AMBASSADOR Julho 2023

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AMBASSADOR

Bem-vindo à edição inaugural da Revista AMBASSADOR.

Como uma plataforma privilegiada para diplomacia e relações internacionais, a Revista AMBASSADOR visa promover o diálogo, aprofundar o entendimento e promover a colaboração entre as nações.

Num mundo onde a interconexão é fundamental, a Revista AMBASSADOR abordará uma ampla gama de tópicos para transcender as fronteiras geográficas, conectar os leitores com o mundo em evolução das relações internacionais e celebrar as relações entre Moçambique e outros Países.

FICHA TÉCNICA

Produção:

PR Corporation SA

Rua Fernão Lopes, 213, Maputo – Moçambique

contact@prcorporation.co.mz

Concepção Gráfica: D’arte Design

Impressão: Minerva Print

Marketing: YSpossible

Colaboração e Agradecimentos: Embaixada da França Câmara de Comércio França-Moçambique Nossos parceiros

Índice

Celebrar o despertar da liberdade

Pág. 06

A “baguette” francesa, património cultural da Unesco

Pág. 08

Roussillon, a aldeia ocre

Pág. 08

Moçambique “actor energético mais importante na região da África Austral”

Pág. 10

Empresas francesas comprometidas com o desenvolvimento de Moçambique

Pág. 17

Investimentos franceses diversi cados por vários sectores da economia moçambicana

Pág. 19

Quatro décadas de cooperação franco-moçambicana

Pág. 22

Fortalecer as indústrias culturais e criativas em Moçambique

Pág. 23

Desenvolvimento sustentável

Pág. 27

Uma Escola Mundial em Moçambique

Pág. 30

Unidos pela Cultura

Pág. 32

Empreendedor criado no Liceu Francês

Gustave Ei el

Pág. 34

O Eco-Lodge Dunes da Dovela

Pág. 35

A fábrica de produtos naturais

Boa Gente

Pág. 36

O restaurante Green Turtle

Pág. 37

Edição Especial

Julho de 2023

TEAM FRANCE

Dia da França

Celebrar o despertar da liberdade

O dia 14 de Julho é a data mais importante da história de França, celebrando o aniversário da Revolução Francesa e é uma oportunidade para os franceses comemorarem com os povos de todo o mundo o despertar da liberdade conquistada em 1789 com a tomada da prisão de Bastilha, símbolo da Monarquia Absoluta.

A Revolução Francesa ditou a abolição dos direitos feudais, a criação de uma república democrática e ainda deixou um legado importante na luta pelos direitos e liberdades civis até os dias actuais. Os ideais de

liberdade, igualdade e fraternidade continuam a ser defendidos por movimentos sociais e políticos em todo o mundo e influenciaram a criação de instituições internacionais, como a Organização das Nações Unidas.

Exactamente um ano depois da tomada da Bastilha, e como forma de comemorar as conquistas obtidas, os franceses celebraram a Festa da Federação que, desde 1880, tornou-se feriado nacional em França, que é comemorado em todas as suas embaixadas pelo mundo.

Em 2023, e como parte das celebrações desta importante data, a Ambassador, nesta edição inaugural, dá especial destaque à França e suas relações com Moçambique.

Curiosidades da França

A “baguette” francesa, património cultural da Unesco

A baguette é o tipo de pão mais apreciado e consumido na França durante todo o ano. O processo de fabrico tradicional inclui várias etapas: dosagem e pesagem dos ingredientes, amassadura, fermentação, divisão, relaxamento, modelação manual, fermentação, escarificação (assinatura do padeiro) e cozedura.

A baguette difere dos demais pães por ser composta por apenas quatro ingredientes (farinha, água, sal e/ou fermento), resultando numa crocância e suavidade diferente para cada padeiro e numa experiência sensorial especial. O processo de fabricação é transmitido principalmente por meio de um treinamento alternado entre uma escola e uma padaria. Desde novembro de 2022, é reconhecida como património cultural da humanidade pela Unesco.

Roussillon, a aldeia ocre

Roussillon é considerada uma das mais belas aldeias da França, pela experiência visual das suas cores extremamente marcantes.

Os edifícios de tons alaranjados fazem a combinação perfeita com o pôr do sol e com o clima calmo e histórico da cidade.

Situada no Sul da França, no coração de um dos maiores depósitos de ocre da Europa, pigmentos naturais usados na pintura, a aldeia de Roussillon foi construída no topo de uma falésia, é habitada desde a Antiguidade e distingue-se pelas suas ruelas, tectos e fachadas que lembram a paleta de um artista, com as infinitas combinações de cores que variam do amarelo ao roxo, com tons de rosa e vermelho.

