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Jogo Rápido
PANCADÃO
Em seu quarto álbum, ‘Desmanche’, Karina Buhr canta o peso dos tambores e da situação política no Brasil de 2019
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por_ Alexandre Matias foto_ Priscilla Buhr
de_ São Paulo

Karina Buhr é sucinta ao falar das inspirações de “Desmanche”, seu recém-lançado quarto álbum: “Os tambores e o Brasil”. Sua velha paixão pela percussão se soma aos petardos que lança contra os desmandos políticos, sociais, econômicos e do próprio Estado. “Mudei a formação da banda e o modo de gravar, foi uma ruptura”, explica.
Desmanche marca a volta da percussão como elemento central em sua composição.
Meu instrumento é o ritmo, todas as músicas que faço partem daí. Nos meus outros três discos solo, os tambores foram tirados no momento dos arranjos, alguma coisa no espírito que ia para um lado mais rock fazia isso acontecer. Desta vez, resolvi não só mantê-los como trazê-los ao palco e tirar a bateria.
“Desmanche” é um disco político em vários níveis...
Sim, na poesia dele tem a violência do Estado racista, o descaso com a moradia e o respeito ao chão embaixo dos pés. Em “A Casa Caiu”, há movimentos por moradia e o crime de Brumadinho, “Sangue Frio” fala da violência do Estado; “Lama”, da realidade de uma cidade, Recife, de festa e violência. Mas também tem um lado manso, o ponto de sobrevivência, banho num rio de uma outra dimensão.
Qual o papel da cultura e da música no momento atual do país?
A arte tem o poder de tirar da realidade e, ao mesmo tempo, de dar forças para enfrentá-la. No momento em que pessoas estão juntas num show, falam sobre letras e músicas e filmes, uma potência enorme é gerada. É difícil falar sobre isso no Brasil porque vivemos um apartheid. Tem música que é considerada melhor, tem funk criminalizado, Rennan da Penha preso por fazer girar cultura, diversão e dinheiro na favela... É assunto que não cabe em uma entrevista.
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