Samira Jamú, usando o mar e a sua cultura como ferramentas para proteger legados e inspirar o futuro, é um exemplo de força e determinação.
Na histórica Ilha de Moçambique, onde o azul profundo do oceano abraça histórias seculares, nasceu e cresceu Samira Jamú. Hoje, ela é um exemplo de força e determinação, usando o mar e a sua cultura como ferramentas para proteger legados e inspirar o futuro. Cientista de mergulho, fundadora da Orampelela e defensora do desenvolvimento sustentável, Samira transformou desafios em pontes para o progresso. "Sou apenas uma menina da Ilha apaixonada pelo mar e cheia de sonhos", diz, com a humildade de quem nunca esqueceu as suas raízes, mas com a determinação de quem ousou ultrapassá-las. A sua jornada reflecte não apenas uma história de superação, mas também um profundo amor pelo património natural e cultural da Ilha.
Infância na Ilha: Entre Ondas e Sonhos
Numa comunidade onde o mar era tradicionalmente território masculino e as mulheres se dedicavam às tarefas domésticas, Samira encontrou no oceano algo que ia além do sustento: uma fonte infinita de possibilidades. Desde cedo, foi movida pela curiosidade em saber o que havia para além da costa. A sua infância foi marcada por momentos de fascínio ao nadar, recolher conchas e observar pescadores e mergulhadores. Inspirava-se também nos arqueólogos que visitavam a Ilha, trazendo consigo histórias de mundos submersos. Apesar das barreiras culturais e de género, Samira aprendeu a mergulhar ainda jovem, rompendo limites e criando novos caminhos. Tornou-se na primeira jovem mergulhadora científica da Ilha de Moçambique, uma conquista possibilitada pelo projecto Slave Wrecks, dedicado ao estudo de naufrágios relacionados ao comércio de escravos: “A arqueologia subaquática deu-me uma nova perspectiva sobre a minha história e identidade. Cada mergulho é como atravessar um portal para o passado e conectar-me aos meus ancestrais.”
O Nascimento da Orampelela
O primeiro mergulho científico revelou a Samira um mundo subaquático de rara beleza e diversidade, que despertou nela a vontade de proteger aquele ecossistema fascinante e partilhá-lo com a sua comunidade. Assim nasceu a Orampelela, um projecto que alia conservação ambiental, promoção da biodiversidade marinha e educação patrimonial. As dificuldades iniciais foram muitas: desde a escassez de recursos até as críticas culturais por ser uma mulher a trabalhar no mar, vestindo roupas de mergulho, consideradas "impróprias". "Não era comum mulheres trabalharem no mar, muito menos vestirem roupas de mergulho. Mas eu decidi que nada me afastaria dos meus sonhos", relembra Samira. Hoje, a Orampelela realiza actividades como limpezas costeiras, sensibilização ambiental e workshops, envolvendo especialmente os jovens. Este trabalho já trouxe mudanças significativas à Ilha de Moçambique, criando sistemas de limpeza regular das praias, colectando dados sobre espécies marinhas e protegendo recifes de coral. Reconhecida em plataformas globais como a National Geographic e a CNN, Samira também já foi premiada em fotografia subaquática, ampliando o impacto do seu
trabalho. "A inclusão comunitária tem sido um dos maiores triunfos. Ver crianças, jovens e líderes locais a participar nas iniciativas dá-me esperança num futuro sustentável", palavras suas.
Educação e Turismo Sustentável
Para Samira, a educação é o pilar da transformação social. "Quando ensinamos boas práticas, ajudamos as pessoas a compreenderem o valor dos recursos que possuem e a usá-los de forma consciente", sublinha. Ela também acredita no potencial do turismo sustentável como ferramenta para o desenvolvimento. Para Samira, o estatuto da Ilha de Moçambique como Património Mundial é uma oportunidade para gerar benefícios, desde que haja um esforço conjunto entre comunidades, operadores turísticos e instituições.
Sonhos e Futuros
Samira sonha criar o primeiro centro comunitário de mergulho da Ilha, dedicado ao turismo subaquático sustentável e à capacitação de jovens, especialmente mulheres. "Queremos que os jovens locais sejam protagonistas na gestão do património natural e cultural da nossa Ilha", explica. O desejo de concluir um mestrado é um objectivo pessoal, mas a sua maior aspiração vai além disso: "Espero que a minha história inspire outros a perseguirem os seus próprios sonhos." Às jovens que enfrentam barreiras culturais,
ela deixa um conselho: "Não tenham medo de ocupar espaços e de questionar tradições. Algumas práticas precisam de ser revistas, e o mergulho é uma forma maravilhosa de explorar e proteger o que temos de mais valioso."
A história de Samira Jamú é um convite a olhar o oceano e o mundo com outros olhos. Afinal, como ela diz: "O importante é saber usar os recursos que temos para construir um futuro melhor."
Fotografia: Cortesia de Samira Jamú
On the historic Mozambique Island, where the deep blue of the ocean embraces centuries-old stories, Samira Jamú was born and raised. Today, she is an example of strength and determination, using the sea and her culture as tools to protect legacies and inspire the future. A scientific diver, founder of Orampelela, and advocate for sustainable development, Samira has transformed challenges into bridges for progress. "I’m just a girl from the Island, passionate about the sea and full of dreams," she says, with the humility of someone who has never forgotten her roots, but with the determination of someone who dared to overcome them. Her journey reflects not only a story of overcoming obstacles but also a deep love for the natural and cultural heritage of the Island.
Fotografia:
Cortesia de Samira Jamú
Childhood on the Island: Between Waves and Dreams
In a community where the sea was traditionally male territory and women were dedicated to domestic tasks, Samira found in the ocean something beyond sustenance: an infinite source of possibilities. From an early age, she was driven by curiosity to know what lay beyond the shore. Her childhood was marked by moments of fascination swimming, collecting shells, and observing fishermen and divers. She was also inspired by archaeologists who visited the Island, bringing stories of underwater worlds. Despite cultural and gender barriers, Samira learned to dive at a young age, breaking limits and creating new paths.
She became the first young scientific diver from Mozambique Island, an achievement made possible by the Slave Wrecks Project, dedicated to the study of shipwrecks related to the slave trade. “Underwater archaeology gave me a new perspective on my history and identity. Each dive is like crossing a portal to the past and connecting with my ancestors.”
The Birth of Orampelela
Samira’s first scientific dive revealed an underwater world of rare beauty and diversity, awakening in her the desire to protect that fascinating ecosystem and share it with her community. Thus, Orampelela was born, a project that combines environmental conservation, promotion of marine biodiversity, and heritage education.
The initial difficulties were many: from a lack of resources to cultural criticism for being a woman working at sea, wearing diving suits considered "inappropriate." "It wasn’t common for women to work at sea, let alone wear diving suits. But I decided nothing would keep me away from my dreams," recalls Samira.
Today, Orampelela carries out activities such as coastal clean-ups, environmental awareness, and workshops, especially involving young people. This work has already brought significant changes to Mozambique Island, creating regular beach cleaning systems, collecting data
on marine species, and protecting coral reefs. Recognised on global platforms such as National Geographic and CNN, Samira has also been awarded for underwater photography, amplifying the impact of her work. "Community inclusion has been one of the greatest triumphs. Seeing children, young people, and local leaders participate in initiatives gives me hope for a sustainable future," she says.
Education and Sustainable Tourism
For Samira, education is the pillar of social transformation. "When we teach good practices, we help people understand the value of the resources they have and use them consciously," she stresses.
She also believes in the potential of sustainable tourism as a tool for development. For Samira, the status of Mozambique Island as a World Heritage Site is an opportunity to generate benefits, provided there is a joint effort between communities, tourism operators, and institutions.
Dreams and Futures
Samira dreams of creating the Island's first community diving centre, dedicated to sustainable underwater tourism and the training of young people, especially women. "We want local youth to be protagonists in managing the natural and cultural heritage of our Island," she explains.
The desire to complete a master's degree is a personal goal, but her greatest aspiration goes beyond that: "I hope my story inspires others to pursue their own dreams." To young women facing cultural barriers, she leaves a piece of advice: "Don’t be afraid to occupy spaces and question traditions. Some practices need to be reviewed, and diving is a wonderful way to explore and protect what we have that is most valuable."
Samira Jamú’s story is an invitation to look at the ocean and the world with new eyes. After all, as she says: "The important thing is knowing how to use the resources we have to build a better future."
DESAFIO
DE EMPREENDEDORISMO CFAO
Conheça os finalistas
Meet the finalists
42 EMPREGO.CO.MZ
O impacto de grandes crises no mercado laboral em Moçambique
The impact of major crises on Mozambique’s labour market
60 DENTSU
Cuidados a ter na era da desinformação
Caution in the age of misinformation
68 TURISMO
A influência das épocas do ano no turismo
The influence of seasons on tourism
CROSSFIT MAPUTO
Um espaço de superação e comunidade
A space to surpass yourself
92 MONEY SAVVY MOZAMBIQUE
Dicas financeiras para uma vida melhor
Financial tips for a better life
110
KARINGANA
Textos livres com assinatura
Signature free texts
112
CINEMA 35MM
Dúdú e o lápis cor da pele
Dúdú and the skin-coloured pencil
MILLENNIUM BIM
O Natal solidário do Millennium bim Millennium bim’s charitable christmas
ACCESS BANK
2024, um ano de conquistas e expansão 2024, a year of achievements and expansion
FICHA TÉCNICA/BIOS
AMBASSADOR
A nova publicação do grupo editorial Xonguila The new publication by Xonguila editorial group
Propriedade/Property: Veludo & Mentol, Sociedade Unipessoal Lda • Conselho de Administração/Administrative Council: Omar Diogo, Nuno Soares • Director: Nuno Soares • Gestão de Conteúdos Editoriais/Editorial Content Management: Nuno Soares, Mariano Silva • Copy-desk (português): Fátima Ribeiro • Colunistas/Writers: Aayat Irfan, Dércio Parker, Sany Weng, Emilia Gimo • Tradução (Português-Inglês)/Translation (Portuguese-English): Pedro Sargaço • Fotografia/Photography: Helton Perengue • Design de Capa/Cover Design: Nuno Azevedo • Grafismo/ Visuals: Omar Diogo • Infografia e Paginação/ Infographics and Pagination: Omar Diogo • Produtores Audiovisuais/Audiovisual Producers: Omar Diogo, Nuno Lopes, Ana Piedade• Gestão de Redes Sociais/ Social Media Management: Nuno Soares • Conteúdos de Marketing e Comunicação/ Marketing and Communication Contents: Omar Diogo, Nuno Azevedo • Gestão de Homepage e Edição Online/Homepage Management and Online Editing: Omar Diogo, Jorge Oliveira • Departamento Comercial/Commercial Department: Nuno Soares - comercial@xonguila.co.mz • Impressão/Printing: Txelene LDA • Distribuição/ Distribution: Flotsam Moçambique, Lda • ISSN: ISSN-0261-661 • Registo/Register: 02/Gabinfo-dec/2018 • Registo de Propriedade Industrial/Industrial Property Registration: 35065/2017 - 35066/2017 (15/01/2018)
Os artigos com assinatura reflectem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição ou reprodução, parcial ou total, requer a autorização expressa da empresa titular da revista.
The articles reflect the authors opinion, and not necessarily the magazine opinion. All transcript or reproduction, partial or total, requires the authorization of the company that owns the magazine
Estimado leitor,
Do Director / From the Director
Chegamos à Xonguila nº 76, uma edição que cobrirá os meses de Dezembro e Janeiro, encerrando o capítulo de 2024 e renovando o nosso compromisso de inspirar e informar os nossos leitores.
Neste número, apresentamos os dez finalistas do Desafio de Empreendedorismo by CFAO, um projecto que acompanhámos com entusiasmo ao longo de todo o ano, e destacamos a trajectória do Access Bank com uma reflexão sobre as suas conquistas e momentos marcantes mais recentes.
Apresentamos uma entrevista exclusiva com Samira Jamú, a mergulhadora moçambicana que nos leva às profundezas das nossas águas e partilha a sua paixão pela exploração marinha. Para os amantes de desporto e saúde, visitámos o CrossFit Maputo Gym, a única box oficial de CrossFit na cidade, onde o bem-estar físico e o estilo de vida activo se encontram.
