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Aniversário do CIOS - Primeiro Centro Integrado de Olho Seco (CIOS) em Portugal comemora 4 anos
J. Salgado-Borges
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MD, PhD, FEBO, Diretor Clínico da Clinsborges e Embaixador em Portugal do TFOS (Tear Film & Ocular Surface Society)
De acordo com um estudo recentemente divulgado, a Síndrome do Olho Seco atinge entre 10% a 20% da população mundial e em Portugal são quase dois milhões de portugueses que apresentam queixas de dor ou desconforto ocular na sequência do Olho Seco, um problema global que pode reduzir significativamente a qualidade de vida.
Desde então, procuramos estar na vanguarda recorrendo às últimas inovações tecnológicas e tratamentos emergentes. Além disso, sendo o Olho S eco uma doença multifator ial, trabalhamos também diretamente com e s p e c i a l i s t a s d e c a d a u m a d a s á re a s identificadas e relacionadas com os fatores que causam esta doença, tais como: dermatologia, psicologia e nutricionismo.
“Foi em janeiro de 2018 que organizámos um evento de comemoração do primeiro Centro Integrado de Olho Seco (CIOS) em Portugal com a parceria da Área Oftalmológica Avanzada de Barcelona. Este evento contou com a presença de aproximadamente 40 médicos oftalmologistas e outros prossionais da visão” .
O que é o Olho Seco?
O Olho Seco é um distúrbio ocular que vai originar desconforto, instabilidade do filme lacrimal e consequentemente danifica a superfície ocular. Os nossos olhos precisam de lágrimas para se manterem saudáveis e confortáveis. Com cada piscar das pálpebras, as lágrimas espalham-se pela superfície anterior do olho, conhecida como córnea, ou seja, as lágrimas fornecem lubrificação e reduzem o risco de inflamação ou infeção ocular. Se os seus olhos não produzem lágrimas suficientes ou de qualidade adequada, a esta Síndrome chamamos de Olho Seco.
Portanto, quando há um desequilíbrio ou deficiência no sistema lacrimal, ou quando as lágrimas evaporam mais rápido do que o normal, o paciente vai manifestar alguns dos sinais ou sintomas do Olho Seco, tais como ardência, prur ido, sensação de areia, vermelhidão, hipersensibilidade à luz, visão esborratada, dificuldade em usar lentes de contacto, lacrimejo excessivo ou mesmo fadiga ocular.
Por consequência, esta patologia está cada vez mais presente na sociedade, devido à utilização de ar condicionado, aquecedores, exposição excessiva aos aparelhos digitais ou outras situações à nossa volta que podem promover a secura do filme lacrimal. Contudo, existem ainda outros fatores de risco, tais como: - O envelhecimento (idade), nomeadamente a menopausa na mulher;









- Doenças que afetam a capacidade de produzir lágrimas, como a artrite reumatóide, Síndrome de Sjogren e doenças do colagénio; - Problemas que não permitem às suas pálpebras fecharem devidamente; - Uso prolongado de máscaras de proteção facial descartáveis.
Como é possível constatar, os sintomas e as causas são claras, bastando haver a má lubrificação dos olhos para se manifestar o Olho Seco. De todo o modo, é importante estar alerta, e ficar atento aos sinais, procurando sempre que possível obter um diagnóstico e tratamento rápido, evitando um agravamento da doença. Que métodos de diagnóstico existem no CIOS?
Primeiramente, no início do procedimento avaliamos os sintomas e a sua gravidade com o objetivo de determinar quais os testes a realizar no auxílio ao diagnóstico e, assim, descartar outras doenças oculares ou problemas de saúde que possam estar a causar o Olho Seco. Além dos métodos tradicionais de diagnóstico destacamos o Keratograph 5M e o TearLab:
1. Keratograph 5M 2. TearLab
Este aparelho é utilizado para avaliar a osmolaridade ou salinidade das lágrimas. Ou seja, em apenas alguns segundos, conseguimos identificar um dos mecanismos principais da Síndrome do Olho Seco - a hiperosmolaridade.

Quais os tratamentos existentes no CIOS?
Bom, na maioria dos pacientes com sintomas ligeiros de Olho Seco, é suficiente usar lágrimas artificiais como, por exemplo, o ácido hialurónico, sem conservantes ou fosfatos. Quando os sintomas são persistentes e graves, há outras opções como o uso de anti-inflamatórios não esteróides, corticóides ou a ciclosporina. Alguns tratamentos concentram-se em inverter ou gerir uma condição ou fator que está na origem do Olho Seco. Outras alternativas podem melhorar a qualidade das lágrimas ou impedir que estas se escoem rapidamente. Os tratamentos emergentes que destacamos no Centro Integrado do Olho Seco são o ThermaEye Plus e Endoret-PRGF:
Este aparelho permite obter um diagnóstico abrangente e fiável da doença ocular. O Keratograph 5M fornece informações claras, qualitativas e quantitativas, sobre a condição da superfície do global ocular, filme lacrimal e Glândulas de Meibómio.


J. Salgado Borges e Carlos Vergés (Barcelona) Inauguração do CIOS em 2018

1. ThermaEye Plus - Luz Pulsada (IPL)

O tratamento com luz pulsada de alta frequência (IPL) foi desenvolvido para aliviar o Olho Seco pelo excesso de evaporação, quando as Glândulas de Meibómio das pálpebras não produzem a gordura natural suficiente para diminuir a evaporação das lágrimas. Este tratamento consiste em aplicar flashes de luz, com certa frequência e intensidade, nas pálpebras inferiores e na parte superior das bochechas, a fim de estimular a circulação sanguínea desta área e a ativação das terminações nervosas em torno das Glândulas de Meibómio, com o objetivo de estimular a produção de gordura que a lágrima precisa. Contribui ainda para a diminuição da dor, da inflamação e infeção por parasitas frequentes nesta patologia. Deste modo é possível melhorar a qualidade da lágrima, a lubrificação da superfície ocular, evitando a rápida evaporação do filme lacrimal e melhorar o suprimento de nutrientes necessários para se manter uma córnea saudável.
2. Endoret-PRGF (Plasma Rico em Plaquetas)
Esta técnica inovadora destina-se fundamentalmente ao tratamento das formas mais graves de Olho Seco. É uma tecnologia regenerativa, utilizada no Olho Seco moderado/grave. Utiliza o plasma do paciente de forma a obter-se um produto rico em plaquetas e fatores de crescimento. O Endoret-PRGF para além do seu potencial antimicrobiano, promove a proliferação celular e acelera a remodelação tecidular, reduzindo a fibrose e a inflamação.
No entanto, é também fundamental alertar os grupos de risco para este malefício, nomeadamente os idosos, evitar o uso prolongado dos aparelhos digitais e a permanência em ambientes adversos.
“A causa do Olho Seco é um fator determinante para o diagnóstico e tratamento adequado do paciente “ .