A história industrial da aldeia pode ser descoberta visitando o Conservatoire des Ocres et des Couleurs, que fica numa antiga fábrica de ocre.

Yann Pradeau
Embaixador da França - Moçambique
Moçambique

“actor

energético mais importante na região da África Austral”

- Embaixador Yann Pradeau

Naquela que é a sua primeira grande entrevista desde que assumiu o cargo de Embaixador da França em Moçambique, Yann Pradeau avalia o sucesso do recente Fórum de Negócios, posiciona o País como o “actor energético mais importante na região da África Austral” e elenca as acções prioritárias para a relações bilaterais a médio prazo.

Senhor Embaixador, faz já oito meses que iniciou a sua missão em Moçambique, e está prestes a celebrar o seu primeiro dia da Bastilha no País. Como avalia o lugar e o papel da França em Moçambique?

Em primeiro lugar gostaria de agradecer vivamente pela oportunidade que a revista Ambassador decidiu oferecer à França, escolhendo-nos para o seu primeiro número. Conforme sublinha, estamos a preparar activamente a cerimónia do dia 14 de Julho. As celebrações nacionais são exercícios diplomáticos exigentes, ao mesmo tempo festivos e solenes. A este respeito, a escolha do “Franco” não é evidente-

mente anódina. Claro, o jardim do “Franco” é adequado para o grande número de convidados, mais de quinhentos em cada ano!

Mas, mais do que isso, reflecte perfeitamente a ambição do nosso País em Moçambique desde os anos 80: ou seja, desenvolver uma parceria frutuosa e duradoura, em benefício das nossas duas culturas e das nossas duas línguas graças à sua promoção respectiva. Para resumir, eu afirmaria que o lugar da França em Moçambique está, à semelhança do “Franco”, ancorado na paisagem nacional.

Desde o início das relações diplomáticas entre os nossos dois Países, importa-nos que a relação bilateral se baseie o mais possível no princípio no qual todos saiam a ganhar. Desde a minha tomada de posse em Outubro passado, tive o prazer de poder constatar rapidamente o quão sólidos são os laços que cimentam a nossa relação. É a qualidade e o equilíbrio dos nossos laços que explicam, por exemplo, o sucesso do fórum de negócios realizado em Maputo em Abril passado.

Criadores de e bem-e

Babap Cybelle Or nella

Subestação Elétrica de Nyom II (Camarões)

Levamos água potável às famílias e, com ela, saúde. Damos-lhes luz e calor, substituindo as energias poluentes por energias sustentáveis que não esgotam os recursos do planeta. Levamos-lhes tecnologiae, através dela, conhecimento e oportunidades. Todas as manhãs, com o nosso trabalho, mudamos o que há de mais importante na vida das pessoas: o seu bem-estar e o seu futuro.

Num mundo em plena transformação, somos os protagonistas da mudança.

O Fórum de Negócios Moçambique-França suscitou muito interesse entre os empresários nacionais. Além da solidez das relações que evoca, quais são, na sua opinião, as outras razões para esse sucesso?

Quer seja através da implantação das suas empresas emblemáticas ou da exportação do seu savoir-faire, a França deseja reforçar o seu lugar na região da África Austral e do Oceano Índico. E Moçambique é uma terra de muitas oportunidades. Algumas áreas são objecto de investimentos maciços e, a este respeito, o papel desempenhado pela TotalEnergies desde 2019 é impulsionador, ao arrastar consigo numerosas empresas, e não apenas francesas.

Mas ainda há muitos outros sectores de actividades por explorar. Era esse o desafio do fórum organizado pela Câmara de Comércio e Indústria França-Moçambique, a mais importante câmara de comércio "bilateral" do País: iniciar trocas comerciais entre as empresas francesas presentes na região, nomeadamente das ilhas da Reunião e de Mayotte e as do mercado moçambicano.

médias empresas. Este segmento empresarial, no qual assenta uma boa parte da economia moçambicana e dos nossos territórios ultramarinos do Oceano Índico, está particularmente interessado nas perspectivas comerciais nesta região. Sentimos também que o mercado moçambicano está à procura de uma retoma dinâmica, após os dois anos de pandemia. As recentes medidas tomadas pelo Governo moçambicano para acelerar a economia nacional são disso testemunho.

Em suma, este fórum chegou na hora certa! E o seu sucesso deve-se também muito ao apoio muito eficaz da Confederação das Associações Económicas de Moçambique de que pudemos beneficiar.