Desejamos-lhe festas felizes e um novo ano de prosperidade, união e paz. Que juntos possamos enfrentar os grandes desafios que nos esperam, sempre com a certeza de que o diálogo e a compreensão são os pilares para construirmos um Moçambique mais forte.
Com esperança e determinação, desejamos-lhe uma boa leitura e enviamos um abraço fraterno.
Dear Reader,
Welcome to the 76th edition of Xonguila, covering the months of December and January. As we close the chapter on 2024, we renew our commitment to inspire and inform our readers.
In this issue, we introduce the ten finalists of the CFAO Entrepreneurship Challenge, a project we have followed with great enthusiasm throughout the year. We also highlight the journey of Access Bank, reflecting on its recent achievements and memorable milestones.
Additionally, we bring you an exclusive interview with Samira Jamú, the Mozambican diver who takes us into the depths of our waters and shares her passion for marine exploration. For sports and fitness enthusiasts, we visited CrossFit Maputo Gym, the city’s only official CrossFit box, where physical wellness meets an active lifestyle.
We wish you a joyful holiday season and a New Year filled with prosperity, unity, and peace. Together, let us face the challenges ahead with the conviction that dialogue and understanding are the cornerstones of building a stronger Mozambique.
With hope and determination, we wish you an enjoyable read and extend a warm fraternal embrace.
Nuno Soares Director
Com o apoio de:
Extraímos
Recolhemos
cápsulas até à data 12.981
Impactamos directamente 5 mil pessoas, sendo mulheres na sua maioria
64 Kg de borra café
fertilizar uma área de 1.000m2 de machamba
Realizamos
2 workshops sobre reutilização de garrafas PET para fazer vassouras e sobre como produzir sabão a partir de óleo alimentar usado
Millennium bim oferece um Natal Solidário em todo o país
Ao longo do mês de Dezembro, o Millennium bim irá realizar o Natal Solidário a nível nacional, uma acção que reflecte o compromisso do Banco de apoiar as comunidades moçambicanas mais necessitadas. Contará com a participação activa de Colaboradores voluntários, na visita a 20 entidades, entre instituições de acolhimento, hospitais e orfanatos.
ONatal Solidário faz parte do programa anual do programa de responsabilidade social do Millennium bim "Mais Moçambique pra Mim", que contempla acções de impacto social em diversas áreas. É uma forma de contribuir para um momento mais acolhedor para os mais necessitados durante a quadra festiva.
“Não contribuímos apenas para o desenvolvimento financeiro de Moçambique. Também assumimos a responsabilidade de apoiar as comunidades que servimos em
momentos de necessidade. O Natal Solidário é mais do que um gesto de solidariedade, é um compromisso de levar esperança, alegria e conforto a quem mais precisa, reforçando o nosso papel social em todo o território nacional", relata Moisés Jorge, Presidente do Conselho de Administração do Millennium bim.
O Millennium bim reafirma, com esta iniciativa, a sua presença activa em todo o país, demonstrando que o seu impacto positivo vai além do sector financeiro, promovendo um Moçambique mais solidário e inclusivo.
O Natal Solidário é mais do que um gesto de solidariedade, é um compromisso de levar esperança, alegria e conforto a quem mais precisa.
- Moisés Jorge, Presidente do Conselho de Administração do Millennium bim.
Millennium bim offers a Solidarity Christmas across the country
Throughout December, Millennium bim is hosting its nationwide Natal Solidário (Solidarity Christmas) initiative, reaffirming its commitment to supporting Mozambique's most vulnerable communities. The programme will see the active involvement of volunteer employees, who will visit 20 organisations, including care homes, hospitals, and orphanages.
The Natal Solidário forms part of Millennium bim’s annual corporate social responsibility programme, Mais Moçambique pra Mim (More Mozambique for Me), which encompasses impactful initiatives across various sectors. This effort aims to create a warmer, more inclusive festive season for those in need.
"We contribute not only to Mozambique’s financial development but also take responsibility for supporting the communities we
serve in times of need. The Natal Solidário is more than an act of charity; it is a commitment to bringing hope, joy, and comfort to those who need it most, reinforcing our social role across the nation," said Moisés Jorge, Chairman of Millennium bim.
With this initiative, Millennium bim underscores its active presence nationwide, demonstrating that its positive impact extends beyond the financial sector by promoting a more compassionate and inclusive Mozambique.
A revolução na luta contra a malária
A vacina contra a malária promete salvar milhões de vidas em Moçambique.
Amalária, a doença que mais mata em Moçambique, é um dos maiores desafios de saúde pública no país e no continente africano. Transmitida pela picada da fêmea infectada do mosquito Anopheles, esta enfermidade provoca milhares de mortes anuais, afectando sobretudo crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas. Contudo, uma acção recente trouxe renovada esperança: a vacina contra a malária, descoberta poucos anos atrás, foi introduzida no calendário de vacinação infantil em Moçambique. Conhecida como Mosquirix, a vacina RTS,S é o resultado de mais de 30 anos de investigação científica e rigorosos testes clínicos. Apesar de não oferecer protecção completa, ela reduz
consideravelmente a gravidade da doença e as hospitalizações em crianças pequenas. Para um país como Moçambique, onde o impacto da malária é avassalador, este avanço representa uma oportunidade extraordinária para salvar vidas e melhorar a qualidade de vida das comunidades.
A malária é causada por parasitas do género Plasmodium, sendo o Plasmodium falciparum o mais mortal em África. Mas por que razão apenas as fêmeas transmitem este parasita? A explicação está no seu comportamento alimentar: enquanto os machos se alimentam exclusivamente de néctar de flores, as fêmeas necessitam de sangue para produzir os seus ovos. Durante esta alimentação sanguínea, o parasita é trans-
mitido ao hospedeiro humano.
As condições tropicais de Moçambique, caracterizadas por altas temperaturas e elevada humidade, criam um ambiente propício para a proliferação do mosquito Anopheles. A malária torna-se, assim, uma ameaça constante para as populações, sobretudo nas zonas rurais, onde o acesso aos serviços de saúde é limitado. Neste contexto, Moçambique destaca-se entre os países mais afectados no mundo, sendo necessário soluções robustas e eficazes para minimizar o impacto da doença. Para além do sofrimento humano provocado pelos milhões de casos anuais e um alarmante número de mortes no país, a doença representa uma enorme pressão sobre o sistema de saúde e a economia nacional, pelo que a introdução da vacina Mosquirix surge como um marco de importância excepcional.
A campanha de vacinação já teve início em várias províncias, com prioridade para as regiões mais afectadas. A nova ferramenta de combate de que agora dispomos complementa outras estratégias preventivas, como o uso de redes mos-
quiteiras impregnadas com insecticida, pulverizações intra-domiciliares e tratamentos rápidos dos casos confirmados. A combinação destas abordagens é indispensável para reduzir a incidência da malária e o seu impacto devastador.
Apesar do entusiasmo gerado pela vacina, a luta contra a malária está longe de ser vencida. A adesão das famílias à vacinação e a garantia de que todas as crianças elegíveis recebam as doses necessárias constituem desafios significativos. Paralelamente, é crucial que se continue a sensibilizar as comunidades sobre a importância de medidas preventivas e assegurar-se o acesso ao tratamento.
A chegada desta vacina renova a esperança de um futuro mais saudável para as próximas gerações. Menos crianças adoecerão, mais vidas serão salvas, e as famílias poderão aspirar a um amanhã com menos sofrimento e perdas. Este marco histórico simboliza o poder transformador da ciência e da determinação humana para combater um dos maiores flagelos de saúde pública da actualidade.
A vacina Mosquirix, resultado de mais de 30 anos de investigação científica e rigorosos testes clínicos, reduz a gravidade da malária e hospitalizações em crianças pequenas.
Malaria, the leading cause of death in Mozambique, is one of the greatest public health challenges in the country and across the African continent. Transmitted by the bite of the infected female Anopheles mosquito, this disease claims thousands of lives annually, particularly affecting children under five years of age and pregnant women. However, a recent initiative has brought renewed hope: the malaria vaccine, discovered a few years ago, has been added to Mozambique’s childhood immunisation schedule.
Known as Mosquirix, the RTS,S vaccine is the result of over 30 years of scientific research and rigorous clinical trials. While it does not offer complete protection, it significantly reduces the severity of the disease and hospitalisations among young children. For a country like Mozambique, where the impact of malaria is overwhelming, this breakthrough represents an extraordinary opportunity to save lives and improve the quality of life in communities.
Malaria is caused by parasites of the Plasmodium genus, with Plasmodium falciparum being the deadliest in Africa. But why is it only females that transmit this parasite? The answer lies in their feeding behaviour: while males feed exclusively on flower nectar, females require blood to produce their eggs. During this blood feeding, the parasite is transmitted to the human host.
Mozambique's tropical conditions, characterised by high temperatures and humidity, create an ideal environment for the proliferation of the Anopheles mosquito. Malaria, therefore, poses a constant threat, especially in rural areas where access to healthcare services is limited. In this context, Mozambique ranks among the most affected countries in the world, requiring robust and effective solutions to minimise the disease's impact. Beyond the human suffering caused by millions of annual cases and a staggering number of deaths, malaria places enormous strain on the healthcare system and the national economy. The introduction of the Mosquirix vaccine thus emerges as a milestone of exceptional significance.
The vaccination campaign has already begun in several provinces, with priority given to the hardest-hit regions. This new combat tool now complements other preventive strategies, such as the use of insecticide-treated mosquito nets, indoor spraying, and prompt treatment of confirmed cases. The combination of these approaches is essential to reducing the incidence of malaria and its devastating impact.
Despite the enthusiasm generated by the vaccine, the fight against malaria is far from over. Ensuring families participate in vaccination programmes and that all eligible children receive the necessary doses remains a significant challenge. At the same time, it is crucial to continue raising community
awareness about preventive measures and ensuring access to treatment.
The arrival of this vaccine renews hope for a healthier future for upcoming generations. Fewer children will fall ill, more lives will be
saved, and families will aspire to a tomorrow with less suffering and loss. This historic milestone symbolises the transformative power of science and human determination in combating one of the most significant public health scourges of our time.
2024 foi um ano marcado por expansão estratégica, reconhecimento internacional e várias iniciativas em que ficaram patentes os esforços do Access Bank para com o desenvolvimento económico, social e ambiental.
Em 2024, o Access Bank reafirmou o seu empenho na promoção da excelência e do crescimento sustentado, tanto a nível global como em Moçambique. Este foi um ano marcado pela expansão estratégica, pelo reconhecimento internacional e por uma série de iniciativas em que ficaram patentes os seus esforços para com o desenvolvimento económico, social e ambiental. A robusta marca do banco é um reflexo do seu propósito de ser um gateway de África para o Mundo, promovendo um impacto positivo nos países onde opera.
Conquistas globais e expansão internacional
O Access Bank consolidou a sua presença global em 2024 com marcos significativos, destacando-se tanto pela sua estratégia de crescimento internacional como pelo reconhecimento da sua cultura organizacional. O prémio Forbes – Best Place to Work demonstra o empenho em proporcionar um ambiente de trabalho inclusivo, positivo e inovador para os seus colaboradores, algo que, sem dúvida, sustenta a sua constante busca pela excelência.
A expansão para novos mercados foi uma das grandes apostas do ano. O lançamento do W Initiative na Zâmbia e no Botswana sublinha o esforço do banco em promover a inclusão financeira e o empreendedorismo feminino em toda a África. Além disso, a abertura de uma nova sucursal em Hong Kong representa um passo estratégico para ligar a Ásia aos mercados africanos, aproximando o continente de investidores e oportunidades globais. O grupo também se expandiu para novos mercados africanos com a entrada na Tanzânia e na Namíbia, além de garantir a aquisição nas Maurícias e em Malta através do The Access Bank UK Limited, reforçando a sua posição na região. A aquisição da Bidvest, uma importante empresa sul-africana, também contribuiu para consolidar o seu papel no mercado africano, criando novas oportunidades para clientes e parceiros.
