Artigo 1 Edição 13 - 2024

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ITU/SP – No. 13, setembro de 2024

J. M. CALLEJA:

INTERFACES DA POESIA: ARTES, TECNOLOGIAS E DESIGN GRÁFICO1

Jorge Luiz Antonio2

Resumo. Este artigo aborda aspectos da obra de J. M. Calleja, poeta visual espanhol contemporâneo, procurando compreender sua comunicação poética por intermédio das interfaces da poesia com as artes, as tecnologias e o design gráfico. A pesquisa teve por objetivo apresentar a obra do poeta espanhol para os brasileiros que apreciam poesia experimental. Com acesso a quase totalidade das obras, foi possível fazer uma pesquisa bibliográfica, escolher os aspectos mais importantes, com base na comunicação poética, explicando as maneiras como o poeta experimental trabalhou com o design gráfico, sua profissão (ilustrador de livros), o uso de tecnologias, inclusive digitais, e como explorou performances poéticas de diversas maneiras. Nas obras escritas em catalão, o poeta trouxe contribuições importantes para explicar a arte e a cultura catalãs. Inúmeras ilustrações permitiram a compreensão da obra experimental aos leitores. O desafio de comentar a obra de um autor vivo, com quem se mantém contato pessoal e internético, ofereceu a oportunidade de conversar sobre a criação poética.

Palavras-chave: Literatura Espanhola – Poesia Contemporânea – Séculos XX e XXI - Poesia Experimental – J. M. Calleja

Resúmen. J. M. Calleja: Las interfaces de la poesía: Artes, tecnologías y diseño gráfico. Este artículo aborda aspectos del trabajo de J. M. Calleja, poeta visual español contemporáneo, y busca comprender su comunicación poética a través de las interfaces de la poesía con las artes, las tecnologías y el diseño gráfico. La investigación tuvo como objetivo presentar el trabajo del poeta español a los brasileños que aprecian la poesía experimental. Con el acceso a casi todos los trabajos, fue posible hacer una amplia investigación bibliográfica, elegir los aspectos más importantes, basados en la comunicación poética, explicando las formas en que el poeta experimental trabajó con el diseño gráfico, su profesión (ilustrador de libros), el uso de tecnologías, incluida la digital, y cómo exploró las actuaciones poéticas de muchas maneras. En las obras escritas en catalán, el poeta trajo importantes contribuciones para explicar el arte y la cultura catalán. Numerosas ilustraciones permitieron la comprensión del trabajo experimental para los lectores. El desafío de comentar el trabajo de un autor vivo, con quien se mantiene contacto personal e internético, ofreció la oportunidad de hablar sobre la creación poética.

1 Esta pesquisa não foi possível sem o apoio das seguintes pessoas, as quais agradecemos: In Memoriam - Cesar Horácio Espinosa Vera(1939-2022), poeta experimental mexicano, aquem presto uma homenagempóstuma. Essa pessoa simpática e culta, queme convidou para a Bienal e me permitiu apreciar a arte postal, a poesia experimental mexicana e com que pude trocar ideias sobre poesia experimental durante a última Bienal Internacional de Poesia Visual e Experimental, na Cidade do México, em 2009; Araceli Zùñiga, esposa de Espinosa Vera, que nos recebeu muito bem durante os dias em que estivemos na Cidade do México; J. M. Calleja, que traduziu os poemas com títulos em catalão, língua que leio com dificuldade, sempre com a ajuda de dicionário, e que me autorizou a estudar a sua obra poética; Sabina Calleja, filha do poeta experimental espanhol, que gentilmente cedeu duas fotos para este artigo; Clemente Padin, poeta experimental uruguaio, que me permitiu a oportunidade de conhecer J. M. Calleja durante o II Encuentro de Poesia Experimental (2008), em Montevidéu, Uruguai; John M. Bennett, poeta experimental norte-americano, com quem aprendi muito sobre poesia e cultura mexicanas durante os quinze dias em que estivemos na Bienal do México e em outras oportunidades nos EUA e em Buenos Aires; Catherine M. Bennett, esposa de John M. Bennett, poeta visual e artista; Profa. Me. Maria Beatriz de Souza Almeida Delduque, que trouxe orientações importantes no momento em que redigia o trabalho de conclusão de curso de graduação em espanhol; e Profa. Sueli Heloisa Doriguetto Ferreira, que me orientou na elaboração do projeto de pesquisa. 2 Professor universitário, formado em Letras (Português / Inglês / Espanhol) e Filosofia, lato sensu em Literatura, mestrado e doutorado em Comunicação e Semiótica (PUC SP) e pós-doutorado em Teoria Literária (UNICAMP). E-mail: jlantonio@uol.com.br

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Palabras clave: Literatura Española – Poesía Contemporánea – Poesía Visual – Siglos XX y XXI - J. M. Calleja.

Abstract. J. M. Calleja: The Interfaces of Poetry: Arts, Technologies, and Graphic Design. This article presents aspects of J. M. Calleja's work, a contemporary Spanish visual poet, seeking to understand his poetic communication through the interfaces of poetry with the arts, technologies, and graphic design. The research aimed to present the work of the Spanish poet to Brazilians who appreciate experimental poetry. With access to almost all of his works, it was possible to do wide bibliographic research, choose the most important aspects, based on poetic communication, explain the ways the experimental poet worked with graphic design, his profession (book illustrator), the use of technologies, including digital ones, and how he explored poetic performances in a variety of ways. In the works writteninCatalan,thepoetbroughtimportantcontributionstoexplainCatalanartandculture.Numerous illustrations allowed the understanding of the experimental work to readers. The challenge of commenting on the work of a living author, with whom it is possible to maintain personal and online contact, offered the opportunity to talk about poetic creation.

Keywords: Spanish Literature – Contemporary Poetry – XXth and XXI Centuries – Experimental Poetry – J. M. Calleja

1 Introdução

Esta pesquisa tem um percurso histórico. Desde o início do curso de graduação em Espanhol, em fevereiro/2017, na Universidade de Uberaba (UNIUBE), já tinha em mente dois temas interessantes sobre a Literatura Hispano-Americana Contemporânea para o trabalho de conclusão de curso:

a) breve estudo sobre a contribuição das Bienais Internacionais de Poesia Visual e Experimental, realizadas na Cidade do México, no período de 1985/1986 a 2008/2009, sob a curadoria de Núcleo Post-Arte, César Espinosa Vera (1939-2022), Araceli Zúñiga e outros; e b) um estudo de alguns aspectos da obra de J. M. Calleja, poeta visual espanhol contemporâneo, que conheci no II Encuentro de Poesía Experimental, sob a curadoria de Clemente Padin, em Montevidéu, Uruguai, em 2008.