Qual é para o Senhor Embaixador o desa o mais importante para o futuro das relações económicas entre Moçambique e França?

Estiveram presentes muitas pequenas e

Os desafios sociais e económicos que o conjunto das nações têm de enfrentar hoje são em grande parte ditados pela necessidade absoluta e urgente de se lutar contra as consequências do aquecimento global, tentando limitar significativamente a sua extensão. Para se conseguir isso, é necessário, em primeiro lugar, cumprir da

melhor forma possível os compromissos do Tratado de Paris assinados em 2015 pela quase totalidade dos Países.

Entre as acções prioritárias, empenhar-se cada vez mais na descarbonização das economias avançadas e na procura de soluções adequadas para os Países emergentes e de baixo rendimento. A produção de energias renováveis e a limitação da exploração do carvão, do petróleo e do gás são, portanto, inevitáveis. Mas é preciso permitir que os Países que precisam de viver destes recursos para se desenvolverem, possam apoiar-se em mecanismos inovadores a fim de oferecer-lhes uma perspectiva que corresponda à urgência da situação, dentro do respeito dos compromissos internacionais, ao mesmo tempo que se facilita o seu financiamento.

Este foi o próprio tema da Cimeira Mundial para um Novo Pacto Financeiro realizado em Paris em 22 e 23 de Junho último, no qual e a convite do Presidente Emmanuel Macron, o Primeiro-Ministro moçambicano Adriano Maleiane participou activamente. Neste quadro geral, Moçambique não é apenas uma das principais vítimas do aquecimento global com uma série de desastres recorrentes. Moçambique beneficia também de condições climáticas bem como de recursos sustentáveis excepcionais.

Graças aos seus trunfos, nos últimos anos as autoridades moçambicanas puderam tomar importantes decisões para que o País se tornasse um actor energético ainda mais importante e responsável na região da África Austral. A França orgulha-se por acompanhar Moçambique nesta via com a escolha de empresas como a Electricité De France, por exemplo, que, associada à TotalEnergies e a duas grandes empresas japonesas, Sumitomo e Kansai, foi escolhida para a construção da segunda barragem hidroeléctrica no Zambeze.

Gostaria igualmente de sublinhar o papel fundamental desempenhado pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) na sua capacidade de gerir o programa PROLER, a partir de financiamentos europeus. Este programa inovador é um multiplicador eficaz de transformação e de desenvolvimento do tecido económico nacional.

Diria, portanto, que o eixo principal que caracteriza a nossa relação económica, a saber, a produção de energias cada vez mais limpas, é um eixo essencial vantajoso para todos (win-win) não só para as nossas empresas e para os nossos respectivos desenvolvimentos industriais e tecnológicos, mas um bom exemplo para a região.

Mencionou as ilhas francesas da Reunião e de Mayotte, quais são as vantagens concretas desta proximidade geográ ca entre os dois Países?

Para além das relações económicas que acabamos de evocar, a proximidade das autarquias francesas do Oceano Índico e de Moçambique exprime-se em muitos domínios: formações profissionais, com é o caso da parceria realizada este ano com empresas francesas e moçambicanas especializadas no sector portuário, dentre as quais a Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), intercâmbios universitários ou colaborações nos sectores culturais (música e belas-artes). É também com as Ilhas

Reunião e Mayotte que a cooperação nas

áreas da biodiversidade e dos parques nacionais marinhos vai ganhar terreno, tal como as nossas reflexões comuns com os nossos parceiros moçambicanos sobre “a economia azul”.

A vizinhança entre os nossos dois Países assume tanto a forma de intercâmbios entre as nossas forças armadas, aquando de escalas navais ou de seminários organizados na Ilha Reunião pelas Forças Armadas da Zona Sul do Oceano Índico (FAZSOI), por exemplo, assim como permite à França contribuir para a missão de formação europeia (EUTM) que vem apoiar a luta contra o terrorismo, conduzida pelo Governo moçambicano.

Esta contribuição francesa para os esforços da União Europeia para a resolução da crise de segurança em Cabo Delgado vem juntar-se à ajuda humanitária que é prestada há vários anos pelas ONG francesas “Solidarités International”, “Handicap International”, “Action contre la Faim” e “Acted”, em benefício, especialmente, das pessoas deslocadas. Nos próximos meses, a Agência Francesa de Desenvolvimento financiará nesta província um projecto de vários milhões de Euros destinado a distribuir água corrente a várias centenas de milhares de pessoas.