Moçambique: Impacto local e compromisso social
Em Moçambique, o Access Bank continuou a trabalhar com a comunidade, concentrando-se em áreas-chave como educação, saúde, sustentabilidade e empoderamento feminino. Através de uma série de iniciativas, o banco beneficiou milhares de pessoas, promovendo a transformação social e económica em várias regiões do país.
Educação e literacia financeira
A educação e a literacia financeira foram áreas de grande foco em 2024, com a instituição a alcançar mais de 38.000 pessoas através de diversas iniciativas. Uma mais destacadas foi o apetrechamento de bibliotecas em várias escolas, incluindo a reabilitação da Biblioteca da Escola Unidade 25 de Maxaquene, com vista a proporcionar um ambiente mais adequado para o desenvolvimento dos jovens estudantes. O banco também promoveu sessões de educação financeira em parceria com escolas, de que a Escola Primária de Chiango é um exemplo. Na Global Money Week, essa missão foi levada a universidades, criando uma rede de conhecimento que beneficia gerações futuras. Além disso, a publicação de um glossário em línguas locais facilitou o acesso à informação financeira de forma inclusiva, garantindo que mais moçambicanos pudessem entender e gerir as suas finanças de forma responsável.
O Access Bank consolidou a sua presença global com marcos significativos, destacando-se tanto pela sua estratégia de crescimento internacional como pelo reconhecimento da sua cultura organizacional.
Saúde e bem-estar social
Na área da saúde, foi também significativo o impacto das diversas campanhas realizadas, com mais de 5.500 pessoas beneficiadas. Em celebração do Dia da Criança, o Access Bank activou acções de apoio em instituições como o Hospital Central de Nampula, e na Catembe, reforçando a sua dedicação para com o bem-estar das crianças e das famílias. Evidente foi ainda o apoio a causas sociais em campanhas como a Caminhada do Autismo e outras iniciativas, tais como Setembro Amarelo, Outubro Rosa e Novembro Azul, que tiveram como objectivo a sensibilização da população para a
importância da saúde mental e da luta contra o cancro e para o autismo.
Sustentabilidade e responsabilidade ambiental
Em termos de sustentabilidade, o banco envolveu-se activamente em iniciativas que beneficiaram mais de 15.000 pessoas. O apoio à segunda conferência sobre ESG (questões ambientais, sociais e boa governação), o lançamento do Projecto Café, em parceria com o Mega, e a participação no PwC Banking Forum sobre sustentabilidade marcaram o ano como um ponto de viragem no envolvimento
do banco nos domínios da preservação ambiental e da prática de negócios responsáveis. A celebração do Dia dos Oceanos, a limpeza de praias e a participação no Mpesa Fintalks sobre literacia financeira e inclusão foram outras acções que reflectiram a preocupação do banco naqueles domínios.
Empoderamento feminino
O empoderamento feminino foi uma das principais bandeiras do Access Bank em 2024. O banco promoveu diversas iniciativas que visam fortalecer o papel da mulher na sociedade e no mundo dos negócios. O workshop para mulheres empreendedoras e o evento Mulheres na Liderança foram momentos importantes para a troca de conhecimentos e fomento de novas oportunidades para mulheres em todo o país. A iniciativa Power of 100, lançada pelo grupo, mas implementada igualmente em Moçambique, focou-se em dar visibilidade a mulheres que se têm destacado em diversas áreas, desde o empreendedorismo até à liderança comunitária, criando uma rede de apoio e inspiração para futuras gerações de mulheres.
Reconhecimento internacional
O impacto das iniciativas em Moçambique não passou despercebido. Em 2024, o Access Bank recebeu diversos prémios importantes, destacando-se em categorias como Best CSR Bank Mozambique 2024, Best Bank for Women Entrepreneurs Mozambique 2024, e Best
Bank for Financial Inclusion Mozambique 2024, atribuídos pela World Economic Magazine, que também reconheceu o banco como o Best Customer Service Bank Mozambique 2024. Foi ainda destacado pela International Finance com os prémios de Most Innovative CSR Initiative – Mozambique 2024 e Most Innovative SME Financing Program for Women Empowerment – Mozambique 2024, sublinhando o seu papel de liderança no país e suas inovadoras iniciativas em responsabilidade social e financiamento de PME para o empoderamento feminino.
Parcerias estratégicas e expansão de negócio
O Access Bank também estreitou a sua rede de parcerias em Moçambique com a assinatura de memorandos de entendimento com a ALCM, a UP e a Associação Nacional dos Municípios, com o objectivo de promover o desenvolvimento económico e social no país. A participação em eventos como o Mozambique UK Business Forum, a conferência Moçambique-Alemanha e a Mozambique Energy and Industries Summit reforçou a sua presença em discussões estratégicas sobre o futuro do país. Em termos de expansão física, foi inaugurado o balcão de Pemba, aumentando a cobertura do banco nas diversas regiões de Moçambique. A Semana do Serviço do Cliente, por sua vez, sublinhou o propósito da instituição com a excelência no atendimento, solidificando ainda mais a sua relação com os clientes.
O Access Bank, que entrou em 2024 com uma visão clara de expansão e responsabilidade social, provou, ao longo do ano, ser uma instituição sólida e comprometida com o progresso de África, e de Moçambique, em particular. Com um portfólio de iniciativas diversificadas que impactaram positivamente milhares de pessoas, o banco tem-se posicionado como um pilar fundamental no apoio à educação, à saúde, à sustentabilidade e ao empoderamento feminino. O ano de 2024, sem dúvida, fortaleceu a posição da instituição como um verdadeiro agente de transformação tanto no país como no continente africano e a nível global.
Access Bank: 2024, a year of achievements and global and local expansion
In 2024, Access Bank reaffirmed its commitment to promoting excellence and sustainable growth, both globally and in Mozambique. This year was marked by strategic expansion, international recognition, and a series of initiatives highlighting its efforts toward economic, social, and environmental development. The bank’s strong brand reflects its purpose of being a gateway for Africa to the world, fostering positive impact in the countries where it operates.
Global Achievements and International Expansion
Access Bank solidified its global presence in 2024 with significant milestones, distinguished by its international growth strategy and recognition for its organisational culture. Winning the Forbes “Best Place to Work” award underscored its dedication to creating an inclusive, positive, and innovative work environment, which undoubtedly supports its continuous pursuit of excellence.
Expanding into new markets was a key focus for the year. The launch of the W Initiative in Zambia and Botswana highlighted the bank’s efforts to promote financial inclusion and female entrepreneurship across Africa. Furthermore, the opening of a new branch in Hong Kong marked a strategic step in connecting Asia with African markets, bringing the continent closer to global investors and opportunities. The group also expanded into new African markets, entering Tanzania and Namibia, while securing acquisitions in Mauritius and Malta via The Access Bank UK Limited, strengthening its regional presence. The acquisition of Bidvest, a prominent South African company, further cemented its role in the African market, creating new opportunities for clients and partners.
Mozambique: Local Impact and Social Commitment
In Mozambique, Access Bank continued to engage with the community, focusing on key areas such as education, health, sustainability, and female empowerment. Through various initiatives, the bank positively impacted thousands of people, fostering social and economic transformation across the country.
Education and Financial Literacy
Education and financial literacy were major areas of focus in 2024, with the institution reaching over 38,000 individuals through various initiatives. Notably, the bank equipped libraries in several schools, including the refurbishment of the Unidade 25 de Maxaquene School Library, creating a more conducive learning environment for young students. The bank also conducted financial education sessions in partnership with schools, such as Chiango Primary School. During Global Money Week, this mission extended to universities, building a network of knowledge for future generations. Moreover, the publication of a glossary in local languages facilitated inclusive access to financial information, ensuring that more Mozambicans could understand and manage their finances responsibly.
Health and Social Wellbeing
In the health sector, the impact of various campaigns reached over 5,500 people. In celebration of Children’s Day, Access Bank provided support to institutions such as the Nampula Cen-
tral Hospital and organisations in Catembe, demonstrating its dedication to the well-being of children and families. The bank also supported social causes through campaigns like the Autism Walk and other initiatives, such as Yellow September, Pink October, and Blue November, aimed at raising awareness about mental health, cancer prevention, and autism.
Sustainability and Environmental Responsibility
Regarding sustainability, the bank actively participated in initiatives benefiting over 15,000 people. These included supporting the second ESG (Environmental, Social, and Governance) Conference, launching the Café Project in partnership with Mega, and taking part in the PwC Banking Forum on sustainability. Celebrations such as World Oceans Day, beach clean-up activities, and participation in Mpesa Fintalks on financial literacy and inclusion further demonstrated the bank’s commitment to environmental preservation and responsible business practices.
Female Empowerment
Female empowerment was one of Access Bank’s flagship initiatives in 2024. The bank organised various programmes to strengthen the role of women in society and business. Key events included a workshop for women entrepreneurs and the Women in Leadership event, which facilitated knowledge exchange and fostered new opportunities for women nationwide. The Power of 100 initiative, launched by the group and implemented in Mozambique, focused on recognising women excelling in fields ranging from entrepreneurship to community leadership, creating a network of support and inspiration for future generations.
International Recognition
The impact of these initiatives in Mozambique did not go unnoticed. In 2024, Access Bank received numerous prestigious awards, including Best CSR Bank Mozambique 2024, Best
Bank for Women Entrepreneurs Mozambique 2024, and Best Bank for Financial Inclusion Mozambique 2024 from the World Economic Magazine. It was also recognised by International Finance with awards for Most Innovative CSR Initiative – Mozambique 2024 and Most Innovative SME Financing Program for Women Empowerment – Mozambique 2024, highlighting its leadership role in the country and its innovative social responsibility initiatives.
Strategic Partnerships and Business Expansion
Access Bank also strengthened its network of partnerships in Mozambique by signing memoranda of understanding with the ALCM, UP, and the National Association of Municipalities, aimed at promoting the country’s economic and social development. Its participation in events such as the Mozambique UK Business Forum, the Mozambique-Germany Conference, and the Mozambique Energy and Industries Summit underscored its involvement in strategic discussions about the nation’s future. In terms of physical expansion, the opening of a branch in Pemba increased the bank’s coverage across Mozambique. Customer Service Week further emphasised the institution’s commitment to service excellence, solidifying its relationship with clients.
Access Bank entered 2024 with a clear vision of expansion and social responsibility, proving throughout the year to be a solid institution committed to the progress of Africa, and Mozambique in particular. With a diverse portfolio of initiatives that positively impacted thousands, the bank has positioned itself as a cornerstone in supporting education, health, sustainability, and female empowerment. The year 2024 undoubtedly strengthened the institution’s role as a transformative force both in the country, on the continent, and globally.
Fotografia: Cortesia do Access Bank
As amostras das tipologias de crise analisadas comprovam a tendência de um impacto negativo a nível da empregabilidade, gerando uma dinâmica caracterizada por alta competitividade e escassez de empregos formais.
O impacto de grandes crises no mercado laboral em Moçambique
(Este artigo não tem em conta a crise que se vive presentemente em Moçambique)
Nos últimos anos, Moçambique tem sido fortemente fustigado por eventos impactantes na sociedade cuja origem advém de fenómenos tanto de escala global, nomeadamente a pandemia da covid 19, como nacional, com o a crise económica de 2016, e local, sobretudo os ciclones Idai (Beira) e Kenneth (Cabo Delgado). Todos estes fenómenos tiveram um tremendo impacto que culminou com cenários de crise de saúde pública, económica e ambiental, respectivamente, criando contextos de turbulência que alteram profundamente as dinâmicas de oferta e procura de trabalho.
Este artigo analisa o impacto das crises com escala nacional mais relevantes, nomeadamente a económica de 2016 e a de saúde pública provocada pela covid 19, sobre o mercado laboral especificamente no que diz respeito ao volume de vagas publicadas e de candidaturas submetidas.
Importa realçar que os dados aqui apresentados são apenas das vagas de emprego formal divulgadas por recrutadores que usam o emprego. co.mz, um portal publicamente disponível e transparente de recrutamento. Representam, assim, uma amostra que, embora pequena, é fiável, das vagas disponíveis em Moçambique.
A Crise Económica de 2016
• Dados de vagas e candidaturas (20152016):
- Em 2015, foram publicadas 2.147 vagas, com 169.066 candidaturas; - Em 2016, as vagas publicadas caíram para 1.768, tendo as candidaturas aumentado para 285.058.