O contato com esses temas foi o resultado dos estudos durante o doutorado em Comunicação e Semiótica – Signos e Significação nas Mídias, na PUC SP, de 2000 a 2005, sob a orientação da Profa. Dra. Irene de Araújo Machado, e a continuação, que ocorreu durante o pós-doutorado em Teoria Literária no Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP, de 2009 a 2012, com bolsa FAPESP, sob a supervisão do Prof. Dr. Paulo Elias Allane Franchetti. Esses temas são significativos para a compreensão da literatura contemporânea, especialmente da poesia em suas interfaces com as artes, as tecnologias e o design.

A Bienal, em sua décima edição em 2008/2009, reuniu os representantes da poesia experimental e visual contemporâneas de vários países, cujos processos criativos tiveram início a partir dos anos de 1950, com o movimento internacional da poesia concreta. Também houve umaexposiçãodaartepostaldesdeosseusprincípios.Opoetaespanholéumdosrepresentantes

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desse movimento e é um dos poetas que mais participam dos congressos, bienais, encontros e exposições até os dias atuais.

Em virtude das características do curso de graduação e do tempo destinado a cada disciplina, que é bimestral, optei pelo segundo tema: um pequeno estudo das relações da poesia de J. M. Calleja com as artes (artes visuais e performance) e com o design gráfico. Pesou nessa decisão o fato de que Calleja, que conheci em Montevidéu, em 2008, e com quem venho mantendo contínua correspondência até os dias atuais, me convidou para apresentar sua obra mais recente, Huellas (Calleja, 2013), no lançamento que ocorreu na Cidade do México em 2014. Infelizmente não pude comparecer, por motivos acadêmicos (estava lecionando numa instituição de ensino superior e não podia me ausentar das aulas por uma semana). Também foi decisivo na escolha o envio, pelo autor, de uma parcela bastante significativa de suas obras.

J. M. Calleja, nome artístico de Josep Manuel Calleja Garciahttp://www.jmcalleja.com/ - nasceu em Mataró (Barcelona) em 7 de junho de 1952, é poeta visual eperformerqueveio domundo daimagem (fotografiaecinema), pois fezdiversos filmes experimentais (s.8m/m) durante os anos de 1976-1981. Tem participado ativamente em diferentes encontros e exposições nacionais e internacionais de poesia experimental e visual: Barcelona, Valencia, Madrid, Córdoba, Sevilla, Tarragona, Pontevedra, Mérida, Lleida, Roma, Paris,SãoPaulo,México,Seul,Belgrado,Stuttgart,Lisboa,Berlim,BuenosAires,Montevidéu, etc. Tem realizado instalações e exposições individuais, tem coordenado diferentes encontros de criadores, cujos resultados se encontram em catálogos e livros. Também criou e coordenou ações poéticas, cujas principais foram em Mataró (1984 a 1986), Lleida (1985), Prada (1985), Peñíscola (1989), Madrid (1989, 1996 e 1999), México (1990 e 1993), Milão (1990), Barcelona (1991, 1998, 1999, 2000 e 2001), Tarascon (1992), Toulouse (1993), La Rochelle (1994), Girona (1995), Oviedo (1996), Turón (2000), São Paulo (2000), Belo Horizonte (2000) e Rio de Janeiro (2000).

Ilustração 1 – J. M. Calleja

Fonte: Foto de Sabina Calleja, feita em 17.05.2015, gentilmente cedida para este artigo

e Cultura da

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Além do meu interesse pessoal pelo tema e de tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa, trata-se de um estudo que precisa ser mais divulgado no Brasil e além dos limites do que vem sendo realizado nas pós-graduações lato sensu e stricto sensu das universidades públicas e particulares, pois a visualidade e a audiovisualidade são fatores preponderantesnaculturadesdeofinaldoséculoXIXatéosdiasatuais,comodemonstraMoles (2005) em sua obra sobre o cartaz e o anúncio publicitário

A partir dos conceitos de poesia visual e de poesia experimental, que vem sendo desenvolvido pelos estudiosos desse tipo de poesia contemporânea (Abraham Moles, Clemente Padin, Philadelpho Menezes e Omar Khouri, entre outros), esta pesquisa propõe estudar como J. M. Calleja estabelece as interfaces entre a poesia verbal com as artes, o design gráfico e as tecnologias.

O principal objetivo deste artigo é apresentar a obra de J. M. Calleja aos leitores brasileiros, especialmente para aqueles que não estão familiarizados com a poesia visual, também conhecida como poesia experimental. Para que essa apresentação seja eficiente, faz-se necessário oferecer uma visão de alguns conceitos de poesia visual e de outras denominações, dentre as quais predomina a denominação de poesia experimental, por intermédio de alguns teóricos como Espinosa e Post-Arte (1987), Jackson, Vos e Drucker (1996), Khouri (1996), Menezes (1987,1988,1988b,1990,1991),MilláneGarcíaSánchez(2005),Moles(1973,1974, 1974a, 2005), Padin (2000), Sarmiento (2009), etc. Portanto, estudar a obra impressa de J. M. Calleja com base nos conceitos de poesia visual e de poesia experimental é um caminho válido Nesta perspectiva, Pignatari (1991) afirma:

A poesia parece estar mais do lado da música e das artes plásticas e visuais do que da literatura. (idem, p. 7) (...)

O poeta é aquele artista que não está no gibi. E é aquele que ajuda a fundar culturas inteiras. Não dá para entender a cultura portuguesa, sem Camões; a inglesa, sem Shakespeare; a italiana, sem Dante; a alemã, sem Goethe; a grega, sem Homero, a irlandesa, sem Joyce.

Poesia é a arte do anticonsumo. A palavra “poeta” vem do grego “poietes = aquele fez”. Faz o quê? Faz linguagem. E aqui está a fonte principal do mistério (idem, p. 8). (...)

