todos vistos em https://openhousemaputo.co.mz/portfolio.

Aqui fica um breve balanço do evento, em conversa com Verena Borges, a Coordenadora Geral desta primeira edição.

Como surgiu a ideia de realizar o Open House Maputo?

A ideia surge de não haver em Ma puto nenhum evento cujo foco é a arquitectura. Há tours organi zados e alguma oferta individual nesse sentido, mas não existia um evento, reconhecido internacio nalmente, que envolvesse vários edifícios de uma só vez. Outra componente que suscitou a rea lização deste certame foi o facto de Maputo ser uma cidade riquís sima a nível de património edifica do, que está pouco explorado e é pouco conhecido do público em geral. À nossa vontade de montar um evento como este acabámos por juntar as variáveis que faltavam: necessidade, conteúdo e parceiros certos.

Tinham metas específicas para o evento? Correu dentro das vossas expectativas?

A principal meta era – e continua a ser – despertar a consciência do público para a importância da arquitectura no dia-a-dia dos ha bitantes. Arquitectura não apenas pelo lado estético como um ramo das belas-artes, mas também pelo lado funcional, técnico, que in fluencia a forma como vivemos e os espaços que nos rodeiam. Edi fícios bem construídos e espaços pensados. E, através da percepção desse valor, potenciar os conceitos de preservação e valorização do património.

Estamos confiantes de que con quistámos mais terreno nesta área, estamos melhor hoje do que está vamos ontem. É, no entanto, uma

luta contínua e que vai levar o seu tempo. Este tipo de consciência tem de ser incutido desde cedo, e foi nessa óptica, também, que acabámos por envolver crianças e jovens em diversas actividades durante o fim-de-semana do OH.

Terminado o evento, acreditamos que o balanço foi positivo e, aci ma de tudo, foi um ganho colec tivo para a cidade de Maputo.

Qual foi o retorno do evento? Excedeu todas as expectativas. Desde o público mais especia lizado no tema da arquitectu ra, até ao público em geral que participou por curiosidade em ver os edifícios, todos se manifes taram de forma muito positiva e animadora. Os gestores dos edi fícios participantes, os parceiros, os patrocinadores, os voluntários e o staff e os arquitectos envolvi dos, chegaram ao fim do evento com a sensação de ele ter sabido a pouco. Gerou-se uma onda de entusiasmo e colaboração entre todos, que fez com que se criasse uma verdadeira comunidade OH.

E quais foram as principais difi culdades que teve na organiza ção?

Diria que o principal desafio foi comunicar o conceito do evento. É um conceito novo em Moçam bique, que a maioria das pessoas não conhecia. Apostámos nas redes sociais, mas também nos meios convencionais de TV, rádio e imprensa, através de inúmeras entrevistas concedidas pela nos sa Embaixadora OH, a incansável

arquitecta Carla Cortês. Não é to dos os dias que existem eventos gratuitos em que convidamos o público a visitar sítios tidos como inacessíveis. É preciso ganhar um grau de confiança até que as pessoas percebam que efecti vamente se podem deslocar até aos sítios e simplesmente entrar.

Surgiram muitas dúvidas até ao dia do evento, mas acreditamos que, com o decorrer do mesmo, todas as pessoas interessadas acabaram por perceber a dinâ mica associada.

O que podemos esperar para as próximas edições?

Esta edição teve vários elementos surpresa que muito nos orgulham. Fizemos um audioguia bilingue sobre os 20 edifícios, que irá con tinuar disponível online para que todos os interessados o possam usar, e fizemos tours virtuais por dentro de alguns dos espaços.

Tendo passado com nota positiva nesta 1ª edição, ganhámos con fiança para poder arriscar mais nas próximas.

Apesar de ser um evento anual, devido à adesão que tivemos este ano, pretendemos fazer vá rias dinâmicas ao longo de 2023. Debates, visitas surpresa, envolver mais as faculdades nos progra mas, as escolas secundárias onde os estudantes estão em fase de decidir que áreas querem seguir, etc. Estamos neste momento a desenhar o plano para 2023 e uma coisa é certa, em qualquer

40 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022 Millennium bim

Para o Millennium bim, a promoção do histórico cultural e arquitectónico da cidade é uma excelente iniciativa de potencialização do turismo doméstico que enriquece a literacia dos citadinos. - José Reino da Costa, Presidente da Comissão Executiva do Millenium bim.

Fotografia: Cortesia do Millennium bim

uma das actividades, vamos deixar o cunho OH bem presente. No âmbito do Open House Ma puto 2022, os inscritos nas visitas guiadas tiveram a oportunidade de visitar uma exposição com posta por 20 peças de arte do acervo do Millennium bim pa tentes na vivenda do Private do Banco, localizada na Avenida Ar mando Tivane.

“A cidade de Maputo é rica e re pleta de pontos históricos cuja arquitectura e traços caracte rísticos são sua identidade úni ca e contribuem para potenciar o turismo local. Estamos certos de que as artes ocupam um va lor de prestígio nas sociedades pela capacidade que estas têm de proporcionar representações, instigar sentimentos e provocar emoções. É neste sentido que, ao nos associarmos a esta iniciativa e, também, ao disponibilizarmos ao público em geral a possibilida de de apreciar a nossa colecção de arte, contribuímos para pro mover e enriquecer o potencial da iniciativa Open House Maputo, que incorpora o melhor patrimó nio arquitectónico e urbanístico da área metropolitana de Mapu to. - palavras de José Reino da Costa, Presidente da Comissão Executiva do Millennium bim.

Refira-se que, considerado glo balmente, o Open House, uma iniciativa da rede Open House Wideworld, é a maior celebra ção da paisagem urbana do mundo, estando presente em 52 cidades. A rede é composta por 50 organizações que aco lhem festivais e diálogo sobre arquitectura, design e cidades em todo o mundo.

42 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022 Millennium bim
Considerados globalmente, os eventos Open House são a maior celebração da paisagem urbana do mundo.
Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 43 Millennium bim Fotografia: Cortesia do Millennium bim

Na cerimónia de abertura do evento, os estudantes vencedores do curso de arquitectura nas categorias de melhor fotografia e melhor maquete foram premiados através de transferências em realtime pelo Smart IZI, solução mobile banking do Millennium bim.

Fotografia: Cortesia do Millennium bim
Fotografia: Cortesia do Millennium bim

OPEN HOUSE MAPUTO 2022

Maputo recently hosted the first edition of Open House Maputo, with Millennium bim as one of its main sponsors. The event was a public showcase of more than 20 buildings, using an open-museum ap proach aimed at connecting citizens to the city’s historical and cultural heritage, whilst also highlight ing the value of well-designed and built spaces. Everyone was able to visit the buildings, free of charge, in either guided, accompanied or free tours, to better understand and appreciate the architecture and urban design of Mozambique’s capital city. The CFM Station, Santo António da Polana Church, the US Embassy and the João Ferreira dos Santos Family Residence were among the buildings that could be visited. The complete list can be viewed at https://openhousemaputo.co.mz/portfolio.

In conversation with Xonguila, the General Manager of this first edition, Verena Borges, briefly recapped the event.

How did the idea of Open House Maputo come about?

The idea came about because there is no event in Maputo that focuses on architecture. There are organised tours [of the city] and some individual offerings in that regard, but there was no interna tionally recognised event that in volved several buildings at once.

Another factor that led to the cre ation of this event was the fact that Maputo is a very rich city in terms of built heritage, which is nevertheless little explored and lesser known to the public. To our desire of staging an event like this, we added the missing variables: need, content and the right partners.

Did you have specific goals in mind for this event? Did it meet your expectations?

The main goal was – and still is –to raise the public's awareness of the importance of architecture in the everyday lives of the people who inhabit it. Architecture [is im portant] not only because of its aesthetic value as one of the fine arts, but also because of its func tional and technical characteristics, which influence the way we live and the spaces around us. [An other goal was] to look at buildings that are well-built and spaces that are thoughtful and, through the perception of that value, promote the concepts of preservation and appreciation of heritage.