A queda nas vagas e o aumento nas candidaturas indicam uma maior competitividade no mercado de trabalho. O número de candidatos por vaga subiu drasticamente, em 205%, reflectindo a escassez de oportunidades formais.
A crise económica de 2016, teve um impacto directo na dinâmica laboral. De lá para cá, a recessão causada pela perda de confiança internacional e pela interrupção de muitos financiamentos afectou de forma significativa os sectores produtivos, com grande relevância na geração de emprego, tema deste nosso artigo.
A Crise de Saúde Pública da COVID-19
• Dados de vagas e candidaturas (20192020):
- Em 2019, antes da pandemia, foram publicadas 1.681 vagas, com 302.390 candidaturas;
- Em 2020, as vagas publicadas caíram para 1.461, enquanto as candidaturas diminuíram para 237.741.
A pandemia de COVID-19 trouxe uma crise de saúde pública que afectou profundamente a economia e o mercado de trabalho. Com o isolamento social e as restrições, muitos sectores foram paralisados, resultando numa queda nas oportunidades de emprego.
As amostras das tipologias de crise analisadas comprovam a tendência de um impacto negativo a nível da empregabilidade aquando destes eventos, gerando uma dinâmica laboral caracterizada por alta competitividade e escassez de empregos formais.
Independentemente da natureza da crise, há uma tendência de correlação entre o período em que esta decorre e uma degradação da dinâmica laboral. Uma das causas deste cenário é o contexto de incerteza vivido afectar a confiança dos investidores e a criação de novas oportunidades de emprego.
Com efeito, o número de vagas publicadas no emprego.co.mz diminuiu, acompanhado pela redução do volume de candidaturas. Contudo, considerando que a crise alterou a natureza das vagas, aumentando a necessidade de perfis profissionais adaptados à nova realidade criada pela pandemia, podemos considerar relevante o volume de candidaturas.
Plataformas digitais como o emprego.co.mz desempenham um papel fundamental, fornecendo dados cruciais que evidenciam os factos, permitindo, por conseguinte, analisar as causas, e avaliar soluções que possibilitem uma melhor preparação para combater as crises.
A queda nas vagas e o aumento nas candidaturas indicam uma maior competitividade no mercado de trabalho.
The impact of major crises on the labour market in Mozambique
(This article does not take into account the current crisis unfolding in Mozambique)
In recent years, Mozambique has been heavily affected by impactful societal events originating from both global phenomena, such as the COVID-19 pandemic, and national issues, including the 2016 economic crisis, as well as local events like Cyclones Idai (Beira) and Kenneth (Cabo Delgado). These phenomena have had a tremendous impact, resulting in crises in public health, the economy, and the environment, respectively. Together, they have created turbulent conditions that profoundly alter the dynamics of labour supply and demand.
This article examines the impact of the most significant national-scale crises, namely the 2016 economic crisis and the COVID-19 pandemic, on the labour market, specifically in terms of the number of job vacancies advertised and the applications submitted.
It is important to emphasise that the data presented here pertains solely to formal job vacancies advertised by recruiters using emprego.co.mz, a publicly accessible and transparent recruitment platform. Therefore, while the sample size is small, it reliably represents the job opportunities available in Mozambique.
The 2016 Economic Crisis
• Job Vacancy and Application Data (2015–2016):
o In 2015, 2,147 job vacancies were advertised, with 169,066 applications submitted.
o In 2016, job vacancies fell to 1,768, while applications surged to 285,058.
The decline in vacancies and the increase in applications indicate heightened competitiveness in the labour market. The number of candidates per vacancy rose
dramatically by 205%, reflecting a scarcity of formal opportunities.
The 2016 economic crisis had a direct impact on labour dynamics. Since then, the recession caused by a loss of international confidence and the interruption of numerous financing streams has significantly affected productive sectors, which play a critical role in job creation—the subject of this article.
The COVID-19 Public Health Crisis
• Job Vacancy and Application Data (2019–2020):
- In 2019, before the pandemic, 1,681 vacancies were advertised, with 302,390 applications submitted.
- In 2020, job vacancies fell to 1,461, while applications dropped to 237,741.
The COVID-19 pandemic brought a public health crisis that profoundly affected the economy and the labour market. Social isolation and restrictions paralysed many sectors, leading to a decline in employment opportunities.
The examples of the types of crises ana -
lysed demonstrate a trend of negative impacts on employability during such events, resulting in labour dynamics characterised by high competition and a scarcity of formal jobs.
Regardless of the nature of the crisis, there is a tendency for a correlation between the period of the crisis and a deterioration in labour dynamics. One of the causes of this scenario is the uncertainty that affects investor confidence and the creation of new job opportunities.
As a result, the number of job vacancies
advertised on emprego.co.mz decreased, accompanied by a reduction in the volume of applications. However, considering that the crisis altered the nature of job vacancies by increasing the need for professional profiles adapted to the new reality created by the pandemic, the volume of applications remains significant.
Digital platforms such as emprego.co.mz play a fundamental role by providing crucial data that highlights the facts, enabling analysis of the causes and evaluation of solutions to better prepare for combating crises.
Regardless of the nature of the crisis, there is a tendency for a correlation between the period during which it occurs and a deterioration in labour dynamics.
OS 10 PROJECTOS FINALISTAS DO
DE EMPREENDEDORISMO
PROJECTOS DO DESAFIO EMPREENDEDORISMO
OS 10 PROJECTOS FINALISTAS DO DESAFIO DE EMPREENDEDORISMO DA CFAO
Ao longo de 2024, a revista Xonguila apresentou, em cada uma das suas edições, os projectos seleccionados no Desafio de Empreendedorismo da CFAO, um desafio criado com o intuito de promover iniciativas nacionais focadas em soluções de mobilidade e segurança rodoviária. Agora que o ano chega ao fim, relembramos os dez projectos que marcaram a competição, para que, em Janeiro, o público possa votar no seu favorito e se apure o grande vencedor, a ser anunciado em Fevereiro. The prize includes a cash award of 60,000 Meticais and the chance to present a pitch to CFAO's international programme. The final decision will be based on a weighted system: 20% public vote, 40% evaluation by Xonguila's panel of judges, and 40% by the CFAO Group jury.
Eis os 10 projectos finalistas. Vote no seu favorito através dos canais digitais da revista Xonguila.
2. Recavi - Protegendo as crianças nas estradas
A Recavi é uma organização sem fins lucrativos que actua desde 2018 na educação para a segurança rodoviária. Seu principal foco está na protecção infantil, com campanhas de sensibilização nas escolas, formação de condutores e peões e disseminação de materiais educativos, com vista a diminuir os acidentes que envolvem crianças, promovendo práticas mais seguras no trânsito.
1. Epsilon Mobilidade - Soluções sustentáveis
para cidades
A Epsilon Mobilidade é uma extensão da Epsilon Energia Solar (EES), conhecida pelo seu trabalho em energia renovável desde 2018. O projecto oferece soluções de mobilidade urbana sustentáveis, como bicicletas e veículos eléctricos alimentados por energia solar. Financiada pelo programa BRILHO, a iniciativa, tem como objectivo reduzir a poluição ambiental nas cidades e proporcionar alternativas acessíveis para o transporte diário.
5. Yora - Uma plataforma para partilhar viagens
A Yora é uma aplicação que permite que proprietários de veículos partilhem espaços livres nos seus carros com passageiros que procuram transporte. Este sistema para além de reduzir custos para todos os envolvidos, minimiza o número de carros nas estradas, diminuindo o impacto ambiental. Com funcionalidades como itinerários coordenados e pagamentos seguros via tokens, a Yora está a construir uma nova forma de viajar.
3. Mozambikes - Mobilidade para comunidades rurais
A Mozambikes nasceu para resolver o problema das longas distâncias percorridas a pé em áreas rurais de Moçambique. Com bicicletas acessíveis, o projecto transforma a vida de comunidades que enfrentam dezenas de quilómetros diários de caminhada. A iniciativa não apenas melhora a mobilidade, mas também fomenta o desenvolvimento económico e social nessas regiões.
4. Chapateca - Educação e conhecimento em movimento
A Chapateca é uma biblioteca móvel inovadora, que utiliza “chapas” (minibus locais) convertidos para levar livros e mensagens educativas às comunidades mais vulneráveis. O projecto promove a leitura, enquanto dissemina informações cruciais sobre segurança rodoviária e outras questões sociais, combinando cultura e educação em uma solução criativa.
7. Hipster - Mobilidade inteligente em Maputo
A Hipster introduziu as trotinetes eléctricas como uma solução prática para enfrentar o trânsito intenso de Maputo. Estas trotinetes oferecem uma alternativa económica e sustentável, ajudando a reduzir os congestionamentos e facilitando o deslocamento urbano, enquanto promovem um futuro mais ecológico.
6. Djika Moz - Um roadshow pela segurança rodoviária
Djika Moz, que na língua changana significa ‘dar a volta ao país’, é um roadshow que percorre todas as províncias de Moçambique. Durante o percurso, realiza demonstrações práticas de segurança rodoviária e promove a condução defensiva. Documentado em programas de televisão e rádio, o projecto combina educação, turismo e cultura local, criando um impacto positivo em todo o país.
8. AMVIRO - Prevenção e educação para estradas mais seguras
A AMVIRO dedica-se a reduzir acidentes rodoviários através de acções preventivas e formativas. Oferecendo palestras, campanhas comunitárias e acções de sensibilização, a organização trabalha para transformar as estradas moçambicanas em locais mais seguros. O projecto aborda desde formação técnica até apoio emocional às vítimas de acidentes.
9. Baaike: Bicicletas feitas de resíduos plásticos
A Baaike, liderada por Marta Uetela, transforma resíduos plásticos recolhidos em zonas costeiras e periféricas em bicicletas ecológicas. Além de combater a poluição, o projecto fornece uma solução de transporte económico para comunidades carentes. Cada bicicleta ajuda a limpar o ambiente e a melhorar a mobilidade local, promovendo um modelo de economia circular.
10. Tablet Comunitário - Tecnologia e inclusão
O Tablet Comunitário é uma plataforma digital que oferece serviços integrados às comunidades rurais e urbanas de Moçambique. Desde a educação em segurança rodoviária até testes psicotécnicos e serviços governamentais básicos, este projecto tem revolucionado o acesso à informação e aos serviços públicos, especialmente em áreas remotas sem acesso regular à internet.
Participe na decisão, ajudando a eleger a iniciativa vencedora. O seu voto conta! Apoie a inovação moçambicana!
THE 10 FINALISTS OF THE CFAO ENTREPRENEURSHIP CHALLENGE
Throughout 2024, Xonguila magazine has spotlighted innovative projects selected as part of the CFAO Entrepreneurship Challenge. This initiative aims to promote national projects dedicated to mobility solutions and road safety. As the year concludes, we revisit the ten finalists who captured the public's imagination. In January, voting will open, giving the public the chance to choose their favourite. The grand winner, to be announced in February, will earn the opportunity to pitch their project to CFAO's international programme.
The final result will be determined by a combination of public votes (20%), Xonguila magazine’s jury (40%), and the CFAO Group’s panel of experts (40%).
Here are the 10 standout projects. Cast your vote on Xonguila’s digital platforms!
1. Epsilon Mobilidade – Sustainable Solutions for Cities
An offshoot of Epsilon Energia Solar (EES), which has been promoting renewable energy since 2018, Epsilon Mobilidade provides sustainable urban mobility solutions. Its offerings include solar-powered bicycles and electric vehicles, aiming to reduce pollution and provide affordable transport alternatives in cities. The initiative is supported by the BRILHO programme.
2. Recavi – Protecting Children on the Roads
Recavi, a non-profit organisation established in 2018, focuses on road safety education with a particular emphasis on child protection. The project conducts awareness campaigns in schools, driver training, and pedestrian education to reduce road accidents involving children and foster safer practices on the roads.
5. Yora – A Platform for Ride-Sharing
Yora is an app that connects vehicle owners with passengers seeking transport, allowing them to share journeys and reduce travel costs. By optimising road use, Yora helps cut down on traffic and environmental impact. Features include coordinated itineraries and secure token-based payments.