Para o poeta, mergulhar na vida e mergulhar na linguagem é (quase) a mesma coisa. Ele vive o conflito signo vs. coisa. Sabe (isto é, sente o sabor) que a palavra “amor” não é o amor – e não se conforma ... (idem, p. 9-10). (...)

A poesia em versos é um corpo analógico dentro de um corpo lógico representado pela palavra e suas relações lógico-gramaticais, que obedecem a um processo linear (causa-efeito, princípio/meio/fim). A poesia concreta, gráfica, sonora, ou gráficosonora, rompe com esse sistema. Uma causa não pode ser um efeito, um efeito não pode ser uma causa? Por que não criar logo uma sintaxe analógica, em que causas e efeitos se confundam e pareçam ocorrer ao mesmo tempo, simultaneamente, em lugar de uma coisa-depois-da-outra? Por que não tratar as palavras como figuras, como imagens que a gente monta no espaço e no tempo (idem, p. 53) (...) Há ainda os chamados poemas semióticos ou “sem palavras” – que podem ser apenas desenhados – ou montados na forma de objetos.

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Ilustração 2 – Décio Pignatari - Eu/Você

Fonte: Pignatari (1991, p. 59)

A comunicação poética, conforme trechos selecionados, é essa poesia que provoca sensações e que se comunica por meio de signos verbais e não-verbais. A partir do ponto de vista da leitura, conforme Adler e Van Doren (19403/2010, p. 25), é possível estender o sentido de comunicação poética de Pignatari para a leitura intersemiótica e multimídia:

O rádio e a televisão acabaram assumindo as funções que outrora pertenciam à mídia impressa, da mesma maneira que a fotografia assumiu as funções que outrora pertenciam à pintura e às artes plásticas. Temos que reconhecer – é verdade – que a televisão cumpre algumas dessas funções muito bem; a comunicação visual dos telejornais, por exemplo, tem impacto enorme. A capacidade do rádio em transmitir informações enquanto estamos ocupados – dirigindo um carro, por exemplo – é algo extraordinário, além de nos poupar muito tempo.

2 O que é poesia visual?

A questão escolhida para ser o objeto de investigação começou a ser pensada a partir do contato com esse tipo de poesia, pelos conceitos que lhe são atribuídos, pela variedade de denominações que recebe, pelos caminhos percorridos por seus criadores, pela crítica que a ela vem sendo feita e pela variedade de tipos de criações.

A primeira questão que permite a compreensão do objeto de estudo é a seguinte:

O que é, de fato, poesia visual?

A poesia visual, mesmo que tenha outra denominação (poesia experimental, poesia concreta, poema visual, letrismo, espacialismo, poema-processo, etc.) é um tipo de poesia contemporânea e pode ser considerada como um desdobramento da poesia verbal, pois é o momento em que o poeta, para melhor significar o seu mundo contemporâneo, faz uso de imagens visuais para ampliar o significado das palavras.

3 Primeira edição inglesa da obra, antes da colaboração de Van Doren, que inicia em 1972.

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A Poesia Visual é um movimento sem manifestos ou princípios poéticos específicos, mas que vem sendo praticada por uma grande quantidade de poetas em vários países, que adota procedimentos semelhantes a partir da década de 1970.

Ela recebeu diversos nomes: em Portugal, na década de 1960, de Poesia Experimental (Castro, 1993); na Itália, no mesmo período, de Poesia Visiva; na década de 1970, na Espanha, foi denominada de Poesia Visual ou Poesia Experimental; no Brasil, na década de 70, há várias denominações: poesia visual ou poema visual (Menezes, 1988; Padin, 1988; Khouri, 1996; Pontes, 2001), poesia da Era Pós-Verso (Khouri, 1996), poesia intersemiótica intermultimídia da Era Pós-Verso (idem, p. 15), poema-montagem, poesia de montagem intersígnica ou poesia intersignos (Menezes, 1992, p. 135).

Há outros termos: poesia alternativa, desdobramento da poesia concreta, arte postal, arte gestual, grafismo, letrismo. As várias denominações indicam as negociações da poesia com as linguagens das Artes Visuais, usando imagens, cores, forma, movimento, buscando o espaço físico4 para a comunicação poética, e, também, com as tecnologias contemporâneas: design, vídeo, xérox, diferentes suportes, televisão, cinema, painel luminoso, videotexto, computador, Internet, Web.

Outras questões se mostram como pertinentes ao tema: Como é essa poesia que alia a palavra com a imagem e oferece novos significados e inúmeras interpretações?

Esse tipo de poesia não é somente a união da palavra com a imagem e não se confunde com arte visual com palavras, a exemplos de criações de artistas visuais. É, na verdade, um desdobramento da poesia verbal, que está mais vinculada às artes visuais e à música (visualidade, musicalidade), que usa diretamente da síntese da linguagem visual como forma de expressão mais atualizada, cujo exemplo, guardadas as devidas proporções, pode ser o cartaz, o anúncio publicitário e o design gráfico. Se antes a poesia sugeria imagens e escolhia palavras para produzir sonoridade e musicalidade, hoje a poesia visual traz, para o seu domínio, a imagem e o som para produzir novos significados. Podemos usar o conceito de montagem cinematográfica (Eisenstein) para entender esse tipo de poesia.

De que maneira cada poeta, mesmo dentro da estética que caracteriza esse movimento internacional, usa as relações entre palavras e imagens?

A criação desse tipo de poesia apresenta diferentes resultados, a maior parte deles como recursos do poeta, o que está vinculado à sua formação literária, artística, de design ou tecnológica.

4 Há uma poesia-objeto que dialoga com a escultura, a arquitetura e a tridimensionalidade da instalação, e uma poesia performática que dialoga com as Artes Cênicas, mas esse não é o objeto de nosso estudo, que aborda apenas a poesia visual no meio impresso, ou seja, bidimensional.

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Como identificar elementos estruturais comuns nas diversas teorias e denominações para esse tipo de poesia contemporânea?

Como se trata de um tipo de poesia que continua se desenvolvendo, uma pesquisa quantitativa nos dá inúmeros elementos para se estabelecer elementos estruturais comuns. Uma pesquisa em antologias e estudos teóricos oferece uma tipologia, a partir da qual é possível estabelecer outras.