We are confident that we man aged to gain some ground in this area; we are better today than we were yesterday. However, it is an

ongoing struggle, and it will take time. This kind of awareness has to be instilled from an early age, and it was also with this in mind that we ended up involving children and young people in various activi ties during the Open House (OH) weekend.

Now that the event is over, we be lieve that, on balance, it was very positive and, above all, a collective gain for the city of Maputo.

What feedback did you receive about the event?

It exceeded all expectations. From the more specialised audience to the general public who partic ipated out of curiosity in visiting the buildings, everyone expressed positive and encouraging reviews. The managers of the participating buildings, the partners, the spon sors, the volunteers, the staff and architects involved got to the end of the event wanting for more. A wave of enthusiasm and collabora tion was generated among every one, creating a real OH community.

And what were the main setbacks you had whilst setting up the event?

I would say that the main challenge was to communicate the concept of the event [to others]. It is a new concept in Mozambique, a con cept that most people didn’t know about. We relied heavily on social networks and on conventional means such as TV, radio and press, through numerous interviews giv en by our OH Ambassador, the tireless architect Carla Cortês. It's

not every day that there are free events where we invite the public to visit spaces considered inacces sible. A degree of trust had to be established for people to realise that they could, in fact, go up to the sites and just walk in.

There were many doubts right up to the opening day, but we believe that, as the event went on, all inter ested parties came to understand the dynamic.

What can we expect in the next editions?

This edition had several surprise el ements that we are very proud of. We made a bilingual audio guide about the 20 buildings, which will continue to be available online for anyone interested in perusing it, and we also made virtual tours in side some of the spaces.

Having passed with flying colours in this first edition, we gained confi dence to be able to take more risks in the next ones.

Although this is an annual event, we intend to stage several activ ities throughout 2023, due to the high level of interest we received this year. Debates, surprise visits, getting the architecture schools more involved in the programmes, as well as secondary schools where students are deciding which pro fessional path to follow, etc. We are currently building the plan for 2023 and one thing is for certain: all activities will clearly carry the OH stamp.

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 47 Millennium bim
Fotografia: Cortesia do Millennium bim

As part of Open House Maputo 2022, those enrolled in the guided tours had the oppor tunity to visit a 20-piece art exhibition drawn from the Millennium bim collection archive, displayed in the Bank's Private Branch build ing, located on Armando Tivane Avenue.

“The city of Maputo has a wealth of histori cal landmarks, whose architecture and typ ical features assign it a distinct identity that contributes to boosting local tourism. We are certain that the arts have a valued place in societies due to their ability to provide representations, elicit feelings and provoke emotions. It is in this sense that, by allying ourselves to this initiative and by making our art collection available to the general public for viewing, we contribute to promoting and enriching the potential of the Open House Maputo initiative, which incorporates the best architectural and urban heritage of the metropolitan area of Maputo.” – José Reino da Costa, Chief Executive Officer of Millenni um bim.

Open House is a global network of 50 organ isations that host festivals and foster dialogue about architecture, design and cities around the world. It is the world's largest celebration of the urban landscape.

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 49 Millennium bim

Chegou o verão

É o momento certo para apostar no turismo!

Nos últimos anos, a actividade turística tem sido de extrema importância para o cresci mento da economia moçambicana, tornando-se numa das grandes fontes de receita do país. Por sinal, o governo moçambicano definiu este sector como uma área prioritária de investimento, juntamente com as de agricultura, energia e infra-estruturas.

Com a chegada do verão, época em que as temperaturas são ideais para cativar ainda mais os turistas, sejam eles cidadãos nacionais ou de outras geografias que procuram fugir ao frio, é necessário encarar-se este momen

to como uma oportunidade. No cenário pós-pandémico que vivemos, e tal como aconteceu noutros locais espalhados pelo globo, devemos potenciar a actividade, uma vez que pode ser sinónimo de grandes ganhos para o sector, com enfoque na ho

O verão é sinónimo de grandes ganhos para o sector, com enfoque na hotelaria, restauração, área de eventos e entretenimento, transportes, serviços, e muito mais.

Escrito por: Matilde Moreira

telaria, restauração, área de eventos e en tretenimento, transportes, serviços, e muito mais. As condições estão agora favoráveis, podendo nós desfrutar em pleno, e sem receios, das convidativas praias de água cristalina, ideais para a prática de despor tos aquáticos como kitesurf, windsurf, caia que, mergulho, pesca. Possuímos locais de incrível beleza, com flora e fauna diversa, terrestre e marinha, que nos proporcionam uma riqueza imensurável. Podem visitar-se reservas, fazer safaris, caminhadas, avista mento de aves e muitos mais.

Outro ponto a favor desta época tem a ver com actividades e grandes eventos cultu rais. A sua incidência é maior, e existem para todos os gostos, desde concertos, exposi ções, a grandes festivais de música e dança, um sem fim de acções que divulgam o nos so património cultural. E é provável que, as sociadas a este tipo de iniciativas, encontre

promoções em hotéis e restaurantes que poderão ser vantajosas e económicas para si. Informe-se através das redes sociais dos estabelecimentos.

Outra vertente importante é o turismo de negócios. Recentemente, Moçambique tor nou-se num hub corporativo, sendo palco de diversas cimeiras, fóruns, palestras, me sas redondas, meetings, e todas as activida des turísticas decorrentes desses encontros de interesse institucional, profissional, asso ciativo, de carácter comercial, promocio nal, técnico ou científico, que trazem muita gente ao país.

Por todas estas razões, seja para um final de semana, seja para férias com os amigos ou família, esta é a altura ideal para visitar Mo çambique. Venha conhecer o país! Estamos à sua espera, prontos para o receber com um sorriso no rosto.

Fotografia: Alonso Reyes

Summer is here

In recent years, tourism has been extremely important for the growth of the Mo zambican economy, becoming one of the major sources of revenue for the coun try. In fact, the Mozambican government has earmarked this sector as a priority area for investment, alongside agriculture, energy, and infrastructure.

With the arrival of summer, a time when rising temperatures are ideal for attracting higher tourist numbers, whether na tionals or visitors from other latitudes look ing to escape the cold, this moment must be seized as an opportunity to boost the sector in these post-pandemic times. As demon strated by similar actions in other places

around the globe, boosting the sector could bring big gains, especially for hotels, restau rants, events and entertainment, transport, services, and much more. The conditions are now favourable, and we can fully enjoy, without fear, the inviting crystal-clear waters of our beaches, ideal for water sports such as kitesurfing, windsurfing, kayaking, diving and fishing. We have places of incredible

It's the right time to invest in tourism!

natural beauty, with diverse flora and fauna, both terrestrial and marine, which provide us with an immeasurable wealth. You can visit reserves, go on safaris, hiking, bird watching and much more.

Another favourable aspect of this season re lates to cultural activities and major cultural events. There is a greater number of them, and for all tastes. From concerts and exhi bitions to great music and dance festivals, there is an endless number of events that showcase our cultural heritage. Linked to this type of initiatives, you’ll likely find promo tions in hotels and restaurants that may be advantageous and economical for you. Find out more through these businesses’ social networks.

Business tourism is yet another important avenue for the sector. Mozambique has recently become a corporate events hub, hosting several summits, forums, lectures, round tables and meetings. These meet ings of institutional, professional, associa tive, commercial, promotional, technical or scientific interest, bring many people into the country, which typically seek oth er tourist offerings, and this brings further benefits.

For all these reasons, this is the ideal time to visit Mozambique, whether you’re look ing for a weekend away or a holiday with friends or family. Come visit and discover our country! We are waiting for you, ready to welcome you with a smile.