A França organizará em breve dois eventos desportivos mundiais: o Mundial de Rugby em Setembro e os Jogos Olímpicos em Julho de 2024. Em que ponto se encontra a cooperação entre Moçambique e França neste domínio?

Organizámos vários eventos com a Federação Moçambicana de Rugby para promover e desenvolver esta modalidade desportiva, nomeadamente em parceria com a Escola Francesa de Maputo. Estaremos igualmente atentos ao desenvolvimento de novas parcerias até ao próximo ano. E depois, claro, seremos apoiantes fervorosos dos atletas moçambicanos qualificados para as Jogos Olímpicos! Desejo a Moçambique que possa trazer medalhas de Paris, como no boxe ou na vela, nos quais os atletas moçambicanos já se destacaram.

Para além do seu carácter estritamente desportivo, espero que este evento de alcance mundial permita aos moçambicanos e aos franceses conhecerem-se melhor e que os intercâmbios turísticos se desenvolvam.

Esta é também uma das motivações que permeiam a maioria das acções de cooperação conduzidas pela embaixada francesa em Maputo: atrair mais visitantes franceses para Moçambique, que serão embaixadores ao serviço dos nossos dois Países.

Na verdade, quem poderia resistir ao senso de acolhimento dos moçambicanos, à sua energia contagiosa, bem como aos trunfos e beleza do País?

Empresas francesas comprometidas com o desenvolvimento de Moçambique

Em termos de comércio bilateral, a França exporta para Moçambique bens intermediários enquanto importa essencialmente produtos primários da indústria extractiva.

O valor do comércio externo entre os dois Países tem um forte potencial de crescimento: em 2022, este valor fixou-se em 137 milhões USD (-21% comparativamente a 2021), com as exportações francesas representando 46 milhões USD (contra 109 milhões USD em 2021).

A França exportou essencialmente material elétrico (31%), máquinas e equipamentos de uso geral (12%); materiais de construção e produtos minerais (8%), artigos de vestuário (6%), instrumentos médicos (5%), equipamentos electro-médicos de diagnóstico e tratamento (3%) e equipamentos de comunicação (2,6%). No mesmo período, as importações representaram 91

milhões de USD, (65 milhões de USD em 2021). As importações francesas originárias de Moçambique estão concentradas em duas categorias de produtos, nomeadamente artigos de joalharia e instrumentos musicais (48%) e metais ferrosos (39%).

Para além do comércio bilateral, tem crescido também a presença de empresas e marcas francesas em Moçambique.

A entrada em 2019 da petrolífera TotalEnergies na liderança do Projecto Mozambique LNG demonstra o interesse da França pelo desenvolvimento de Moçambique.

Também no sector de hidrocarbonetos, a empresa Technip Energies fornece serviços de engenharia para o projecto de exploração de gás natural Coral

Sul, enquanto a Schlumberger tem prestado consultoria geológica. Mais recentemente a TotalEnergies expandiu a sua rede de venda de combustíveis e lubrificantes a retalho, passando a cobrir todo o País com 82 estações de serviço, enquanto a sua subsidiária Samcol entrou no negócio armazenamento de combustíveis em Moçambique.

De grande impacto são também os investimentos na electrificação de Moçambique e na edificação de novas fontes de energias limpas, como o projecto fotovoltaico que está a ser implementado pela empre-

sa Neoen em Metoro. Ainda neste sector, a Vinci Energies, tem realizado vários projectos de instalação de redes eléctricas de grande envergadura, como foi o do Banco de Moçambique.

Em Maio último um consórcio liderado pela Eletricidade de França e que integra a TotalEnergies foi o escolhido para liderar o projeto hidroeléctrico de Mphanda Nkuwa, que será a segunda maior hidroelétrica de Moçambique, e irá reforçar o posicionamento de Moçambique como polo energético da África Austral.

Economia

Investimentos franceses diversi cados por vários sectores da economia moçambicana

A presença da França abrange vários sectores da economia moçambicana, como logística e transporte, pesca, indústria, banca, bens de consumo, distribuição de combustíveis a retalho, entre outros.

Actualmente, existem cerca de 70 subsidiárias e empresas de propriedade de franceses. Além disso, grandes grupos do CAC 40 acompanham Moçambique de perto a partir das suas sedes regionais na África do Sul. As empresas francesas em Moçambique empregam cerca de 11.500 pessoas e já investiram mais de 3 mil milhões de euros.