6. Djika Moz – A Road Safety Roadshow
Meaning “tour the country” in Changana, Djika Moz is a roadshow that travels across Mozambique’s provinces, providing practical road safety demonstrations and promoting defensive driving. Documented on TV and radio, the project combines education with local culture and tourism, creating a nationwide positive impact.
3. Mozambikes – Mobility for Rural Communities
Mozambikes addresses the challenge of long walking distances in Mozambique’s rural areas. By providing affordable bicycles, the initiative transforms lives in communities where daily treks of dozens of kilometres are common. Beyond improving mobility, Mozambikes also stimulates economic and social development in these regions.
4. Chapateca – Education and Knowledge on the Move
Chapateca converts local minibuses, known as “chapas,” into mobile libraries that deliver books and educational materials to vulnerable communities. Combining education with road safety awareness, the project fosters a love of reading while addressing pressing social issues through creative solutions.
7. Hipster – Smart Mobility in Maputo
Hipster has introduced electric scooters as a practical solution to Maputo’s traffic congestion. These affordable, eco-friendly scooters help reduce urban gridlock while promoting sustainable transport options for commuters.
8. AMVIRO – Prevention and Education for Safer Roads
AMVIRO is committed to reducing road accidents through preventive measures and education. Offering workshops, community campaigns, and awareness drives, the organisation seeks to make Mozambican roads safer, providing both technical training and emotional support to accident victims.
9. Baaike – Bicycles Made from Plastic Waste
Led by Marta Uetela, Baaike turns plastic waste collected from coastal and peripheral areas into eco-friendly bicycles. By tackling pollution and providing affordable transport, the project champions a circular economy, improving mobility while helping clean the environment.
10. Tablet Comunitário – Technology and Inclusion
The Tablet Comunitário is a digital platform offering integrated services to rural and urban communities in Mozambique. From road safety education to psychometric testing and basic government services, this initiative has revolutionised access to information and services in remote areas lacking reliable internet connectivity.
Have your say! Help decide the winner by casting your vote and supporting Mozambican innovation. Every vote counts!
CONFORTO DESIGN SEGURANÇA TECNOLOGIA AGILIDADE
Cuidados a ter na era da desinformação
Por Benjamim Júnior (Digital Marketing Manager da Create Moçambique)
Como cidadãos comuns, o que podemos fazer caso tenhamos dúvidas sobre a veracidade de um conteúdo é não o partilharmos, porque cada partilha é um passo para que a desinformação se espalhe.
Cuidados a ter na era da desinformação
Por Benjamim Júnior (Digital Marketing Manager da Create Moçambique)
Um pouco por todo o mundo, sente-se que, sempre que há alguma instabilidade, os meios de comunicação são usados, para o bem e para o mal. Sem contar que, nos dias que correm, e com o acesso facilitado às mais diversas plataformas digitais, consumimos, cada um à sua forma, vários conteúdos que, frequentemente, nem sabemos de onde provêm.
Quantas vezes já abriu uma rede social, como o Instagram ou o Facebook, por exemplo, e, somente por ter visto o que está escrito na imagem do feed, acreditou na informação, sem sequer ler a legenda? Ou, por outro lado, se -
guiu a sugestão que está na legenda e carregou no link da biografia da página para compreender melhor o conteúdo? A verdade é que, na correria do quotidiano, temos pouco tempo para ler com profundidade toda a informação que consumimos. Nesse sentido, é importante
que cada consumidor perceba e consuma conteúdos de fontes credíveis.
A questão é: como é que percebemos se estamos a ser alvo de fake news ou não?
Na prática, e como cidadãos comuns, o que podemos fazer é, caso tenhamos dúvi -
das sobre a veracidade de um conteúdo, não o partilharmos, porque cada partilha é um passo para que a desinformação se espalhe. Em alguns países, o próprio número de encaminhamento de mensagens em aplicativos como o WhatsApp é limitado, exactamente para conter a disseminação de mais fake news.
Acresce que, genericamente, há meios que contribuem para que cada pessoa perceba se está a ser alvo de desinformação ou não: ensinar os cidadãos a distinguir entre informações verdadeiras e falsas, interpretando criticamente as notícias que consomem; incluir a educação mediática no currículo escolar, para ensinar, desde cedo, como identificar fontes confiáveis e verificar factos; utilizar a rádio, a televisão e redes sociais para educar sobre os perigos das fake news e como veri -
ficá-las. Por exemplo, dada a quantidade de pessoas que ouvem rádios comunitárias em Moçambique, em línguas locais, seria interessante usar esse canal para corrigir desinformações rapidamente.
Por vezes, é mesmo necessário ir à fonte do problema: porque não trabalhar directamente com os gestores das redes sociais, como a Meta ou a X, de forma a ajudar a identificar e remover conteúdos falsos? Claro que acções como esta são mais complicadas de implementar por cidadãos, mas as agências de publicidade ou mesmo as instituições públicas podem e devem fazê-lo. Além disso, incentivar jornalismo de qualidade, investigativo e ético é sempre uma boa prática, já que acaba por fortalecer a capacidade dos meios de comunicação locais de produzir conteúdo confiável.
É necessário que se ensinem os cidadãos a distinguir entre informações verdadeiras e falsas, interpretando criticamente as notícias que consomem.
Caution in the age of misinformation
By Benjamim Júnior (Digital Marketing Manager at Create Mozambique)
Across the globe, there is a growing sense that, in times of instability, the media is wielded both as a tool for good and as a weapon for harm. Today, with unparalleled access to a variety of digital platforms, we consume content in myriad forms, often without a clear understanding of its origins.
How many times have you opened a social media platform, such as Instagram or Facebook, and, simply by reading the text on an image in your feed, taken
the information at face value without even glancing at the caption? Alternatively, have you ever followed the suggestion in a caption to click the link in the bio to learn more? The truth is, in
the rush of daily life, we rarely have time to scrutinise every piece of information we encounter. This makes it all the more important for consumers to discern and rely on credible sources.
The question is: how can we tell if we are falling prey to fake news? Practically speaking, as ordinary citizens, one step we can take is to refrain from sharing content if we have doubts about its accuracy. Every share contributes to the spread of misinformation. In some countries, even the number of times a message can be forwarded on apps like WhatsApp is restricted, precisely to curtail the proliferation of fake news.
Furthermore, there are measures that can help individuals identify misinformation. These include educating people to distinguish between true and false information by critically interpreting the news they consume; incorporating media literacy into school curricula to teach young people how to verify facts and identify reliable sources; and using radio, television, and social media to
raise awareness of the dangers of fake news and how to detect it. For instance, given the widespread reach of community radio stations in Mozambique, particularly in local languages, these platforms could be leveraged to swiftly counter misinformation.
At times, it is necessary to address the root of the issue: why not collaborate directly with social media platforms, such as Meta or X, to help identify and remove false content? While actions like these may be challenging for individual citizens to implement, advertising agencies and public institutions are well-placed to take the lead. Moreover, encouraging high-quality, investigative, and ethical journalism is always a valuable practice, as it strengthens the capacity of local media outlets to produce trustworthy content.
Em Moçambique, o clima e o turismo estão fortemente interligados, influenciando o fluxo de visitantes e o desenvolvimento socioeconómico das regiões.
As estações do ano e o turismo:
Influências e estratégias face às alterações climáticas
As estações do ano influenciam directamente as épocas altas e baixas no turismo, moldando a actividade das empresas e o desenvolvimento socioeconómico das regiões. Em Moçambique, país culturalmente diverso e com paisagens naturais únicas, o clima e o turismo estão fortemente interligados. Este artigo explora como as estações afectam o fluxo de visitantes, as características das épocas altas e baixas, e as estratégias que as empresas adoptam para se ajustarem às mudanças sazonais, especialmente num contexto de alterações climáticas.
As épocas altas, geralmente caracterizadas pelo aumento de turistas, coincidem com períodos de clima favorável ou eventos culturais e religiosos, factores que tornam uma região mais atractiva para os visitantes. Em Moçambique, no entanto, muitos turistas preferem a época quente e chuvosa, de Novembro a Abril, devido às férias escolares e a diversos eventos festivos. Durante esta estação, o país revela-se numa explosão de vida: a vegetação torna-se vibrante e os rios enchem-se, proporcionando experiências naturais únicas, ainda que algumas actividades ao ar livre se tornem mais desafiadoras.
Por outro lado, a época baixa, altura em que o fluxo de turistas diminui, ocorre geralmente na estação das chuvas, que dificulta actividades ao ar livre. Contudo, esta época oferece uma experiência diferente, com cenários mais tranquilos e vegetação exuberante, ideais para quem procura contacto com a natureza longe de multidões, em busca de uma experiência mais calma e autêntica.
Para responder às oscilações sazonais, as empresas turísticas ajustam as suas estratégias. Durante a época alta, aumentam os preços e diversificam as ofertas para responder à maior procura, enquanto na época baixa recorrem a pacotes promocionais e estratégias de
marketing para captar turistas. Esta adaptação permite que o sector maximize as oportunidades em cada estação, respondendo às necessidades e expectativas dos visitantes de forma eficaz.
Num cenário global de alterações climáticas, fenómenos como o aumento das temperaturas médias, a elevação do nível do mar e a intensificação de ciclones trazem novos desafios para o sector do turismo. Em Moçambique, eventos climáticos extremos, de que foram exemplo os ciclones Idai e Kenneth, tiveram impactos severos nas infra-estruturas turísticas e redireccionaram fluxos de turistas. Para enfrentar estes desafios, o sector pre-
Escrito por: Dércio Parker
cisa de investir em infra-estruturas mais resilientes, adoptar práticas de sustentabilidade e promover o uso de energias renováveis, preservando o que torna Moçambique um destino tão especial.
Apesar dos desafios, as alterações climáticas também trazem novas oportunidades. O aquecimento global pode tornar áreas antes consideradas inóspitas mais atractivas, enquanto outras perdem apelo. A diversificação de produtos turísticos, como o ecoturismo e o turismo de aventura, permite às empresas adaptarem-se a novas realidades e atrair turistas interessados em experiências mais alinhadas com as tendências climáticas.
Com uma visão estratégica, as empresas turísticas podem responder tanto às variações sazonais quanto ao impacto das alterações climáticas. Práticas sustentáveis, como o turismo ecológico e de base comunitária, ajudam a preservar os destinos e atraem turistas conscientes, interessados em experiências que respeitam e valorizam os recursos naturais
e culturais. A criação de ofertas que possam ser desfrutadas em todas as estações, incluindo o turismo de praia, ecoturismo e turismo cultural, torna o sector menos dependente das condições climáticas e mais abrangente.
Dessa forma, as estações do ano desempenham um papel central na dinâmica do turismo, impactando a economia local e as operações das empresas. Compreender e adaptar-se à sua variação é essencial para que o sector turístico em Moçambique tire o máximo partido da época alta e enfrente os desafios da época baixa com eficácia. Num mundo em mudança, a capacidade de alinhar as operações com as tendências climáticas e de preservar os recursos naturais será decisiva para garantir um turismo sustentável e próspero.
Juntos, podemos promover um turismo mais consciente e responsável, que valorize e proteja a beleza única de Moçambique e do mundo, assegurando um futuro em harmonia com o ambiente e as comunidades locais.
Durante a época alta, Moçambique revela-se numa explosão de vida, com vegetação vibrante e rios cheios.
As alterações climáticas trazem desafios e oportunidades, redefinindo o futuro do turismo em Moçambique.
The Seasons and Tourism: Influences and strategies in the face of climate change
Written by: Dércio Parker
The seasons directly influence peak and low periods in tourism, shaping business activities and the socio-economic development of regions. In Mozambique, a culturally diverse country with unique natural landscapes, climate and tourism are strongly interconnected. This article explores how the seasons affect visitor flows, the characteristics of high and low seasons, and the strategies businesses adopt to adjust to seasonal changes, particularly in the context of climate change.
High seasons, typically marked by an increase in tourist numbers, coincide with favourable weather conditions or cultural and religious events that make a region more attractive to visitors. In Mozambique, however, many tourists prefer the hot and rainy season, from November to April, due to school holidays and various festive events. During this season, the country comes alive with vibrant vegetation and full rivers, offering unique natural experiences, even though some outdoor activities become more challenging.