Esses problemas me levaram a pesquisar as relações entre poesia, artes, design gráfico e tecnologias presentes nos poemas de J. M. Calleja, poeta e artista espanhol contemporâneo. Relações semelhantes podem ser observadas em outros poetas de outros países, que adotaram a estética contemporânea. Esse tema começa a ser identificado como um problema, quando se pensa que cada poeta visual estabelece prioridades nas relações entre poesia, artes, design e tecnologia e, por meio desse entrelaçamento pessoal, produz significados.

3 Delimitações do tema

Em virtude de inúmeros conceitos, usados sob variados enfoques, faz-se necessário conceituar e delimitar, inicialmente, poética e poesia:

La poesía es un arte, se ha desarrollado según sus propias leyes. La Poética es una ciencia, es una rama de la estética que se ocupa del mensaje hablado; está situada en una posición intermedia entre la lingüística y la música; la caracteriza el hecho que su objeto, la poesía, está sometida a un conjunto de limitaciones semánticas mucho más estrechas que el lenguaje ordinario (Moles, 1971, p. 51).

Muitos estudiososecriadores usam poética como um tipodepoesiaquenãoseenquadra nos estudos da poesia contemporânea. Considerar a Poética como a Crítica Literária da poesia, como um ramo da Estética, nos permite pensar na poesia contemporânea como um tipo de criação em que elementos verbais e não verbais buscam abranger novos significados, provavelmente melhor identificado pelos leitores de hoje.

O conceito de poesia experimental, como sinônimo de poesia visual, também pede uma delimitação:

Pero el arte actual, en todas sus formas expresión, experimenta un cambio profundo que está ligado a la civilización tecnológica y al cual es legítimo calificar de “mutación”. Se trata del proceso de reduplicación que hace llegar la obra de arte a millones de consumidores y de la manipulación mecánica de los símbolos, que son responsables, en gran parte, de esta mutación en la cual un análisis hegeliano vería un ejemplo típico de lo cuantitativo a lo cualitativo.

Desde ahora en adelante se concede un lugar a la experimentación en el dominio del arte: la obra ya no emerge toda armada como Atenea del cerebro de Júpiter. La creación es un proceso; ya no es una emanación, el creador ya no está “cercado” por su obra, está en sus orígenes pero interviene un mayor número de operaciones que le son exteriores y que se pueden agrupar bajo el nombre de “realización” (Moles, 1971, p. 51-52).

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A chegada da civilização tecnológica, a partir dos anos de 1950, também denominada de novas tecnologias, considerada por Moles como “mutação”, é responsável pelo processo de reprodução que faz com que a obra de arte chegue a milhões de consumidores, isso sem falar na manipulação dos símbolos que caracterizam as obras de arte. É nesse sentido que a literatura passa a ser considerada como experimental, ou seja, ela usa o processo experimental da ciência para fazer arte.

4 Revisão de literatura

Como faço pesquisas sobre poesia visual desde 1995, a bibliografia teórica (geral) é bastante significativa em várias línguas, além do acervo de obras de poetas visuais em obras impressas e eletrônicas. Isso exige um recorte bastante sucinto para um objeto de estudo particular.

Esta pesquisa bibliográfica terá três grandes eixos temáticos: estudo dos conceitos de poesia experimental e de poesia visual; obras de J. M. Calleja; e as entrevistas e estudos das obras do poeta experimental espanhol

Do ponto de vista bibliográfico, faz necessário mapear a obra de Calleja e estabelecer uma tipologia, que poderá ser comparada com as tipologias existentes na crítica às suas obras.

Essa seleção será estudada a partir da compreensão de alguns títulos em catalão (com a ajuda de um dicionário, do poeta e do meu ex-professor de espanhol), juntamente com uma análise e interpretação com basenos meusestudos depoesiacontemporâneasob oenfoquepredominante da Semiótica da Cultura. Terminado esse levantamento, as entrevistas e estudos de suas obras serão resenhadas e acrescentadas ao estudo.

Um dos problemas para a compreensão da obra de Calleja está ligado ao fato de estar escrito em catalão, língua que não leio, não falo e não escrevo. Para resolver esse problema, além do uso do dicionário, vou contar com a ajuda do poeta e do meu ex-professor de espanhol, Carlos Ragel Cerdan, que é de Barcelona e reside na cidade de Itu, São Paulo, onde moro. Para estabelecer os conceitos, a fundamentação teórica se baseia nos seguintes autores: Cesar Espinosa (1987), em Signos corrosivos: selección de textos sobre poesía visual concreta-experimental-alternativa, curador das Bienais Internacionais de Poesia Experimental do México, que defende uma fusão das poesias de vanguarda:

Nueva poesía, alternativa o experimental, concreta o visual, son términos que identifican a una corriente paralela a las rupturas y exploraciones de todas las vanguardias de este siglo, que eventualmente refulge en el marco internacional del grupo brasileño Noigandres, pero las más veces se desarrolla en el laboratorio de los herméticos alquimistas que buscan su materia prima en el lenguaje y sus símbolos (1987, p. 10).

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Clemente Padin, em La poesía experimental latinoamericana: 1950-2000 (2000), também estabelece uma fusão temporal e conceitual entre as poesias de vários países de língua espanhola, incluindo a poesia brasileira, mostrando-as como desdobramentos das poesias de vanguarda do início do século XX.

A obra organizada por Jackson, Vos e Drucker, Experimental – Visual – Concrete Avant-Garde Poetry since the 1960s (1996), reúne estudiosos e criadores das poesias experimental visual e concreta, que debateram o tema no Yale Symphosophia nos dias 5 a 7 de abril de 1995. Tive contato, durante a tese de doutorado, com vários participantes do evento: E. M. de Melo de Castro (1932-2020), Fernando Aguiar, Ana Hatherly (1929-2015), Enzo Minarelli, Eduardo Kac, Claus Clüver, Pierre Garnier (1928-2014), Pedro Reis, Elisabeth Walter-Bense (1922-2018).

Oevento eolivropropõem umacontinuidadedapoesiaconcreta eseus desdobramentos ou denominações posteriores: poesias concreta, experimental, visual e neoconcreta. Quando participei do X Bienal de Poesia Experimental (México, 2009), meu comunicado teve a denominação de “Poesía experimental y poesía electrónica: aproximaciones en cuatro abordajens”5 .