Uma das mais antigas empresas francesas no país é a Africa Global Logistics (antiga Bolloré), que é líder na logística e transporte, sector onde também está a CMA CGM que opera várias linhas de navegação.

No sector da pesca, a Aquapesca opera a maior exploração de produção de camarão biológicos em Moçambique e o Grupo Maeva, na produção de sabões, óleo alimentar e detergentes.

Economia

No sector financeiro, o banco Société

Générale recentemente alargou a sua rede de agências para as principais regiões de Moçambique por forma a responder às expectativas dos clientes no País.

Outras empresas francesas estabelecidas são a Foselev no fornecimento de equipamentos de elevação, a Friedlander na prestação de serviços industriais, a Lafarge no sector de materiais de construção, a Ingerop no ramo de engenharia industrial e obras públicas, a Air Liquide, especializada em gás industrial, a BTM que faz gestão sustentável de resíduos, a Pernod Ricard que distribui bebidas alcoólicas e a distribuidora de automóveis Renault e a Nissan.

No sector de serviços operam as empresas francesas Bureau Veritas que faz auditoria e certificação, a Mazars que presta auditoria

e contabilidade, a CIS Catering na distribuição alimentar, a International SOS que é especializada em serviços médicos e a JC Decaux que tem uma das maiores redes de painéis de publicidade, o centro de estética Instituto Guinot e, mais recentemente, iniciou actividades de cabotagem ao longo da costa moçambicana a Peschaud.

Embora os investimentos franceses estejam diversificados pelos mais importantes pilares da economia Moçambicana, existe interesse de alargá-los.

Para o efeito teve lugar na Cidade de Maputo, no passado mês de Abril, o Fórum de Negócios que envolveu quatro dezenas de empresas francesas dos sectores industrial, financeiro, turismo e naval.

Cooperação

Quatro décadas de cooperação franco-moçambicana

Parceiros na Educação

Em 2022, Moçambique e a França celebraram o quadragésimo aniversário do seu acordo de cooperação, focada na Educação e Cultura, envolvendo não só parceiros institucionais, mas também organizações da sociedade civil locais.

A França é um dos principais financiadores do programa de melhoria da qualidade do ensino básico em Moçambique, o programa FASE, através de um financiamento por parte da Global Partnership for Education e de uma subvenção de 12 milhões de euros da Agência

Francesa de Desenvolvimento.

Paralelamente, em resposta a um pedido das autoridades moçambicanas, a França está a implementar um programa de melhoria da qualidade do ensino da língua francesa através da formação de formadores das universidades públicas, para que os professores do ensino secundário tenham capacidade para supervisionar os seus alunos.

Para o início de 2024 está agendada uma deslocação de quadros do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano à França, com o objectivo de fortalecer as suas práticas profissionais e criar sinergias com seus colegas franceses.

Além da formação de docentes, foram atribuídas centenas de bolsas de estudo a moçambicanos para estudarem em França, com o apoio das empresas TotalEnergies, Schlumberger e Société Générale.

Desde 2021, um Espaço Campus France dentro da Universidade Pedagógica tem ajudado os alunos a definir o seu projecto de estudo na França e, recentemente, foi criado um grupo de Alumni, formado por todos os que estudaram na França com uma prioridade: ajudar os recém-formados a encontrar o seu primeiro emprego formal.

Ainda na cooperação educacional a França tem apoiado a investigação através da presença do Centro de Cooperação Internacional em Investigação Agrária para o Desenvolvimento e do Instituto de Investigação para o Desenvolvimento, muito activos no sector do desenvolvimento sustentável ao lado de professores-investigadores moçambicanos.

Fortalecer as indústrias culturais e criativas em Moçambique

A cultura é a outra face da cooperação Francesa, não só através das actividades de produção, promoção e divulgação da criação contemporânea realizadas pelo Centro Cultural Franco-Moçambicano, como também no compromisso da Embaixada de França em formar profissionais para o sector, de modo a fortalecer as indústrias culturais e criativas em Moçambique, preparar gestores dos museus públicos com o apoio da Câmara Municipal de Angoulême e ainda reforçar a gestão dos direitos de autor. Cooperação

Perante o sucesso da cooperação cultural, a Delegação da União Europeia em Moçambique endossou à agência Expertise France a implementação do programa Cultiv'Arte para os próximos 4 anos, com o objectivo de profissionalizar o sector.

No decorrer de 2023, a França vai colocar à disposição do Instituto de Indústrias Culturais e Criativas um técnico para trazer ao soluções que permitam impulsionar o seu papel no desenvolvimento de Moçambique e ainda será firmado um acordo intergovernamental para o desenvolvimento do sector, valorização do património e digitalização de colecções.