We have places of incredible natural beauty, with diverse flora and fauna, both terrestrial and marine, which provide us an immeasurable wealth.
Fotografia: Damian Patkwos
Moçambicano Miguel Gonçalves recebe mais alta distinção em Conservação

Miguel é o vencedor do Prémio “Tusk Conservation Awards 2022”, distinção que reconhece o perfil dos líderes de conservação e seu significativo impacto na vida selvagem e nas comunidades em toda a África.

Moçambicano Miguel Gonçalves recebe mais alta distinção em Conservação

Trata-se de Miguel Gonçalves, administrador do Parque Nacional de Maputo, de 49 anos, casado e pai de dois filhos. Natural de Maputo, zona sul de Moçambique, Miguel Gonçalves disputou o galardão com administradores do Quénia e da Tanzânia. O prémio foi-lhe entregue na primeira quinzena de Novembro, em Londres, por Sua Alteza Real William, Príncipe de Gales, no decurso da décima gala.

Miguel é o vencedor do Prémio “Tusk Conservation Awards 2022”, distinção que surge como reconhecimento do perfil dos líderes de conservação e seu significativo impacto na vida selvagem e nas co munidades em toda a África.

Em conversa com a revista Xonguila, Miguel Gon çalves começou por explicar que, quando assu miu o desafio de liderar uma das áreas de conser vação mais importantes do país, em 2008, não era administrador. “Nos tínhamos duas áreas de con servação no distrito de Matuítuine, na Província de Maputo, que eram a Reserva Especial de Maputo e a Reserva Marinha Parcial da Ponta de Ouro. Fui chamado para assessorar tecnicamente a, na al tura, Direcção Nacional das Áreas de Conservação (DINAC), hoje Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), na criação da Reserva Marinha Parcial da Ponta de Ouro. Era um proces so que estava numa fase bastante avançada, mas, mesmo assim, contribuí, de alguma maneira, para a conclusão da sua criação, tendo ela sido esta belecida em 2009. No mesmo ano, fui nomeado administrador por Fernando Sumbana, então Mi nistro do Turismo”.

Em 2017, Miguel Gonçalves passou a acumular as funções de administrador da Reserva Especial de Maputo e da Reserva Marinha Parcial da Ponta de Ouro. “Começo nessa altura o processo de unifi cação das duas áreas de Conservação no que se transformaria naquilo que é hoje o Parque Na cional de Maputo”, disse, acrescentando que um dos principais desafios na parte marinha eram os limitados recursos de que dispunham, principal mente recursos humanos: “Quando a Reserva foi declarada, existiam apenas dois funcionários, eu e um fiscal. Depois, fomos melhorando, contratan do e recebendo mais colegas. Um outro desafio, não menos importante, esteve associado, o de fazer passar uma Reserva do papel para Reser va efectiva. Havia vários desmandos na altura, as pessoas não percebiam que havia uma nova au toridade na área e que a mesma tinha uma forte presença. As comunidades locais não percebiam

qual era o nosso papel e a importância que nós poderíamos ter para as suas vidas, fomos estabe lecendo relações. Portanto, todo um processo de pesquisa e monitoria para a criação de uma área de conservação”.

Em relação à Reserva Especial de Maputo, o ce nário foi diferente, pois o processo vinha decor rendo, tratava-se da recuperação de uma reserva que datava de 1960 e que, por várias razões, com a guerra civil em Moçambique, ficou severamente afectada. “Tivemos que iniciar o processo de rein trodução das espécies que tinham sido localmen te extintas devido à guerra, com o objectivo de tornar a área um dos destinos turísticos preferen ciais e que permitirá criar desenvolvimento local”, destacou Miguel Gonçalves.

Cruzando o passado e o presente, o Parque pas sou de um campo de caça para um dos mais re levantes viveiros de vida selvagem, grande mérito que Gonçalves atribui à equipa de fiscalização. “Temos uma equipa de fiscalização empenhada e comprometida com o que faz, e, esses sim, são os grandes obreiros deste grande resultado que temos hoje. Ganhar este prémio é um orgulho, e é uma honra saber que o nosso trabalho é reco nhecido nacional e internacionalmente. Este é um prémio de prestígio muito importante. É preciso também reconhecer que vem reflectir aquilo que nós, como Parque Nacional de Maputo, temos fei to.”

Recorde-se que este não foi o único prémio re cebido: “Já tivemos outros dois prémios quando estávamos apenas na parte marinha, eu e o meu colega tivemos prémio idêntico em representa ção do continente”, afirmou Miguel, cujos planos para o futuro consistem essencialmente em dar seguimento ao trabalho que está sendo desen volvido, com a mesma entrega e dedicação. “Continuamos com a reintrodução da fauna ter restre e marinha. Estamos muito comprometidos com o apoio às comunidades e tentando declarar o Parque Especial de Maputo património mundial natural”, concluiu.

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 59
Fotografia: Mariano
Escrito por: Hélder Massinga
Silva
“Temos uma equipa de fiscalização empenhada e comprometida com o que faz, e, esses sim, são os grandes obreiros deste grande resultado que temos hoje.”
- Miguel Gonçalves
Fotografia: Mariano Silva

Mozambican Miguel Gonçalves awarded the highest distinction in conservation

Miguel Gonçalves is the administrator of the Maputo National Park and a 49-year-old married father of two. Born in Maputo, southern Mozambique, Gonçalves competed for the award against administrators from Kenya and Tanzania. The award was presented to him in the first half of No vember, in London, by His Royal Highness William, Prince of Wales, during the award´s 10th annual gala.

Miguel is the winner of the 2022 edition of the Tusk Conservation Awards, a distinction awarded on the basis of conservation leaders’ profiles and their significant impact on wildlife and com munities across Africa.

Speaking to Xonguila magazine, Miguel Gonçalves began by explaining that when he took on the challenge of leading one of the country’s most important conservation areas in 2008, he was not an administrator. “We had two conservation areas in the Matuítuine district, Maputo province: the Maputo Special Reserve and the Ponta de Ouro Partial Marine Reserve. I was called in to provide technical assistance for the creation of the Ponta de Ouro Partial Marine Reserve, by what was then known as the National Directorate of Conservation Areas (DINAC), and today is the National Administra tion of Conservation Areas (ANAC). The process [of establishing the marine reserve] was already fairly advanced by then but, even so, I managed to contribute to its successful conclusion, and the Reserve was established in 2009. On that same year, I was appointed administrator by Fernando Sumbana, then Minister of Tourism.”

In 2017, Miguel Gonçalves began working as both administrator of the Maputo Special Re serve and of the Ponta de Ouro Partial Ma rine Reserve, accumulating responsibilities. “At the time, I began the process of unifying the two conservation areas into what came to be known today as the Maputo National Park”, he said, adding that one of the main challenges of the Marine Reserve was the limited resources available to them, mainly human resources: “When the Marine Reserve was declared, there were only two employ ees: me and a monitoring officer. We gradu ally improved from there, hiring and welcom ing more colleagues. Another challenge, no less important, was taking the Reserve from paper to real world. There were a lot of abus es at the time; people didn’t understand that there was a new authority in the area and that

it had a strong presence. The local communi ties didn’t understand what our role was, and how important we could be to their lives, but we began to build relationships. Thus, it took a whole process of research and monitoring to create a conservation area.”

In relation to the Maputo Special Reserve, the scenario was different since that process was already underway. It centred around the recov ery of a reserve originally established in 1960 and which, for various reasons, was severely affected during the civil war in Mozambique. “We had to start reintroducing the species that had been locally extinct due to the war, aiming to make the area a preferred tourist destina tion and, with that, support local development”, highlighted Miguel Gonçalves.

Merging past and present, the Park has gone from a hunting ground to one of the most relevant wildlife nurseries, a great feat that Gonçalves directly attributes to the monitor ing team. “We have a monitoring team that is committed and dedicated to what they do, and it is they who are significantly responsible for the great results we have today. We are very proud of winning this award, and it’s an honour to know that our work is recognised national ly and internationally. This is a very prestigious award, and a reflection of what we, the Maputo National Park, have been accomplishing.”