No II Avant Writing Symposium em Columbus, Ohio, EUA, em 2010, propus “Digital Avant-Garde Experimental Poetry: Another Genre of Contemporary Poetry?”6. Defendi a tese dequeapoesiadigitaléumdesdobramento,continuidadeeatualidadedapoesiadasvanguardas do início do século XX (futurismo, dadaísmo, surrealismo, cubismo, etc.). Vários outros estudiosos e criadores, como Melo e Castro (Portugal/Brasil), John M. Bennett (EUA) e César Espinosa Vera (Espanha), Hugo Pontes (Brasil), também partilham dessa opinião.

Diversas antologias oferecem uma introdução teórica e um conjunto de exemplos para situar a poesia contemporânea em suas relações com as artes, o design e as tecnologias. A revista norte-americana Visible Language, em seu número 27 (1993) sobre Visual Poetry An International Anthology, com uma introdução de Harry Polkinhorn, traz estudos sobre a poesia visual em países como o Brasil, Cuba, Itália, México, Portugal, Uruguai e EUA) e apresenta exemplos. Fernando Millán e Jesús García Sánchez, organizam a Antología de poesía experimental, que contém um texto introdutório com aspectos históricos e conceituais significativos. José Antonio Sarmiento organiza e seleciona documentos, exemplos e teorias sobre Escrituras em libertad: poesía experimental española e hispano-americana del siglo XX (2009), em 520 páginas e complementado por um DVD, obra importante para consulta e compreensão da poesia experimental.

Uma pequena amostra de antologias impressas e eletrônicas brasileiras e estrangeiras nos permite observar algumas características gerais predominantes na poesia visual: A

5 Apontamentos para uma palestra, organizados em PowerPoint, que não se tornaram artigo e continuam inéditos.

6 Apontamentos para uma palestra, organizados em PowerPoint, que não se tornaram artigo e continuam inéditos.

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proposição 2.0I poesia experimental (Castro, 1965, p. 107-110, I-LI), Teoria da Poesia Concreta (A. Campos; Pignatari; H. Campos, 1965), Processo: linguagem e comunicação (Dias-Pino, 1971; 1973), Antologia da Poesia Concreta em Portugal (Marques; Castro, 1973), Vanguarda: produto de comunicação (A. Sá, 1977), 17 (Calleja; Sarmiento, 1980), Poesia de vanguarda no Brasil: de Oswald de Andrade ao Poema Visual (Mendonça; A. Sá, 1983), Poemografias: perspectivas da poesia visual portuguesa (Aguiar; Pestana, 1985), DidEYEtica7 (M. Almeida, 1985, 1987, 1989, 2000), I Mostra Internacional de Poesia Visual de São Paulo (Mostra, I, 1988), Poesia visual na década de 80 (M. Almeida, 1989), Poética e visualidade: uma trajetória da poesia brasileira contemporânea (Menezes, 1991); Visual Poetry: An International Anthology (Polkinhorn, 1993), Saciedade dos Poetas Vivos: Visual (Faustino; Míccolis, 1993), Poesia experimental-93 (Calleja, 1993), Bacana 1: coletânea de poesia visual em postal (Menezes, 1994), Mostra Nacional de Poesia Visual (Araujo; Paulino; Silva; Medeiros, 1995), O poema visual: leitura do imaginário esotérico: da Antiguidade ao século XX (Fernandes, 1996), Poema Visual (Pontes, 1996), Poesia visual brasileira: uma poesia da Era Pós-Verso (Khouri, 1996); Poesia concreta e visual (Menezes, 1998), Poemas visitados versão preto & branco (Frazão, 1999/2000), La Poesia Experimental Latinoamericana (Padin, 2000), Brazilian Visual Poetry (Vater, 2002), Primer Premio de Poesía Experimental (Diputación de Badajoz, 2002), Revistas na Era Pós-Verso (Khouri, 2003), Poesía visual: Las seductoras formas del poema (Espinosa Aguirre, 2004), Antologia da Poesia Experimental Portuguesa: anos 60 - anos 80 (Sousa; Ribeiro, 2004), Poesia Visual e Experimental em Pernambuco (Bruscky, 2005), Mostra Internacional de Poesia Visual e Eletrônica (Mostra Internacional, 2005), VI(r)US (Calleja, 2005), Visual Poetry in the Avant Writing Collection (The Rare, 2008)8, etc.:

a) intervenção em imagens existentes nos mais diversos meios: fotos, jornalísticas ou não, documentais e pessoais, além de imagens de exames clínicos;

b) crítica social e política por meio de propagandas e notícias, principalmente a partir de imagens;

c) releituras das estruturas do soneto;

d) releituras espaciais bidimensionais e tridimensionais das palavras “soneto”, “poema” e “poesia”;

e) interferência manual dos poetas (rabiscos, escritas, grafismos, em preto e branco e em cores) em textos visuais de uso prático e propagandístico;

f) rasgos e dobraduras em papel, indicando intervenções criativas;

7 Há dois subtítulos: uma pós-leitura da Poesia Visual (1985) e uma gramática do olho (2000).

8 Faz-se necessário uma referência às antologias que se encontram em revistas como: Código (1974-1989/1990), Artéria (1975-atualidade), Dimensão Revista Internacional de Poesia (1980-2000), Poema Visual, sítio organizado por Hugo Pontes, DidEYEtica, de Marcio Almeida, etc.

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g) releituras de poemas visuais de outros poetas;

h) uso de carimbos pessoais em grafismos, desenhos, fotografias e xeroxes;

i) elaboração de imagens a partir de letras;

j) exploração da espacialidade e do espaço em branco da folha de papel e uso de diferentes fontes tipográficas;

k) relações entre escrita de palavras e partituras musicais;

l) exploração dos recursos da xérox;

m) uso das palavras "poesia" e "poema" em ambientes em que predominam imagens, mostrando uma intervenção da palavra poética;

n) uso de materiais não comuns como suporte da poesia visual como: pano bordado, conchas, pedras, plásticos, produtos industriais, caixas diversas de uso prático no comércio e na indústria, folhas de plantas diversas, cartas de baralho, produtos comestíveis, latas, ossos, insetos, etc.

o) um constante e contínuo uso da tecnologia computacional na feitura dos poemas; etc.