On the other hand, the low season, when tourist numbers decrease, usually occurs during
the rainy season, which makes outdoor activities more difficult. However, this period offers a different experience, with quieter scenery and lush vegetation, ideal for those seeking contact with nature away from crowds, in search of a calmer, more authentic experience.
To respond to seasonal fluctuations, tourism businesses adjust their strategies. During the high season, they increase prices and diversify offerings to meet greater demand, while in the low season, they turn to promotional packages and marketing strategies to attract tourists. This adaptation allows the sector to maximise opportunities in each season, effectively responding to visitors' needs and expectations.
In a global context of climate change, phenomena such as rising average temperatures, sea-level rise, and the intensification of cyclones present new challenges for the tourism sector. In Mozambique, extreme weather events such as Cyclones Idai and Kenneth had severe impacts on tourism infrastructure and redirected tourist flows. To face these challenges, the sector needs to invest in more resilient infrastructure, adopt sustainability practices, and promote the use of renewable energies, preserving what makes Mozambique such a special destination.
Despite the challenges, climate change also brings new opportunities. Global warming can make previously inhospitable
areas more attractive, while others lose their appeal. The diversification of tourism products, such as ecotourism and adventure tourism, allows businesses to adapt to new realities and attract tourists interested in experiences more aligned with climate trends.
With a strategic vision, tourism businesses can respond to both seasonal variations and the impact of climate change. Sustainable practices, such as eco-tourism and community-based tourism, help preserve destinations and attract con-
scious tourists interested in experiences that respect and value natural and cultural resources.
The creation of offerings that can be enjoyed year-round, including beach tourism, ecotourism, and cultural tourism, makes the sector less dependent on weather conditions and more comprehensive.
The seasons play a central role in the dynamics of tourism, impacting local economies and business operations. Understanding and adapting to their variations is essential for the tourism sector in Mozambique
to make the most of the high season and effectively face the challenges of the low season.
In a changing world, the ability to align operations with climate trends and preserve natural resources will be decisive in ensuring sustainable and prosperous tourism.
Together, we can promote more conscious and responsible tourism that values and protects the unique beauty of Mozambique and the world, ensuring a future in harmony with the environment and local communities.
Nos últimos anos, o CrossFit ganhou notoriedade em Moçambique, consolidando-se como uma das modalidades mais dinâmicas e envolventes no mundo do fitness. Diferente do que normalmente se pratica num ginásio comum (treino individual, focado em equipamentos isolados), o CrossFit combina movimentos funcionais realizados em alta intensidade com um espírito comunitário único que motiva e desafia os praticantes a superarem os seus limites. Em Maputo, a CrossFit Maputo, uma box oficial, destaca-se não apenas pela qualidade dos treinos, mas também pela história de paixão e resiliência que está na sua origem. Espaço onde o exercício físico transcende o mero movimento, é um dos raros ginásios geridos por mulheres no país.
Ajornada da CrossFit Maputo começou em 2014, durante uma viagem aos Estados Unidos, onde as fundadoras tiveram o primeiro contacto com o CrossFit. A intensidade, o espírito de grupo e a dinâmica da modalidade deixaram uma impressão tão profunda que, ao regressarem a Maputo, decidiram partilhar a descoberta com amigos, improvisando um pequeno ginásio numa garagem de casa. O sucesso foi imediato. O entusiasmo dos participantes inspirou-as a sonhar mais alto, culminando, em 2018, na abertura de uma box oficial. Com mais de 200 metros quadrados, a CrossFit Maputo é a maior box do país e foi meticulosamente projectada para unir funcionalidade, segurança e motivação. Equipamentos de alta qualidade, como barras olímpicas, kettlebells e bicicletas ergométricas, garantem aos atletas uma experiência de treino completa. No entanto, o que realmente diferencia este local é o cuidado com os detalhes.
A iluminação natural e a ventilação criam um ambiente acolhedor, enquanto as áreas para alongamento e socialização reforçam o senso de comunidade.
Embora este tipo de exercícios sejam conhe -
cidos pela intensidade, a CrossFit Maputo desmonta preconceitos, mostrando que a modalidade pode ser praticada com segurança, independentemente do nível físico do atleta. A personalização é o ponto-chave. Cada treino, de iniciantes a praticantes experientes, é adaptado às capacidades e metas individuais. O foco no indivíduo, aliado a uma equipa altamente qualificada, garante uma experiência segura e eficaz. Os seis treinadores, todos certificados, trazem para a box uma combinação de rigor técnico e paixão pela pedagogia. Especialistas em áreas como ginástica e weightlifting enriquecem os treinos, enquanto profissionais em nutrição desportiva ajudam os atletas a equilibrar o desempenho físico com uma alimentação adequada. Este cuidado integral traduz-se numa taxa de lesões notavelmente baixa, evidenciando o compromisso com a segurança.
A diversidade é uma das grandes forças da box. Jovens de 16 anos e seniores com mais de 70 anos treinam lado a lado, numa demonstração clara de que a modalidade é acessível a todos. Além das aulas tradicionais, são oferecidas modalidades comple -
A jornada da CrossFit Maputo começou em 2014, durante uma viagem aos Estados Unidos em que as fundadoras tiveram o primeiro contacto com a modalidade.
Com mais de 200 metros quadrados, a CrossFit Maputo é a maior box do país e foi meticulosamente projectada para unir funcionalidade, segurança e motivação.
mentares, como o MetCon – focado em resistência cardiovascular e força –, ginástica infantil e, para quem procura algo diferente, aulas de boxe. Para desmistificar a modalidade e atrair novos adeptos, a box organiza aulas experimentais semanais. Eventos regulares também são realizados, promovendo a inclusão e desafiando o preconceito de que a modalidade é apenas para atletas de elite. Aqui, todos têm um lugar, independentemente da idade ou condição física.
Como qualquer empreendimento, a gestão de uma box oficial em Maputo enfrenta desafios, desde o desconhecimento da modalidade até à competição desleal de ginásios que utilizam indevidamente o nome. No entanto, a CrossFit Maputo procura manter-se fiel aos padrões exigidos, investindo na formação contínua dos treinadores e educando a comunidade sobre a importância de treinar num espaço certificado. Para usar o nome oficial “CrossFit” e ser uma box reconhecida, é obrigatório obter certificações específicas da marca. Este compromisso garante padrões de qualidade, segurança e autenticidade aos treinos. O local de que falamos tornou-se um ponto de encontro para quem procura um estilo de vida saudável, como também um sentido de pertença. Cada treino é uma experiência de superação e motivação, criando uma rede de apoio que transforma vidas.
A trajectória da box CrossFit Maputo, símbolo de inovação e coragem no panorama desportivo moçambicano, é um exemplo de como paixão, visão e dedicação podem gerar mudanças profundas. Para quem procura mais do que um treino, este é o lugar onde cada gota de suor é um passo em direcção ao melhor de si mesmo. Um espaço que não apenas desafia o corpo, mas também inspira a alma.
Fotografia: Helton Perengue
Uma das grandes forças da box é a diversidade dos praticantes. Jovens de 16 anos e seniores com mais de 70 treinam lado a lado, numa clara demonstração de que a modalidade é acessível a todos.
CrossFit Maputo A space to surpass yourself
In recent years, CrossFit has gained prominence in Mozambique, establishing itself as one of the most dynamic and engaging fitness modalities. Unlike traditional gym routines, which often focus on individual workouts with isolated equipment, CrossFit combines functional movements performed at high intensity with a unique sense of community that motivates and challenges participants to push their limits. In Maputo, CrossFit Maputo, an official box, stands out not only for the quality of its training sessions but also for the story of passion and resilience behind its creation. It is a space where physical exercise transcends mere movement, and one of the few gyms in the country managed by women.
The journey of CrossFit Maputo began in 2014 during a trip to the United States, where the founders had their first contact with CrossFit. The intensity, group spirit, and dynamic nature of the modality left such a profound impression that, upon returning to Maputo, they decided to share their discovery with friends by improvising a small gym in a home garage. The success was immediate. The enthusiasm of the participants inspired them to dream bigger, culminating in 2018 with the opening of an official box. With over 200 square metres, CrossFit Maputo is the largest box in the country and was meticulously designed to combine functionality, safety, and motivation. High-quality equipment, such as Olympic bars, kettlebells, and air bikes, ensures a comprehensive training experience for athletes. However, what truly sets this space apart is the attention to detail. Natural lighting and ventilation create a welcoming atmosphere, while areas for stretching and socialising reinforce the sense of community.
While such exercises are known for their intensity, CrossFit Maputo debunks myths by demonstrating that the modality can be practised safely, regardless of the athlete's physical fitness level. Personalisation is the
key. Every workout, whether for beginners or experienced practitioners, is tailored to individual abilities and goals. The focus on the individual, coupled with a highly qualified team, ensures a safe and effective experience. The six certified trainers bring a mix of technical rigour and a passion for teaching to the box. Specialists in areas such as gymnastics and weightlifting enhance the training, while experts in sports nutrition help athletes balance physical performance with proper dietary practices. This holistic approach results in a remarkably low injury rate, underscoring their commitment to safety.
Diversity is one of the box’s greatest strengths. Young people aged 16 and seniors over 70 train side by side, a clear demonstration that the modality is accessible to everyone. In addition to traditional classes, complementary options are available, such as MetCon— focused on cardiovascular endurance and strength—children’s gymnastics, and even boxing classes for those seeking something different. To demystify the modality and attract new members, the box organises weekly trial classes. Regular events are also held, promoting inclusion and challenging the misconception that the modality is only for elite athletes. Here, everyone has a place, regard -
Fotografia: Helton Perengue
The story of CrossFit Maputo exemplifies how passion, vision, and dedication can drive profound change.
less of age or physical condition.
Like any business, running an official box in Maputo comes with challenges, from a lack of awareness about the modality to unfair competition from gyms that misuse the name. However, CrossFit Maputo strives to remain true to the required standards, investing in continuous training for its coaches and educating the community about the importance of training in a certified space. To use the official "CrossFit" name and be recognised as a box, specific brand certifications are mandatory. This commitment ensures quality, safety, and authenticity in training. The
venue has become a meeting point for those seeking a healthy lifestyle and a sense of belonging. Every workout is an experience of growth and motivation, creating a support network that transforms lives.
The story of CrossFit Maputo, a symbol of innovation and courage in Mozambique’s sporting landscape, exemplifies how passion, vision, and dedication can drive profound change. For those seeking more than just a workout, this is where every drop of sweat becomes a step towards becoming the best version of oneself—a place that not only challenges the body but also inspires the soul.
As “Locomotivas” conquistaram o título continental pela terceira vez, depois dos grandes feitos de 2018 e 2019.
Ferroviário de Maputo reconquista título africano
OFerroviário de Maputo sagrou-se campeão africano ao vencer o Al Ahly, do Egipto, por 81-72, na final da Liga Africana de Basquetebol Feminino (WBAL), disputada em Dakar, no Senegal. Com esta vitória, as "locomotivas" conquistam o título continental pela terceira vez, depois dos grandes feitos de 2018 e 2019.
A equipa moçambicana demonstrou superioridade durante toda a competição, terminando invicta a fase de grupos e ultrapassando com distinção as etapas eliminatórias. Na final, as "locomotivas" foram lideradas por prestações de destaque de jogadoras como Sílvia Veloso, Ingvild Mucauro e Carla Co -
vane, que garantiram uma vantagem consistente ao longo do jogo. Apesar da pressão final exercida pelo Al Ahly, a experiência e determinação da equipa moçambicana asseguraram o triunfo.
Sob o comando do treinador Nasir Salé, que agora soma quatro títulos africanos no seu palmarés, o Ferroviário voltou a afirmar-se como uma força dominante do basquetebol continental. Com este título, Moçambique totaliza agora oito conquistas africanas de clubes, reforçando a sua tradição no basquetebol feminino. O Ferroviário de Maputo devolve assim a coroa ao país, celebrando mais uma página de sucesso no desporto nacional.
Ferroviário de Maputo has been crowned African champions after defeating Egypt's Al Ahly 81-72 in the final of the Women’s Basketball African League (WBAL), held in Dakar, Senegal. This victory marks the Mozambican team's third continental title, following their triumphs in 2018 and 2019.