It should be noted that this was not the only award received for the project: “We had al ready received two awards for the work done on the Marine Reserve alone; my colleague and I received a similar prize whilst represent ing the continent”, said Miguel, whose plans for the future essentially consist on continu ing the work that is currently underway, with the same focus and dedication. “We continue to reintroduce wildlife, land and marine alike. We are very committed to supporting the communities, and trying to have the Maputo Special Park declared a natural world heritage site”, he concluded .

62 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022
“We continue to reintroduce wildlife, land and marine alike. We are very committed to supporting the communities, and trying to have the Maputo Special Park declared a natural world heritage site”
Fotografia: Mariano Silva

Surf e kitesurf Modalidades em franco crescimento

Há, em Moçambique, uma onda de surfistas a crescer. O epicentro do surgimento de uma geração de surf em Moçambique é no Tofo, um pedaço daquela que é chamada a Terra da Boa Gente, a pro víncia de Inhambane, no extremo sul do país. A Escola de Surf Kymani é responsável por preparar os futuros campeões da modalidade. Curiosamente, é no Tofo a casa do primeiro surfista profissional de nacionalidade moçambicana, Mini Cho.

Apesar dos mais de três mil quilómetros de costa de que Moçambique dispõe, o desporto oceânico, em particular o surf, ainda não é muito popular no país. No entanto, este cenário pode vir a mudar nos próximos anos, graças a projectos de promoção da modalidade em curso no país. A escola Kyma ni é exemplo dessa transformação que preten de ser revolucionária e histórica. Kymani é uma escola moçambicana de surf, fundada em 2019 por uma tripulação dinâmica de quatro amantes do oceano e da aventura, Ebony Neil, australiana que trabalha no sector humanitário após muitos anos na educação, kebba Jobarteh, médico, Luís Antunes, empresário português e ambientalista, todos eles kite surfistas e surfistas, e Mini Cho, o primeiro surfista profissional em Moçambique.

"A Kymani pretende fazer crescer os despor tos náuticos no país e colocar Moçambique no mapa como um destino internacional de kite e surf, oferecendo experiências de aventura oceâ nica aos mercados locais e internacionais", dis se a co-fundadora da escola, Ebony Neil. A es cola oferece programas para crianças de kite e surf, programas escolares, programas de férias escolares, excursões, viagens de um ou vários dias para crianças aprenderem a andar de kite, a surfar ou SUP. "Fornecemos viagens de kite e surf para kite e surf spots de classe mundial, para Pemba, Ilha de Moçambique, Inhassoro, Vilan culos, Pomene, Massinga, Tofo, Barra, Quissico, Chidenguele, Bilene, Maragra, Inhaca, Ilha dos Portugueses, Machangulo, a Reserva de Elefantes de Maputo, Ponta do Ouro, Mamoli e Malongane", destacou Neil os principais destinos.

Mais do que uma escola, Kymani é um projecto

que visa igualmente promover o turismo e ele var a consciência social e ambiental das pessoas, mostrando ao mundo a riqueza natural de Mo çambique, partilhando "experiências inesquecí veis em lugares isolados e paradisíacos" do país.

“Todas as experiências de kite e surf da Kyma ni podem ser desfrutadas por adultos, crianças, grupos escolares, comunidades locais ou in ternacionais, principiantes, de nível intermédio e especialistas", explicou Ebony Neil, realçando que aspiram a organizar eventos e festivais in ternacionais de kite e surf em Moçambique para mostrar o que o país tem para oferecer, construir parcerias, aumentar a participação, fazer crescer a comunidade do kite e do surf e promover o turismo. "A Kymani planeia concentrar-se tam bém na promoção do equilíbrio de género e no aumento da diversidade nos desportos, promo vendo aulas de kite e surf feminino, oferecendo viagens de aventura exclusivas para mulheres, mas também oferecendo serviços com acesso garantido a homens, mulheres e crianças mo çambicanas", concluiu. A escola pode ser con tactada através dos seguintes websites: www. kymani.kite.surf e www.kymanisurf.com.

MINI CHO, 23 ANOS: A CARA DO SURF EM MOÇAMBIQUE

Tinha apenas 14 anos quando pegou a sua pri meira onda, na sua terra natal, Inhambane. Di gamos que a relação do jovem surfista com o oceano começou tarde, mas já dura quase uma década. Mini Cho é a principal cara do surf mo çambicano. É o surfista número 38 no ranking de África e, actualmente, é o único moçambica no na série qualificatória (WQS) da World Surfing League.

68 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022
a esperar pela onda perfeita. Aprendemos a ter paciência. Quando a onda chega, pegamos nela e fazemos o melhor que podemos. Aprendemos a aproveitar as oportunidades da vida e a aproveitá-las ao máximo. Quando caímos na nossa onda, levantamo-nos e tentamos novamente. O mesmo pode ser dito na vida" - Mini Cho, surfista
“Aprendemos
Escrito por: Jaime Fotografia: Cortesia de Mini Cho

A escola de surf Kymani pretende fazer crescer os desportos náuticos no país e tornar Moçambique um destino internacional de kite e surf.

Fotografia: Cortesia de Mini Cho

Nascido no Tofo, na zona costeira de Inhambane, Mini Cho é filho de pai sul-co reano e mãe moçambicana. É o primei ro surfista profissional moçambicano de sempre, é o presente e o futuro do surf em Moçambique. Embora tenha nascido em Moçambique, Mini passou a infância no es trangeiro. Muito cedo os pais mudaram-se para a África do Sul, mas nunca se desligou da sua terra natal.

Mini é o único moçambicano no Circuito Qualificativo Mundial de Surf (WQS) e inspira as gerações novas a apanhar as ondas que mudaram para sempre a sua vida: "O ocea no ensinou-me muitas lições de vida. Sen do um surfista, aprendemos a esperar pela onda perfeita. Aprendemos a ter paciência. Quando a onda chega, pegamos nela e fa zemos o melhor que podemos. Aprende mos a aproveitar as oportunidades da vida e a aproveitá-las ao máximo. Quando caí mos na nossa onda, levantamo-nos e ten tamos novamente. O mesmo pode ser dito na vida", partilhou o jovem surfista a maior lição que a onda lhe podia ensinar. Aliás, foi no mar que Mini cresceu e amadureceu. É na água onde passa a maior parte do seu tempo, é nas ondas onde quer continuar a fazer o seu caminho e o seu destino, inicia do nos anos 90. "Comecei a surfar quando tinha 14 anos, o que é, relativamente, muito tarde, na maioria dos padrões profissionais. Gostava tanto que me encontrava a surfar todo o dia, o que me ajudou a progredir a um ritmo muito rápido", explicou o surfis ta que pegou a primeira onda em 1999, in fluenciado pelos seus maiores ídolos, hoje amigos, Kelly Slater e Jordy Smith.

"Quando apanhei a minha primeira onda, nunca me passou pela cabeça que eu pu desse ser surfista profissional e ganhar a vida com o surf. Era mais um hobby ou um passatempo para mim. Apenas quando eu percebi que eu estava a melhorar a um rit mo anormalmente rápido para um surfista que começou tarde, pensei e procurei me tornar um surfista profissional", contou Mini, a quem nunca faltou apoio dentro e fora de casa. Por amor ao surf, já fez algumas lou curas, como viajar até à Escócia em busca da onda mais fria. Mini diz que já experi mentou e superou muitas ondas, das mais espantosas às mais perigosas, de diversos países, ao longo da carreira, mas a onda de casa será para ele sempre a melhor e mais especial de todas. "Tofinho é uma das me lhores ondas do mundo em um bom dia. Conseguimos que os surfistas profissionais de topo viajem até Tofo para surfar Tofinho. É uma bela praia com ondas espantosas e pessoas fantásticas. Fora de Moçambique, o meu lugar preferido é a costa sudoeste

de Portugal", revelou Mini, a quem, mesmo tendo contraído algumas lesões graves na água, nunca passou pela cabeça desistir do surf.