#Geraçãosoluções

Tendo em mente que quase metade dos moçambicanos são jovens, outra prioridade da cooperação francesa é promover um espírito de empenho, voluntariado e determinação em fazer as coisas acontecerem, através da #geraçãosoluções. Para o efeito, a Embaixada da França apoia anualmente o Fórum da Juventude, que visa identificar, selecionar e apoiar jovens líderes de projetos empresariais, como aconteceu em 2021

na Cidade de Quelimane no domínio agrícola, em 2023 na Cidade da Beira no sector da economia social e solidária, com o apoio da Delegação da União Europeia e da Universidade do Licungo.

Este ano, em conjunto com a UNESCO no âmbito do programa "Africa's Futures", facilitou a criação do grupo "Activists of the Futures", um think tank que reúne organizações da sociedade civil e investigadores em torno dos desafios do desenvolvimento em Moçambique.

A formação prospectiva será em breve oferecida a este grupo pelo Conservatoire National des Arts et Métiers em parceria com a Universidade Pedagógica.

Sendo Moçambique membro observador da Organização Internacional da Francofonia desde 2006, a França e os seus parceiros francófonos organizam todos os anos muitos eventos, como a quinzena da Francofonia em Março ou, desde 2021, o Festival de Teatro Escolar e Universidade VULAVULA, que em 2023 reuniu mais de 130 alunos e alunas que têm no coração a língua francesa e as culturas francófonas.

Desenvolvimento sustentável

A integração económica e social das mulheres e a defesa dos direitos das jovens são questões estratégicas para Moçambique.

É por isso que a Embaixada de França apoia e implementa inúmeras iniciativas nesta área, como o programa levado a cabo pela associação feminista Fórum Mulher, a favor da emancipação da mulher no trabalho nas províncias do Niassa e Manica, bolsas em França para estudantes do sexo feminino no campo da ciência e tecnologia, onde persistem as desigualdades, e, através da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) do projecto da ONG MUVA propondo novas abordagens

para o acesso das mulheres ao trabalho remunerado e iniciativas de geração de renda.

A Embaixada Francesa participa ainda na defesa da igualdade de género, em estreita coordenação com o Ministério do Género, Ação Social e Criança, bem como com a ONU Mulheres. Todos os anos, entre 8 de Março (Dia Internacional dos Direitos da Mulher) e 7 de Abril (Dia da Mulher Moçambicana) a Embaixada de França organiza inúmeros eventos artísticos e desportivos, debates de ideias e sensibilização, com o objetivo de promover o empoderamento da mulher, a igualdade entre mulheres e homens e a luta contra a violência baseada no género em Moçambique.

A cooperação franco-moçambicana abarca também o desenvolvimento sustentável. Todos os anos, desde 2014, a Embaixada de França organiza com os seus parceiros moçambicanos a iniciativa “Mar Nosso” em torno das questões relacionadas com o mar através de conferências, debates de ideias e performances artísticas que alimentam a reflexão

sobre este espaço comum que é o Oceano Índico. Em 2022, representantes da Ilha da Reunião e dos Parques Nacionais e Marinhos de Mayotte vieram a Moçambique assinar uma Declaração de Intenções com o Parque Nacional de Maputo para cooperar na proteção de espécies, pesquisa científica e promoção do turismo sustentável.

Desde 2023, em parceria com o Ministério do Mar, Águas Interiores e Pescas e a ProAzul, a Embaixada francesa tem implementado um programa de apoio a organizações da sociedade civil que trabalham na

área da pesca artesanal. Representando mais de 90 por cento da pesca em Moçambique, a pesca artesanal faz, de facto, parte da resposta aos muitos desafios prioritários para Moçambique, como a segurança alimentar, o apoio a actividades geradoras de rendimento (especialmente para mulheres e jovens) promovendo o património gastronómico moçambicano em torno frutos do mar, melhorando as técnicas de pesca artesanal e protegendo a biodiversidade aquática.

Liceu Francês

Uma Escola Mundial em Moçambique

Criado em 1979 e dirigido pela a associaçao de pais, o Liceu é a única escola em Moçambique que oferece ensino em língua francesa. Espaço de intercâmbios e encontros linguísticos e culturais, educa, num ambiente familiar e acolhedor, jovens de mais de 40 nacionalidades, desde o pré-escolar ao baccalauréat (12º ano).