A Espanha tem apresentado uma vasta produção de poesia visual, o que nos autoriza a afirmar que a obra de J. M. Calleja aborda diversos procedimentos como os enumerados no parágrafo acima.

Dentre as diferentes tendências da poesia visual, há uma negociação com os elementos científicos, tecnológicos e industriais da sociedade contemporânea. Muitas vezes essas experimentações poéticas nem chegam a ter outra denominação, pois são esporádicas, recursos individuais de um poeta ou mesmo de um pequeno grupo, mas que se configuram de forma diferenciada.Optamosporconsiderá-lassobaformadepoesiavisuale(m)...:caligrafia,jornal, fotografia, xérox, propaganda, design gráfico, painel para publicidade, produtos industriais no meio impresso, produtos industriais nos meios tridimensionais, etc.9

5 As Obras de J. M. Calleja

As obras de Calleja são o registro do seu percurso como criador, performer, expositor e participante de antologias como poeta e como organizador. Mesmo com as poesias experimentais que se repetem em obras reunidas e em antologias, há sempre um percurso rico de possibilidades de projetos gráficos variados e diferentes tipos de impressão e de papel, além de dobras de papel que ressignificam a obra, pois permitem a interação do leitor, folheando as páginas e procurando entender as mensagens. O leitor/fruidor de poesia experimental, numa exposição de obras, ficaria entretido por horas, a apreciar o percurso criativo de J. M. Calleja.

9 Esse estudo é um dos capítulos do livro / DVD Poesia digital: teoria, história, antologias (Antonio, 2010).

Obras do poeta:

ITU/SP – No. 13, setembro de 2024

+Que mai, per als ulls!10 (1988)

Mixtures (1993)

Llibre Anglès (1994)

Transfusions (1996)

7poemesperanoapaivagarla7

C`ö´CTEL (1999)

Paisatges (1999-2000)

Alfàbia11 (2000)

Poemas visuales (2001)

Desfilada (2003)

Altri (2004)

Ombres & Llunes (2004), com Antoni Agra

Poemes dels setanta (2006)

Huellas (2006a)

Transbord12 (2006b)

Homenajes (2007)

Poemes dels vuitanta (2007)

Tiempos verbales [2008]

Pets (2009)

Fragments (2009a)

Nocturnes poemes – (2010)

Poesía visual (2011)

T(i)EMP(o)S VERBAL(e)S (2012)

Arxipèlag – (2012)

Huellas (2013)

Album 013 (2013a)

Masks (2013b)

Finestres (2013c)

ABCDARUM (2013), com Klaus Peter Dencker

AQUIAHORAOTRAVOZ: Poesia Experimental (2021) com Alejandro Thornton

GHROMYT (2022) com Carlota Caulfield

Antologias organizadas pelo poeta e em parceria:

17 – Org. J. M. Calleja e J. A. Sarmiento (1980)

Poesía visual – Org. J. M. Calleja (1992)

Poesía Experimental – 93 – Org. J. M. Calleja (1993)

7 Poemesperanoapaivagarla (1998)

Poemas visuales (2001)

Ombres & Llunes – Coordenação: Antoni Agra e J. M. Calleja (2004)

Altri – (2004)

Poesia visual catalana – Org. J. M. Calleja (2010)

ABCDario – Org. Ariel Gangi, Martín Gubbins, J. M. Calleja e Carlota Caulfield (2015)

VI(r)US – Org. J. M. Calleja (2005)

VI(r)US dos (2020)

A poesia-ação, poesia performática, performance poetry ou poesia viva também é uma prática criativa de Calleja. Um exemplo significativo é Procesión (Ilustração 3), projeto de J. M. Calleja (Espanha), uma poesia-ação que ocorreu nas ruas centrais de Montevideo, Uruguai, no dia 30 de agosto de 2008, das 12h às 13h, por ocasião do Encuentro Internacional de Poesía Experimental, e que ficou registrada nas máquinas fotográficas de algumas pessoas. Calleja fez

10 Tradução do catalão: Tanto faz, para os olhos!

11 Tradução do catalão: alfabeto.

12 Tradução do catalão: transbordo.

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desenhos criativos com as letras do alfabeto e os colocou em camisetas, que foram usadas pelos participantes do evento. Cada participante escolheu uma letra e um objeto que a representasse e caminhou pelas ruas segurando esse objeto numa bandeja.

Ilustração 3 - J. M. Calleja - Procesión (2008) - imagens da ação poética

Fonte: fotos cedidas gentilmente por Clemente Padin.

Em 1999, J. M. Calleja (Espanha) começou a usar o computador na criação de seus poemas visuais e foi reunindo seus poemas animados sob o título de “Net-Art”: http://www.jmcalleja.com/es/poesia/net-art/. Ele começou suas experimentações poéticas em 1972, usando criativamente a colagem e o desenho.

Em Signos Corrosivos: Selección de textos sobre poesia visual concreta-experimentalalternativa (Espinosa; Núcleo Póst-Arte, 198713, p. 94), no artigo “La vanguardia poética en España (1963-1981), datado de dezembro de 1981, José Antonio Sarmiento afirma, no último parágrafo: “Por último, mencionaremos a los autores que realizan un trabajo al margen de los grupos, como J. M. Calleja, Ángel Sánchez, Pablo del Barco, Rafael de Cozar, Xavier Canals” .

Nas antologias organizadas por Calleja, esses nomes aparecem com bastante frequência, mostrando o desenvolvimento do poeta espanhol como criador e como organizador de eventos e de antologias.

Em Escrituras en Libertad Poesía Experimental Española e Hispanoamericana del Siglo XX, que é catálogo, antologia de poesias e de estudos, obra organizada por José Antonio Sarmiento (2009), a foto de J. M. Calleja aparece na página 489, juntamente com os poetas

13 O mesmo texto é publicado em língua inglesa, na tradução de Harry Polkinhorn em 1990: “Finally, we shall mention authors who work on the edge of the groups, such as J. M. Calleja, Angel Sánchez, Pablo del Barco, Rafael de Cozar, Xavier Canals ... (Espinosa; Núcleo Post-Arte, 1990, p. 120).