Apesar de ser um desporto ainda muito novo em Moçambique, há uma maré cres cente de surfistas em ascensão. A maior presença de surfistas locais encontra-se na baía do Tofo, a seguir, na Ponta D'Ouro, na província de Maputo, onde são implemen tados vários projectos de promoção e mas sificação desta modalidade olímpica.

PREPARAR AS PRÓXIMAS GERAÇÕES POR MEIO DO SURF

Desde a sua presença no Circuito Qualifi cativo Mundial de Surf, Mini tem visto um aumento do número de jovens, adolescen tes e crianças que se interessam por esta modalidade oceânica não muito popular em Moçambique. Mini dirige a divisão mo çambicana da Surfers not Street Children, uma instituição de caridade sem fins lucra tivos conhecida localmente como Tofo Surf Club. O Tofo Surf Club usa o surf como fer ramenta de diversão para manter as crian ças fora das ruas e envolvê-las no desporto, para as ajudar a se orientar na vida. "Graças ao projecto (Tofo Club Surf), vemos menos crianças nas ruas a entrar no alcoolismo e mais crianças a surfar e a compreender como é importante o oceano", afirmou, orgulhosamente, contando como o surf impactou a sua vida e o ajudou a superar desafios. "O que me impressiona continua mente é como o surf pode mudar a vida das pessoas, eu posso falar por experiência própria. Como eu próprio usei o surf como uma fuga do mundo real. No oceano, os meus problemas ou desafios na vida nunca me seguiram. Quando os meus pés toca ram o oceano, tudo desapareceu. Estava concentrado apenas em divertir-me e des frutar o momento presente", revelou.

O Tofo Surf Club foi fundado em 2018 e tra balha com cerca de 100 crianças no seio da comunidade. Também beneficia indirecta mente as famílias das crianças através de programas sociais de geração de auto-em prego. "Tofo é uma vila baseada no turis mo marinho. É importante educar a próxi ma geração sobre como o oceano fornece comida, empregos e turismo, para que os jovens também se apercebam do seu va lor próprio e no futuro abracem todas as oportunidades de emprego em Tofo, com a esperança de se tornarem todos gestores, proprietários de empresas e proprietários do seu próprio futuro. Espero ser uma ins piração para todas as crianças em Moçam bique que queiram alargar as fronteiras do desporto", desejou o surfista.

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 71

O SONHO DO MUNDIAL

Mini Cho é contundente. Navegar pro fissionalmente é um "investimento muito caro". O seu principal desafio é conseguir apoio local para levar a bom porto o projecto de transformar o futuro das crianças da sua terra na tal através do desporto. "Os meus pa trocinadores são do Reino Unido e da Europa. O surf é tão novo em Moçam bique que as marcas e empresas mo çambicanas ainda não são grandes patrocinadoras de surfistas. Espero mudar isto para a próxima geração de surfistas, uma vez que o apoio de casa é sempre mais significativo".

Mini sonha um dia representar Mo çambique num campeonato mundial da modalidade. "Os meus planos são continuar a surfar na série de qualifi cação, na esperança de me tornar o surfista africano mais bem classifica do, e espero, num futuro breve, desafiar o resto do mun do. Sonho em re presentar Mo çambique nos jogos mundiais de surf e um dia qualificar-me para as Olimpíadas.”

Este surfista moçambicano de 23 anos de idade esteve recentemente envolvido na criação da Tofo Boardri ders Association. A iniciativa visa atrair cada vez mais praticantes da modali dade. Além disso, "temos a esperança de um dia termos uma federação de surf com o objectivo de constituir uma futura equipa olímpica moçambicana de surf, uma vez que o surf foi intro duzido como desporto olímpico em 2020", concluiu.

Mini Cho tornou-se surfista profis sional em 2019 e é, desde então, um filiado na World Surfing League. Ao longo da sua carreira, Mini competiu em várias provas internacionais, tendo já vencido o prémio da divisão mas culina na competição de surfistas de Croyde, na Inglaterra. É o 38º surfista classificado em África e o único surfis ta moçambicano na série Qualificató ria Mundial (WQS).

Fotografia: Cortesia de Mini Cho Fotografia: Cortesia de Escola Kimani
“Kymani é um projecto que visa igualmente promover o turismo e elevar a consciência social e ambiental, mostrando ao mundo a riqueza natural de Moçambique partilhando experiências inesquecíveis em lugares isolados e paradisíacos”
- Ebony Neil, co-fundadora.

Surf and kitesurf fast-growing sports

There is a rising tide of surfers in Mozambique. At the epicentre of this emerging generation of Mozambican surfers is Tofo, a coastal town in the southern province of Inhambane, also known as the ‘Land of Good People’. The Kym ani Surf & Kite Adventures school is responsible for training future champions of the sport. Cu riously, Tofo is the home of Mini Cho, the first professional Mozambican surfer.

Despite Mozambique’s over three thousand kilometres of coastline, ocean sports are still relatively unpopular in the country, including surfing. However, this scenario may change in the coming years, thanks to recent projects promoting the sport in the country. The Kymani school (translates as traveller, adventurer) is one such example of this transformation, which aims to be revolutionary and historic. Kymani is a Mozambican surf school, founded in 2019 by a dy namic crew of four ocean and adventure lovers: Ebony Neil, an Australian currently working in the humanitarian sector after many years in education; Kebba Jobarteh, a doctor; Luís Antunes, a Portu guese businessman and environmentalist – all three of them kite surfers and surfers – and Mini Cho, the first professional surfer from Mozambique.

“Kymani wants to grow ocean sports in the coun try and put Mozambique on the map as an inter national kite and surf destination, offering ocean adventure experiences to local and international markets alike”, said the school’s co-founder Ebony Neil. The school offers children’s kite and surf pro grams, school programs, school holidays programs, excursions, one or multi-day trips for kids to learn to kite, surf or SUP. “We provide kite and surf trips to world-class kite and surf spots, namely in Pemba, Mozambique Island, Inhassoro, Vilanculos, Pomene, Massinga, Tofo, Barra, Quissico, Chidenguele, Bilene, Maragra, Inhaca, Portuguese Island, Machangu lo, the Maputo Elephant Reserve, Ponta do Ouro, Mamoli and Malongane” – said Neil, referring to their top destinations.

76 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022
Fotografia: Cortesia de Escola Kimani

More than a school, Kymani is also a project that aims to promote tourism and raise peo ple’s social and environmental awareness, whilst showcasing Mozambique’s beautiful natural landscapes to the world and sharing “unforgettable experiences in isolated and paradisiacal places” across the country.

“All of Kymani’s kite and surf experiences can be enjoyed by adults, children, school groups, local or international communities, beginners, intermediate and experts”, ex plained Ebony Neil, further noting that they aspire to organise international kite and surf events and festivals in Mozambique to show case what the country has to offer, build part nerships, increase participation, grow the kite and surf community and promote tourism. “Kymani also plans to focus on promoting gender balance and increasing diversity in sports by promoting women’s kite and surf ing classes and offering exclusive adventure trips for women, whilst also offering servic es with guaranteed access for Mozambican men, women and children”, she concluded. The school can be contacted through the following websites: www.kymani.kite.surf e www.kymanisurf.com.

MINI CHO, AGED 23: THE FACE OF SURF ING IN MOZAMBIQUE

He was only fourteen when he caught his first wave in Inhambane, his hometown. One could say that the young surfer’s re lationship with the ocean started late, but it has already lasted almost a decade. Mini Cho is the main face of Mozambican surf ing. He is ranked 38th surfer in Africa and is currently the only Mozambican surfer in the qualifying series (WQS) of the World Surfing League.