O sucesso do Liceu Francês Internacional Gustave Eiffel assenta num exigente projecto pedagógico e num currículo completo leccionado num parque arborizado e seguro de 2,5 hectares onde os alunos têm acesso a todos os equipamentos de que necessitam, como por exemplo sala informática, laboratórios de ciências, campo desportivo e até mesmo uma cantina.

Os alunos seguem um percurso educativo completo de acordo com as exigências dos programas do Ministério da Educação da França,

com fidelidade aos princípios e valores humanistas do sistema educativo francês: tolerância, igualdade entre raparigas e rapazes, igualdade de oportunidades, curiosidade intelectual.

Porque a abertura de espírito, a cultura e as artes são parte integrante da educação e são essenciais para o desenvolvimento pessoal e o sucesso profissional, a prática de actividades desportivas e culturais está no centro do projecto educativo do Liceu Francês Internacional Gustave Eiffel em Moçambique, com mais de 45 actividades para os alunos, como leitura, música, teatro e até viagens.

O domínio de várias línguas, a qualidade dos conhecimentos científicos e humanísticos adquiridos, a autonomia no trabalho pessoal, abrem as portas das maiores universidades do mundo e das mais prestigiadas grandes écoles. Um estágio obrigatório numa empresa, na 9ª classe, confronta-os com a realidade do mundo do trabalho.

Sendo uma associação sem fins lucrativos o Liceu Francês Internacional Gustave

Eiffel em Moçambique é membro da rede da Agência para a Educação Francesa no Estrangeiro que inclui 566 escolas em 139 Países, reconhecidas internacionalmente pela qualidade da sua pedagogia.

Associações e Participação na Sociedade

As equipas pedagógicas incentivam os alunos a envolverem-se com associações locais, francesas ou internacio-

nais. Todos os anos, muitos deles organizam eventos, colecções ou acções de interesse geral ou promoção de uma causa que defendem, em serviço dos valores de solidariedade, cooperação e de entreajuda que os tornarão futuros cidadãos responsáveis e empenhados.

Bolsas de Estudo

As bolsas de estudo Excellence-Major são concedidas com base em critérios de excelência a titulares estrangeiros de baccalauréat de escolas secundárias francesas de todo o mundo, para lhes permitir prosseguir estudos de alto nível em França. Todos os anos, mais de 800 estudantes de quase 80 nacionalidades diferentes são apoiados pelo Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros e pela AEFE. Os estudantes beneficiam igualmente do estatuto de bolseiros do governo francês, o que simplifica a emissão de vistos e autorizações de residência e facilita a obtenção de alojamento em residências universitárias.

Unidos pela Cultura

A funcionar desde 1995 num dos mais icónicos e históricos edifícios da Cidade de Maputo, o antigo Hotel Clube que foi construído em 1896, o Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM) é o mais antigo promotor cultural em Moçambique.

Na sua vasta e diversificada agenda constam espetáculos e concertos musicais ao vivo de artistas moçambicanos e internacionais, exposições de artes plásticas e fotográfica, exibição de cinema nacional e estrangeiro, dança, teatro e outras expressões artísticas para todas as idades.

Um dos principais eventos anuais do Centro Cultural Franco-Moçambicano é a Festa da Música, inspirada na festa popular que existe em França há cerca de 40 anos. O evento, de acesso gratuito para adultos e crianças, realiza-se na Cidade de Maputo desde 2012 e proporciona uma grande varie-

dade de actividades e de concertos musicais.

O Centro Cultural Franco-Moçambicano, que é tutelado pelo Ministério da Cultura e Turismo de Moçambique e pela Embaixada de França, possui umas das ricas mediatecas no País com livros, revistas e outras publicações relacionados com as culturas francesa e moçambicana e é também espaço de aprendizagem e pesquisa aberto ao público, incentivando a disseminação do conhecimento e a promoção da leitura.

Para além dos eventos culturais e artísticos ensina-se, no Centro Cultural Franco-Moçambicano a língua francesa, para todas as idades, assim como cursos de português do nível mais básico até níveis mais avançados por professores qualificados e experientes, com materiais didáticos actualizados e uma abordagem pedagógica eficaz.

Per l

Empreendedor criado no Liceu Francês Gustave Ei el

Aluno do Liceu Francês Gustave Eiffel desde os 3 anos de idade, Luhane Gagnaux é, hoje, um dos mais bem sucedidos jovens empreendedores moçambicanos.

Ainda estudante adolescente Luhane lançou-se no mundo dos negócios, primeiro informalmente, e aos 21 anos fundou a sua primeira empresa, a Ecoshine, que introduziu em Moçambique um serviço de lavagem ecológico.