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experimentais que nasceram na década de 1950: Antonio Gómez, José Miguel Ullán, Eduardo Scala, Ángel Sánchez e Bartolomé Ferrando. Na antologia (Calleja apud Sarmiento, 2009, p. 516-519), são transcritas as seguintes obras: Tempus fugit (1982), Efigie (1984), Composició 4 (1986) e Puertas (1995).

Os prefácios das obras de Calleja indicam muitas leituras importantes de estudiosos e criadores, desde 198014 e 199315 , que aqui são referidos em ordem alfabética: Albert Calls, Bartolomé Ferrando, Carles Hac Mor, Daniel Giralt-Miracel (2), Gustavo Veja, Jordi Coca, Jordi Marrugat (3), Julien Blaine16 , Laura López Fernández, M. dels Àngels Ballbé, Margalida Pons, Mariona Masgrau Juanola, Ramnon Salvo, Victor Infantes (3), Xavier Canals e Xavier Seoane. A leitura desses prefácios, uma recepção estética significativa, é importante para compreender a obra do poeta experimental.

6 Análise de alguns poemas experimentais

Escolhemos alguns poemas de J. M. Calleja para uma leitura com base nas interfaces da poesia com as artes, as tecnologias e o design gráfico. J. M. Calleja explora os recursos do design gráfico na sua poesia visual, entremeando as suas imagens de intervenções manuais com o uso de diferentes tipos de caneta e várias cores. Vários objetos cotidianos, signos contemporâneos, aparecem, em seus poemas, dispostos em uma mesa de trabalho de um designer e poeta. A capa e a contracapa de Transbord (2006), fotografia de Narcís Calleja, é um exemplo, no qual aparecem, dentro de um vidro, uma série de lápis de várias cores. O título, Transbord (transbordo, em catalão), e a imagem mostram a experimentação criativa que transborda o uso profissional de objetos de trabalho num estúdio.

As suas obras em preto e branco e em cores trazem essa marca criativa, cujos exemplos são: Mixtures (1993), Paisatges (1999/2000), Alfàbia (2000), Poemes dels setanta (2006), Transbord (2006), Poemes dels vuitanta (2007) e Homenajes (2007). Paisatges (paisagem, em catalão) (Calleja, 1999/2000) é um catálogo de uma exposição realizada na Casa de Cultura “Les Bernardes” em Salt (Girona,Espanha), de17 desetembro de1999 a10 dejaneiro de2000. Calleja explora a técnica mista de collage, na fronteira entre o artista plástico, que expõe seus poemas-cartazes em uma galeria de arte, e o poeta, que explora a arte da palavra

El viatge17(Ilustração 4) é a mais significativa como comunicação poética, pois é a síntese desse conjunto de obras: um envelope com fundo lilás, um mapa, um pedaço de filme e uma escrita semelhante a um resultado de eletroencefalograma. Uma viagem.

14 Introdução de Julian Blaine, poeta francês.

15 Prólogo de Jordi Coca.

16 Poeta francês nascido em 1942.

17 A viagem, em catalão.

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Ilustração 4 – El Viatge

Foto da obra: Antonio Lafuente Fonte: Calleja (1999/2000, n.p)

A foto de Sabina Calleja para o catálogo da exposição de collages sob o título de Paisatges (paisagens, em catalão), que mostra a mesa de trabalho de J. M. Calleja18 (Ilustração 5), ensejou novo diálogo com o poeta, o que nos permitiu obter uma foto de 2015, com mais riqueza de detalhes:

Ilustração 5 – Mesa de trabalho de Calleja

Fonte: foto de Sabina Calleja, feita em 17.05.2015, gentilmente cedida para este artigo

Transbord (Calleja, 2006), tanto pela capa (Ilustração 6), fotografia de Narcis Calleja (um vidro cheio de lápis de várias cores), como pelo título (transbordo, transferência, em catalão) nos apresenta a essência do trabalho do poeta, e é o que a Ilustração 5 mostra (a fotografia de Calleja em seu ambiente de trabalho, o seu ateliê): transferir toda a arte da palavra por meio das tecnologias do seu ofício (escrever, pintar, recortar, colar, recriar os elementos da realidade).

18 A foto do catálogo, em preto e branco, de 1999/2000, foi substituída por duas fotos cedidas gentilmente pela Sabina Calleja, filha do artista, para melhor explicar os comentários que fizemos neste artigo.

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Ilustração 6 - Transbord

Fonte: foto da capa: Narcís Calleja (2006, capa).

Homenajes (2007) contém poemas visuais que homenageiam vinte e sete poetas por intermédio de emblemas cujo mote é o nome de sua própria representação, facilmente reconhecíveis sem necessidade de um mergulho no mar da poesia, conforme afirma Víctor Infantes,naapresentação do livro(Calleja,2007,n.p.).Exemplosignificativoé"aFranzKafka" (Ilustração 7):

Ilustração 7 - A Franz Kafka (1883-1924)19

Fonte: Calleja (2007, n.p.).

O prefácio de Victor Infantes (Calleja, 2007, n.p.), sob o título de Huldigung (homenagem, em alemão), é significativo como uma leitura crítica da obra:

Nueve por nueve son ochenta y uno, y ocho y uno suman nueve; nueve por tres son veintisiete, y siete y dos suman nueve; tres por tres son nueve, y nueve es siempre nueve. (Por la cuenta del autor.) Si no bastan los números, con sus combinaciones (nunca) fortuitas, están las letras, todas las letras posibles, con sus aleaciones (siempre) fortuitas.

A imagem de uma caixa de fósforos marca Guarany e a de um mapa (Ilustração 8) compõem a “Homenagem a Philadelpho Menezes20”, em poema visual de J. M. Calleja (Espanha), metaforizando a passagem do poeta em 2000, num acidente automobilístico.

19 Foi nossa intenção mostrar, aos ciberleitores, o espaço em branco da página do livro, pois esse aspecto é muito significativo na obra de Calleja.

20 Philadelpho Menezes (1960-2000), poeta visual e sonoro e professor universitário paulistano

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Ilustração 8 – Homenagem a Philadelpho Menezes (1960-2000)

Fonte: Calleja (2007, n.p.)