Born in Tofo, a coastal town in Inhambane, Mini Cho is the son of a South Korean father and a Mozambican mother. He is the first ever Mozambican professional surfer, the present and future of surfing in Mozam bique. Although he was born in Mozam bique, Mini spent his childhood abroad. His parents moved to South Africa when he was very young, but he never felt discon nected from his homeland.

Mini is the only Mozambican on the World Qualifying Surfing Circuit (WQS) and in spires younger generations to catch the waves that changed his life forever: “The ocean taught me many life lessons. Be

ing a surfer means learning to wait for the perfect wave. We learn patience. When the wave comes, we ride it out and do the best we can. We learn to take on life’s oppor tunities and make the most out of them. When we fall off our wave, we get up and try again. The same can be said of life.” This, says the young surfer, is the greatest lesson catching waves has taught him. In fact, Mini grew up and matured through his contact with the sea. It is on the water where he spends most of his time; it is through riding waves that he wants to continue forging his path and destiny, which began in the 1990s. “I started surfing when I was 14 years old, which is usually quite late by most pro fessional standards. I liked it so much that I found myself surfing all day, which helped me progress very quickly”, explained the surfer, who caught his first wave in 1999, in fluenced by his biggest idols, now friends, Kelly Slater and Jordy Smith.

"When I caught my first wave, it never crossed my mind that I could be a profes sional surfer and make a living out of surfing. It was more of a hobby or a pastime for me. It was only when I realised that I was improv ing abnormally fast for a late-start surfer, that I began to think about it and try to be come a professional surfer”, said Mini, who never lacked support at home and abroad. For the love of surfing, he has already done some crazy things, like travelling to Scot land in search of the coldest wave. Mini says he has experienced and overcome many waves, from the most amazing to the most dangerous, in different countries through out his career, but the waves at home will always be for him the best and most special of all. “Tofinho has some of the best waves in the world on a good day. We manage to convince top professional surfers to travel to Tofo to surf in Tofinho. It’s a beautiful beach, with amazing waves and amazing people. Outside of Mozambique, my favourite place is the southwest coast of Portugal”, revealed Mini who, even though he has picked up some serious injuries in the water, never thought of giving up surfing.

Although it is still a very new sport in Mo zambique, surfer numbers are on the rise. The biggest presence of local surfers can be found in the bay of Tofo, followed by Pon ta D'Ouro, in Maputo province, which hosts various projects for the promotion and massification of this Olympic sport.

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 77
Fotografia: Cortesia de Escola Kimani

PREPARING THE NEXT GENERA TIONS THROUGH SURFING

Since his participation on the World Surfing Qualifying Circuit, Mini has seen an increase in the number of young people, teenag ers and children alike, taking an in terest in this not-so-popular ocean sport in Mozambique. Mini runs the Mozambican division of Surfers not Street Children, a non-profit char ity known locally as Tofo Surf Club. Tofo Surf Club uses surfing as a fun tool to keep children off the streets and get them involved in the sport, so as to help them get their bear ings in life. “Thanks to the project (Tofo Club Surf), we see less kids on the streets getting into alcoholism, and more kids surfing and under standing how important the ocean is”, he said proudly, recounting how surfing has positively impacted his life and helped him overcome challenges. “What continues to impress me is the way in which surfing can change people’s lives. I speak from experience on this, on how I’ve used surfing in the past as an escape from the real world. Out in the ocean, my problems or life challenges never followed me. When my feet touched the ocean, everything else would disappear. My only focus was having fun and enjoying the present moment”, he revealed.

The Tofo Surf Club was found ed in 2018 and works with about 100 children within the commu nity. It also indirectly benefits the children’s families through social programmes of self-employment generation. “Tofo is a town centred on marine tourism. It’s important to educate the next generation about how the ocean provides food, jobs and tourism, so that young people also realise their self-worth and can embrace, in the future, all the employment op portunities that Tofo presents. The hope is that they will all become managers, business owners and each own their own future. I hope to be an inspiration to all the chil dren in Mozambique who want to

push the boundaries of the sport”, said the surfer.

THE WORLD CUP DREAM

Mini Cho is blunt. Surfing profes sionally is a “very expensive invest ment.” His main challenge is gar nering local support to bring his project to fruition: using sport to transform the future of his home land’s children. “My sponsors are from the UK and Europe. Surfing is so new in Mozambique that Mo zambican brands and companies are not yet big sponsors of surf ers. I hope to change this for the next generation of surfers, since support from home is always more meaningful.”

Mini dreams of one day represent ing Mozambique at the sport’s world championships. “My plans are to continue surfing in the qual ifying series, hoping to become the highest ranked African surfer, and hopefully challenge the rest of the world in the near future. I dream of representing Mozam bique in the surf world champion ships, and one day qualifying for the Olympics.”

This 23-year-old Mozambican surfer was recently involved in the creation of the Tofo Boardriders Association. The initiative aims to attract more practitioners of the sport. In addition, “we hope to one day have a surfing federation with the aim of setting up a future Mo zambican Olympic surfing team, since surfing has been introduced as an Olympic sport in 2020”, he concluded.

Mini Cho became a professional surfer in 2019 and has since been an affiliate of the World Surfing League. Throughout his career, Mini competed in several inter national events, having already won the Mens division prize at the Croyde surfing competition in England. He is the 38th ranked surfer in Africa and the only Mo zambican surfer in the World Qualifying Series (WQS).

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 79

UPA conquista

selo “Escola Gandhi” 2022 para a EPM

Fotografia: Cortesia da UPA

A UPA (Unidos pelo Ambiente), uma associação de estudantes, posicionou a Escola Portuguesa de Maputo no top 10 das 50 escolas dos países de língua portuguesa que concorreram ao prémio.

Associação estudantil UPA Conquista

selo

“Escola Gandhi” 2022

para a EPM

No passado dia 25 de Outubro, decorreu em Lisboa, Portugal, a cerimónia de entrega do selo “Escola Gandhi”, uma competição em que a Unidos pelo Ambiente (UPA), uma associação de estudantes, que participou virtualmente, posicionou a Escola Portuguesa de Maputo – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) no top 10 das 50 escolas dos países de língua portu guesa que concorreram ao prémio.

OSelo “Escola Gan dhi” distingue es colas que estimu lam a participação activa na construção de so ciedades mais justas, soli dárias, igualitárias e inclusi vas, no quadro da defesa da democracia e dos direitos humanos. Ser uma “Escola Gandhi” significa ser uma es cola que ensina a estar, a co nhecer e a escutar os outros, que promove o bem-estar e a não-violência, e que dá li berdade à criatividade e ao conhecimento divergente, tudo o que a escola e a UPA tentaram promover ao longo deste ano e que se reflecte no vídeo enviado para do cumentar a candidatura. Este vídeo, gravado por alunos envolvidos numa actividade no âmbito do World Clean Up Day 2021 com o objecti vo de promover o interesse pela protecção dos oceanos e empatia para com os ac tuais problemas ambientais, foi alvo de análise e interesse de diversas entidades, ten do merecido o Selo “Escola Gandhi”.

Patrocinado pelo governo da Índia, este prémio Gandhi de educação para a cidadania é inspirado nos pensamentos e afirmações do advogado, nacionalista, anticolonialista e especialista em ética políti ca indiana Mahatma Gandhi, honrando e dando a conhe cer os seus princípios. Atra vés dele são reconhecidos projectos de escolas que

contribuem para o desen volvimento de competên cias essenciais de formação cívica, e aprendizagens com impacto na atitude cívica in dividual e no relacionamento interpessoal, social e intercul tural, destinados a alunos do ensino básico e secundário.

Qualquer agrupamento de escolas ou escola não agru pada ou escola profissional do ensino particular e coope rativo teve a oportunidade de se candidatar a este projecto através de uma produção es crita ou em formato multi média. Sob o tema preserva ção dos oceanos, a presente edição teve como objectivo incitar a interdisciplinaridade nas áreas de Biologia, Política, Economia e Ética, e estabe lecer uma relação entre o ser humano e o oceano, fazendo perceber que, apesar de os ecossistemas não precisarem de nós para encontrarem o seu equilíbrio, nós precisa mos deles.