Em seguida co-fundou um aplicativo móvel que permitiu aos moçambicanos efectuar compras em quase uma centena de lojas com descontos significativos, o Bacelapp.

Mais recentemente o jovem Luhane criou a empresa de marketing digital LA Business, tendo como foco ajudar ao crescimento de outras micro, pequenas e médias empresas moçambicanas no mundo cada vez mais digitalizado.

Ao longo da sua carreira de empreendedor Luhane Gagnaux, e as empresas que fundou, foram laureadas no país e no estrangeiro com destaque para o prémio

Moz Tech Business Challenge, uma das cinco melhor startup’s de Moçambique, melhor projecto de tecnologia e inovação ou o Government Award da maior feira governamental de telecomunicações do Mundo, ITU Telecom World na Hungria.

O Eco-Lodge Dunes da Dovela

À beira de uma floresta costeira virgem na Província de Inhambane foi erguido o único Eco-Lodge do Sudeste de Moçambique: o Dunes de Dovela.

Tendo em vista o desenvolvimento do turismo e também a sustentabilidade ambiental, dois cidadãos franceses, trabalhando com os habitantes da Aldeia de Dovela, ergueram três bangalôs de luxo e quatro tendas equipadas com vistas majestosas das águas azul-marinho do Oceano Índico.

Vários trilhos permitem passeios a pé pelos 100 hectares de área de conservação com flora (três dezenas de

árvores diferentes), fauna (262 espécies únicas de aves), animais selvagens nativos de Moçambique (macacos vervet, mangusto, monitores, galagos) e desfrutar da extensa praia deserta que se abre para uma paisagem natural, piscina na maré baixa, que abriga tartarugas marinhas, raias manta, tubarões-baleia e as majestosas baleias jubarte.

No restaurante do Dunes de Dovela pode-se degustar frutos do mar com produtos locais em fusão requintada das tradições culinárias moçambicana e francesa.

Saiba mais em: www.dunesdedovela.com

Telefone: + 258 87 26 29 164

A fábrica de produtos naturais Boa Gente

Boa Gente é uma empresa de produção de óleo virgem de coco e sabonetes naturais, localizada em Inhambane, próxima às praias de Tofo e Barra. O seu objetivo é valorizar os recursos locais, oferecendo produtos de alta qualidade para consumidores conscientes.

Na fábrica da Boa Gente, trabalha-se em parceria com a comunidade local, que fornece cocos orgânicos e mão de obra, para um processo de produção artesanal, resultando num óleo prensado a frio de frescor excepcional.

Durante a época alta (Junho a Setembro), a Boa Gente produz até 80 litros por dia. Parte dessa produção é embalada e vendida sob

sua marca, principalmente em recipientes de vidro reutilizados e esterilizados fornecidos pela própria comunidade. A outra parte do óleo produzido é transformada em sabonetes naturais no seu próprio atelier.

Por estar localizada numa área turística, o agroturismo é uma das vocações da Boa Gente. Por isso, a fábrica está aberta ao público de Segunda a Sábado. Os visitantes podem fazer um tour guiado pela fábrica, degustar deliciosas iguarias de coco e descobrir os produtos da Boa Gente, bem como outras marcas locais, na sua loja.

Para mais informações, visite o site: www.boagente.com

O restaurante Green Turtle

Joelle e François decidiram mudar de vida aos 40 anos e deixaram a França para Moçambique em Junho de 2004, para gerir um restaurante na Ilha de Moçambique. Em Dezembro de 2011, abriram o restaurante "The Green Turtle" na praia de Barra, em Inhambane, no Lodge "Bay View Lodge".

As suas especialidades são todos os frutos do mar, peixes, caranguejos, camarões, lulas, lagostas, polvos, ostras, mariscos, preparados numa fusão de sabores franceses, asiáticos e africanos.

As sobremesas são tipicamente francesas, por uma questão cultural.

No restaurante trabalham apenas com produtos frescos, que são transformados e apresentados de todas as formas possíveis (crus, cozidos, defumados, flambeados), com mudanças no cardápio todos os dias, dependendo das entregas e dos produtos disponíveis.

A sua equipa constituída por 11 mulheres, locais, que são treinadas todos os dias, pescadores e jardineiros locais, que os acompanham nesta aventura em Moçambique.

Para mais informações, pode encontrar o restaurante no: Facebook: GreenTurtleMozambique Instagram: @thegreenturtlemoz - Telefone: (+258) 84 2444 493.

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