VALOR ENSINO SUPERIOR: INOVAÇÃO E INVESTIMENTO
“A FCS tem um papel fulcral na região e quer consolidá-lo”
Miguel Castelo-Branco
A Faculdade de Ciências da Saúde da UBI é uma instituição enraizada na Covilhã, região onde tem tido um papel relevante. Desde 1998, altura em que foi criada, constitui um polo de atração de pro ssionais quali cados, sobretudo na área da saúde, contribuindo para o Serviço Nacional de Saúde e Farmácias, no âmbito do seu ensino e investigação. Tem inúmeros projetos de investigação em curso, através do Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS), do Centro Académico Clínico (CACB) e das parcerias existentes com os hospitais e centros de saúde da região. A Faculdade é presidida pelo médico, investigador e professor catedrático Miguel Castelo-Branco, reeleito para novo mandato e prossegue a sua aposta na inovação e no aprofundamento da integração entre a academia, a população e a região.
Presidente
C
omo de niria o papel desta academia no desenvolvimento da região? A dinamização do ensino superior como suporte à coesão territorial e desenvolvimento equilibrado do país foi uma das apostas mais importantes das últimas décadas em Portugal. A Faculdade de Ciências da Saúde veio consolidar toda essa linha de ação, com novas oportunidades, no campo da Medicina, Optometria, Ciências Biomédicas e Ciências Farmacêuticas que têm sido muito importantes e que ainda estão numa fase de crescimento e com um potencial muito amplo. No que respeita à rede de cuidados de saúde, hospitalar e primário, as regiões da Guarda, Covilhã e Castelo Branco beneficiaram bastante da criação da faculdade, já que a academia permitiu a vinda de pessoas que eram clínicos e, simultaneamente, docentes. A criação do CICS - Centro de Investigação em Ciências da Saúde, promoveu novas oportunidades na área da investigação em Ciências da Saúde e tem tido uma dinâmica muito positiva. Mais recentemente, a transferência para as empresas, através da criação de startups e spin-off’s, que nos parques empresariais da região (onde também se encontra a incubadora da própria
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universidade, o UBIMedical) têm vindo a contribuir para um desenvolvimento bastante positivo, criação de emprego diferenciado e de riqueza. O Centro Académico Clínico das Beiras (CACB), que é uma realidade mais recente e abrangente (Castelo Branco, Covilhã, Guarda e Viseu) pretende consolidar estas relações, tentando focar-se, adicionalmente, nas necessidades de saúde dos cidadãos e contribuir para uma melhoria neste campo. Desenvolve também um papel importante na articulação entre o ensino superior, a investigação e a aplicação, posterior, em termos de instituições de saúde, afinando as estratégias regionais, nacionais e internacionais às necessidades locais. Como se concretizou a ideia do Centro Académico Clínico e quais os objetivos primordiais a atingir? Foram criados, governamentalmente, 12 centros académicos clínicos, cobrindo a geografia de Portugal continental. O objetivo principal destes centros é melhorar a articulação entre as instituições de ensino superior, os centros de investigação nas áreas da saúde e as instituições do setor da saúde – público e privado, associadas às escolas de saúde (das Universidades e
dos Institutos Politécnicos). O Centro Académico Clínico das Beiras pretende consolidar as estratégias em curso e adicionar novas que se entendam ser necessárias para dinamizar a nossa região, para melhorar os cuidados de saúde e as perspetivas futuras. Pretende, também, desenvolver a investigação clínica, direcionada, especificamente, aos problemas predominantes na população da região e alinhar a formação pré e pós-graduada no sentido de conseguir valorizar os profissionais de saúde. E já é possível perceber o que faz falta às populações? Focámos aquelas que são as patologias d o m i n a n t e s n a n o s s a r e g i ã o, nomeadamente o AVC e os fatores de risco vasculares, diabetes, demências e alcoolismo e sua prevenção, e as doenças respiratórias obstrutivas agudas e crónicas – asma e bronquite. Estas são as linhas de investigação que temos em aberto, além das que se encontram em desenvolvimento no CICS. Neste momento, na área do AVC, o que temos estado a fazer é empoderar os próprios cidadãos afetados por esta doença, através de grupos de autoajuda (associações de doentes); no que respeita ao alcoolismo, trabalhamos
essencialmente para a sua prevenção; na demência, trabalhamos no envelhecimento ativo e há projetos em curso no sentido de perceber como monitorizar melhor estes doentes. R elativamente ao Centro de Investigação em Ciências da Saúde, que trabalho vem sendo feito? É verdade que alguns dos estudos e investigações acabaram por se concretizar depois em startups e aplicações que já estão neste momento no mercado nacional? Nós temos um conjunto de linhas de investigação em funcionamento. Algumas destas linhas acabam mesmo por resultar na criação de empresas – uma delas está relacionada com plantas da região e as suas propriedades farmacológicas e cosméticas, estando outra relacionada com a produção de novas moléculas para a doença de Parkinson. O Centro de Investigação disponibilizou um laboratório e meios humanos, em plena pandemia, para ajudar na logística de realização de testes. Temos também desenvolvido projetos na área da imunidade, para perceber como é que esta se comporta em relação ao agente da Sars-Cov-2.