O QUE É A UPA?

A UPA - Unidos Pelo Am biente - é uma associação de Estudantes da Escola Portuguesa de Maputo fun dada em 2018 por Constan ça Granjeia, então aluna da instituição, com o intuito de criar um movimento escolar de alunos para alunos visan do desenvolver diferentes actividades relacionadas com o meio ambiente para, de forma educativa e inte ractiva, promover uma men

talidade pró-sustentabilida de.

Presentemente dirigida pe las alunas Larissa Gil e Leo nor Silva, a UPA trabalha em prol de um bem-estar colec tivo, consciencializando para a importância de cuidarmos bem da nossa casa, o Planeta Terra. Ao longo da sua exis tência, foi estabelecendo di ferentes objectivos em con formidade com as situações decorrentes, conservando, no entanto, algumas metas que lhe são intrínsecas, tais como a redução da utiliza ção de materiais poluentes e substituição destes por opções mais sustentáveis, a promoção da prática de reciclagem na escola, a ex pansão da imagem da UPA em Moçambique, Portugal e outros países, e a redução dos impactos ambientais causados pela indústria têx til, nomeadamente através da dinamização de recolhas de roupa para doar e para lhe dar uma segunda vida, para além da promoção de negócios locais e mais sus tentáveis.

A UPA tem conseguido di namizar de forma extraordi nária uma série de activida des e reflexões de mudança, o que só é possível devido aos pilares instalados desde o início e que tenta promo ver dia após dia: mudança, sustentabilidade, educação, união, diversidade e respeito pelo ambiente.

A UPA (Unidos pelo Ambiente), uma associação de estudantes, posicionou a Escola Portuguesa de Maputo no top 10 das 50 escolas dos países de língua portuguesa que concorreram ao prémio.

Fotografia: Gabriel Jimenez

UPA Student Association wins the ‘Gandhi School’ Seal 2022 for EPM

The awards ceremony for the ‘Gandhi School’ Seal took place on October 25th in Lisbon. UPA - Unidos Pelo Ambiente (‘United for the Environment’), a student association, attended the event virtually and was one of the participants awarded with the Seal, placing the Escola Portuguesa de Maputo – Centro de Ensino e Língua Portuguesa (EPM-CELP) (‘Portuguese School of Maputo – Centre for the Portuguese Language and Teaching’) in the top 10 of the 50 schools of Portuguese-speaking countries competing for the award.

The ‘Gandhi School’ Seal distinguish es schools that en courage active par ticipation in building fairer, more supportive, egalitarian, and inclusive societies, in de fence of democracy and hu man rights. Being a ‘Gandhi School’ means being a school that teaches how to be – to know and listen to others – in a way that promotes well-be ing and non-violence, and freely supports creativity and

divergent knowledge. EPMCELP and UPA have active ly promoted these values throughout the year, and such is reflected in the video sub mitted as part of the appli cation documents. The video was recorded by students in volved in an activity related to the World Clean Up Day 2021, which sought to raise interest on the protection of the oceans and awareness of current environmental prob lems. The video was reviewed

with great interest by several entities, deservingly winning a ‘Gandhi School’ Seal.

Sponsored by the Indian Government, the Gandhi Citizenship Education Prize is inspired by thoughts and quotes of the Indian lawyer, nationalist, anti-colonialist and political ethicist Mahat ma Gandhi, as a way to hon our and promote his ide als. The prize distinguishes school projects aimed at pri

Fotografia: Daniel Oberg

mary and secondary school students that contribute to developing good citizenship core values, as well as raise awareness about the impact of individual civic behaviour on interpersonal, social and intercultural relationships.

Any school cluster or auton omous school, or vocational school offering one-on-one or cooperative education, had the opportunity to apply for this prize through a written or multimedia submission.

Under the theme of ocean preservation, this year’s edi tion of the prize sought to encourage interdisciplinarity among subjects such as Biol ogy, Politics, Economics and Ethics, and to establish a re lationship between humans and the ocean; to make peo ple realise that, even though ecosystems don’t strictly need us to find their equilibri um, we humans, however, do need them for ours.

WHAT IS UPA?

UPA - Unidos Pelo Ambi ente (‘United for the Envi ronment’) is a student as sociation of the Portuguese School of Maputo founded in 2018 by Constança Gran jeia, a former student of the institution. She had the idea of creating a ‘by students, for students’ movement at that school, focusing on de veloping various environ mental-related activities to promote a pro-sustainability mindset via educational and interactive approaches.

Currently headed by stu dents Larissa Gil and Leonor Silva, UPA works towards collective well-being, rais ing awareness to the impor tance of taking good care of our home, Planet Earth. Throughout its existence, it has set different objec tives in response to emerg ing situations, nevertheless maintaining some core goals

such as reducing the use of polluting materials and re placing them with more sus tainable options, promoting the practice of recycling at school, increasing the visi bility of UPA in Mozambique, Portugal and other countries, and reducing the environ mental impacts caused by the textile industry, in par ticular, by organizing cam paigns to collect clothing for donations or to give a second life to, in addition to promoting local and more sustainable businesses.

In an extraordinary way, UPA has managed to activate a series of interventions and reflections for change, which is only possible thanks to the core values established at the very beginning, and which it tries to promote day after day: change, sustaina bility, education, unity, diver sity and respect for the envi ronment.

In an a extraordinary way, UPA has managed to activate a series of interventions and reflections for change

BLOODY MARY OYSTER

INGREDIENTES:

Absolut Elyx - 25 ml

Sumo de tomate – 25 ml Sumo de limão – 5 ml Tabasco q.b. Molho inglês q.b.

1 ostra natural ligeiramente temperada Sirva em copo de shot e saboreie com todo o prazer.

“Se acha que não gosta de shots é porque ainda não experimentou este!” – Hélder Alves, Shaker.

Com o apoio de

Fotografia: Mariano Silva
Fotografia: Mariano Silva

BLOODY MARY OYSTER

25ml of Absolut Elyx 25ml of Tomato juice 5ml of Lemon juice Tabasco q.b. English Sauce q.b. One natural oyster, lightly seasoned

Serve in a shot glass and enjoy the pleasure.

INGREDIENTS:
Fotografia:
Com o apoio de
Mariano Silva
Fotografia: Aayush Grupta

Quando começou a trabalhar no mercado português, Sharon sentiu alguma resistência e dificuldade em adaptar-se aos procedimentos e à legislação, mas a resiliência faz parte do seu ADN, e tem uma receita: o segredo é estudar e tentar chegar lá.

Acreditamos que quem estuda Direito tem o interesse secreto de mudar o mundo. Sharon Ibraimo sempre soube que queria impactar o mundo através das leis. Agora, é a partir da capital portuguesa que está a desenvolver parte da mudança que quer ver.

Viver fora de Moçambique sempre fez parte das ambições de Sha ron, que, depois da licenciatura em Direito na Universidade Eduardo Mondlane, rumou à Cidade do Cabo, onde aprofundou os seus conhecimentos em Di reito Comercial. A verdade é que, embora sempre tenha procurado novos objectivos profissionais, foram, acima de tudo, as pes soas que levaram Sharon a explorar novos horizontes.

“Estudei em Cape Town e, depois de acabar o mestrado, estava convencida de que po deria e deveria regressar ao meu país para fazer a diferença. No entanto, quando re gressei, senti logo que pelo, menos naque le momento, não conseguiria aí estar e que havia muito mais no mundo para eu explo rar”, conta-nos Sharon.