Em 2008, fui presenteado com a plaqueta21 Tiempos verbales (Ilustração 9), que Calleja leu em umas das apresentações do II Encuentro, em Montevidéu. A leitura do poeta explorou a quebra de significado que parece haver, ou faz lembrar, a conjugação de verbos, quando se estuda uma língua, estrangeira ou nacional, a partir de aulas de gramática ou de um manual didático. Em YouTube é possível apreciar uma leitura do poema pelo próprio poeta em catalão: J.M. Calleja recita, Temps verbals - YouTube

Ilustração 9 – Tiempos verbales, frente e verso da plaqueta.

Fonte: Calleja (2008).

Em 16 de dezembro de 2013, recebi outra plaqueta com o título de T(i)EMP(o)S VERBAL(e)S (Calleja, 2012), com prefácio de Víctor Infantes (apud Calleja, 2012, n.p.), publicação bilíngue (castelhano e catalão):

El verbo se hizo verbo (¡por fin!) y conjugó entre nosotros. Y se dividió en tres flexiones y, además, se ordenó en modos, tiempos, números y personas, y clases. Si tenemos el verbo, con él, mucho ganado, pero también mucho por conseguir; porque hay verbos para todos los gustos. (...) Por todo ello, y con todo ello, aunque todos podemos conjugar con todas las personas, hay que estar atentos a la última persona, porque el que conjuga el último (como el que ríe) tiene la última palabra. Yo conjugo, tú conjugas, él conjuga, nosotros conjugamos, vosotros conjugáis y ellos, bueno, ellos, sí, también conjugan, pero a veces cambian de verbo y son capaces de suplantar toda la conjugación.

21 Livro pequeno de poucas páginas (Dic. Houaiss).

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Os dois poemas em forma estrelada, em castelhano, mais os dois outros, em catalão, com um poema central, que se torna o leitmotiv22 , com doze raios, que podem ser entendidos como treze estrofes de um poema, oferecem uma apreciação do leitor que se movimenta para ler cada estrofe de três versos (tercetos), virando a plaqueta, sempre com a mesma surpresa da transgressão poética, no último verso, o que se torna uma gramática poética dos tempos verbais. AcriaçãodeCalleja(Ilustração10)ofereceoutrapossibilidadedeestudogramaticaldosverbos.

Ilustração 10 - T(i)EMP (o)S VERBAL(e)S

Fonte: Calleja (2012), plaqueta de cinco páginas sem número

Boa parte das intervenções de J. M. Calleja em textos visuais, que ele seleciona para a sua comunicação poética, é manuscrita ou caligráfica, pois o criador, de posse de uma caneta, escreve algo, legível ou não, marcando a presença que interfere e ressignifica o material impresso de finalidade pragmática. A série de marcadores de páginas e cartões postais, que acompanham seus livros, também são representativos para que oleitor se sintaintegradoà obra.

“Il Pleut” é um dos exemplos no qual os traços repetidos, verticais e paralelos, indicam uma sequênciaelembramumareleituraatualizadade“IlPleut”,dofrancêsApollinaire(1880-1918).

22 Leitmotiv (do alemão, motivo condutor) é uma frase musical curta e constantemente recorrente. Em música, é uma técnica de composição introduzida por Richard Wagner em suas óperas, que consiste no uso de um ou mais temas que se repetem sempre que se encena uma passagem da ópera relacionada a uma personagem ou a um assunto. Wagner usou o leitmotiv pela primeira vez na ópera Der fliegende Holländer, sendo que todas as suas óperas seguintes também o utilizaram. Esta técnica foi utilizada também por outros compositores do período romântico, como Giuseppe Verdi, em suas óperas Nabucco e La Traviata, e Georges Bizet, na ópera Carmen (Wikipedia, s.d.)

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Ilustração 11 - Il Pleut

Fonte: Calleja (1993, p. 63).

Na série “Valeriegrames”, criada em 1992, que faz parte do livro Mixtures (1993), Calleja cria dez poemas-xéroxes, movimentando a folha de papel por ocasião da cópia, cujo exemplo é “Valerigrames IX” (Ilustração 12).

Ilustração 12 - Valeriegrames IX

Fonte: Calleja (1993, p. 101).

Laura López Fernández, no prólogo de Huellas23 (Calleja, 2013), resume a polivalência do poeta espanhol:

Orden, caos, musicalidad, espectáculo, correspondencias alfanuméricas, disposiciones alfabéticas en el espacio, simbolismo, zoomorfismo, reinos míticos, paisajes imaginarios, escalas invisibles al ojo desnudo, holografía, el principio de incertidumbre, el azar, circularidad, movilidad, neo-Dadá, neocontructivismo, postcollage, ready-mades, neoplasticismo, Bauhaus, Duchamp y la apropiación, la pre y la metamodernidad, Mallarmé, Valery, paragramaticalidades, eclecticismo … son sólo algunos de los múltiples conceptos, principios y técnicas que este versátil artista vincula en sus composiciones visuales (apud Calleja, 2013, p. 7).

23 Tradução: pegadas, em espanhol.

7 Considerações finais

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Procuramos apresentar os aspectos mais importantes da obra de J. M. Calleja, especialmente a poesia experimental em meio impresso. O poema “Els cavalls del guerrer, preparats per al combat”, da obra + Que mai, per als ulls, de 1988, é um exemplo que caracteriza a obra de Calleja:

Ilustração 14 – Els cavalls del guerrer, preparats per al combat

Fonte: Calleja (1988)

Os elementos da realidade oferecem signos visuais e verbais para que o poeta inicie a sua luta com as palavras, parafraseando Drummond, acrescentando a elas as imagens do cotidiano. Esse diálogo se faz com tudo o que sensibiliza os olhos do poeta no seu cotidiano, no seu ambiente de trabalho, nas notícias de jornais e nas propagandas que o tempo presente oferece em sua multiplicidade de signos e significados.

Ter uma parcela significativa das obras de um poeta e poder conversar com ele trazem uma dimensão nova ao entendimento da poesia contemporânea. A análise de procedimentos, projeto quevenhocumprindo desdeoinício demeus estudos literários duranteapós-graduação, foi uma forma de absorver o máximo e oferecer ao leitor um vislumbre do que é, de fato, a poesia contemporânea.

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Mês de Maria: Poesía visual. Madrid, Espanha: Del Centro Editores, 2011. Caixa de papelão de cor negra (15cm x 11,5cm x 1,5cm) contendo 33 cartões postais. Exemplar 83/100.

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