The "Locomotives" showcased dominance throughout the tournament, remaining unbeaten during the group stages and excelling in the knockout rounds. In the final, standout performances from players such as Sílvia Veloso, Ingvild Mucauro, and Carla Covane ensured a commanding lead for most of the game. Despite a late
surge from Al Ahly, the experience and determination of Ferroviário secured the well-deserved victory.
Under the leadership of coach Nasir Salé, who now boasts an impressive four African titles, Ferroviário de Maputo reaffirmed their status as a powerhouse in continental basketball. This latest win brings Mozambique's tally of African club championships to eight, further cementing the nation’s rich legacy in women’s basketball.
With this triumph, Ferroviário de Maputo returns the crown to Mozambique, celebrating yet another milestone in the country’s sporting history.
Passo 8: Aumente o seu Património com Investimentos Inteligentes
Escrito por: Sany Weng Money Savvy Mozambique
“Aumente a sua riqueza” é uma expressão muito usada nos dias de hoje, mas este conceito vai muito além de uma simples moda – trata-se de planear estrategicamente e construir uma base financeira sólida para o futuro. Actualmente, várias instituições financeiras e plataformas digitais tornam o acesso a investimentos mais simples e atractivo, facilitando a participação de investidores iniciantes. É verdade que investir está mais acessível do que nunca, mas o sucesso requer conhecimento e foco em objectivos de longo prazo.
Para construir um património sustentável, é fundamental entender que investir significa mais do que apenas aplicar dinheiro – significa colocá-lo a trabalhar para si. Investir pode proporcionar crescimento financeiro e criar oportunidades de rendimento, mas existe sempre algum risco de perda. Como minimizar esse risco? Com informação e estratégia.
O Que Significa Investir?
Investir é aplicar o seu capital em activos que possam valorizar com o tempo, criando uma base sólida para o seu futuro financeiro. Estes ac -
tivos podem incluir acções, obrigações, ETFs, fundos de investimento, imóveis e até Bilhetes do Tesouro. Cada tipo de investimento oferece oportunidades de retorno:
• ETFs (Exchange-Traded Funds): São fundos de investimento transaccionados em bolsa que seguem o desempenho de um índice de mercado, como o S&P 500, ou de uma classe de activos específica, como acções de empresas tecnológicas ou matérias-primas. Com os ETFs, o investidor pode ter exposição a um conjunto diversificado de activos sem precisar de comprar cada um individualmente, bene -
ficiando de uma estrutura de custo mais baixa e da flexibilidade de transaccionar como uma acção.
• Bilhetes do Tesouro: Representam uma forma de investimento em dívida pública. Ao comprar Bilhetes do Tesouro, o investidor empresta dinheiro ao Estado, que devolve o montante com juros após um período estabelecido. Considerados investimentos de baixo risco, os Bilhetes do Tesouro podem ser uma opção segura e previsível para quem deseja maior estabilidade e retorno garantido.
• Juros: Receber uma remu -
neração por emprestar o seu dinheiro a uma instituição financeira.
• Dividendos: Participar nos lucros de uma empresa onde é accionista.
• Crescimento de capital:
Aumentar o valor do seu património através da valorização dos activos.
Lembre-se das palavras de Robert Kiyosaki: “Não é o investimento que é arriscado,
Como Começar?
mas sim o investidor.” Uma decisão bem informada pode transformar um investimento numa verdadeira ferramenta de crescimento financeiro.
Poupança x Investimento: Qual a Diferença?
Enquanto a poupança é uma maneira de proteger o capital numa conta segura, como uma conta bancária, o investimento permite o crescimento desse capital ao longo do tempo. É a diferença entre “guardar para o futuro” e
“fazer crescer para o futuro”.
Porque Investimos?
• Para que o nosso dinheiro trabalhe para nós e gere rendimentos regulares.
• Para usufruir dos benefícios de crescimento a longo prazo, como os juros compostos e os ganhos de capital.
• Para criar uma fonte de rendimento contínua que apoie os nossos objectivos financeiros.
Aqui ficam algumas dicas para quem deseja dar os primeiros passos:
1
Defina os seus objectivos:
Decida o que deseja alcançar com os seus investimentos – um fundo de emergência, uma reforma confortável ou uma fonte de rendimento passivo.
2
Eduque-se: Conheça os tipos de investimento, tais como acções, obrigações, ETFs e Bilhetes do Tesouro. Compreenda os riscos e as vantagens de cada um.
3
Diversifique: Não coloque todos os seus recursos num único activo. A diversificação é fundamental para equilibrar riscos e aumentar as suas hipóteses de retorno.
4
Monitore e ajuste: Reavalie o seu portfólio periodicamente e ajuste conforme necessário.
O investimento pode ser um passo poderoso para a liberdade financeira, mas exige dedicação, educação e um plano claro.
Investir é mais do que aplicar dinheiro – é colocá-lo a trabalhar para si, criando oportunidades de crescimento financeiro e rendimento.
Written by: Sany Weng Money Savvy Mozambique
“Grow your wealth” is a phrase often used today, but this concept goes far beyond a mere trend—it’s about strategic planning and building a solid financial foundation for the future. Nowadays, various financial institutions and digital platforms make investing more accessible and attractive, simplifying participation for beginner investors. It’s true that investing is easier than ever, but success requires knowledge and a focus on long-term goals.
To build sustainable wealth, it’s essential to understand that investing means more than just putting money aside— it means putting it to work for you. Investments can provide financial growth and create income opportunities, but there’s always a risk of loss. How can this risk be minimised? Through information and strategy.
What Does Investing
Mean?
Investing involves putting your capital into assets that can appreciate over time, creating a solid foundation for your financial future. These assets might include stocks, bonds, ETFs, investment funds, real estate, and even Treasury Bills.
Each type of investment offers opportunities for returns:
ETFs (Exchange-Traded Funds): These are investment funds traded on stock exchanges that track the performance of a market index, such as the S&P 500, or a specific asset class, like tech stocks or commodities. With ETFs, investors gain exposure to a diversified set of assets without needing to purchase each one individually, benefiting from lower costs and the flexibility of trading like a stock.
Treasury Bills: Representing an investment in public debt, Treasury Bills allow investors to lend money to
the government, which repays the amount with interest after a set period. Considered low-risk investments, they can offer a safe and predictable option for those seeking greater stability and guaranteed returns.
Interest: Earning returns by lending your money to a financial institution.
Dividends: Sharing in the profits of a company in which you are a shareholder.
Capital Growth: Increasing the value of your wealth through asset appreciation.
Remember the words of Robert Kiyosaki: “It’s not the investment that’s risky, but
the investor.” An informed decision can turn an investment into a true tool for financial growth.
Saving vs Investing: What’s the Difference?
While saving is a way to safeguard your capital in a secure account, such as a
bank account, investing allows that capital to grow over time. It’s the difference between “saving for the future” and “growing for the future.”
Why Do We Invest?
• To make our money work for us and gen -
erate regular income.
• To reap the benefits of long-term growth, such as compound interest and capital gains.
• To create a continuous income source that supports our financial goals.
How to Get Started
Here are a few tips for those taking their first steps:
1 Define your goals: Decide what you want to achieve with your investments—an emergency fund, a comfortable retirement, or a source of passive income.
3
Diversify: Don’t put all your resources into a single asset. Diversification is key to balancing risks and increasing your chances of returns.
2 Educate yourself: Learn about different types of investments, such as stocks, bonds, ETFs, and Treasury Bills. Understand the risks and advantages of each.
4 Monitor and adjust: Regularly reassess your portfolio and adjust it as necessary.
Investing can be a powerful step toward financial freedom, but it requires dedication, education, and a clear plan.
AMBASSADOR
A nova publicação do grupo editorial Xonguila
A partir de Janeiro de 2025, o grupo editorial da Revista Xonguila expandirá a sua linha com a AMBASSADOR, uma publicação trimestral que procurará tornar-se referência no âmbito da diplomacia e dos negócios em Moçambique. Com uma abordagem inovadora e esforçando-se por apresentar conteúdos de qualidade, este novo magazine pretende informar, inspirar e conectar leitores a importantes temas do panorama nacional e internacional.
Como o próprio nome indica, a AMBASSADOR dará destaque a actividades das representações diplomáticas em Moçambique, abordando questões diversas nos campos diplomático, económico, empresarial, social e cultural da sua relação com o país, e deste com o mundo. Incluirá reportagens exclusivas, entrevistas com representantes diplomáticos e empresariais e análises sobre eventos relevantes que influenciam o contexto internacional e o desenvolvimento de Moçambique. Nos formatos impresso e digital, e uma tiragem inicial de 1.000 exemplares, o que permitirá um amplo alcance dentro e fora do país.
A distribuição será orientada para organizações internacionais, embaixadas e altos comissariados,
consulados, câmaras de comércio, grandes empresas a operar no país e outras instituições relevantes, assegurando que o conteúdo chegue a diplomatas e empresários, parceiros
A revista procurará
tornar-se referência no âmbito da diplomacia e dos negócios em Moçambique.
bilaterais e multilaterais e e organizações governamentais. A revista marcará presença em eventos de relevo no país, como feiras, seminários internacionais e encontros diplomáticos, reforçando a sua visibilidade junto das principais lideranças e tomadores de deci -
são. Além disso, organizará eventos de networking exclusivos, proporcionando uma plataforma directa para fomentar parcerias e fortalecer relações estratégicas entre diversos actores do panorama diplomático e empresarial.
Posicionando-se como uma plataforma para fortalecer laços bilaterais e multilaterais, a AMBASSADOR destacará iniciativas, ideias e histórias que impactam o cenário diplomático e económico de Moçambique, bem como iniciativas culturais e projectos colaborativos em educação, sustentabilidade e desenvolvimento social.
A AMBASSADOR pretende ser uma ponte entre diferentes actores em Moçambique, catalisando conversas estratégicas e alianças para um futuro mais próspero.
AMBASSADOR
The new publication from the Xonguila editorial group
Starting in January 2025, the Xonguila Magazine editorial group will expand its portfolio with AMBASSADOR, a quarterly publication aiming to become a benchmark in diplomacy and business in Mozambique. With an innovative approach and a commitment to delivering high-quality content, this new magazine seeks to inform, inspire, and connect readers with key national and international topics.
As the name suggests, AMBASSADOR will focus on the activities of diplomatic missions in Mozambique, exploring various issues within the diplomatic, economic, business, social, and cultural spheres of their relationship with the country—and Mozambique’s engagement with the world. The magazine will feature exclusive reports, interviews with diplomatic and business leaders, and analyses of significant events influencing the international landscape and Mozambique's development. Available in both print and digital formats, with an initial print run of 1,000 copies, ensuring extensive reach both locally and abroad.
Distribution will target international organisations, embassies and high commissions, consulates, chambers of commerce, major companies operating in Mozambique, and other relevant institutions. This will ensure its content reaches diplomats, businesspeople, bilateral and multilateral partners, and government organisations. The magazine will also feature prominently at high-profile events in Mozambique, such as trade fairs, international seminars, and diplomatic gatherings, enhancing its visibility among key leaders and decision-makers. Additionally, it will organise exclusive networking events, providing a direct platform to foster
partnerships and strengthen strategic relationships across the diplomatic and business spectrum.
Positioning itself as a platform to strengthen bilateral and multilateral ties, AMBASSADOR will spotlight initiatives, ideas, and stories shaping Mozambique's diplomatic and economic landscape. It will also highlight cultural projects and collaborative ventures in education, sustainability, and social development.
AMBASSADOR aspires to be a bridge between various stakeholders in Mozambique, catalysing strategic conversations and alliances for a more prosperous future.
LEITE ASSOCIATED HEALTH
O chá moçambicano já começa a ser reconhecido a nível mundial
Quando pelo mundo fora se fala de chá, muitas mentes viajam para as colinas verdejantes da Índia ou para os icónicos jardins do Sri Lanka. Na verdade, pouca gente sabe que Moçambique, com as suas terras férteis, paisagens deslumbrantes e clima diversificado, é também produtor de chá com características únicas.
Aligação entre o passado e o presente da indústria do chá moçambicano remonta ao período colonial. Foi nesse contexto que surgiram as primeiras plantações, sobretudo nas províncias da Zambézia e do Niassa. Estas regiões, abençoadas com solos ricos e chuvas regulares, revelaram-se ideais para o cultivo da Camellia sinensis, a planta que dá origem ao chá. Estas áreas continuam a desempenhar um papel crucial, produzindo chás que se destacam no mercado internacional pela sua qualidade superior e sabores autênticos.