Quando começou a trabalhar no mercado português, Sharon sentiu alguma resistência e dificuldade em adaptar-se aos procedi mentos e à legislação, mas a resiliência faz parte do seu ADN, e tem uma receita: “O se gredo é estudar e tentar chegar lá”. Aliada a esta vontade de fazer mais e melhor, a nossa advogada sente que é importante mostrar sempre mais e provar o seu valor porque, in felizmente, a conotação de ir de África não é vista como uma mais-valia.

“Sempre fui uma pessoa virada para o de senvolvimento, tanto que a minha propos ta para o doutoramento era em estudos de desenvolvimento, com foco na SADC”, de clara Sharon, referindo logo de seguida a quantidade de projectos que tem por im plementar em Moçambique.

Agora, aos 30 anos, Sharon reconhece que a comunidade moçambicana que vive em

Lisboa ajuda bastante em todo o seu pro cesso de se sentir mais perto de casa.

Novembro/November 2022 • Ed. 53 © Revista Xonguila | 95
SHARON IBRAIMO, LISBOA Escrito por: Eliana Silva Fotografia: Cortesia de Sharon Ibraimo Fotografia: Sara Darcaj

É importante mostrar sempre mais e provar o seu valor porque, infelizmente, a conotação de vir de África não é vista como uma mais-valia.

- Sharon Ibraimo

SHARON IBRAIMO, IN LISBON

We believe that those who study Law have a secret desire to change the world. Sharon Ibrai mo always knew she wanted to make an impact in the world through practising law. Currently based in the Portuguese capital, she is developing some of the change she wants to see.

Living outside Mozambique has always been one of Sharon’s ambitions. After graduating in Law from Universidade Eduardo Mondlane in Maputo, she head ed to Cape Town to further her knowledge of commercial law. The truth is that, although she has always sought out new professional goals, it was people, above all, who led Sharon to ex plore new horizons.

“I studied in Cape Town and after finishing my Masters, I was convinced that I could and should return to my home country to make a difference. However, upon returning, I immedi ately felt that at least for the moment, I wouldn’t be able to stay there, since there was so much more in the world for me to explore”, Sharon tells us.

When she began working in the Portuguese job

market, Sharon felt some resistance and diffi culty in adapting to procedures and legislation. However, resilience is part of her DNA, and she has a recipe: “The secret is to study and try to get there.” Alongside this will to do more and better, our lawyer feels that it’s important to always show more and prove your worth be cause, unfortunately, being from Africa is not seen as an asset.

“I’ve always been someone who is interested in the development sector, so much so that my proposal for a doctorate was in development studies, with a focus on SADC”, declares Sharon, immediately launching into several projects she has yet to implement in Mozambique.

Now, aged 30, Sharon acknowledges that the Mozambican community living in Lisbon helps her a lot in feeling closer to home.

98 | Revista Xonguila © Ed. 53 • Novembro/November 2022
Fotografia: Cortesia de Sharon Ibraimo
Fotografia: Ricardo Franco

Bailando

Feito tronco espraio meus ramos, toco céu e terra, aproximo gentes, abano vontades e abraço amores.

Minhas raízes feitas pernas ganham espaços, atravessam rios.

Meu cabelo feito folhas refresca mentes e espalha sabores.

Eu sou o fogo que aquece a alma e a angústia ritmada pela esperança, sou o espírito que atravessa a vida, sou a tua vontade esquecida.

Aniversário OPIUM

We still in love
Fotografia: Helton Perengue

O alfaiate e a arte de costurar o amor Lançamento do Livro de Stewart Sukuma

CoWork Comemora 10 anos em Moçambique

WHAT WE DO

Real estate brokerage.

Planning and budgeting.

Management of relationships with the investor.

Property assessments.

Management of real estate projects.

Administrative management and support for due diligence.

Coimbra: Estádio Cidade de Coimbra l Rua D. Manuel I, nº92 Lisboa: Edifício Écran l Rua Sinais de Fogo, nº 6 l Parque das Nações Tel: +351 239 094 370 l Email: geral@euopto.pt

Cada pessoa é uma cor

A Colecção “As Aventuras de Zua & Mwedzi” nasceu da vontade de desenvolver algumas temáticas mais sen síveis com o objectivo de alertar e educar para uma consciência perfeitamente informada e orientada para a igualdade. Na desmistificação de conceitos, crenças e/ou estereótipos, o livro apela para que o racismo seja combatido desde muito cedo para não se tornar num mal ainda maior.

Cada pessoa é uma cor (“Each person is a colour”)

The Colecção “As Aventuras de Zua & Mwedzi” (book collection “The Adventures of Zua & Mwedzi”) was born out of the desire to develop some more sensitive themes, so as to alert and educate others in de veloping a perfectly informed and equality-oriented collective conscience. In demystifying concepts, beliefs and/or stereotypes, the book calls for racism to be fought against from a very early age, so that it doesn’t become an even greater evil.

Manual das mãos

Manual das mãos – A poesia de White é um espaço que exprime as contradições da condição de ser poeta, não se encaixando o sujeito da escrita num ser humano que vive a rotina de ter um emprego vulgar, uma existência sem poesia. O amor parece ser meio de criação da poesia e da beleza, que permitem lutar contra o horror do quotidiano, reconciliando o poeta com o homem e com o seu país.

Manual das mãos (“A Handbook for Hands”)

White's poetry is a space that expresses the contradictions of being a poet, where the subject of the writing doesn´t quite fit the picture of a human being living through the motions of an ordi nary job, a life without poetry. Love seems to be a means to create poetry and beauty, which in turn make it possible to fight against the horror of everyday life, reconciling the poet with the man he his and, ultimately, with his country.

A Mulher Rei

AMulher Rei conta a incrível história das Agojie, uma unidade de guerreiras composta somente por mulheres com habilidades e técnicas peculiares que protegiam o reino africano de Daomé no ano de 1800. Inspirado em eventos reais, acompanha a emocio nante jornada épica da general Nanisca, enquanto esta treina uma nova geração de recrutas e as prepara para a batalha contra um inimigo determinado a destruir o modo de vida do seu povo. Um reino inimigo que trabalha com traficantes de escravos e que o pretende invadir.

Com 2 horas e 14 minutos de duração, o filme consegue prender o público, não sendo cansativo. Arrojado a nível visual, representa uma celebração da força das mulheres negras, uma poderosa celebração de cultura e identida de onde figuram interessantes e cativantes personagens.

Dirigido por Gina Prince-Bythewood e com roteiro assinado por Dana Ste vens, A Mulher Rei conta com actores maioritariamente negros, merecendo destaque a actuação de Viola Davis como General Nanisca, Tsudo Mbedu, no papel de Nawi, Lashana Lynch, como Izogie, a segunda no comando do exér cito, e Sheila Atim, como Amenza, conselheira e confidente de Nanisca.

A Mulher Rei conta a incrível história das Agojie, uma unidade de guerreiras composta somente por mulheres com habilidades e técnicas peculiares que protegiam o reino africano de Daomé no ano de 1800.

The Woman King

The Woman King tells the incredible story of the Agojie, an all-female unit of warriors that was specially trained to protect the African Kingdom of Daho mey in the 1800s. Inspired by true events, it follows the thrilling epic journey of General Nanisca as she trains a new generation of recruits and prepares them for battle against an enemy determined to destroy her people’s way of life. An enemy kingdom that associates with slave traders and wants to invade.

With a running time of 2h 14min, the film manages to capture the audience throughout, without being tiresome. Visually daring, it is a celebration of the strength of black women, a powerful celebration of culture and identity featuring interesting and captivating characters.

Directed by Gina Prince-Bythewood with a screenplay by Dana Stevens, the cast of The Woman King is mostly black, with special acting mentions to Viola Davis’s role as General Nanisca, Tsudo Mbedu as Nawi, Lashana Lynch as Izogie, the army´s sec ond-in-command, and Sheila Atim as Amenza, Nanisca’s counsel and confidant.

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Revista Xonguila Nº53 by Revista Xonguila - Issuu