O chá moçambicano resulta de uma interacção harmoniosa entre o homem e a natureza. Cada folha colhida e cada chávena preparada carregam uma narrativa de dedicação, tradição e sustentabilidade. Para além de ser um meio de subsistência para milhares de famílias, o chá representa uma oportunidade concreta de desenvolvimento económico. Gurué, no coração da Zambézia, lidera como
principal centro de cultivo, enquanto Manica, particularmente Mossurize, complementa a produção. Em simultâneo, Moçambique diversifica a sua oferta com chás medicinais, como o de moringa, conhecido pelos seus benefícios para a saúde.
Esta trajectória de crescimento reflecte-se nas exportações, que têm vindo a ganhar destaque nos mercados internacionais. Nos últimos anos, países da Europa e da Ásia começaram a reconhecer e valorizar o chá moçambicano pela sua qualidade e autenticidade. Embora o volume exportado ainda seja inferior ao de gigantes como o Sri Lanka ou o Quénia, a diferenciação e o carácter único do chá moçambicano têm assegurado uma posição crescente no mercado global, contribuindo significativamente para a balança comercial do país. O impacto deste produto agrícola, no entanto, vai além da economia. Nas plantações, especialmente na Zambézia, cerca de 70% dos trabalha-
dores são mulheres, cujas mãos cuidadosas garantem a qualidade do produto final.
Este dado sublinha o papel central do chá não só na economia rural, mas também na promoção da inclusão social e no empoderamento feminino.
Ao saborear uma chávena de chá moçambicano, está-se não só a apoiar uma indústria que valoriza práticas éticas e sustentáveis, mas também a homenagear o esforço e a dedicação das comunidades que tornam essa experiência possível.
O método tradicional de processamento envolve meticulosas etapas:
• Murchamento: As folhas frescas são deixadas a secar ligeiramente,
para remover parte da humidade.
• Rolagem: Este processo quebra as células das folhas, libertando os óleos essenciais que dão ao chá o seu aroma característico.
• Oxidação: As folhas são expostas ao ar, permitindo que os sabores se desenvolvam plenamente.
• Secagem: Finalmente, o chá é seco para preservar a sua frescura e sabor.
O resultado? Um chá com tonalidades intensas, sabores profundos e um toque subtil de doçura natural. Seja preto, verde ou misturado com ervas locais, o nosso chá é verdadeiramente único.
When tea is mentioned around the world, many minds wander to the lush hills of India or the iconic gardens of Sri Lanka. In truth, few people know that Mozambique, with its fertile lands, breathtaking landscapes, and diverse climate, is also a producer of tea with unique characteristics.
The connection between the past and present of Mozambique’s tea industry dates back to the colonial period. It was during this time that the first plantations emerged, particularly in the provinces of Zambézia and Niassa. These regions, blessed with rich soils and regular rainfall, proved ideal for cultivating Camellia sinensis, the plant from which tea originates. These areas continue to play a crucial role, producing teas that stand out in the international market for their superior quality and authentic flavours.
Mozambican tea is the result of a harmonious interaction between humanity and nature. Every leaf picked and every cup brewed carries a story of dedication, tradition, and sustainability. Beyond serving as a livelihood for
thousands of families, tea represents a tangible opportunity for economic development. Gurué, in the heart of Zambézia, leads as the main cultivation centre, while Manica, particularly Mossurize, complements the production. At the same time, Mozambique diversifies its offerings with medicinal teas, such as moringa tea, known for its health benefits.
This growth trajectory is reflected in exports, which have been gaining prominence in international markets. In recent years, countries in Europe and Asia have begun to recognise and value Mozambican tea for its quality and authenticity. While the volume exported is still lower than that of giants like Sri Lanka or Kenya, the differentiation and unique character of Mozambican tea have secured a growing posi -
Mozambique, with its fertile lands and diverse climate, is a producer of tea with unique characteristics, earning recognition in international markets.
tion in the global market, significantly contributing to the country’s trade balance. The impact of this agricultural product, however, goes beyond the economy. In the plantations, especially in Zambézia, around 70% of the workers are women, whose careful hands ensure the quality of the final product. This highlights the central role of tea not only in the rural economy but also in promoting social inclusion and women’s empowerment.
Savouring a cup of Mozambican tea means not only supporting an industry that values ethical and sustainable practices but also honouring the effort and dedication of the communities that make this experience possible.
The traditional processing method
involves meticulous steps:
Withering: Fresh leaves are left to dry slightly to remove some moisture.
Rolling: This process breaks the cells of the leaves, releasing the essential oils that give tea its characteristic aroma. Oxidation: The leaves are exposed to air, allowing the flavours to develop fully.
Drying: Finally, the tea is dried to preserve its freshness and flavour. The result? A tea with intense tones, deep flavours, and a subtle hint of natural sweetness. Whether black, green, or blended with local herbs, our tea is truly unique.
Ano novo, vida nova, dizem. Mas será mesmo nova esta vida que carregamos? Ou será apenas a continuação do mesmo fio, remendado por sonhos antigos, desfiado por medos que nunca aprendemos a enfrentar? O ano que agora acaba traz consigo o peso do mundo às costas: guerras que parecem eternas, muros que insistem em separar o que só deveria estar unido, e o eco das florestas que gritam em silêncio.
E nós, viajantes de um tempo em ebulição, o que faremos deste futuro que não nos espera? Temos o engenho das máquinas, mas esquecemo-nos do engenho do coração. O pensamento crítico, essa bússola que nos distingue, é hoje uma arma tão poderosa quanto frágil. Estamos cercados por uma tempestade de informações, e cabe-nos aprender a distinguir o trigo do joio, a verdade da mentira, o essencial do supérfluo.
Moçambique, com os seus rios que sussurram histórias e savanas que respiram poesia, é um espelho do que o mundo poderia ser: abundante, diverso, resiliente. Aqui, o futuro não se escreve com as mãos apenas, mas com a alma. É no reencontro com a essência que reencontraremos o rumo.
O novo ano desponta como uma página branca, pronta para ser escrita. Mas será preciso coragem para pegar na caneta. Não bastará apenas redigir sonhos apressados; será necessário riscar, apagar e recomeçar. Exigirá de nós a ousadia de pensar mais além, de escutar o que o silêncio revela e de olhar para além do horizonte que nos limita. É o momento de sonhar com os pés fincados na terra firme, enquanto as mãos se elevam para moldar o céu.
Se quisermos um mundo diferente, teremos de ser diferentes. E isso, talvez, seja o mais difícil. Mas também o mais belo.
Pintado Gaspar
Dúdú e o lápis cor da pele
Dúdú e o lápis cor da pele é uma curta-metragem brasileira de 2016, dirigida por Miguel Rodrigues, que aborda de forma sensível e profunda as questões de identidade e preconceito subtil na sociedade. Com uma duração de 18 minutos, o filme conta a história de Dúdú, um menino negro de 7 anos, estudante de um colégio privado em São Paulo. Durante uma aula de educação artística, a professora Sónia pede-lhe que utilize o "lápis cor da pele" para pintar um desenho. Esta expressão desperta em Dúdú uma inquietação sobre o significado de "cor da pele", levando-o a iniciar uma jornada de auto-descoberta sobre a sua identidade.
O elenco da curta-metragem inclui Lúcio Correia no papel de Dúdú, Naruna Costa como Marta, a mãe do menino, e Claudiane Carvalho como a professora Sónia. A narrativa, apresentada através da perspectiva inocente e curiosa de uma criança, destaca o impacto de expressões que, mesmo parecendo inofensivas, acabam por reforçar preconceitos existentes.
Desde o seu lançamento, a curta tem sido amplamente reconhecida. Em 2019, foi distinguida como Melhor Curta-Metragem no London ArtHouse Film Festival (LAHFF). Disponível gratuitamente no YouTube, a obra já acumula mais de 1,3 milhões de visualizações e é frequentemente utilizada como recurso didáctico em escolas, consolidando-se como um exemplo valioso na sensibilização para questões de representatividade. Foi exibida em festivais e mostras de cinema, bem como em iniciativas comunitárias como o projecto Favela Mundo, no Rio de Janeiro. Este projecto levou o filme a comunidades como a Rocinha e o Complexo do Alemão, promovendo debates sobre a importância da diversidade e formas de combater preconceitos.
A película funciona como uma ferramenta educativa impactante, cuja abordagem sensível e didáctica a torna adequada para professores, pais e todos os interessados em promover a valorização da diversidade desde as primeiras etapas da vida. É um exemplo inspirador do potencial do cinema como motor de transformação social, demonstrando que, através de uma narrativa simples, a arte pode despertar consciências e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Dúdú and the "Skin-Coloured" Crayon
Dúdú and the "Skin-Coloured" Crayon is a poignant Brazilian short film from 2016, directed by Miguel Rodrigues. It sensitively addresses issues of identity and subtle prejudice within society. Running for just 18 minutes, the film tells the story of Dúdú, a sevenyear-old Black boy attending a private school in São Paulo. During an art class, his teacher, Sônia, asks him to use the "skin-coloured crayon" for his drawing. This seemingly innocent instruction sparks a moment of introspection for Dúdú, as he questions the meaning of "skin colour," embarking on a journey of self-discovery and identity exploration.
The cast features Lúcio Correia as Dúdú, Naruna Costa as his mother Marta, and Claudiane Carvalho as the teacher, Sônia. Told through the innocent yet inquisitive eyes of a child, the narrative explores how seemingly harmless expressions can perpetuate entrenched biases.
Since its release, the short film has garnered significant acclaim. In 2019, it won the Best Short Film award at the London ArtHouse Film Festival (LAHFF). Available for free on YouTube, the film has amassed over 1.3 million views and is widely used as an educational resource in schools. It has cemented its place as a vital tool for fostering discussions about representation. The film has been showcased at film festivals and com-
munity screenings, including the Favela Mundo project in Rio de Janeiro. This initiative brought the film to communities such as Rocinha and the Complexo do Alemão, sparking conversations about diversity and strategies to combat prejudice.
The short serves as a powerful educational tool, with its sensitive and accessible approach making it ideal for teachers, parents, and anyone keen to champion diversity from an early age. It exemplifies how cinema can inspire social change, using a simple yet profound narrative to raise awareness and contribute to building a more inclusive and equitable society.
Singularidades
De Lourenço do Rosário
“O que Lourenço do Rosário intenta nesta quarta reunião de textos (Singularidades) é perceber a essência do diferendo e contribuir com uma discussão conciliatória, como aqui se propõe, uma saída: seja ao nível da realpolitik em cujas dimensões ele trafega, seja no contexto das refregas linguísticas ou das perspectivas culturais, seja ao nível do debate da academia ou do seu papel, ou até, substancialmente, ao nível do necessário papel de intervenção social e intelec-
Singularities
By Lourenço do Rosário
In Singularities, his fourth collection of texts, Lourenço do Rosário embarks on a quest to grasp the essence of discord and to foster conciliatory dialogue. As proposed here, the work seeks a resolution—whether within the realms of realpolitik, which he navigates with dexterity; in the linguistic clashes and cultural perspectives he examines; in the academic debates he engages with; or in the fundamental role of intellectual and social intervention he advocates. This is a book designed to spark vibrant literary, cultural, political, and social discourse. It delves into an array of topics, each as diverse as it is thought-provoking. The text weaves together philosophical, historical, political, sociological, and literary reflections. At its core, this book is a journey—an attempt to answer the probing questions of young Zuha and to address the profound uncertainties that shape our con -
tual. Este é um livro para fazer uma boa querela literária e cultural, política e social. Traz-nos temas tão diversos quanto estimulantes. Uma reflexão filosófica, histórica, política, sociológica e literária. Este livro, no fundo, é uma busca, uma tentativa de responder às interrogações do pequeno Zuha e às inquietações que atravessam o nosso destino tão contraditório, tão sofrido e, ao mesmo tempo, tão fascinante e exaltante.”
Nelson Saúte
tradictory, often painful, yet deeply captivating and inspiring destiny.